Carta IEDI
Edição 703
Publicado em: 30/10/2015
A Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica: Em Busca das Exportações Perdidas
Sumário
Sumário
No período de janeiro-setembro de 2015, o total do comércio exterior brasileiro foi superavitário em US$ 10,2 bilhões, revertendo o sinal em relação ao mesmo período de 2014 e de 2013. No caso dos bens tipicamente produzidos pela indústria de transformação, o déficit retrocedeu de US$ 49,2 bilhões em janeiro-setembro de 2014 para um resultado negativo de US$ 30,0 bilhões.
O saldo comercial total voltou a ficar superavitário devido a uma queda de 16,8% nas exportações e diminuição de 23,0% nas importações. Quanto às mercadorias oriundas da indústria de transformação, suas exportações declinaram pela quarta vez seguida, caindo de US$ 100,1 bilhões nos três primeiros trimestres de 2014 para US$ 88,9 bilhões no mesmo período de 2015, recuo de 11,1%. Portanto, a grandeza do déficit encolheu pela forte retração nas importações não só dos itens da indústria de transformação, de 20,4%, mas também dos demais bens – agropecuários e minerais – da balança comercial brasileira, queda de 38,8%.
Concentrando na comparação entre acumulados até setembro e lançando mão da classificação da indústria de transformação por intensidade tecnológica da OCDE, o comércio exterior brasileiro pode ser caracterizado como segue:
- O comércio exterior de bens produzidos por atividades de alta intensidade tecnológica teve déficit de US$ 18,8 bilhões até setembro do ano, o menor para os nove primeiros meses desde 2009. Suas exportações cresceram 1,9% na comparação janeiro-setembro de 2014 e de 2015, chegando a US$ 6,9 bilhões. Foi a única das quatro faixas cujas vendas externas não caíram, mas continua como a que menos exporta. Os produtos da indústria aeronáutica permanecem como seus únicos superavitários, com exportações crescendo. Já as exportações de equipamentos de TV, rádio e comunicações (inclusive componentes eletrônicos) ficaram estáveis, enquanto as dos demais declinaram. Ou seja, o déficit continua sendo puxado por bens do complexo eletrônico e pelos produtos farmacêuticos.
- O segmento de média-alta intensidade foi aquele que registrou o maior déficit, de US$ 34,6 bilhões. Apesar da magnitude, representou um recuo de US$ 10 bilhões no déficit frente ao mesmo acumulado de 2014. Tal queda ocorreu a despeito das exportações terem declinado 12,5%. Até setembro último, o Brasil exportou US$ 22,7 bilhões desses itens. Mas o retrocesso nas importações fez com que o déficit desses produtos diminuísse frente a seus equivalentes de 2014, de 2013, 2012 e de 2011. Nesta faixa, que encampa os materiais de transporte terrestre, parcela substantiva dos bens de capital, além de produtos químicos, todos os ramos experimentaram saldo negativo com exportações menores do que nos nove meses iniciais do ano passado.
- Os bens tipicamente provenientes de atividades industriais de média-baixa intensidade tecnológica presenciaram resultado negativo de US$ 1,7 bilhão. Foi o sexto ano seguido de déficit, ainda que sua magnitude tenha caído bastante na comparação com quaisquer dos cinco anos anteriores na comparação entre acumulado até setembro. As exportações declinaram 12,7%. As importações diminuíram 29,9%. Tais variações nos fluxos comerciais foram bastante ditadas pelos dois principais tipos de bens deste segmento: derivados do refino de petróleo, combustíveis e afins; e produtos metálicos, com destaque para commodities industriais.
- Quanto ao grupo dos bens típicos das atividades de baixa intensidade tecnológica, como de costume, foi o único superavitário dentre as quatro faixas, de US$ 25,2 bilhões. Porém foi o menor superávit para janeiro-setembro desde 2009. Ficou abaixo também do registrado nos três trimestres iniciais de 2007 e de 2008. As exportações declinaram 11,5% em relação ao mesmo período de 2014, com as importações recuando 13,3%. Esse segmento abrange grosso modo dois tipos de mercadorias: aquelas cujos processos produtivos usam intensivamente recursos naturais abundantes no País; e bens cuja produção são intensivas em recursos humanos. Pelo peso na exportação, destaque-se a retração nas vendas externas de alimentos. Nem o aumento das exportações de papel, celulose e derivados foi o suficiente para contrabalançar tal queda.
