7 de março de 2012

Indústria
Início de ano com retração


  

 
Diferentemente do ocorrido nos últimos anos, a produção industrial começou 2012 em queda. O recuou foi de 2,1% em janeiro com relação a dezembro, na série com ajuste sazonal. A magnitude dessa retração – a mais intensa desde dezembro de 2008 – chama a atenção. É verdade que ela foi acentuada por fatores pontuais, como, por exemplo, o efeito do recuo da produção de veículos automotores decorrente de férias coletivas em muitas empresas do setor no mês de janeiro, como assinala o próprio IBGE. Mas, ainda assim, o sinal negativo de janeiro é certo, já que ele reflete o recuo da produção em grande parte das atividades produtivas da indústria, bem como é o resultado de uma trajetória de desaceleração da produção industrial observada desde o segundo trimestre do ano passado.

Dos quatro grandes setores, três apresentaram taxas negativas em janeiro. O setor produtor de bens de capital apontou a maior queda (–16,0%) em janeiro de 2012, seguido pelos setores de bens intermediários (–2,9%) e de bens de consumo duráveis (–1,9%). O setor de bens de consumo semi e não duráveis foi o único a assinalar expansão (0,7%) no primeiro mês deste ano com relação a dezembro de 2011. Já, dos vinte e sete ramos produtivos pesquisados pelo IBGE, em catorze a produção caiu em janeiro frente a dezembro. Vale notar que a queda da produção de bens intermediários (–2,9%) em janeiro é muito elevada para os padrões do setor – uma queda forte após registrar um fraquíssimo desempenho em 2011 (+0,3%). Diante disso, e somando a importância e o peso do setor de bens intermediários no conjunto das atividades do País, aumentam ainda mais as preocupações com relação ao desempenho da indústria brasileira em 2012 e, consequentemente, da economia brasileira.

Na comparação com janeiro de 2011, os resultados também são negativos: a produção de bens de capital caiu 13,0%, com o grupamento de bens de capital para transportes (–26,3%) exercendo a principal influência negativa sobre o total do setor. No setor de bens de consumo duráveis e no de bens intermediários, a produção recuou, respectivamente, 7,6% e 3,6% – retrações, portanto, maiores do que a da média da indústria, que foi de –3,4%. Novamente, os semi e não duráveis foram os únicos a assinalar alta (1,9%). Como consequência de todos esses resultados, a taxa anualizada da produção industrial virou o sinal em janeiro de 2012, ficando negativa em 0,2%.
 

 
Segundo dados do IBGE, a indústria brasileira registrou recuo de 2,1% em janeiro comparativamente ao mês anterior, na série com dados dessazonalizados, após um pequeno crescimento de 0,5% em dezembro. Na comparação com janeiro de 2011, houve uma queda da produção industrial de 3,4%, o quinto resultado negativo consecutivo. No acumulado dos últimos 12 meses até janeiro frente a igual período imediatamente anterior, a produção industrial apresentou variação negativa de 0,2%, a primeira desde março de 2010 (–0,3%).

Dentre as categorias de uso, na comparação com o mês imediatamente anterior, os bens de capital (–16,0%) apontaram a queda mais acentuada em janeiro de 2012. Essa foi a maior queda desde dezembro de 2008 (–23,5%), interrompendo dois meses seguidos de expansão. Os segmentos de bens de consumo duráveis (–1,9%) e de bens intermediários (–2,9%) também registraram taxas negativas em janeiro de 2012. O setor de bens de consumo semi e não duráveis foi o único que assinalou expansão (0,7%), após resultados também positivos em novembro (2,3%) e em dezembro (0,4%).

Na comparação mensal (mês/mesmo mês do ano anterior), quase todas as categorias de uso obtiveram um desempenho negativo em janeiro. Nessa comparação, a categoria de maior variação foi o setor produtor de bens de capital (–13,0%), com o grupamento de bens de capital para transportes (–26,3%) exercendo a principal influência negativa sobre o total do segmento. Os segmentos de bens de consumo duráveis (–7,6%) e de bens intermediários (–3,6%) também apontaram taxas negativas acima da média da indústria (–3,4%). Novamente, os semi e não duráveis foram os únicos a assinalar alta (1,9%).

No acumulado nos últimos 12 meses até janeiro, as taxas negativas continuam a persistir, exceto nos bens de capital (1,7%). Dessa forma, o segmento bens de consumo duráveis apresentou o pior resultado dentre as categorias, com queda de 3,0%. Nessa mesma comparação, as demais categorias de uso tiveram os seguintes resultados: bens intermediários (–0,1%) e bens de consumo semi e não duráveis (–0,2%).

 

 
Setorialmente, em comparação a dezembro de 2011, com dados dessazonalizados, foi verificado recuo no nível de produção em 14 dos 27 ramos produtivos contemplados na pesquisa. Os maiores destaques foram: veículos automotores (–30,7%), pressionado pela concessão de férias coletivas que atingiu várias empresas do setor, indústrias extrativas (–8,4%), equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, ópticos e outros (–26,3%), que devolveu parte do crescimento de 28,0% assinalado em dezembro último, bebidas (–7,7%), máquinas para escritório e equipamentos de informática (–12,2%), produtos de metal (–6,1%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–6,1%). Por outro lado, entre as atividades que ampliaram a produção temos: edição e impressão (9,9%), eliminando a queda de 5,9% registrada no mês anterior, máquinas e equipamentos (4,5%), refino de petróleo e produção de álcool (4,8%), material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (14,3%) e têxtil (6,6%).

Na variação observada no confronto entre janeiro de 2012 e janeiro de 2011, a indústria geral acusou diminuição no nível de produção de 3,4%. Nessa comparação, em 14 dos 27 setores pesquisados foi verificado recuo da produção industrial. Das atividades que registraram queda de produção destacaram-se: veículos automotores (–26,7%), exerceu o maior impacto negativo na formação da média da indústria, máquinas para escritório e equipamentos de informática (–24,8%), indústrias extrativas (–5,7%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–10,0%), produtos de (–7,2%), vestuário e acessórios (–19,4%) e farmacêutica (–5,9%). Por outro lado, entre os doze ramos que registraram crescimento na produção, as principais influências foram: alimentos (4,7%), de máquinas e equipamentos (4,6%) e de refino de petróleo e produção de álcool (4,2%).

 

 

 

 

 

 

 

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