IEDI na Imprensa - TJLP Cai Para 9% Ao Ano
TJLP Cai Para 9% Ao Ano
O Globo – 23/12/2005
No mesmo dia, BNDES reduz 'spread' sobre financiamentos.
Martha Beck, Mirelle de França e Ronaldo D'Ercole
Depois de um ano e nove meses congelada em 9,75% ao ano, a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) — que serve de referência para empréstimos do setor produtivo e para financiamentos concedidos pelo BNDES — foi reduzida ontem para 9% ao ano pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Os empresários também foram beneficiados ontem pelo BNDES, que anunciou a redução do spread (diferença entre o que o banco paga para captar e o que cobra na hora de emprestar) sobre os financiamentos.
A queda da TJLP — que vinha sendo defendida por empresários e integrantes do governo Lula, como os ministros Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e Luiz Marinho (Trabalho), além do presidente do BNDES, Guido Mantega — foi considerada insuficiente pela indústria. Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que via espaço para uma TJLP de 8%, o patamar de 9% ainda é um entrave para o investimento na produção.
— O aumento da produção por meio dos investimentos é o melhor antídoto para a inflação — disse o diretor do Departamento de Economia do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Boris Tabacof.
O presidente da Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, disse que a queda poderia ter sido de, no mínimo, 1,5 ponto percentual. E o diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Sérgio Gomes de Almeida, espera a redução da taxa para cerca de 7,5% ao longo do próximo ano.
O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, e o diretor de Normas do Banco Central, Sérgio Darcy, consideraram a queda significativa. A nova taxa vai vigorar pelos próximos três meses, até voltar a ser avaliada pelo CMN.
— Houve um quadro insofismável de melhora tanto no risco-país quanto na inflação. A redução ajuda a dar um empurrão no investidor, que tem um incentivo adicional para tomar sua decisão — defendeu Levy.
O CMN não informou os valores de inflação e risco utilizados no cálculo. Mas considerando que a meta de inflação é de 4,5% para 2006 e que o risco-país está em torno de 300 pontos, a TJLP poderia estar próxima de 7,5% ao ano.
Entre as alterações da política operacional do BNDES, está a redução do spread em um ponto percentual, em média. O spread , que passa a variar de zero a 3% ao ano, será aplicado de acordo com um novo agrupamento de setores prioritários — bens de capital de inovação, como computadores, terão taxa zero, por exemplo. Além disso, o banco reintroduziu a taxa de risco variável (antes era fixa em 1,5% ao ano), que agora vai de 0,8% a 1,8%. De acordo com o vice-presidente do banco, Demian Fiocca, em média o custo total dos financiamentos (TJLP mais o spread do banco e a taxa de risco) cairá de 14,25% para 12,5% ao ano.
— Essa mudança vai estimular os investimentos. Estamos aliviando e fazendo a nossa parte. Agora temos que esperar a reação do mercado — afirmou Mantega, que ontem, na entrevista coletiva, aproveitou também para comemorar a redução da TJLP em 0,75 ponto percentual.