Carta IEDI
A Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica: O Retrocesso em Curso
Decorridos os nove primeiros meses de 2015, a indústria de transformação viu sua produção cair 9,2%, com o mês de setembro contribuindo para tanto, com queda de 12,5% frente a igual mês de 2014. Tais variações concorreram para o recuo de 8,2% em 12 meses. Isto é, o resultado do acumulado em 12 meses de setembro último foi o menor registrado desde novembro de 2009. Voltando para o acumulado do ano, janeiro-setembro de 2015 registrou a mais baixa produção física da indústria de transformação desde 2005. O retrocesso se fez acompanhar de redução no déficit dos bens típicos da indústria de transformação, que ficou em US$ 30,0 bilhões, ante um saldo negativo de US$ 49,2 bilhões em janeiro-setembro de 2014. Mas as exportações em dólares correntes declinaram 11,1%, realçando o caráter recessivo do ajuste na balança comercial brasileira.
A forte retração da indústria de transformação pode ser apreendida pela classificação adotada pela OCDE segundo a qual aquela é dividida em quatro faixas de intensidade tecnológica: alta intensidade, média-alta, média-baixa e baixa intensidade tecnológica.
- A indústria de alta intensidade sofreu a maior queda tanto no contraponto entre janeiro-setembro do ano e igual período de 2014, taxa de -20,1%, quanto em doze meses, variação de -17,3%. O argumento da base de comparação elevada já não se sustenta. Se teve ótimo desempenho no primeiro trimestre de 2014 devido à produção de tevês puxada pela Copa do Mundo, no trimestre seguinte esse ímpeto já foi arrefecendo. Na comparação entre terceiros trimestres, a queda foi de 20,0%, entre meses de setembro, a queda foi de 18,3%. O retrocesso não se ateve aos ramos do complexo eletrônico, a indústria farmacêutica também declinou de modo agudo.
- A faixa de média-alta intensidade também teve retrocesso de dois dígitos nas comparações entre acumulados, continuando um processo iniciado em 2014. O retrocesso no acumulado do ano foi de 14,2%, enquanto em doze meses encerrados em setembro, de 12,7%. A retração ocorreu em todos os ramos nela abarcados, da produção de bens de capital, máquinas e equipamentos à indústria de material de transporte terrestre passando pela indústria química. No contraponto entre meses de setembro, a queda foi ainda maior, de 22,6%, enquanto no terceiro trimestre frente a igual período de 2014, a produção caiu 18,0%.
- O segmento de média-baixa retrocedeu 7,2% em janeiro-setembro ante o mesmo período de 2014, variação puxada pela performance do terceiro trimestre, com queda de 8,9% frente a julho-setembro do ano passado. Em setembro, o recuo foi de 9,8%. Tais taxas contribuíram para o recuo de 6,3% em doze meses. Por sinal, segundo tais contrapontos, houve queda generalizada. A produção de bens metálicos, que inclui a siderurgia, e a de produtos de petróleo refinado, álcool e afins ditam o comportamento dessa faixa. A primeira sofreu retração de 9,1% em janeiro-setembro, enquanto a segunda, diminuição de 6,0%.
- Já a faixa de baixa intensidade experimentou recuos menos agudos, com declínio de 5,0% no acumulado do ano, puxado pelos retrocessos de 6,4% em setembro e de 6,6% no terceiro trimestre frente a iguais períodos de 2014. Em doze meses, o País produziu 4,7% menos nas atividades desse segmento. Essas taxas foram em muito decorrentes da menor produção das indústrias alimentícias, de bebidas e fumo, cuja queda chegou a 4,0% em janeiro-setembro. A fabricação de produtos madeireiros, papel, celulose e afins, por sua vez, registrou declínio de 5,2%. A produção de têxteis, artigos de vestuário, de couro e calçados caiu 9,7%.
Tais números refletem não só o ajuste, mas as indefinições em torno do mesmo, em especial de sua consecução, e principalmente as incertezas sobre futuro próximo, uma vez que pouco esforço tem havido na sinalização da etapa pós-ajuste. Ademais a depreciação cambial ainda não logrou dinamizar as exportações para mitigar o encolhimento do mercado interno.
