IEDI na Imprensa - Para IEDI, solução para o setor é investir mais em pesquisa e desenvolvimento
Valor Econômico
Impulso poderia ser dado por mais parcerias entre empresas e universidades, defende o economista Rafael Cagnin
Alessandra Saraiva
Investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) são o principal fator para a retomada de crescimento da indústria da transformação a longo prazo, afirmou o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) Rafael Cagnin. Para o técnico, há muito o que fazer para recuperação sustentável na atividade; como também diversas abordagens. Mas, frisou ser fundamental fortalecer P&D, em qualquer proposta para novo “boom” nesse segmento industrial.
“Essa difusão de pesquisa e desenvolvimento é que vai assegurar o longo prazo [da atividade]. Não é o único, mas é o principal vetor”, afirmou.
Ao falar sobre o tema, citou a Pesquisa de Inovação (Pintec) 2017 do IBGE. Dados do levantamento apontam que a taxa de inovação da indústria, a parcela de companhias inovadoras dentro do total, era de 33,9% entre 2015 e 2017.
As parcelas de serviços selecionados e de eletricidade e gás, para a mesma pergunta no mesmo período, foram de 28,4% e de 32%. “Quem investe mais em inovação é a indústria. Mas é preciso mais”, afirmou.
Uma sugestão do especialista, para aumentar parcela de inovadores, foi de que, concomitantemente com mais recursos em P&D, ocorra maior desenvolvimento de parcerias entre universidades e iniciativa privada. “Estamos falando do sistema de inovação do Brasil, de complementaridade”, disse. “No país sabemos que há interação entre universidade e iniciativa privada ainda distante”, notou o técnico.
No caso de estímulos à P&D e parcerias na indústria de transformação, Cagnin admitiu que poderia ser feito mais, em política pública. “Temos escassez de financiamento e encolhimento de mecanismos públicos”, reconheceu. “Isso fragiliza sistema de inovação no Brasil.”
Outro aspecto a ser levado em conta é que, para inovar, o empresário também precisa de ambiente macroeconômico estável, com visibilidade em horizontes de médio e longo prazos, notou. “Nem todas empresas têm inovação como objetivo maior”, disse. “E nem é culpa do empresário ou problema da natureza das indústrias do Brasil. É porque a conjuntura é tão desafiadora e volátil que, no fundo, o horizonte de planejamento das empresas é encurtado de forma drástica, prejudicado frente à preocupações prementes.”
Cagnin ressaltou o quanto a economia teria a ganhar, caso indústria de transformação entrasse em trajetória de crescimento. Ele reiterou dado de documento do Iedi, veiculado em junho, “Indústria e Estratégia de Desenvolvimento Socioeconômico do Brasil”: para cada R$ 1 produzido por indústria da transformação, ela induz R$ 2,14 na produção total da economia. “A indústria da transformação tem efeito multiplicador na economia”, resumiu.