Análise IEDI
No 2º trim/22 a evolução do PIB repetiu o desempenho do trimestre anterior
O desempenho do PIB brasileiro no 2º trim/22, segundo os dados divulgados hoje pelo IBGE, ficou além da maioria das projeções dos analistas de mercado ao apresentar alta de +1,2% na série com ajuste sazonal (+ 1,1% no trimestre anterior) e +3,2% frente ao mesmo período do ano passado. Com isso, a economia superou o patamar pré-pandemia em 3%.
Na origem destes resultados estão, por um lado, as medidas adotadas para suportar a demanda das famílias, a exemplo do saque extraordinário do FGTS, da antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas e da elevação da margem do crédito consignado sobre a renda do beneficiário.
Por outro lado, há o avanço da normalização das atividades econômicas, sobretudo dos serviços, após a variante ômicron no início do ano e com a progressiva ampliação da imunização da população. A demanda reprimida por serviços, principalmente daqueles que conseguiram preservar emprego e renda ao longo da pandemia, vem agora podendo ser efetivada.
Tais fatores, sugerem os dados do IBGE, sobrepujaram os efeitos negativos sobre a atividade econômica derivada da elevação da inflação e do aumento das taxas de juros. Como mostram as variações frente ao trimestre anterior, com ajuste sazonal, apresentadas a seguir, o consumo das famílias, em expansão desde meados do ano passado, acelerou de +0,5% no 1º trim/22 para +2,6% no 2º trim/22.
• PIB total: +0,8% no 4º trim/21; +1,1% no 1º trim/22 e +1,2% no 2º trim/22;
• Consumo das Famílias: +1,0%; +0,5% e +2,6%, respectivamente;
• Consumo do Governo: +0,8%; -0,1% e -0,9%;
• Formação Bruta de Capital Fixo: +0,1%; -3,0% e +4,8%;
• Exportações: -0,3%; +5,7% e -2,5%;
• Importações: +0,7%; -4,0% e +7,6%, respectivamente.
Em comparação com o 2º trim/21, o consumo das famílias cresceu +5,3%, isto é, bem acima dos demais componentes da demanda agregada, e foi o principal responsável pelo resultado de +3,2% do PIB total.
O consumo do governo variou apenas +0,7% ante o 2º trim/21 e caiu -0,9% em relação ao 1º trim/22. Já a formação bruta de capital fixo, ou seja, o investimento, cresceu em ambas as comparações: +1,5% e +4,8%, respectivamente, compensando o declínio da entrada do ano. A demanda externa, por sua vez, contribuiu negativamente para o PIB.
No lado da oferta, o dinamismo mais robusto do consumo das famílias rebateu na expansão dos serviços, cujo PIB cresceu +4,5% em relação ao 2º trim/21 e +1,2% na série com ajuste sazonal, frente ao trimestre anterior. O destaque coube a transportes (+11,7% e +3,0%, respectivamente) e outras atividades de serviços (+13,6% e +3,3%).
A indústria também se saiu melhor do que no início do ano, como os dados da produção física vinham sinalizando nos últimos meses. Em seu agregado, cresceu +1,9% ante o 2º trim/21, depois de duas quedas seguidas, e +2,2% na série com ajuste sazonal, após cinco trimestres oscilando em torno de zero.
Os principais motores deste desempenho industrial foram a construção, cujo PIB avançou +9,9% ante 2º trim/21 e +2,7% ante o 1º trim/22, com ajuste, e o setor de energia, água e esgoto, com em alta de +10,8% e +3,1%, respectivamente.
O segundo trimestre também trouxe amenização para o quadro da indústria de transformação. Seu PIB conseguiu repetir o resultado de +1,7% que havia registrado no 1º trim/22 na série com ajuste sazonal, ficando pouco acima da alta do PIB total do país (+1,2%). É uma evolução muito bem vinda, dado que, nesta comparação, o setor ficou no vermelho 2021 inteiro.
Já em relação ao mesmo período do ano passado, o 2º trim/22 trouxe para a indústria de transformação a primeira variação positiva, depois de três trimestres seguidos de declínio. Registrou +0,5% ante o 2º trim/21, mantendo-se ainda muito aquém do dinamismo do PIB total (+3,2%).
