IEDI na Imprensa - Bancos Projetam Mais R$ 140 Bilhões em Crédito para 2007
Bancos Projetam Mais R$ 140 Bilhões em Crédito para 2007
DCI - 22/12/2006
Renato Carvalho
Com a expectativa de crescimento da economia um pouco maior do que neste ano, os bancos também estão otimistas em relação ao cenário de crédito para 2007. De acordo com pesquisa realizada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), as grandes instituições financeiras do País estão esperando um incremento de 19,56% no saldo total de crédito no próximo ano. De acordo com as projeções feitas para este ano, este saldo deve fechar perto do R$ 725 bilhões, o que significaria um crescimento de mais de R$ 140 bilhões na carteira entre janeiro e dezembro de 2007, chegando a mais de R$ 860 bilhões ao final do ano.
Em novembro, a carteira total chegou a R$ 715,7 bilhões, um avanço de 21,3% em relação ao mesmo mês de 2005, de acordo com dados divulgados pelo Banco Central. Portanto, a projeção dos banqueiros pode ser superada, e o crescimento para o ano de 2007 pode ser ainda maior, em volume financeiro. A pesquisa é feita com 51 instituições financeiras públicas e privadas nacionais e também com estrangeiras.
Pessoa jurídica avança
A expectativa é de uma leve desaceleração nas operações com pessoa física, e um crescimento um pouco mais consistente para pessoa jurídica. Os setores de indústria e comércio estão tomando crédito em ritmo próximo ao das pessoas físicas, principalmente nos bancos nacionais. Até novembro, os dois setores tinham um saldo conjunto de R$ 234,5 bilhões, um crescimento de 18,1% em 12 meses. No mesmo período, as operações com pessoa física cresceram 26,2%, puxadas principalmente pelos bancos estrangeiros, onde o incremento foi de 35,2%. Já nos bancos privados nacionais, o crescimento das operações com pessoa física ficou em 23,7%, contra 31,4% do setor de comércio, e 19,1% da indústria. “Acredito que a próxima explosão de crédito no Brasil seja protagonizada pelas empresas, principalmente pelas pequenas e médias, que ainda possuem uma demanda reprimida”, afirma o professor Alcides Domingues Leite, da Trevisan Escola de Negócios.
Já para Edgard Pereira, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria (Iedi), o crescimento verificado no crédito para indústria e comércio deve ser interpretada de forma cautelosa. “As condições para investimento em ampliação e melhoras de produção ainda não são tão favoráveis, mas as empresas têm crescido, o que cria a necessidade de crédito principalmente de curto prazo, como capital de giro”.
Realmente, o crédito para pessoa jurídica ainda registra uma alta concentração em operações de até 180 dias de prazo, com carteira de R$ 175 bilhões até outubro, quase a metade do total. Mas as operações de longo prazo foram as que tiveram maior crescimento em 12 meses, passando de R$ 48 bilhões em outubro de 2005 para R$ 66,6 bilhões este ano, um aumento de 38,7%. “A queda na Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) começa a tornar as operações de investimento mais atraentes, principalmente para as empresas de menor porte”, afirma Kedson Macedo, gerente da diretoria de micro e pequenas empresas do Banco do Brasil. O Conselho Monetário Nacional (CMN) anunciou uma nova queda desta taxa ontem, de 6,85% ao ano para 6,5%. (veja pág. A3) Para Pedro Bastos, CEO do HSBC Investments, as perspectivas de bons resultados dos bancos em 2007 se baseia principalmente no crescimento do crédito. “Acreditamos que vai haver um crescimento próximo de 20%, o que vai impulsionar as receitas das instituições financeiras”.
Inadimplência
Como já vinham alertando os bancos, os números mostram que começa um movimento de estabilidade dos níveis de inadimplência nas operações para pessoa física. As operações vencidas há mais de 180 dias representavam, em novembro, 5,4% do total, contra 5,3% em outubro. Os bancos públicos registram queda neste índice, passando de 5,9% em outubro pra 5,7% em novembro. Mas este movimento foi compensado pelos bancos privados nacionais, onde os atrasos subiram de 4,9% em outubro pra 5,2% no mês passado. Nos bancos estrangeiros, o índice passou de 5,8% para 5,6%. “Temos a expectativa de um movimento mais linear dos índices de inadimplência no final deste ano, e a partir do próximo ano, esperamos verificar uma ligeira queda”, afirma Roberto Setúbal, presidente do Itaú.