IEDI na Imprensa - Economia Deve Crescer Mais no 4º Trimestre
Economia Deve Crescer Mais no 4º Trimestre
Folha de São Paulo - 13/12/2007
Indicadores da indústria, do comércio, de oferta de crédito e de confiança do consumidor melhoram neste trimestre
Oferta de crédito para o consumidor sobe 20% em novembro, e importações crescem 38,7% sobre igual mês do ano passado
Fátima Fernandes
Indicadores da indústria, do comércio, da construção civil, de oferta de crédito, de importações e de confiança de empresários e de consumidores mostram que o desempenho da economia neste trimestre será, na pior das hipóteses, igual ao do terceiro trimestre deste ano.
Quase todos os setores da indústria estão produzindo e vendendo mais do que no ano passado -a produção total de veículos subiu 20,4% em novembro sobre igual período do ano passado. Considerando o desempenho do setor automobilístico nos últimos dois meses, a RC Consultores prevê para este trimestre crescimento de 25% na produção de veículos sobre igual período de 2006.
Considerada termômetro da atividade econômica, a indústria de papelão ondulado (usado na produção de embalagens), prevê para este trimestre elevar a produção em 2,1% sobre igual período de 2006, segundo a ABPO, associação que reúne os fabricantes do setor. A oferta de crédito para o consumidor, que vinha crescendo entre 18% e 19% em relação ao ano passado, cresceu 20% em novembro sobre igual mês de 2006. Outro indicador positivo da atividade econômica neste trimestre é o ritmo de importações -cresceram 38,7% em novembro sobre igual mês do ano passado.
"Os índices de confiança do consumidor também melhoraram em outubro e novembro. Isso, somado à oferta crescente de crédito, leva-nos a esperar por um quarto trimestre muito bom para vendas de carros, eletrodomésticos e outros bens", afirma Júlio Gomes de Almeida, consultor econômico do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
Em novembro, o fluxo de veículos pesados nas estradas, mais um indicador de atividade econômica, caiu 2,3% sobre outubro e cresceu 5,3% sobre novembro de 2006. Para o economista, a queda sobre outubro deve ser compensada neste mês. "Com certeza a economia vai terminar o ano com desempenho muito positivo, que deve ser estendido para 2008."
As vendas no comércio estão superando as expectativas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Neste mês, até o dia 10, o número de consultas ao SPC, indicador das vendas a prazo, subiu 8,1%; ao Usecheque, 7,9%, sobre igual período de 2006. Em dezembro de 2006, as consultas ao SPC cresceram 1,5% e ao Usecheque, 4,8%, sobre igual mês de 2005.
"O consumo realmente está em outro patamar. Este trimestre será melhor do que o terceiro trimestre deste ano e do que o quarto trimestre de 2006. Se depender só da economia brasileira, dá para afirmar que vamos entrar muito bem em 2008", afirma Emílio Alfieri, economista da ACSP. Outro dado positivo para a economia é a estabilização da inadimplência. "A inadimplência do consumidor paulistano, da ordem de 6,5% sobre a quantidade de carnês emitidos, é igual à verificada no ano passado, apesar do aumento significativa nas vendas. Isso mostra que a saúde financeira do consumidor está bem", diz Fábio Silveira, sócio-diretor da RC.
Economistas e representantes de setores industriais e comerciais dizem que o crescimento da economia está baseado na demanda do mercado interno, cenário que deve se manter no início do ano que vem. A indústria e o comércio devem terminar o ano com baixos estoques, o que significa que o primeiro trimestre do ano que vem deve registrar ritmo mais forte de atividade do que o usual. Pesquisa recente realizada pela Ipsos, a pedido da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), mostra o ânimo dos empresários com o momento atual -63% das 1.594 indústrias consultadas informaram que têm visão positiva em relação à economia e à atividade das empresas neste momento. Os setores químico, de borracha e plásticos, açúcar e álcool, veículos e equipamentos de transporte e de máquinas e equipamentos estão entre os mais otimistas.
O que pode atrapalhar o crescimento da economia no primeiro trimestre de 2008, na avaliação de economistas e representantes da indústria e do comércio, é a subida na inflação, especialmente puxada por alimentos, que poderia resultar até em aumento da taxa de juros, o que pode gerar desaceleração.
O que também pode colocar freio na economia é a eventual redução do crescimento da oferta de crédito, que pode ter impacto em setores mais dependentes de financiamento, como os de bens duráveis, como carros e eletrodomésticos.
Com Marina Faleiros , colaboração para a Folha