IEDI na Imprensa - Indústria Acelera Crescimento, Apesar das Importações
Indústria Acelera Crescimento, Apesar das Importações
Valor Econômico - 13/12/2007
Cibelle Bouças
O desempenho da indústria de transformação voltou a puxar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), após dois anos de resultados abaixo da média dos demais setores. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou expansão de 5,5% da indústria de transformação no terceiro trimestre de 2007, comparado a igual intervalo de 2006. A indústria total cresceu 5,1% e o PIB, 5,3%, na mesma comparação. No acumulado de 12 meses, o setor de transformação também teve desempenho superior, de 5,4%, contra 5,2% do PIB e 5% da indústria geral. No ano, o crescimento se igualou ao do PIB, ficando em 5,7%. E esse desempenho está ocorrendo apesar do forte aumento das importações.
Na área de transformação, a expansão foi liderada pelas indústrias químicas, de máquinas e equipamentos, de material elétrico e automotiva. Após o início do Plano Real, a indústria de transformação só cresceu acima da média em anos em que o PIB superou a marca de 4% (em 1994, 1995, 2000 e 2004). Estudo elaborado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), aponta para 2007 crescimento de 5,5% na indústria de transformação, ante projeção de 5,3% para o PIB.
O consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Gomes de Almeida, observou que, apesar de o setor agropecuário ter apresentado expansão mais significativa no trimestre (de 9,2%), o seu peso é pequeno comparado ao da indústria. "Quem puxou o crescimento do PIB e dá indicativos de que o resultado no ano superará os 5% é a indústria. Mas esse resultado poderia ter sido maior, de 6,5%, não fosse a concorrência com os importados", afirmou. Ainda assim, ele estima que o PIB industrial crescerá até 6% neste ano.
Almeida observou ainda que o aumento das importações (de 20,4%) no terceiro trimestre em relação a igual período de 2007 deveu-se sobretudo à importação de bens intermediários e de capital. O estudo realizado pela Fiesp, baseado em dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), aponta aumento de 27% na importação de bens intermediários, de 32% em bens de capital, 53% em duráveis, 23% em combustíveis e 32% em não duráveis.
Quando avaliada a contribuição de cada categoria no incremento das importações, o que se observa é que os intermediários responderam por 57,2% da alta, enquanto os bens de consumo duráveis foram responsáveis por 5,9% dela. "As importações ficaram concentradas em bens intermediários, que entram na composição dos itens produzidos pelas indústrias. Houve substituição de alguns produtos nacionais por importados em função do câmbio. Mas ocorreu mais um processo de complementaridade da produção nacional que mera substituição", avaliou Paulo Francini, diretor do Departamento Econômico (Depecon) da Fiesp. Francini observou que o real valorizou-se 53,5% em relação ao dólar desde 2003, tirando competitividade de alguns setores.
Ainda assim, o resultado do PIB surpreendeu o empresário. A Fiesp previa uma alta de 4,7%, mas reviu o número para algo entre 5,2% a 5,4%. O cálculo considera um crescimento do PIB no quarto trimestre também próximo a 5%, levando-se em conta o crescimento da produção industrial paulista de outubro (de 2,7%), o alto nível de utilização da capacidade instalada (84,1% no mesmo mês) e a evolução do emprego até novembro.
A pesquisa divulgada ontem pela entidade mostra que as indústrias reduziram em 0,19% o número de empregos em novembro em relação a outubro (4 mil postos a menos), mas o dado dessazonalizado aponta aumento de 0,78% - o que significa que as indústrias demitiram menos do que o normal para o período.
No ano, a indústria paulista acumula expansão de 8,7% no total de postos de trabalho, atingindo 180 mil vagas - o melhor desempenho desde 1990. Para o ano, a expectativa é que o crescimento supere o recorde de 7,45% alcançado em 2004 (quando foram abertas 144 mil novas vagas). Sondagem feita sobre contratações em 2008 revela que 51% das indústrias esperam gerar mais emprego em 2008, sendo que 33% esperam aumentar o número de vagas em até 15% e 18% esperam elevar em mais de 15%.