Em suma, a melhora comercial, seja da balança como um todo, seja a de bens típicos da indústria de transformação, decorreu sobretudo da retração na corrente de comércio, na qual as importações decresceram mais que as exportações. Ainda se aguarda a reativação das exportações, sobretudo de bens industriais, sob o incentivo de rentabilidade maior, dada a desvalorização do Real. Isto até o momento ainda não ocorreu de forma significativa, mas as perspectivas são de que as empresas industriais sediadas no país já se preparam para alavancar as vendas externas.
Bens Típicos da Indústria de Transformação e a Balança Comercial. O superavitário saldo comercial logrado pelo País no acumulado até setembro, de US$ 10,2 bilhões, contrasta com o déficit registrado para o mesmo período de 2013 e de 2014. A balança dos bens tipicamente produzidos pela indústria de transformação concorreu para tanto uma vez que seu déficit declinou de US$ 49,2 bilhões em janeiro-setembro de 2014 para US$ 30 bilhões em igual acumulado de 2015. Um déficit expressivo, mas cuja magnitude menor contribuiu para o resultado positivo no intercâmbio externo, posto que o superávit dos demais bens – mormente agropecuários e minerais – caiu, de US$ 48,5 bilhões para US$ 40,2 bilhões, o menor superávit desses produtos para os três primeiros trimestres desde 2010.
Se, por um lado, a balança comercial total e a dos bens típicos da indústria de transformação melhoraram, por outro, as exportações totais e as de produtos tipicamente oriundos da indústria de transformação retrocederam. As exportações totais caíram 23,0% nem janeiro-setembro frente igual acumulado de 2014, caindo de US$ 173,6 bilhões para US$ 144,5 bilhões. Foi o quarto declínio seguido. Já as vendas externas de bens comumente produzidos pela indústria de transformação decresceram 20,4%, saindo de US$ 100,1 bilhões para US$ 88,9 bilhões, consubstanciando assim também a quarta queda seguida.
De qualquer modo, diferentemente dos dois anos anteriores, os nove meses iniciais terminaram com o superávit dos demais bens, mormente agrícolas e minerais, conseguindo se contrapor ao déficit dos bens tipicamente provenientes da indústria de transformação. Contudo as exportações dos demais bens retrocederam sobremaneira, declínio de 38,8% ante os três trimestres iniciais de 2014.
A Balança por Intensidade Tecnológica. Pode-se tratar mais apuradamente o comportamento da balança comercial para bens típicos da indústria de transformação considerando a classificação de suas atividades por intensidade tecnológica adotada pela OCDE. São quatro faixas da indústria de transformação: de alta intensidade, de média-alta, média-baixa e de baixa intensidade tecnológica. A tabulação seguinte descreve tais faixas nos moldes da OCDE.
O comércio exterior de bens produzidos por atividades de alta intensidade tecnológica teve saldo negativo de US$ 18,8 bilhões até setembro do ano, o menor déficit para os nove primeiros meses desde 2009. Suas exportações cresceram 1,9% na comparação entre acumulado do ano até setembro, chegando a US$ 6,9 bilhões. Foi a única das quatro faixas cujas vendas externas aumentaram, mas permanece como a que menos exporta. Os produtos da indústria aeronáutica continuam como seus únicos superavitários, tendo também logrado maior venda externa. As exportações de equipamentos de TV, rádio e comunicações (componentes eletrônicos inclusive) ficaram estáveis, enquanto as dos demais declinaram.
O segmento de média-alta intensidade foi aquele que registrou o maior déficit, de US$ 34,6 bilhões. Apesar da grandeza, representou um recuo de US$ 10 bilhões no déficit frente ao mesmo acumulado do ano anterior. Tal queda ocorreu a despeito das exportações terem declinado 12,5%. Até setembro último, o Brasil exportou US$ 22,7 bilhões desses itens. Todavia, por conta do retrocesso nas importações, o déficit desses produtos diminuiu frente a seus equivalentes de 2014, de 2013, 2012 e de 2011. Nesta faixa, que encampa os materiais de transporte terrestre, parcela substantiva dos bens de capital, além de produtos químicos, todos os ramos experimentaram saldo negativo com exportações menores do que nos nove meses iniciais do ano passado.