Segundo dados divulgados hoje pelo IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou R$2,404 trilhões a preços correntes no segundo trimestre de 2022, apresentando variação positiva de 1,2% na comparação com o trimestre imediatamente anterior, na série livre de influências sazonais.
Com relação ao segundo trimestre de 2021, houve variação positiva de 3,2%. No acumulado nos últimos quatro trimestres frente a igual período anterior, houve acréscimo de 2,6%. No acumulado ao longo do ano, o PIB apresentou variação positiva de 2,5%.
Ótica da oferta. Frente ao trimestre imediatamente anterior, a partir de dados dessazonalizados, houve crescimento de 0,5% no setor agropecuário, além de aumento de 1,3% no setor de serviços e de 2,2% no setor da indústria.
Na mesma base comparação, verificou-se expansão nos quatro subsetores da indústria: Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (3,1%), Construção (2,7%), Indústrias Extrativas (2,2%) e Indústrias de Transformação (1,7%)
No setor de serviços, ainda sobre o trimestre anterior e com ajuste sazonal, seis dos sete segmentos apresentaram variação positiva: Outros serviços (3,2%), Transporte, armazenagem e correio (3,0%), Informação e comunicação (2,9%), Comércio (1,7%), Intermediação financeira e seguros (1,4%) e Atividades imobiliárias (0,3%). Por sua vez, Administração, saúde e educação pública variou negativamente (-0,8%).
No comparativo com o mesmo trimestre do ano anterior (abr-mai-jun 2021), o setor agropecuário apresentou variação negativa de 2,5%, enquanto o setor da indústria apresentou avanço de 1,9% e o setor de serviços cresceu 4,5%.
Frente ao mesmo trimestre do ano anterior, houve variação positiva em quatro dos cinco segmentos do setor industrial: Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (10,8%), Construção (9,9%) e Indústrias de Transformação (0,5%). Por outro lado, o segmento das Indústrias extrativas apresentou variação negativa -4,0%.
No setor de serviços, todos os sete segmentos apresentaram incremento no período: Outras atividades de serviços (13,6%), Transporte, armazenagem e correio (11,7%), Informação e comunicação (4,6%), Comércio (1,3%), Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (1,1%), Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,0%) e Atividades Imobiliárias (0,5%).
Para a taxa acumulada nos últimos quatro trimestres (em relação ao mesmo período anterior), o setor agropecuário apresentou retração de -5,5%, enquanto observou-se expansão no setor de serviços (4,3%) e no setor da indústria (0,1%).
No setor industrial, três dos quatro segmentos cresceram: Construção (10,5%), Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (3,7%) e Indústrias Extrativas (0,5%). Em sentido oposto, o segmento de Indústrias de Transformação caiu -2,9%.
No setor de serviços, cinco dos sete segmentos analisados apresentaram expansão: Outras atividades de serviços (12,3%), Transporte, armazenagem e correio (10,9%), Informação e comunicação (9,6%), Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (2,2%) e Atividades imobiliárias (0,7%). Por sua vez, caíram no período os segmentos de Comércio (-0,1%) e Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (-0,6%).
Ótica da demanda. Sob a ótica da demanda, frente ao trimestre imediatamente anterior (1º trimestre de 2022), para dados com ajuste sazonal, três das cinco categorias apresentaram expansão: importações de bens e serviços (7,6%), formação bruta de capital fixo (4,8%) e consumo das famílias (2,6%). No mesmo período, as duas categorias restantes registraram queda: consumo do governo (-0,9%) e exportações de bens e serviços (-2,5%).
Na comparação com o segundo trimestre de 2021, houve acréscimo em três das cinco categorias analisadas: consumo das famílias (5,3%), formação bruta de capital fixo (1,5%) e consumo do governo (0,7%). As categorias que retrocederam no período foram as de importações de bens e serviços (-1,1%) e de exportações de bens e serviços (-4,8%).
Por fim, na comparação da taxa acumulada nos quatro últimos trimestres (em relação ao mesmo período anterior), todas as cinco categorias apresentaram variação positiva: formação bruta de capital fixo (3,5%), consumo das famílias (3,4%), consumo do governo (2,5%), exportações de bens e serviços (2,3%) e importações de bens e serviços (2,0%).