Carta IEDI
Produção e Internacionalização da Indústria de Transformação Desde 2002
A indústria brasileira vive a reversão de um ciclo de crescimento iniciado nos primeiros anos da década de 2000. Após o pico histórico da série com ajuste sazonal em junho de 2013, a indústria brasileira registrou rápida desaceleração, de modo que em junho de 2015 o patamar da produção já era similar ao do final de 2006. Tal queda reflete fundamentalmente o comportamento da indústria de transformação, pois a indústria extrativa mineral assinala tendência positiva que culminou em altos e sem precedentes níveis de produção em 2015.
Tomando-se por base o ano de 2002, na série com ajuste sazonal, a produção média da indústria de transformação entre 2003 e 2006 foi de 109, avançando entre 2007 e 2010 para 122 e com um leve aumento para 125 entre 2011 e junho de 2015 – ainda que com forte tendência declinante nos dois últimos anos.
Como padrão geral de comportamento, os manufaturados de baixa tecnologia e mais intensivos em mão-de-obra, com exceção de alimentos e bebidas, tiveram redução absoluta da produção e foram relativamente os setores que mais sentiram perdas, enquanto certos bens de consumo duráveis e bens de capital de média e alta tecnologia foram os que assinalaram maior alta no período como um todo de 2003 a 2015.
Contudo, tal crescimento da produção foi exíguo se comparado à evolução do consumo aparente, notadamente a partir de 2010. Porém, tal como destacam Carvalho e Ribeiro (2015), a dinâmica setorial do consumo também guarda diferenças marcantes.
Nem todos os setores registraram crescimento: também tomando-se a média de 2002 como base, houve redução do consumo aparente em Couro, produtos do couro e calçados, Produtos do fumo e Têxteis. Ao contrário, o consumo aparente aumentou substancialmente nas indústrias de Veículos automotores, reboques e carrocerias e Equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos, mais do que dobrando entre 2002 e 2013. O consumo aparente também se ampliou expressivamente em Máquinas e Equipamentos, Outros equipamentos de transporte e Farmoquímicos e farmacêuticos.
Além da produção não ter acompanhado o ritmo da demanda de bens industriais, cedendo espaço para o produto importado, a utilização de capacidade instalada tem retido uma crescente parcela ociosa que leva a uma menor taxa de investimento em capital fixo na economia. Assim, de acordo com os dados dessazonalizados da CNI, a utilização da capacidade chegou ao seu patamar mais alto, de 84,5%, em janeiro de 2008. O grau de utilização cai desde então, recuperando o nível anterior em meados de 2010. Contudo, o indicador cai desde 2011, acompanhando a redução da produção da indústria de transformação, atingindo em junho de 2015 um de seus momentos mais baixos, de 80,1%.
É possível distinguir 4 padrões entre os setores da indústria de transformação no Brasil no que diz respeito ao desempenho da produção e do consumo aparente:
I – Fortalezas: Setores em que a produção e o consumo aparente cresceram acima das respectivas médias da indústria de transformação: Outros equipamentos de transporte, Bebidas, Farmoquímicos e Farmacêuticos, Produtos de metal, excluindo máquinas e equipamentos, Produtos de minerais não metálicos, Químicos, Coque, derivados do petróleo e biocombustíveis, Produtos de Madeira.
II – Fraquezas: Setores em que a produção aumentou mais do que a média da indústria de transformação e o consumo aparente cresceu menos do que a média ou retraiu: Celulose e papel.
III – Ameaças: Setores em que tanto a produção quanto o consumo aparente decresceram ou cresceram menos do que a média da indústria de transformação: Têxteis, Fumo, Couro, produtos do couro e calçados, Metalurgia, Produtos alimentícios, Vestuário e Acessórios, Máquinas, aparelhos e materiais elétricos, Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos.
IV – Oportunidades: Setores em que o consumo aparente aumentou mais do que a média da indústria de transformação, porém a produção cresceu menos do que a média ou retraiu: Máquinas e equipamentos, Veículos automotores, reboques e carrocerias, Produtos de borracha e material plástico.
Ocorreram também mudanças significativas no padrão de comércio internacional de bens industriais. De 2003 a 2007 o saldo de exportações líquidas da indústria de transformação foi positivo, tendo alcançado o maior valor em dólares FOB em 2005, de acordo com os dados da FUNCEX. Desde 2007 o saldo torna-se negativo, tendo sido recorde no ano de 2014. Por sua vez, os saldos positivos das indústrias extrativas, de baixo valor entre 2003 e 2007, firmaram-se positivos e expressivos desde 2008. Entretanto, estão se retraindo nos anos mais recentes em comparação ao pico atingido em 2011. Tal comportamento está intimamente relacionado à forte expansão e posterior desaceleração econômica da China.
Como resultado dessa maior dinâmica importadora, de 2003 a 2015 o coeficiente de penetração das importações praticamente dobrou: de 12% no quarto trimestre de 2002 para 22% no segundo trimestre de 2015. Tomando-se somente o da indústria de transformação, a passagem foi de 10,5% para 20,4%.
Por seu turno o coeficiente de exportações da indústria de transformação passou de 13% ao final de 2002 para 19% em 2005 – seu nível máximo (assim como o saldo da balança comercial de manufaturados brasileiros). Depois retraiu até o nível de 13% novamente no início de 2010, e desde então cresce suavemente até chegar a 16% no segundo trimestre de 2015.