Passando para aos bens tipicamente provenientes de atividades industriais de média-baixa intensidade tecnológica, estes presenciaram resultado negativo de US$ 1,7 bilhão. Foi o sexto ano seguido de déficit, ainda que sua magnitude tenha caído bastante na comparação com quaisquer dos cinco anos anteriores na comparação entre acumulado até setembro. As exportações declinaram 12,7%. As importações diminuíram 29,9%. Essas variações nos fluxos comerciais foram bastante ditadas pelos dois principais tipos de bens deste segmento: derivados do refino de petróleo, combustíveis e afins; e produtos metálicos, com destaque para commodities industriais.
Quanto ao grupo dos bens típicos das atividades de baixa intensidade tecnológica, como de costume, foi o único superavitário dentre os quatro segmentos, de US$ 25,2 bilhões. Porém foi o menor superávit para janeiro-setembro desde 2009. Ficou abaixo também do registrado nos três trimestres iniciais de 2007 e de 2008. As exportações declinaram 11,5% em relação ao mesmo período de 2014, com as importações também recuando, queda de 13,3%. Tal grupamento abrange grosso modo dois tipos de mercadorias: aquelas cujos processos produtivos utiliza intensivamente recursos naturais abundantes no Brasil; e bens cuja produção são intensivas em recursos humanos. Pelo peso na pauta exportadora, destaque-se a retração nas vendas externas de alimentos, bebidas e fumo. Nem o aumento das exportações de papel, celulose e derivados foi o suficiente para contrabalançar tal declínio.
Bens de Alta Intensidade Tecnológica. O conjunto de produtos fabricados pelas atividades intensivas em tecnologia registrou balança comercial negativa de US$ 18,9 bilhões nos três trimestres iniciais de 2015. Apesar de expressivo, ficou aquém do observado nos cinco anos anteriores. Ademais as vendas para fora do País conseguiram crescer 1,9%, atingindo US$ 6,9 bilhões. Mesmo sendo a única das quatro faixas de intensidade cujas exportações cresceram na comparação janeiro-setembro contra igual período do ano anterior, permanece como a menos expressiva em vendas externas. Já as importações ficaram em US$ 25,7 bilhões, mesmo com queda de 16,3%.
Como tem sido a tônica, os equipamentos aeronáuticos e aeroespaciais permanecem como o único grupo desse segmento a lograr superávit, de US$ 768 milhões, com suas vendas para o exterior crescendo 9,4%, alcançando US$ 4,3 bilhões. As importações, por sua vez, ficaram estáveis: variação de -0,1%.
Os três ramos de bens típicos do complexo eletrônico contribuíram bastante para o déficit dos produtos da indústria de alta intensidade tecnológica, o que é típico há muito tempo. As exportações de equipamentos de áudio, vídeo e telecomunicações (inclusive componentes eletrônicos) ficaram estáveis, taxa de 0,1%, implicando que o País exportou somente US$ 518 milhões. Suas exportações já atingiram US$ 2,7 bilhões em janeiro-setembro de 2006. Por outro lado, as importações desses bens retrocederam 22,8%. Porém tal queda foi insuficiente para tirar o posto de agrupamento de maior déficit da faixa de alta intensidade, saldo negativo de US$ 7,2 bilhões. Menos mal que a magnitude do déficit caiu mais de US$ 2 bilhões vis-à-vis igual acumulado de 2014. Quanto às exportações de materiais de escritório e informática, retrocederam 10,1%. Como as importações caíram 22,7%, o déficit caiu nos três trimestres iniciais de 2015, ficando em US$ 3,9 bilhões. Já o ramo de equipamentos e instrumentos médico-hospitalares, ótico e de precisão, registrou retrocesso de 7,6% nas exportações, enquanto as importações declinaram 16,7%. Isso não impediu um déficit de US$ 4,0 bilhões, expressivo, mas inferior aos observados em janeiro-setembro de 2008 e de igual período de 2010 a 2014.
