IEDI na Imprensa - Sem vacinação em massa, reação de serviços ficará bloqueada, diz IEDI
Valor Econômico
Para Rafael Cagnin, programas emergenciais ainda são “cruciais para manutenção de empregos”
Marta Watanabe
Ao recuar 0,2% em dezembro contra novembro, na série com ajuste sazonal, o setor de serviços fechou 2020 com contração recorde, de 7,8%. Mesmo que a queda de dezembro tenha sido precedida de uma sequência de seis meses de crescimento na margem, as variações negativas marcam todos os trimestres do ano quando a comparação é feita com iguais períodos de 2019, aponta o economista Rafael Cagnin em análise feita no boletim do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).
Vale lembrar que desde 2015 o faturamento real do setor só foi positivo em 2019, diz ele, em um avanço modesto que foi totalmente perdido agora em 2020. “Não surpreende que o emprego no país esteja há tanto tempo em um quadro dramático.”
Ainda que a normalização do quadro sanitário por meio da vacinação em massa seja fundamental para a superação da crise em todos os setores da economia, avalia ele, é ainda mais importante no caso de serviços, dado que muitas de suas atividades exigem presença física, mobilidade das pessoas e sociabilidade.
Em comparações trimestrais interanuais, o setor de serviços recuou 0,2% de janeiro a março e, já sob os efeitos da pandemia de covid-19, teve o pior desempenho no trimestre seguinte, com retração de 16,3%. Mesmo nos dois últimos trimestres, quando o setor reagiu, houve quedas de 9,7% de julho a setembro e de 5,2% de outubro a dezembro, sempre em relação a iguais períodos do ano passado.
Para Cagnin, o quadro mostra que mesmo com o crescimento na margem de junho a novembro, o volume do setor de serviços não conseguiu compensar as perdas do choque da covid-19 de março a abril do ano passado.