Uma Visão Geral da Indústria de Transformação. Decorridos os nove primeiros meses de 2015, a indústria de transformação viu sua produção cair 9,2%, com o próprio mês de setembro contribuindo para tanto, com queda de 12,5% no contraponto com o igual mês de 2014. Tais variações concorreram para a queda de 8,2% em 12 meses. Isto é, o resultado do acumulado em 12 meses de setembro último foi o menor registrado desde novembro de 2009, um ano atípico devido à eclosão da crise internacional em fins de 2008. Voltando para o acumulado do ano, janeiro-setembro de 2015 registrou a mais baixa produção física da indústria de transformação desde 2005. Ou seja, o Brasil produziu menos em 2015 – até setembro – do que em período equivalente do fatídico 2009. O retrocesso se fez acompanhar de uma redução no déficit dos bens típicos da indústria de transformação, que ficou em US$ 30,0 bilhões, contra um saldo negativo de US$ 49,2 bilhões em janeiro-setembro do ano passado. Mas as exportações em dólares correntes declinaram 11,1%, realçando o caráter recessivo por trás desse ajuste na balança comercial brasileira.
Tais números refletem não só o ajuste, mas as indefinições em torno do mesmo, em especial de sua consecução, e principalmente as incertezas sobre futuro próximo, uma vez que pouco esforço tem havido na sinalização da etapa pós-ajuste. Ademaisa depreciação cambial ainda não logrou dinamizar as exportações para mitigar o encolhimento do mercado interno.
A Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica. Pode-se avaliar o dinamismo da indústria de transformação, agrupando suas atividades em quatro faixas de intensidade tecnológica nos moldes da OCDE, a saber, alta intensidade, media-alta, média-baixa e baixa intensidade.
Antes de prosseguir, cumpre frisar que, com as mudanças metodológicas da PIM-PF, utilizou-se a indústria de transformação sem computar a atividade de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos. Tal ramo passou a ser discriminado na versão mais recente da Classificação Industrial Internacional Uniforme (CIIU) e, por conseguinte, na versão 2 da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). A seguir estão tabulados resultados selecionados para as faixas de intensidade tecnológica, com a ressalva de que os números apresentados para a tipologia da OCDE estão sujeitos a revisões.
O aspecto generalizado da crise em curso aparece em todas as bases de comparação acima, com os quatro segmentos de intensidade tecnológica se retraindo. O de alta intensidade sofreu a maior queda tanto no contraponto entre janeiro-setembro do ano e igual período de 2014 quanto em doze meses. A faixa de média-alta também experimentou retrocesso de dois dígitos em ambos os contrapontos.
A indústria de alta intensidade teve ótimo desempenho no primeiro trimestre de 2014 devido à produção de televisores puxada pela Copa do Mundo. No trimestre seguinte esse ímpeto já foi arrefecendo. Assim, se por um lado, no primeiro trimestre a base de comparação era assaz elevada, o mesmo não pode ser dito ao contrastar o segundo e o terceiro trimestre de 2015 com os mesmos períodos de 2014, muito menos no confronto entre meses de setembro. Na comparação entre terceiros trimestres, a queda foi de 20,0%, praticamente igual ao declínio observado no contraste entre acumulados até setembro, de 20,1%.
A retração da faixa de média-alta intensidade tem sido uma continuidade de um processo iniciado no ano passado, com retrocesso tanto no acumulado do ano, de 14,2%, quanto em doze meses encerrados em setembro, de 12,7%, sendo que a retração ocorreu em todos os ramos nela abarcados, da produção de bens de capital, máquinas e equipamentos à indústria de material de transporte terrestre passando pela indústria química. A retração no contraponto entre meses de setembro foi ainda maior, recuo de 22,6%, enquanto no terceiro trimestre frente a igual período de 2014, a produção caiu 18,0%, concorrendo para as retrações nos acumulados acima.
O segmento de média-baixa retrocedeu 7,2% em janeiro-setembro ante o mesmo período de 2014. Tal descenso contribuiu para o recuo de 6,3% em doze meses. Por sinal, segundo tais contrapontos, houve queda generalizada. A produção de bens metálicos, que inclui a siderurgia, e a de produtos de petróleo refinado, álcool e afins ditam o comportamento dessa faixa.
Já a faixa de baixa intensidade experimentou recuos menos agudos, com declínio de 5,0% no acumulado do ano, puxado pelo retrocesso de 6,6% no terceiro trimestre frente a igual período de 2014. Em doze meses, o País produziu 4,7% menos nas atividades desse segmento. Essas taxas foram em muito decorrentes da menor produção das indústrias alimentícias, de bebidas e fumo, devido ao peso do ramo de alimentos industrializados.
