Análise IEDI
Déficit de indústria e de setores modernos
28 de dezembro de 2005 | |||||||
Massa Real de Rendimentos |
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Para a indústria, assim como para outros setores da economia a conjugação dos desempenhos de emprego e de rendimento médio da população é relevante porque a variável resultante, vale dizer, a massa real de rendimentos, é quem dita um maior ou menor dinamismo do mercado consumidor. A massa real de rendimentos estimada pelo IEDI para as grandes regiões metropolitanas do país a partir da pesquisa mensal de emprego do IBGE, aponta um quadro de crescimento significativo em 2005, embora o quadro de médio prazo (anos de 2003 a 2005) seja de estagnação. Em 2005, o crescimento expressivo de 4,7% é o fator que, ao lado do crédito, vem alimentando a perspectiva de que o consumo familiar venha a ter uma grande contribuição para o crescimento econômico no próximo ano. As projeções divulgadas hoje pelo Banco Central, por exemplo, apontam um crescimento de 4% para o PIB em 2006 com crescimento de 4,2% para o consumo das famílias que terá contribuição de 2,3 pontos percentuais para a formação da taxa de variação do PIB. A consideração pertinente sobre o crescimento da massa real de rendimentos em 2005 é que esta evolução pode não se traduzir em consumo maior de bens industriais e agrícolas, além de serviços não monitorados pelas seguintes razões:
A médio prazo, ou seja, no triênio correspondente ao governo atual (2003/2005), o que caminhamos em 2005 e em 2004 em termos de evolução da massa real de rendimentos, tão somente permitiu voltarmos ao ponto de partida, ou seja aos resultados de 2002. De fato, a massa de rendimentos reais em 2005 era inferior à correspondente de 2002 em 0,8%. Uma análise dos dados mostra que o pessoal ocupado nos grandes centros urbanos cresceu 11,7% nos três anos do atual governo, uma média de quase 4% ao ano (3,8%), sendo criados 2, 078 milhões de empregos novos no período (ou quase 700 mil, em média anualmente), o que não é nada mal. Mas, a isto não correspondeu uma melhora de rendimento das pessoas. No mesmo período o rendimento médio real habitualmente recebido pelas pessoas ocupadas recuou 11,2%, perfazendo uma queda anual média de 3,7%, quase equivalente ao crescimento médio anual do emprego. Para esse resultado, foi decisiva a redução do rendimento em 2003 (-12,1%), um ano de inflação mais alta. Mas é fato também que em 2004 – este um ano de franca recuperação econômica – o desempenho do rendimento real decepcionou (-1,2%), somente mostrando um tímido sinal de reação em 2005, com uma variação que estamos projetando em 1,7%. Dois fatores explicam esse desempenho do rendimento médio:
Há, em outras palavras, um “déficit de indústria” e de outros setores modernos no crescimento do produto e do emprego da economia brasileira; há também um déficit de formalização do trabalho no Brasil. Caminhar para a superação desses “déficits” significará para a população uma melhor qualidade na ocupação e maior rendimento; para a economia como um todo, um mais amplo mercado interno. |
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