Análise IEDI
Crescimento em marcha
Em outubro de 2020, o comércio varejista ampliou vendas pelo sexto mês consecutivo, consolidando uma nova etapa de crescimento, depois de já ter compensado todas as perdas provocadas pela Covid-19. Frente ao mês anterior registrou +0,9%, já descontados os efeitos sazonais, em seu conceito restrito e +2,1% em seu conceito ampliado, que inclui os segmentos de veículos, autopeças e material de construção.
Deste modo, o varejo como um todo já superou o nível de vendas reais de fev/20, isto é, do pré-pandemia, em 4,9% tomado o conceito ampliado (8% acima no conceito restrito). Além disso, também se encontra em patamar superior ao do ano passado, registrando aumento de +6% ante out/19 (+8,3% no conceito restrito).
No último mês, poucos foram os segmentos em condições desfavoráveis. Na passagem de set/20 para out/20, apenas o segmento de móveis e eletrodomésticos não obteve aumento de vendas. Mas esta acomodação não chega a preocupar. Isso porque antecede o período de liquidações do mês de nov/20 e, sobretudo, porque este segmento é um dos que lideram a retomada do varejo, com alta de +21,9% ante out/19 e em nível 19% acima do pré-Covid-19.
Em situação semelhante ficaram as vendas de material de construção, que quase não saíram do lugar em out/20 (apenas +0,2%), mas que também se encontram entre os segmentos que mais reagiram: está 21,5% acima do nível de fev/20 e apresentou alta de +20,9% frente a out/19.
A despeito do virtuoso desempenho, o varejo ainda precisa completar sua reativação em um contexto em que a redução do auxílio emergencial às famílias e demais programas de combate aos efeitos econômicos da pandemia podem não ter renovação com a virada do ano. Vale mencionar que metade dos segmentos permanecem em patamares aquém de fev/20 e ainda acusam declínio na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Quatro ramos estão atrasados no processo de recuperação e ainda restringem a expansão do varejo. É o caso de veículos e autopeças; equipamentos e mat. para escritório, informática e comunicação; tecidos, vestuário e calçados; e combustíveis e lubrificantes.
Como mostram as variações com ajuste sazonal abaixo, todos estes três segmentos cresceram mais do que o varejo como um todo em out/20, mas permaneceram abaixo do pré-pandemia e em queda frente a out/19.
• Varejo restrito: +2,9% em ago/20; +0,5% em set/20 e +0,9% em out/20;
• Varejo ampliado: +4,0%; +1,2% e +2,1%, respectivamente;
• Combustíveis e lubrificantes: +1,7%; +2,8% e +1,1%;
• Supermercados, alimentos, bebidas: -2,1%; -0,3% e +0,6%;
• Tecidos, vestuário e calçados: +37,3%; -2,6% e +6,6%;
• Móveis e eletrodomésticos: +4,1%; -1,1% e -1,1%;
• Veículos e autopeças: +8,1%; +5,2% e +4,8%, respectivamente.
As vendas do segmento de veículos e autopeças, a despeito da melhora recente, encontram-se em um ponto 5,2% abaixo daquele de fev/20. A defasagem em comparação com 2019 é ainda mais significativa. Em out/20 registrou declínio de -5,9%.
No caso de combustíveis e lubrificantes e de tecidos, vestuário e calçados, o nível de vendas em relação ao pré-crise é 4,7% e 4,6% inferior, respectivamente, com resultados negativos também em comparação com out/19: -5,4% e -2,6%. Já no caso de equipamentos de escritório e informática estas defasagens são da ordem de -2,1% ante fev/20 e de -10,9% ante out/19.
Mesmo com o atraso de alguns segmentos, o ano de 2020 deve se encerrar muito próximo da estabilização para o varejo, diferentemente de outros setores, como a indústria e os serviços. Em jan-out/20, em seu conceito restrito já existe crescimento de +0,9% das vendas reais. Em termos ampliados, a queda se reduziu muito e agora está em -2,6%.