Os produtos farmacêuticos experimentaram saldo negativo de US$ 4,7 bilhões, menor do que os déficits presenciados no acumulado até setembro dos anos dois anos anteriores e de 2010 e 2011. Todavia o menor déficit também ocorreu com retração nas exportações, de 12,1%, com o Brasil vendendo somente US$ 1,2 bilhão para outros países, caindo pela quarta vez consecutiva. As importações, por sua vez, declinaram 9,7%.
Bens de Média-alta Intensidade Tecnológica. As exportações de bens tipicamente produzidos por atividades de média-alta intensidade tecnológica recuaram 12,8% nos três trimestres iniciais de 2015 frente a igual período do ano passado, situando-se em US$ 22,7 bilhões. Para janeiro-setembro, é a quarta queda consecutiva das vendas externas dos produtos em questão. As importações, a seu turno, declinaram 29,9%. Isso permitiu que o déficit diminuísse de US$ 45,0 bilhões para US$ 34,6 bilhões, mas permanecesse ainda como o pior resultado dentre os quatro segmentos de intensidade tecnológica.
Os produtos químicos (exclusive farmacêuticos) experimentaram variações negativas quer para as exportações – queda de 13,9% – quer para as importações – diminuição de 47,3%. Esses bens continuam tanto com o maior déficit comercial, de US$ 16,8 bilhões, quanto com o maior montante importado, US$ 23,2 bilhões, dentre todos os grupamentos de mercadorias tipicamente produzidos pela indústria de transformação. As exportações ficaram em US$ 6,5 bilhões.
Os equipamentos de transporte fabricados por indústrias de médio-alta intensidade tecnológica totalizaram déficit de US$ 4,6 bilhões. Os produtos automobilísticos e afins responderam por si só por um déficit de US$ 3,6 bilhões. Suas exportações declinaram 6,7%, ficando em US$ 8,1 bilhões, enquanto as importações retrocederam 18,4%. Quanto ao grupo dos equipamentos ferroviários e outros de transporte (motocicletas, entre outros), suas exportações retrocederam 13,9%, com as importações caindo 24,2%, levando a um resultado negativo de US$ 1,0 bilhão.
As exportações, tanto de máquinas e equipamentos mecânicos ou não especificados noutros segmentos, quanto de máquinas elétricas também encolheram: -16,4% e -17,0%, situando-se em US$ 5,8 bilhões e US$ 2,1 bilhões, respectivamente. Quanto às importações, o comportamento de ambos os grupamentos se distingue, pois as importações de equipamentos mecânicos declinaram 17,0%, enquanto as de máquinas elétricas cresceram 51,6% nos nove primeiros meses de 2015. Assim, os déficits ficaram em US$ 8,7 bilhões e em US$ 4,5 bilhões.
Bens de Média-baixa Intensidade Tecnológica. As exportações de itens normalmente oriundos da indústria de média-baixa intensidade tecnológica declinaram 12,7% nos três primeiros trimestres de 2015 vis-à-vis o mesmo período de 2014, ficando em US$ 21,5 bilhões. As importações recuaram 29,9%. Apesar de tanto, sua balança continuou deficitária, embora com menor magnitude: resultado negativo de US$ 1,7 bilhão. Recorde-se que, para tal acumulado do ano, até 2009, tais bens registravam saldo positivo pela série iniciada em 1989.
O intercâmbio internacional dos bens típicos das indústrias de média-baixa intensidade tecnológica são bastante afetadas por dois agrupamentos de mercadorias: produtos metálicos, destacando-se a siderurgia; e bens derivados de petróleo refinado, outros combustíveis e afins.
As vendas para o exterior de produtos de petróleo refinado e afins, que era de US$ 3,6 bilhões nos nove meses iniciais inicial de 2014, ficou em US$ 1,6 bilhão em igual acumulado de 2015, uma retração de 55,9%. Já as aquisições externas, retrocederam 47,3%. Dessa forma, o déficit caiu de US$ 11,6 bilhões em janeiro-setembro de 2014 para US$ 6,4 bilhões no período equivalente de 2015.
