IEDI na Imprensa - Importação maior que o esperado pode reduzir superávit comercial
Valor Econômico
Na média diária de maio, compras externas foram 54,7% maiores que no mesmo mês de 2020
Mariana Ribeiro
As importações vêm registrando desempenho acima do esperado, o que pode levar à redução do superávit comercial previsto para o ano, disse ontem o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão. Atualmente, a secretaria estima que a balança comercial registre em 2021 um resultado recorde de US$ 89,4 bilhões. A próxima projeção será divulgada no início de julho.
A estimativa para o ano, feita em abril, considera um resultado de US$ 266,6 bilhões em exportações e US$ 177,2 bilhões em importações. “Como a importação está se aquecendo, é possível sim que o resultado esperado para o ano diminua”, explicou Brandão durante a divulgação dos dados de maio, quando o superávit comercial foi de US$ 9,290 bilhões, um recorde para o mês.
Em maio, as importações alcançaram US$ 17,657 bilhões e tiveram um aumento, pela média diária, de 57,4% na comparação com o mesmo mês de 2020. O avanço, puxado pela recuperação da demanda interna, foi expressivo nas três categorias: de 36,79% na agropecuária, de 107,52% na indústria extrativa e de 56,53% na indústria de transformação. Segundo Brandão, apesar da forte recuperação, o nível das compras externas ainda está um pouco distante das máximas históricas. “Há espaço para crescimento”, completou.
No ano, as importações ficaram em US$ 81,536 bilhões, um aumento de 20,9% sobre o mesmo período do ano passado e acima do esperado para o ano. A performance das exportações no ano, por sua vez, vem em linha com as expectativas da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). No acumulado de 2021, elas somaram US$ 109,065 bilhões, alta de 31,1%.
Só em maio, as vendas externas totalizaram US$ 26,948 bilhões, alta de 46,5% sobre o desempenho do mesmo mês de 2020, pela média diária. Os números, puxados pelo aquecimento dos preços internacionais, é recorde para o mês. Também foi observado crescimento nas três categorias: de 42,97% na agropecuária, 85,77% na indústria extrativa, e de 34,56% na indústria de transformação.
Para Yasmin Riveli e Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, nos próximos meses, as importações devem seguir beneficiadas pela retomada interna em curso. Já as exportações devem continuar impulsionadas pelo crescimento global e pelos altos preços das commodities na comparação com 2020.
A perspectiva é de queda dos preços do minério de ferro, soja e petróleo na margem no segundo semestre, o que “em conjunto com o aspecto sazonal, deve implicar em saldos comerciais menos robustos do que os observados na primeira metade do ano”.
“De toda forma, os preços dos principais produtos exportados pelo Brasil devem se manter em níveis historicamente valorizados, o que sustenta nossa projeção de um crescimento de 40% do saldo comercial brasileiro nesse ano”, afirmam. Para 2021, a projeção da consultoria é de um superávit de US$ 70,8 bilhões, resultado de exportações de US$ 257,5 bilhões e importações de US$ 186,7 bilhões.
O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) avalia que o desempenho dos primeiros cinco meses do ano sinaliza retomada do comércio exterior. “Isso se deve aos progressos obtidos no combate à pandemia em importantes países do mundo, o que vem alavancando a reativação do comércio global”, afirma.
No mês passado, as exportações para China, Hong Kong e Macau, principais destinos dos produtos brasileiros, subiram 33,05%, pela média diária, em relação ao mesmo mês do ano anterior. Já as vendas totais para a Ásia avançaram 43,45%. Na mesma base de comparação, as vendas para a América do Norte subiram 61,90%, para a América do Sul, 107,14%, e para a Europa, 30,59%.
Já nos primeiros cinco meses do ano, as vendas para a China avançaram 35,96% e, para toda a Ásia, 35,22%. As exportações para a América do Norte subiram 24,62%, para a América do Sul, 44,53%, e para a Europa, 20,03%.