A forte queda de 1,5% da produção industrial ocorrida
em janeiro foi parcialmente recuperada em fevereiro, quando, segundo
o IBGE, as atividades produtivas da indústria nacional
cresceram 1,3%. Se o resultado ruim de janeiro foi marcado por
fatores pontuais (férias coletivas no segmento de veículos
automotores e paralisação parcial das atividades
no segmento da extrativa mineral), o que, portanto, permitiu relativizar
a retração da produção ocorrida naquele
mês e dizer que a indústria não estava “agonizando”,
em fevereiro, com a ausência de tais fatores pontuais, a
indústria voltou ao seu ritmo de produção
anterior, o qual, no entanto, não pode ser considerado
de “recuperação”.
De fato, a
indústria brasileira vem produzindo em níveis muito
baixos, e os dois primeiros meses deste ano tomados em conjunto
reforçam essa observação. No acumulado do
bimestre com relação a igual período de 2011,
a produção industrial é 3,4% menor. Se comparado
ao mês de setembro de 2008, mês que antecede o agravamento
da crise internacional, a produção industrial de
fevereiro deste ano é 3,0% menor, ou seja, passaram mais
de três anos e a indústria brasileira não
consegue manter sua produção em níveis superiores
aos de pré-crise. A verdade é que a produção
industrial vem “andando de lado” e, se há uma
tendência, ela é de queda: a taxa anualizada de crescimento
da produção da industrial passou de –0,1%
em janeiro para –1,0% em fevereiro.
Esse momento
desfavorável da indústria tem características
mais gerais, na medida em que pode ser visto nos seus grandes
setores. Na comparação com fevereiro de 2011, a
produção de bens de consumo duráveis recuou
22,1% e a de bens de capital, 16,0%. Já, nos setores produtores
de bens semiduráveis e não duráveis e de
bens intermediários, a produção apresentou
aumentos pouco expressivos de 0,5% e 0,4%, respectivamente.
E, a despeito da questão de calendário (o mês
de fevereiro deste ano teve um dia útil a menos do que
fevereiro de 2011, o que pode superestimar as quedas e subestimar
as altas registradas acima), observa-se que o sinal de queda da
produção se manteve nos grandes setores industriais
na passagem do quarto trimestre de 2011 para o primeiro bimestre
deste ano.
Assim, no
setor de bens de capital, passou de –1,4% para –14,6%;
no setor de bens duráveis, de –9,5% para –15,4%;
e, no setor de bens intermediários, de –0,8% para
–1,1% (todas as taxas calculadas com relação
ao mesmo período do ano anterior). A exceção
ficou por conta do setor de bens semiduráveis e não
duráveis, cuja produção passou de uma queda
de 1,6% no quarto trimestre de 2011 para um crescimento de 1,2%
no primeiro bimestre deste ano, o qual foi puxado, em grande medida,
pela produção do segmento de álcool e gasolina
(carburantes).
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