Análise IEDI
Reação das exportações industriais no final de 2020
Os dados divulgados hoje pelo Ministério da Economia completam o desempenho da balança comercial do Brasil em 2020. Houve superávit de US$ 51 bilhões no acumulado do ano, representando uma alta de +7% em relação a 2019, segundo a média por dia útil.
Os efeitos da crise da Covid-19 sobre o dinamismo da economia nacional ensejaram um recuo de -9,7% de nossas compras externas, funcionando como a principal causa para a melhora do saldo comercial de 2020.
As exportações por sua vez, também retrocederam na comparação dos acumulados do ano, segundo as médias diárias. Neste caso, porém, o ritmo de queda de 2020, de -6,1%, ficou em linha com o de 2019, a despeito das profundas adversidades enfrentadas pela economia mundial diante do surto de coronavírus.
Nosso desempenho exportador, ainda que negativo, foi certamente amenizado por uma taxa de câmbio mais competitiva ao longo do ano. Vale lembrar que a taxa média de câmbio nominal passou de R$ 4,27 por dólar em jan/20 para R$ 5,2 em dez/20.
Como mostram as variações pela média diária a seguir, sempre em comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto agropecuária contribuiu positivamente nos primeiros meses de 2020, devido a uma safra bastante positiva, a recuperação das vendas externas da indústria é quem conteve deterioração maior no final do ano.
• Exportações totais: -8,2% no 2º trim/20; -6,9% no 3º trim/20 e -2,2% no 4º trim/20;
• Exportações da agropecuária: +40,7%; +11,8% e -21,3%, respetivamente;
• Exportações da indústria extrativa: -20,8%; -2,0% e +6,6%;
• Exportações da indústria de transformação: -19,1%; -13,1% e +0,8%, respectivamente.
No 2º trim/20, quando a pandemia de Covid-19 atingiu o Brasil e se agravava no restante do mundo, a alta de 40,7% das vendas externas da agropecuária amorteceram o tombo das exportações da indústria extrativa e de transformação, cujos mercados externos foram restringidos e as atividades produtivas fortemente perturbadas pela necessidade de distanciamento social.
O ano de 2020 terminou, contudo, com as exportações industriais de volta ao azul, sobretudo no ramo extrativo, cujos produtos se beneficiaram do aumento de preços internacionais em função da recuperação econômica da China e de perdas menos dramáticas nos principais países desenvolvidos e emergentes graças ao sucesso de políticas emergenciais adotadas por seus governos. A título de exemplo, o preço de minério de ferro e seus concentrados em dez/20 foi 51% maior do que em dez/19.
Na indústria de transformação, as exportações também voltaram a se expandir, embora em ritmo mais modesto: +0,8% no 4º trim/20 frente a igual período de 2019, segundo as médias por dias úteis. Mas o efeito disso para o total das exportações do país não é negligenciável, dado que o setor responde por nada menos do que 55% de tudo que o país exporta.
Em dez/20, entre os produtos da indústria de transformação que melhor se saíram em relação a dez/19 estão alguns insumos químicos, como polímeros, enxofre, nitrato de sódio, abrasivos naturais; produtos alimentícios, como açúcares e melaços, alguns tipos de máquinas; fios de ferro e aço; fibras sintéticas; e couros e peles, entre outros.
Conforme os dados divulgados hoje pelo Ministério da Economia, no mês de dezembro de 2020 a balança comercial brasileira registrou déficit de US$ 41,6 milhões, retração de 100,7% frente ao alcançado no mesmo período do ano anterior, US$ 5,947 bilhões.
As exportações registraram valor de US$18,365 bilhões, representando decréscimo de 5,3% em relação a dezembro de 2019, pela média diária. As importações totalizaram US$ 18,407 bilhões, o que significou expansão de 39,9% na mesma base de comparação, considerando os dias úteis do mês.
Para o mês de dezembro de 2020, as médias diárias das exportações alcançaram US$ 834,8 milhões e das importações registradas ficaram em US$ 836,7 milhões.
Destaques exportações. Houve aumento das exportações, principalmente, para os seguintes países: Oriente Médio (7,24 %) - Emirados Árabes Unidos (+34,1% com aumento de US$ 2,5 milhões na média diária); Irã (+35,2% com aumento de US$ 1,6 milhões na média diária); Barein (+62,3% com aumento de US$ 1,3 milhões na média diária); Iêmen (+50,8% com aumento de US$ 0,8 milhões na média diária); Israel (+70,8% com aumento de US$ 0,8 milhões na média diária); África (49,28 %) - Egito (+120,9% com aumento de US$ 5,6 milhões na média diária); Argélia (+78,1% com aumento de US$ 4,0 milhões na média diária); Marrocos (+213,1% com aumento de US$ 2,9 milhões na média diária); Congo (+ 711,7% com aumento de US$ 0,9 milhões na média diária); Mauritânia (+ 227,2% com aumento de US$ 0,7 milhões na média diária).