O resultado de 2020 seria melhor se não fossem a elevação de preços de alimentos e a redução do auxílio emergencial das famílias, que vêm restringindo a expansão do segmento de supermercados, alimentos, bebidas e fumo, que recentemente acusou quedas e em out/20 cresceu menos que o total do varejo.
A partir dos dados de outubro de 2020 da Pesquisa Mensal do Comércio divulgados hoje pelo IBGE, o índice de volume de vendas do comércio varejista nacional registrou acréscimo de 0,9% frente ao mês imediatamente anterior na série com ajuste sazonal. Frente ao mês de outubro de 2019, houve crescimento de 8,3%. Para o acumulado nos últimos doze meses aferiu-se variação positiva de 1,3%, enquanto o acumulado do ano apresentou estabilidade.
No que se refere ao volume de vendas do comércio varejista ampliado, que inclui vendas de veículos, motos, partes e peças e de materiais de construção, registrou-se variação positiva de 2,1% em relação a setembro de 2020, a partir de dados livres de influências sazonais. Com relação ao desempenho frente ao mês de setembro de 2019, houve acréscimo de 6,0%. Para o acumulado dos últimos 12 meses verificou-se decréscimo de 1,4% e o acumulado do ano registrou variação negativa de 2,6%
A partir de dados dessazonalizados, sete dos oito setores analisados registraram variações positivas em comparação ao mês imediatamente anterior: livros, jornais, revistas e papelaria (6,6%), tecidos, vestuário e calçados (6,6%), equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (3,7%) artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (2,3%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,9%), combustíveis e lubrificantes (1,1%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,6%). Em sentido oposto, o setor de móveis e eletrodomésticos apresentou variação negativa de -1,1%. Para essa mesma base de comparação, o comércio varejista ampliado registrou incremento de 2,1%, de maneira que o setor de veículos, motos, partes e peças registrou variação positiva de 4,8%, enquanto material de construção obteve acréscimo de 0,2%.
Em relação ao mesmo mês do ano anterior (outubro de 2019), registrou-se variação positiva em quatro das oito atividades analisadas: móveis e eletrodomésticos (21,9%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (18,4%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (13,8%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (7,3%). Por outro lado, houve decréscimo nos quatro setores restantes: livros, jornais, revista e papelaria (-33,1%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-10,9%), combustíveis e lubrificantes (-5,4%) e tecidos, vestuário e calçados (-2,1%). Para o comércio varejista ampliado, registrou-se variação positiva de 6,0%, de modo que o setor de veículos e motos, partes e peças apresentou retração de 5,9% e o setor de material de construção obteve variação positiva de 20,9%.
Na análise do acumulado do ano (janeiro-outubro de 2020), aferiu-se variação negativa de 0,9% no comércio varejista, com crescimento em quatro dos oito segmentos analisados: móveis e eletrodomésticos (10,8%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (7,2%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (5,7%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,7%). Em sentido oposto, os demais segmentos analisados apresentaram retrações: livros, jornais, revistas e papelaria (-30,7%), tecidos, vestuário e calçados (-27,6%), equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-17,4%) e combustíveis e lubrificantes (-10,4%). Para o comércio varejista ampliado houve variação negativa de 2,6% no período, sendo que veículos e motos, motocicletas, partes e peças apresentou variação negativa de 16,8% e material de construção obteve variação positiva de 9,4%.
Por fim, comparando outubro de 2020 com o mesmo mês do ano anterior, 26 das 27 unidades federativas apresentaram acréscimos no volume de vendas do comércio varejista, sendo as maiores: Piauí (23,0%), Acre (18,2%), Maranhão (17,8%), Rondônia (17,5%), Amazonas (15,4%), Amapá (15,3%), Mato Grosso do Sul (15,0%), Pará (14,2%), Espírito Santo (13,0%), Minas Gerais (12,3%), Bahia (11,3%), Paraíba (10,6%) e santa Catarina (10,6%). Na mesma base de comparação, apenas o estado de Tocantins apresentou variação negativa de 5,7.