IEDI na Imprensa - Sem avanço na vacinação, indústria deve perder vigor e ter trajetória irregular, diz IEDI
Valor Econômico
Para Rafael Cagnin, única ação com capacidade de eliminar a incerteza é a vacinação em massa
Hugo Passarelli
O avanço acelerado da contaminações e mortes pela covid-19 tira dinamismo da indústria e ameaça as perspectivas de médio e longo prazo, alerta o economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), Rafael Cagnin. A única ação com capacidade de desanuviar o terreno e eliminar a incerteza é a vacinação em massa da população, reforça.
Um alento é que, desde o ano passado, o setor industrial vive com estoques baixos, seja de produtos prontos ou insumos. “Esse processo de normalizar de estoques talvez ajude um pouco a compensar essa desaceleração na entrada do ano devido à piora do quadro epidemiológico e das medidas restritivas à circulação, que batem no comercio e que podem se refletir na produção industrial”, explica Cagnin.
Mesmo com o provável avanço da nova rodada do auxílio emergencial no Congresso, a realidade é que a economia passou o primeiro trimestre praticamente sem estímulos, inclusive em linhas de crédito às empresas e programas de manutenção de emprego. “Dado esse cenário, a entrada do ano deve ter tido perda de dinamismo na indústria”, diz o economista.
Na sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga a produção industrial de janeiro, que deve mostrar alta de 0,4% em janeiro ante dezembro, depois de ter subido, também em comparação mensal, 0,9% no fim de 2020.
Com incertezas à frente sobre o processo de vacinação e controle da pandemia, Cagnin afirma que o risco é de o país entrar em uma nova fase da crise, marcada por vaivém constante da economia.
“Ainda não se pode dizer que superamos essa crise, o que fizemos foi compensar as perdas. Mas agora podemos entrar em um período de crescimento muito irregular, a depender da abertura ou fechamento da economia, mesmo que, no agregado do ano, a indústria tenha algum crescimento”, diz o economista-chefe do IEDI.