Por outro lado, caíram as exportações, principalmente, para os seguintes países: Ásia (Exclusive Oriente Médio) (-8,68 %) - China (-22,4% com queda de US$ -59,8 milhões na média diária); Japão (-44,5% com queda de US$ -13,2 milhões na média diária); Tailândia (-45,0% com queda de US$ -2,8 milhões na média diária); Bangladesh (-41,6% com queda de US$ -2,6 milhões na média diária); Hong Kong (-23,8% com queda de US$ -2,4 milhões na média diária); Europa ( -11,5 %) - Países Baixos (Holanda) (-26,3% com queda de US$ -6,5 milhões na média diária); Espanha (-35,6% com queda de US$ -4,8 milhões na média diária); Bélgica (-31,1% com queda de US$ -4,0 milhões na média diária); Noruega (-53,4% com queda de US$ -3,7 milhões na média diária); França ( -35,3% com queda de US$ -3,6 milhões na média diária); América do Sul (-4,15 %) - Uruguai (-28,0% com queda de US$ -2,8 milhões na média diária); Chile ( -12,4% com queda de US$ -2,7 milhões na média diária); Bolívia ( -20,5% com queda de US$ -1,3 milhões na média diária); Venezuela ( -27,0% com queda de US$ -0,9 milhões na média diária); Paraguai ( -6,3% com queda de US$ -0,7 milhões na média diária); América do Norte ( -3,4 %) - Estados Unidos ( -11,7% com queda de US$ -14,7 milhões na média diária); México (-0,9% com queda de US$ -0,2 milhões na média diária); América Central e Caribe (-11,5 %) - Panamá (-43,3% com queda de US$ -1,0 milhões na média diária); Santa Lúcia (-34,2% com queda de US$ -0,9 milhões na média diária); Bahamas (-64,4% com queda de US$ -0,7 milhões na média diária); Costa Rica (-36,8% com queda de US$ -0,4 milhões na média diária); Guatemala (-21,0% com queda de US$ -0,3 milhões na média diária); Oceania (-19,32 %) - Marshall, Ilhas (-44,0% com queda de US$ -0,5 milhões na média diária); Austrália (-7,6% com queda de US$ -0,2 milhões na média diária); Nova Caledônia (-89,2% com queda de US$ -0,2 milhões na média diária).
Destaques importações. Houve aumento das importações, principalmente, dos seguintes países: Ásia (Exclusive Oriente Médio) (35,32 %) - Coreia do Sul (+217,1% com aumento de US$ 27,6 milhões na média diária); China (+18,0% com aumento de US$ 22,3 milhões na média diária); Japão (+116,0% com aumento de US$ 14,6 milhões na média diária); Índia (+22,7% com aumento de US$ 3,4 milhões na média diária); Taiwan (Formosa) (+ 33,5% com aumento de US$ 2,4 milhões na média diária); Europa ( 5,32 %) - França (+ 30,0% com aumento de US$ 3,4 milhões na média diária); Espanha (+26,4% com aumento de US$ 2,6 milhões na média diária); Itália (+ 11,3% com aumento de US$ 1,6 milhões na média diária); Belarus (+ 110,8% com aumento de US$ 1,2 milhões na média diária); Turquia (+53,3% com aumento de US$ 1,0 milhões na média diária); América Central e Caribe (13,83 %) - Panamá (+ 660,6% com aumento de US$ 0,4 milhões na média diária); Bahamas (+32.406.972,7% com aumento de US$ 0,1 milhões na média diária); Guatemala (+71,8% com aumento de US$ 0,1 milhões na média diária); Oriente Médio (59,16 %) - Emirados Árabes Unidos (+1.385,6% com aumento de US$ 20,2 milhões na média diária); Omã ( + 4.590,2% com aumento de US$ 1,9 milhões na média diária); Barein ( + 210,8% com aumento de US$ 0,5 milhões na média diária); Jordânia (+ 4.399,3% com aumento de US$ 0,5 milhões na média diária)
Em sentido oposto, houve variação negativa nas importações, principalmente, dos seguintes países: América do Sul (-3,4 %) - Argentina (-19,0% com queda de US$ -8,2 milhões na média diária); Bolívia ( -52,7% com queda de US$ -5,1 milhões na média diária); Peru ( -9,2% com queda de US$ -0,3 milhões na média diária); América do Norte ( -9,13 %) - Estados Unidos (-9,9% com queda de US$ -10,0 milhões na média diária); México (-12,3% com queda de US$ -1,8 milhões na média diária); Oceania ( -18,26 %) - Austrália (-21,2% com queda de US$ -0,7 milhões na média diária); África (-15,12 %) - Argélia (-50,6% com queda de US$ -3,8 milhões na média diária); Costa do Marfim (-93,5% com queda de US$ -1,8 milhões na média diária); Egito (-40,6% com queda de US$ -0,6 milhões na média diária); África do Sul (-13,7% com queda de US$ -0,4 milhões na média diária); Congo, República Democrática (-100,0% com queda de US$ -0,2 milhões na média diária).