Alta Intensidade Tecnológica. O segmento tecnologicamente mais intensivo nos termos da OCDE registrou forte retração de 20,1% em janeiro-setembro de 2015, contrastando com a expansão de 3,3% no mesmo período de 2014, quando o primeiro trimestre teve performance superlativa, e o terceiro assinalava recuo. Vale lembrar que no acumulado dos nove primeiros meses de 2014 as demais faixas de intensidade já se contraíam. A produção física apresentou assim no acumulado até setembro de 2015 retrocesso de dez anos, voltando para patamar inferior ao de igual período de 2006. Foi a maior retração dentre as quatro faixas. O déficit comercial dos produtos tipicamente oriundos dessa faixa em janeiro-setembro de 2015, de US$ 18,8 bilhões, significou um déficit menor, de magnitude menor do que a dos cinco anos anteriores para igual acumulado. A queda nas importações contribui muito para tanto, enquanto as exportações cresceram modestamente, destacando-se as vendas para o exterior da indústria aeronáutica. A maior parte das atividades da faixa de alta intensidade produz bens complexos com várias etapas e inseridos em extensas cadeias globais de valor, como os da própria aeronáutica e os do complexo eletrônico.
A indústria farmacêutica se diferencia das demais dessa faixa por não produzir bens montados. Mas o menor dinamismo, já detectado no final de 2014, prosseguiu na em 2015, culminando na retração de 14,3% frente ao mesmo acumulado do ano passado. Em setembro, sua produção diminuiu 11,7%. Tais resultados concorreram para a taxa de -11,4% em doze meses. O déficit comercial de bens tipicamente produzidos por esse ramo chegou a US$ 4,6 bilhões, grandeza inferior à observada no mesmo período de 2014 e de 2013. Todavia tal melhora ocorreu devido às importações cadentes, enquanto as vendas para o exterior caíram 12,1%, ficando em US$ 1,2 bilhão.
Quanto ao complexo eletrônico, sua expressiva retração de 28,4% em janeiro-setembro é parcialmente explicada pelo resultado de janeiro-setembro de 2014, quando o primeiro trimestre abrigou elevado consumo doméstico de bens que lhe são típicos. Os três ramos do complexo declinaram bastante na comparação entre acumulados do ano. O maior dos três no País é a fabricação de equipamentos de rádio, TV e comunicação, que abarca também partes e componentes eletrônicos usados não só nela, mas em uma miríade cada vez mais ampla de atividades. Sua retração foi de 25,5%, com setembro tendo recuo de 21,7% vis-à-vis o mesmo mês de 2014. Em doze meses a variação foi de 24,2%. Apesar do efeito da base de comparação devido à alta na produção de televisores no começo de 2014 tendo em vista a Copa do Mundo, a produção declinou vertiginosamente também pela sensível queda no consumo que persiste mesmo ao se considerar o terceiro trimestre isoladamente, cuja queda foi de 24,8% e o “efeito Copa” em 2014 não se fazia mais presente. O menor consumo do País contribuiu ainda para um déficit menor nos bens desse ramo ante janeiro-setembro do ano passado. Porém, mesmo caindo, o saldo ficou negativo em US$ 7,2 bilhões, com as exportações tendo declinado 23,7%.
A produção de equipamentos de informática e de escritório retrocedeu 42,0% no acumulado do ano, com quedas de 50,0% em setembro e de 51,6% no terceiro trimestre. Com isso, em doze meses experimentou recuo de 33,4%. À semelhança da fabricação de aparelhos de áudio, vídeo e de comunicações, a menor demanda interna culminou em menor déficit, ficando em US$ 3,9 bilhões, mas com exportações ainda menores do que no ano anterior.
Já a produção de equipamentos médico-hospitalares, instrumentos de precisão e material ótico e fotográfico teve em janeiro-setembro retração menor do que as outras atividades do complexo eletrônico, porém mesmo assim expressiva: declínio de 18,5%. Setembro contribuiu para a queda, com recuo de 30,3% frente ao mesmo mês do ano passado. Daí a queda de 23,8% em doze meses. O déficit em produtos típicos da atividade chegou a US$ 4,0 bilhões, com exportações cadentes.
