IEDI na Imprensa - Próximos meses podem ser difíceis para crédito a empresas, avalia IEDI
Valor Econômico
Fevereiro já foi o terceiro mês seguido de recuo do financiamento às empresas na comparação anual
Sérgio Tauhata
Sem programas emergenciais e diante de novas medidas restritivas a partir de março, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) vê meses difíceis pela frente para o crédito corporativo. Os analistas da entidade ressaltam que o fato de fevereiro ter sido o terceiro mês consecutivo de recuo do financiamento às empresas na comparação anual e quando descontada a inflação pelo IPCA reforça essa percepção.
Segundo o instituto, “o declínio de 1,4% do crédito novo concedido às empresas, em fevereiro de 2021, decorreu das operações livremente pactuadas entre as partes, que registrou queda de 3,3%” frente ao mesmo mês de 2020 em termos reais.
O crédito direcionado, por sua vez, avalia o IEDI, manteve-se em alta, mas em ritmo inferior ao que vinha apresentando entre abril e dezembro do ano passado.
As companhias viram no mês passado o crédito recuar sobretudo nas modalidades capital de giro (-9,7%), conta garantida (-34,2%), desconto de cheques (-38,8%) e cheque especial (-30,4%).
Em direção oposta, o crédito às famílias voltou a crescer, depois da queda em janeiro. No primeiro mês de 2021, o financiamento às pessoas físicas caiu 8,1%, mas em fevereiro subiu 1,1% na comparação com os mesmos meses de 2020.
O IEDI, porém, faz uma ressalva sobre o crédito para as famílias. A conclusão, baseada nos dados divulgados pelo Banco Central, é que o avanço de 1,1% no crédito total se deve à subida de 38,2% nas operações direcionadas em fevereiro. Os empréstimos livremente pactuados registraram baixa de 0,2%, na terceira taxa negativa na comparação frente ao mesmo período do ano anterior.
Conforme o instituto, “um dos fatores que pode ter travado a contratação do crédito livre às famílias foi a elevação das taxas de juros”. Os juros médios para as famílias chegaram a 40,1% ao ano em fevereiro, com acréscimo de 3 pontos percentuais acima da média de dezembro de 2020 e no maior patamar desde junho do ano passado.
O saldo de crédito a pessoas físicas em relação ao mês imediatamente anterior alcançou variação positiva de 0,8%, a R$ 2,3 trilhões. A carteira de pessoas jurídicas apresentou variação negativa de 0,6% na mesma comparação, alcançando R$ 1,8 trilhão.
Nas novas concessões de crédito realizadas com recursos direcionados em fevereiro destacaram-se, para pessoas físicas, as modalidades de financiamento imobiliário (R$ 12,2 bilhões), crédito rural (R$ 6,3 bilhões), microcrédito (R$ 1,2 bilhão) e BNDES (R$ 535 milhões).
Para as empresas, as principais modalidades direcionadas foram o crédito rural (R$ 3,3 bilhões), o BNDES (R$ 2,2 bilhões) e os financiamentos imobiliários (R$ 810 milhões).