Análise IEDI
Melhora do emprego e rendimento
O mercado de trabalho continua trazendo boas notícias para o país, tal como mostram os dados divulgados hoje pelo IBGE. A taxa de desemprego segue recuando e o rendimento real dos empregados, graças às mudanças no ICMS, deu um primeiro sinal positivo depois de muito tempo no vermelho. A dúvida é se o quadro continuará progredindo no contexto de virtual estagnação esperado para o ano que vem.
No 3º trim/22, a taxa de desocupação chegou a 8,7%, bastante inferior à média para este mesmo trimestre nos anos anteriores, de 12,6% em 2016-2021. Atingimos assim, um patamar muito próximo daquele de 2015 (9,0%), implicando um contingente não desprezível de cerca de 9,5 milhões de pessoas desempregadas.
O número de ocupados, a despeito de certa acomodação, continuou em expansão, puxada principalmente por segmentos de serviços. Como o IEDI tem observado em suas Análises, o setor de serviços é quem melhor tem se saído em 2022, com base na retomada da mobilidade e atividades presenciais, assim como na demanda reprimida das famílias de maior renda.
Como as variações interanuais mostram a seguir, a ocupação cresceu +6,8% no 3º trim/22, com um desempenho superior em transportes, armazenagem e correios, serviços domésticos e outros serviços, que incluem um conjunto diversificado de atividades. Juntos, estes três segmentos responderam por 1/3 da expansão total dos ocupados (+6,3 milhões de pessoas).
• Ocupação total: +9,4% no 1º trim/22; +9,9% no 2º trim/22 e +6,8% no 3º trim/22;
• Construção: +12,7%; +11,2% e +2,7%, respectivamente;
• Indústria: +8,2%; +10,2% e +4,0%;
• Comércio: +12,2%; +14,2% e +7,8%;
• Transportes: +10,4%; +10,0% e +9,2%;
• Serviços domésticos: +19,4%; 18,7% e +9,6%;
• Outros serviços: +19,5%; +18,6% e +24,3%, respectivamente.
Como o setor de serviços, diferentemente da indústria, é marcado por menor formalização de suas relações de trabalho, sua liderança na ampliação de vagas tem se traduzido em crescimento do emprego sem carteira assinada a taxas de dois dígitos e à frente dos postos com carteira: +13,0% ante +8,2%, respectivamente, no 3º trim/22.
Por isso, embora venha cedendo, a informalidade ainda está em seus níveis mais elevados. No 3º trim/22 somaram 39,1 milhões de ocupados informalmente, correspondendo a uma taxa de informalidade de 39,4% da força de trabalho do país, isto é, não muito inferior ao pico recente de 40,9% registrado no 3º trim/19.
Relações formais de trabalho não apenas significam, em geral, salários mais elevados e fluxo regular de rendimento, acesso a mecanismos de manutenção de renda em caso de licenças médicas, desemprego etc., mas também tendem a tornar mais fácil e barato o acesso ao crédito, potencializando a demanda das famílias e o consumo interno.
Por fim, outro dado positivo desta última pesquisa do IBGE diz respeito à expansão do rendimento médio real dos ocupados. Depois de um período de queda sistemática desde início de 2021, registrou sua primeira alta no 3º trim/22: +2,5% ante o 3º trim/21. Muito disso, porém, é resultado das alterações na cobrança de ICMS sobre combustíveis e energia, o que provocou deflação mensal entre jun/22 e set/22.
Conforme dados da PNAD Contínua Mensal divulgados hoje pelo IBGE, a taxa de desocupação registrou 8,7% no trimestre compreendido entre julho de 2022 e setembro de 2022. Em relação ao trimestre imediatamente anterior (abr-mai-jun/2022), houve retração de -0,6 p.p., e frente ao mesmo trimestre do ano anterior houve variação de -3,9 p.p., quando registrou 12,6%.
O rendimento real médio de todos os trabalhos habitualmente recebidos registrou R$ 2.737, apresentando variação de 3,2% em relação ao trimestre imediatamente anterior (abr-mai-jun/2022), já frente ao mesmo trimestre de referência do ano anterior houve acréscimo de 2,1%.
A massa de rendimentos reais de todos os trabalhos habitualmente recebidos atingiu R$ 266,7 bilhões no trimestre que se encerrou em setembro, registrando crescimento de 4,3% frente ao trimestre imediatamente anterior (abr-mai-jun/2022) e variação positiva de 9,4% frente ao mesmo trimestre do ano anterior.
Para o trimestre de referência, a população ocupada registrou 99,3 milhões de pessoas, apresentando variação positiva de 1,0% em relação ao trimestre imediatamente anterior (abr-mai-jun/2022) e incremento de 4,6% em relação ao mesmo trimestre do ano passado (94,9 milhões de pessoas ocupadas).
Em comparação ao trimestre imediatamente anterior, o número de desocupados aferiu retração de 6,2%, com 9,5 milhões de pessoas. Já na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, observou-se variação negativa de 29,7%. Em relação a força de trabalho, computou-se neste trimestre 108,7 milhões de pessoas, representando crescimento de 0,4% frente ao trimestre imediatamente anterior e variação positiva de 2,2% em relação ao mesmo trimestre do ano passado (106,4 milhões de pessoas).
Com análise referente ao mesmo trimestre do ano anterior, dos agrupamentos analisados, as variações foram: outros serviços (24,3%), serviços domésticos (9,6%), transporte, armazenagem e correios (9,2%), administração pública (8,6%), alojamento e alimentação (8,5%), comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (7,8%), informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (6,8%), indústria (4,0%), construção (2,7%) e agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-3,6%).
Por fim, analisando a população ocupada por posição na ocupação frente ao mesmo trimestre do ano anterior, registraram-se as seguintes mudanças percentuais nas categorias analisadas: empregador (14,5%), trabalho privado sem carteira (13,0%), trabalho doméstico (9,9%), setor público (8,8%), trabalho privado com carteira (8,2%), trabalhador por conta própria (0,9%) e trabalho familiar auxiliar (-14,0%).