Média-alta Intensidade Tecnológica. A faixa de média-alta sofreu declínio de 14,2% em janeiro-setembro de 2015, com expressivas retrações em setembro, de 22,6%, e, por conseguinte, no terceiro trimestre, de 18,0%, frente a períodos equivalentes de 2014. Em doze meses, o retrocesso também chegou a dois dígitos, diminuição de 12,7%. Em janeiro-setembro, o déficit dos produtos típicos dessa faixa ficou em US$ 34,6 bilhões, magnitude menor do que a dos déficits para tal acumulado dos quatro anos anteriores. Contudo as exportações em dólares correntes declinaram 12,5%, com esse conjunto de produtos mantendo a condição de maior déficit dentre os quatro segmentos de intensidade tecnológica.
A produção da indústria química recuou 3,9% no acumulado do ano, com setembro e o terceiro trimestre tendo diminuído 4,3% e 5,3%, respectivamente. Em doze meses, sua produção declinou 3,7%. No acumulado do ano, o saldo comercial dos produtos químicos (exclusive farmacêuticos) registrou o maior déficit dentre todos os grupos de bens das quatro faixas de intensidade tecnológica, de US$ 16,8 bilhões, porém ficou menor do que os déficits observados em janeiro-setembro de 2012, de 2013 e de 2014. As exportações em dólares correntes recuaram 13,9%.
Dentro desse segmento, a fabricação de veículos automotores registrou a maior retração em janeiro-setembro, taxa de -23,3%. O nono mês e o terceiro trimestre experimentaram retrocessos de 39,3% e de 28,9%, respectivamente. Dessa forma, uma retração de 20,7% em doze meses seria de esperar. A contração na procura doméstica responde por esses números. Esse fator também explica a redução no déficit comercial de veículos nos três trimestres iniciais do ano, cuja magnitude saiu de US$ 7,5 bilhões em janeiro-setembro de 2014 para R$ 3,6 bilhões em 2015, mesmo com as exportações caindo 6,7%.
Já as atividades mais associadas à produção de bens de capital – fabricação de máquinas e equipamentos elétricos; e fabricação de máquinas e equipamentos mecânicos e não especificados em outras atividades, estas produziram bem menos em janeiro-setembro do ano, com recuos de 9,9% e 13,1%, respectivamente. No contraponto entre meses de setembro, os declínios foram de 19,5% e de 20,2%. Com isso, as retrações em doze meses foram vultosas, de 8,8% e de 11,7%, respectivamente. Voltando ao acumulado do ano, a balança comercial de máquinas e equipamentos elétricos registrou déficit de US$ 4,5 bilhões, grandeza inferior à observada no acumulado equivalente dos quatro anos anteriores. Mas suas vendas externas em dólares correntes declinaram 17,0% no período. Quanto às máquinas mecânicas ou não especificadas, balança ficou deficitária em US$ 8,7 bilhões, abaixo do registrado no mesmo acumulado dos cinco anos anteriores, porém com declínio de 16,4% nas exportações.
Média-baixa Intensidade Tecnológica. Chegando na faixa de média-baixa intensidade, a mesma produziu 7,2% menos nos três trimestres iniciais de 2015 do que no acumulado equivalente de 2014. Em setembro, sua produção caiu 9,8%, enquanto, no terceiro trimestre, a queda foi de 8,9%. Em doze meses, a variação ficou em -6,3%. Nesse segmento, as exportações em dólares correntes declinaram 12,7% no acumulado do ano. Ainda assim, o déficit diminuiu de US$ 8,5 bilhões para US$ 1,7 bilhão. A produção de bens metálicos, que abrange a siderurgia, e a de derivados do refino de petróleo, álcool e afins têm sido as indústrias que ditam em larga medida o desempenho seja da produção física, seja dos fluxos comerciais dos produtos típicos dessa faixa.
A produção de bens de petróleo refinado, álcool e outros combustíveis sofreu retração de 6,0% no acumulado do ano frente ao mesmo período de 2014. Setembro contribuiu para tanto, mas com declínio de 3,4%, de menor magnitude, sendo que, na comparação entre julho-setembro de 2015 e de 2014, a taxa foi a mesma do acumulado do ano. Como decorrência, em doze meses, o ramo produziu 4,2% menos. O saldo comercial dos bens em pauta registrou déficit de US$ 6,4 bilhões em janeiro-setembro de 2015, abaixo do observado no mesmo acumulado dos cinco anos anteriores. Contudo suas exportações diminuíram sobremaneira, 55,9%, ficando em US$ 1,6 bilhão, concorrendo para a contração da produção física.