As grandezas dos déficits em produtos de petróleo refinado e afins costumavam ser mais do que contrabalançadas pelos superávits de produtos metálicos, mormente da siderurgia, o que mudou desde 2010. O superávit dos produtos metálicos e da siderurgia ficou em US$ 6,4 bilhões nos três trimestres iniciais de 2015. Suas exportações tiveram ligeiro incremento, de 0,6%, ficando em US$ 15,2 bilhões, mas ainda assim tais vendas se encontram aquém do que já se logrou em outros anos para esse mesmo acumulado. Suas importações, por sua vez, declinaram 17,0%.
Passando para os grupos de bens de menor expressão, os produtos de minerais não-metálicos tiveram discreto superávit, de US$ 325 milhões, isso após quatro anos em que o acumulado até setembro vinha experimentando déficit. As exportações ficaram estáveis, com taxa de 0,2%, chegando a US$ 1,6 bilhão. As importações desses bens caíram 24,2%, permitindo a reversão do sinal da balança.
Os produtos plásticos e de borracha, por sua vez, viram suas exportações diminuírem 10,6% em janeiro-setembro de 2015, enquanto as importações recuaram 18,4%. Tais variações concorreram para um déficit menor do que os dos três últimos anos, ficando em US$ 2,0 bilhões.
O intercâmbio de embarcações, navios etc. registrou déficit de US$ 14 milhões no acumulado dos três primeiros trimestres de 2015, contrastando com o superávit de US$ 1,4 bilhão observado em igual acumulado de 2014. O País exportou US$ 1,2 bilhão desses produtos.
Bens de Baixa Intensidade Tecnológica. Em janeiro-setembro de 2015, as vendas externas de bens tipicamente oriundos de ramos de baixa intensidade tecnológica declinaram 11,5%, vendendo, portanto, US$ 37,8 bilhões para outros países. Já as importações caíram 13,3%. Assim, ainda que bastante expressivo, o superávit do segmento diminuiu de US$ 28,1 bilhões para US$ 25,2 bilhões. Trata-se do único dos quatro segmentos por intensidade tecnológica com saldo positivo. Por ironia, a única faixa superavitária também foi a única cujo saldo piorou frente ao ano anterior.
A condição superavitária do grupamento de bens em tela decorre sobretudo da balança dos produtos industriais de alimentação, bebidas e fumo, cujo superávit atingiu US$ 21,7 bilhões. Todavia, a exemplo do segmento de baixa intensidade como um todo, tal superávit ficou aquém do observado em janeiro-setembro de 2014. De fato, suas vendas externas declinaram 14,6%, ficando em US$ 26,3 bilhões, enquanto as importações caíram 15,0%.
O intercâmbio de produtos do segmento madeireiro, de papel e celulose, impressão gráfica e afins teve superávit de US$ 5,9 bilhões nos três trimestres iniciais do ano, sendo o melhor resultado da série iniciada em 1989 para acumulado até setembro. Tal resultado ocorreu com apoio das exportações que cresceram 3,6%, atingindo US$ 7,3 bilhões, também recorde. Quanto às importações, estas caíram 23,4%. Apesar desse desempenho, não logrou contrabalançar a redução no superávit de alimentos, bebidas e fumo, fazendo com que a magnitude do superávit de toda o segmento de baixa intensidade caísse.
Os dois outros conjuntos de bens típicos da indústria de baixa intensidade têm registrado déficit nos últimos anos. As exportações produtos diversos ou reciclados declinaram 8,0%, enquanto as aquisições do exterior recuaram 8,9%. Esse ramo ficou com déficit de US$ 749 milhões. Os produtos das indústrias têxtil, de vestuário, couro e calçados apresentaram também encolhimento nas vendas externas, de 15,1%, enquanto as importações declinaram 9,9%. Com isso, o País exportou US$ 3,4 bilhões dessas mercadorias, com o déficit ficando em US$ 1,7 bilhão.
Ambos os agrupamentos de mercadorias logo acima se distinguem daqueles superavitários dessa mesma faixa. Os produtos têxteis, vestuário, calçados e artigos de couro são intensivos em mão-de-obra, apesar de parte deles ser susceptível a estratégias de diferenciação de bens. Quanto aos gêneros das indústrias de alimentos, bebidas, madeireiras, seus processos produtivos utilizam de modo intensivo recursos naturais, nos quais o Brasil é reconhecidamente abundante.