IEDI na Imprensa - Em todas as áreas, país paga o custo do descaso
Valor Econômico
Explosão de casos da doença fez com que o “lockdown” em diversas partes do Brasil seja a saída para tentar reduzir a trágica escalada de mortes
Arícia Martins, Hugo Passarelli, Adriana Mattos e Alessandra Saraiva
O descaso no combate à pandemia de covid-19 cobrou seu preço. A ineficiência do governo na compra de vacinas, a falta de uma política nacional para enfrentar a doença, as aglomerações e as reiteradas declarações do presidente Jair Bolsonaro, que desencoraja a população a usar máscara e a manter o distanciamento social, levaram o país a uma situação crítica. A explosão de casos da doença fez com que o “lockdown” em diversas partes do Brasil seja a saída para tentar reduzir a trágica escalada de mortes.
Setores que começavam a pagar dívidas e a recuperar-se de prejuízos temem nova onda de falências, demissões e inadimplência. Em 2020 foram fechadas 75 mil empresas do setor de serviços e comércio, maior número desde a recessão de 2016. A situação é especialmente grave para as pequenas empresas. Nas indústrias de pequeno porte, a pressão extra da alta dos insumos e do desabastecimento de matérias-primas alia-se ao acesso mais restrito ao crédito e à demanda enfraquecida. Quase um quinto das pequenas indústrias depende do cheque especial para capital de giro.
A FecomercioSP calcula que a fase vermelha no Estado de São Paulo possa gerar perda de faturamento de cerca de R$ 11 bilhões em março. Já a indústria, sem avanço da vacinação, deve perder o vigor demonstrado no fim de 2020 e início deste ano, diz o economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), Rafael Cagnin.
“Só o avanço da vacinação vai acabar com esse abre e fecha do comércio. Março já está comprometido e a consequência será um primeiro trimestre duramente afetado”, diz o presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), que reúne cerca de 70 grandes varejistas do país.
O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) cortou a projeção para expansão do PIB em 2021, de 3,6% para 3,2%, e o número já tem viés de baixa, diz a pesquisadora Luana Miranda.