Passando para a indústria de produtos metálicos, o País produziu 9,1% menos no acumulado até o nono mês frente a igual período de 2014, com declínios de 15,3% e de 11,9% no nono mês e no terceiro trimestre, respectivamente. Em doze meses, a variação foi de -9,5%. Em janeiro-setembro, o superávit alcançou US$ 6,4 bilhões, um aumento relevante frente ao que se observou no acumulado equivalente do ano passado. Ademais as vendas externas de produtos metálicos não recuaram, taxa de 0,6%. Ainda assim, esse saldo positivo continua aquém daqueles logrados em janeiro-junho de 2005, de 2006, 2007, 2008 e de 2011.
Seguindo para as demais atividades do segmento de média-baixa intensidade, a produção de outros produtos minerais não-metálicos retrocedeu 6,5%. De modo similar aos produtos metálicos, tal retrocesso foi acompanhado por exportações em dólares correntes praticamente estáveis, variação de 0,2%. Aliás, o resultado comercial dos produtos de minerais não metálicos voltou a ficar superavitário em janeiro-setembro, depois quatro anos de saldo negativo para tal período do ano. A fabricação de borracha e produtos plásticos registrou recuo de 7,9% nos três trimestres iniciais. Já as vendas externas em dólares correntes de borracha e produtos plásticos diminuíram 10,6%, sendo a quarta queda seguida na comparação entre janeiro-setembro e mesmo acumulado do ano anterior. O intercâmbio desses itens experimentou déficit de US$ 2,0 bilhões.
Baixa intensidade Tecnológica. Passando para a faixa de baixa intensidade tecnológica, sua produção física declinou 5,0% no acumulado até setembro de 2015 vis-à-vis o período equivalente de 2014. Tal patamar foi o menor registrado para janeiro-setembro desde 2004: em termos de produção física voltamos mais de dez anos. Em setembro, a queda foi de 6,4%, sendo um pouco mais agudo para o terceiro trimestre, retração de 6,6%. Em doze meses, a variação foi de -4,7%. O superávit das mercadorias tipicamente produzidas por atividades dessa faixa, de US$ 25,2 bilhões, apesar de expressivo e único dentre as faixas de intensidade tecnológica em janeiro-setembro do ano, foi o pior resultado para tal acumulado desde 2009, devido ao retrocesso 11,5% nas exportações.
O principal agrupamento de atividades desse segmento, as indústrias de alimentos, bebidas e de fumo produziu 4,0% menos do que nos três primeiros trimestres de 2014. Setembro teve recuo de 1,8%, enquanto em julho-setembro, queda de 4,1%. Seus produtos foram os principais responsáveis pelo superávit comercial dos bens típicos do segmento de baixa intensidade tecnológica, com saldo positivo de US$ 21,7 bilhões. Contudo esse superávit ficou abaixo do observado em igual acumulado dos anos de 2007, 2008, 2010, 2011, 2012, 2013 e de 2014. Para agravar, as exportações das mercadorias em tela declinaram 14,6% em janeiro-setembro de 2015.
Outro conjunto de ramos cujos produtos típicos registram superávits é aquele constituído de bens oriundos das indústrias madeireira, de papel e celulose, gráficas e afins. Este logrou superávit maior do que no ano anterior, US$ 5,7 bilhões, patamar recorde para janeiro-setembro. Para tanto, colaborou o acréscimo de 3,6% nas exportações em dólares correntes. Esse número contrasta com a queda de 5,2% na produção física no acumulado dos nove primeiros meses. Em setembro, a produção física declinou 8,9%, concorrendo para a queda de 7,8% no terceiro trimestre. Em doze meses, a variação foi de -4,7%.
Os outros dois ramos são caracterizados por serem mais intensivos em força de trabalho que os demais de baixa intensidade. Ambos apresentaram déficit no acumulado até setembro, com queda na produção. As atividades de fabricação de manufaturados não especificados noutras indústrias e de produtos reciclados registraram saldo comercial negativo de US$ 749 milhões. Mais do que o déficit, também chama a atenção o recuo de 8,0% das exportações. Sua produção física cresceu 0,4% no acumulado até setembro frente ao mesmo período de 2014. O conjunto das indústrias têxtil, de vestuário, calçados e artigos de couro sofreu queda na produção física de 9,7%, com setembro caindo 15,6% e julho-setembro declinando 12,7%. Pari passu, o déficit de seus produtos típicos ficou em US$ 1,7 bilhão, maior do que o déficit em igual período de 2014, embora de grandeza menor que o do mesmo acumulado de 2012 e de 2013. A redução de 15,1% das exportações em dólares correntes contribuiu tanto para a piora do saldo comercial quanto para a diminuição da produção.