Análise IEDI
Serviços na frente
Os dados divulgados hoje pelo IBGE mostram que o setor de serviços segue crescendo de modo consistente. Seu faturamento real teve avanço na maioria dos meses de 2022 e agora, em ago/22, registrou sua quarta taxa positiva consecutiva na série com ajuste sazonal: +0,6% frente ao mês anterior.
Esta trajetória contrasta com as performances do comércio e sobretudo da indústria, onde os recuos tem sido muito mais frequentes nos últimos meses. Dois dados sintetizam as disparidades entre estes grandes setores econômicos.
O primeiro diz respeito ao quadro atual em comparação com o pré-pandemia, isto é, fev/20. Neste caso, apenas os serviços encontravam-se, em ago/22, em um patamar bastante superior: 10,1% acima.
As vendas do comércio varejista, prejudicadas pela inflação e elevação dos juros, estavam 3,0% abaixo do pré-pandemia, quando incluídos os ramos de veículos, autopeças e material de construção. Já a indústria, que, além dos obstáculos de demanda, também enfrenta gargalos em suas cadeias, ficou 1,5% abaixo de fev/20.
O segundo dado refere-se ao desempenho acumulado nos oito primeiros meses de 2022 frente ao mesmo período de 2021. Também neste caso apenas os serviços estão no azul: +8,4% contra -0,8% no varejo ampliado e -1,3% na indústria geral.
Tem jogado a favor dos serviços a ampliação da mobilidade das pessoas e a volta de atividades presenciais, com o controle da Covid-19, mas também uma demanda represada, sobretudo, das famílias de maior renda que conseguiram preservar seu emprego durante a pandemia, e que agora podem recompor a parcela de serviços em suas cestas de consumo.
Na passagem de jul/22 para ago/22, já descontados os efeitos sazonais, a variação de +0,6% do faturamento real do agregado dos serviços foi puxada por serviços prestados às famílias (+1,0%), notadamente alojamento e alimentação (+1,8%), e pelo ramo de outros serviços (+6,7%), que reúne um conjunto diversificado de atividades e passou por forte oscilação nos últimos meses.
A seguir, as variações com ajuste sazonal ilustram o panorama do setor.
• Serviços – total: +0,9% em jun/22; +1,3% em jul/22 e +0,7% em ago/22;
• Serviços prestados às famílias: +0,4%; +0,6% e +1,0%, respectivamente;
• Informação e comunicação: -0,5%; +1,1% e +0,6%;
• Serviços profissionais, adm. e complementares: +0,8%; -1,1% e 0%;
• Transportes e correios: +0,9%; +2,4% e -0,2%;
• Outros serviços: +0,8%; -5,0% e +6,7%, respectivamente.
Ao todo, foram 3 dos 5 ramos de serviços identificados pelo IBGE em expansão, o que faz deste um placar favorável em ago/22, pois majoritariamente no positivo. Além disso, aqueles que não cresceram ficaram em uma situação de estagnação, evitando perdas.
O ramo de serviços profissionais, administrativos e complementares ficou estagnado, com faturamento real registrando 0%, livre de efeitos sazonais. Seu componente de serviços técnicos e profissionais, que, em geral, compreendem atividades de maior qualificação, cresceu +1,0% em ago/22, dando continuidade a resultados majoritariamente positivos. Seu outro componente, de serviços administrativos e complementares, que reúnem atividades de menor qualificação terceirizadas pelas empresas não tem se saído muito bem.
Já o ramo de transportes, correios e armazenagem, que a rigor ficou no vermelho, registrou variação de apenas -0,2%, na série com ajuste. Apenas seu componente de transporte terrestre (-0,7%) teve queda de faturamento, devolvendo parte da expansão de jul/22 (+0,9%). O desempenho restringido do varejo e da indústria tende a frear este tipo de serviços, dado seu papel na logística de insumos e produtos acabados.
Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados hoje pelo IBGE para o mês de agosto, o volume de serviços prestados apresentou aumento de 0,7% frente a julho de 2022, na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior (agosto/2021) aferiu-se incremento de 8,0%. Para o acumulado no ano a variação foi de 8,4%. No acumulado em 12 meses registrou-se acréscimo de 8,9%.
Na comparação do mês de agosto de 2022 com o mês imediatamente anterior (julho/2022), na série dessazonalizada, três dos cinco segmentos apresentaram crescimento: outros serviços (6,7%), serviços prestados às famílias (1,0%) e informação e comunicação (0,6%). O segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares estagnou. Já no setor de serviços auxiliares aos transportes e correio verificou-se queda de -0,2%. No segmento de atividades turísticas houve variação de 1,2% em relação ao mês imediatamente anterior com ajuste sazonal.
Na comparação do volume do setor de serviços com agosto de 2021, quatro dos cinco segmentos apresentaram expansões: serviços prestados às famílias (22,0%), serviços auxiliares aos transportes e correio (13,6%), serviços profissionais, administrativos e complementares (7,3%) e informação e comunicação (2,9%). A categoria outros serviços apresentou queda de -2,4%. Já para o segmento das atividades turísticas a variação foi de 22,4% na comparação com o mesmo mês do anterior.
Na análise d o acumulado nos últimos 12 meses, quatro dos cinco segmentos analisados apresentaram expansão: serviços prestados às famílias (29,5%), serviços auxiliares aos transportes e correio (13,6%), serviços profissionais, administrativos e complementares (7,5%) e informação e comunicação (5,1%). A categoria que regrediu foi outros serviços (-4,6%). Além disso, o segmento das atividades turísticas variou 36,0% nos últimos 12 meses.
Na análise por unidade federativa, no mês de agosto de 2022 frente ao mesmo mês do ano anterior (agosto/2021), aferiu-se que 24 das 27 unidades federativas apresentaram incremento do volume de serviços, sendo os maiores: Amapá (29,6%), Roraima (20,2%), Tocantins (14,1%), Pernambuco (13,8%), Alagoas (12,7%), Paraíba (12,5%), Minas Gerais (12,5%) e Mato Grosso (10,9%). Por outro lado, as unidades federativas que apresentaram variações negativas na mesma base de comparação foram: Distrito Federal (-0,6%), Sergipe (-4,3%) e Paraná (-6,0%).
No acumulado no ano, 25 das 27 unidades federativas apresentaram expansão dos serviços prestados, sendo as maiores variações positivas observadas em: Alagoas (19,8%), Amapá (18,6%), Ceará (14,5%), Roraima (14,1%), Pernambuco (12,7%), Rio Grande do Sul (12,7%), Tocantins (11,9%) e Paraíba (11,2%). As variações negativas foram observadas em Rondônia (-0,4%) e Distrito Federal (-1,6%).
Por fim, no acumulado nos últimos 12 meses, 26 das 27 unidade federativa apresentaram incremento no volume de serviços, sendo os maiores observados em: Alagoas (20,1%), Roraima (16,2%), Ceará (15,5%), Amapá (14,3%), Rio Grande do Sul (12,9%), Tocantins (12,8%), Pernambuco (12,3%) e Minas Gerais (10,5%). O único estado com redução foi Rondônia (-0,3%).