Distinguem-se também 4 padrões de internacionalização dos diferentes setores industriais brasileiros, que estão direta e indiretamente associados ao desempenho da produção. Tomando-se os coeficientes trimestrais de penetração das importações (CPI) e de exportação (CE), a preços de 2007, média de 2011 a junho de 2015, apresentam-se os seguintes grupos:
I – Internacionalizados: Setores que apresentaram CPI e CE acima das respectivas médias da indústria de transformação: Outros equipamentos de transporte (onde se destaca a produção de aviões) e Máquinas e equipamentos.
II – Fraquezas: Setores com alta penetração de importados, porém baixo coeficiente de exportação: Têxteis, Veículos automotores, reboques e carrocerias, Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos, Produtos químicos, Indústrias diversas, Farmoquímicos e farmacêuticos, Máquinas, aparelhos e materiais elétricos.
III – Nacionalizados: Setores em que tanto a penetração de importações quanto o percentual da produção exportado estão abaixo da média da indústria de transformação: Vestuário e Acessórios, Bebidas, Produtos de metal, Produtos de borracha e material plástico, Móveis, Produtos minerais não metálicos.
IV – Competitivos: Setores em que o CE supera a média da indústria de transformação, com CPI inferior à média: Produtos do fumo, Celulose e papel, Produtos da madeira, Couro, produtos do couro e calçados, Produtos alimentícios, Metalurgia.
Produção Industrial, Consumo Aparente e Utilização da Capacidade Instalada. Ao final do primeiro semestre de 2015 a produção industrial brasileira amargava uma queda de 6,3% em relação ao mesmo período de 2014, ou -5,0% nos últimos 12 meses. Após o pico histórico da série com ajuste sazonal em junho de 2013, a indústria brasileira registrou rápida desaceleração de modo que em junho de 2015 o patamar da produção já era similar ao do final de 2006. Tal queda reflete fundamentalmente o comportamento da indústria de transformação, pois a indústria extrativa mineral assinala tendência positiva que culminou em altos e sem precedentes níveis de produção neste segundo semestre de 2015.
A partir de 2003 a indústria de transformação cresceu consistentemente até o segundo semestre de 2008, rapidamente se recuperando da crise financeira internacional de 2008/ 2009 – de forma a alcançar os níveis altos de produção pré-crise já no segundo semestre de 2010. Desde lá a sua trajetória não teve novo fôlego, primeiro mantendo-se sofregamente no patamar que representava um crescimento de 30% em relação a 2002, atingindo o máximo em meados de 2013. Contudo, desde então vem caindo em ritmo alarmante, de modo que em dois anos a produção retraiu para níveis que representam uma elevação de apenas 13% em relação a 2002, considerando o índice encadeado com ajuste sazonal do IBGE.
Examinando-se os gêneros de atividades da indústria de transformação, distinguem-se cenários diferentes que dependem de uma série de fatores como porte e maturidade do mercado, inserção externa dos produtos, comportamento dos custos, incentivos de política econômica, etc.
A maior parte das seções de atividades industriais (CNAE 2.0) cresceu de 2003 até o primeiro semestre de 2015. Tal trajetória pode ser dividida em três períodos distintos, que compreendem os anos de crescimento de 2003 a 2006; o imediatamente pré, a crise financeira internacional e seu ano de ajuste entre 2007 e 2010; e a fase mais recente de 2011 até junho de 2015 – a partir dos dados da Pesquisa da Indústria Mensal do IBGE. Tomando-se por base o ano de 2002, na série com ajuste sazonal, a produção média da indústria de transformação entre 2003 e 2006 foi de 109, avançando bastante entre 2007 e 2010 para 122, e com um leve aumento para 125 entre 2011 e junho de 2015.
As seções industriais de transformação que apontaram maior crescimento foram Outros equipamentos de transporte (índice 249 na média 2011-1sem2015, sendo 2002 = 100), que mais do que dobrou a produção entre 2002 e 2015, seguidos de Veículos automotores, reboques e carrocerias (175), Bebidas (145), Máquinas e equipamentos (145), Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (144) e Farmoquímicos e farmacêuticos (144). Por outo lado, assinalaram queda de produção em relação a 2002 os setores de Couro, artigos do couro e calçados (índice 68 na média 2011-1sem2015, sendo 2002 = 100), Têxteis (78), Vestuário e acessórios (81), Produtos do Fumo (87) e Produtos de madeira (90).
Como padrão geral de comportamento, os manufaturados de baixa tecnologia e mais intensivos em mão-de-obra, com exceção de alimentos e bebidas, tiveram redução absoluta da produção e foram relativamente os setores que mais sentiram perdas, enquanto certos bens de consumo duráveis e bens de capital de média e alta tecnologia foram os que assinalaram maior alta no período entre 2003 e 2015.
O impressionante crescimento do consumo aparente é a outra face da expansão da produção industrial doméstica, que cresceu impulsionada pelo aumento da demanda mas não a atendeu sozinha. Comparando-se a expansão da produção à do consumo aparente, tem-se um deslocamento claro a partir de 2010, tendo sido a maior expansão do último respondida pelas importações.
No texto para Discussão 2101 do IPEA, “Indicadores de consumo aparente de bens industriais: metodologia e resultados”, publicado em junho deste ano, os autores Leonardo Mello de Carvalho e Fernando José Ribeiro mostram que a dinâmica setorial da evolução do consumo aparente guarda diferenças marcantes. A partir dos dados disponibilizados entende-se que, em primeiro lugar, assim como na produção industrial nem todos os setores registraram crescimento. Tomando-se a média de 2002 como base, houve redução do consumo aparente em Couro, produtos do couro e calçados (73 em média entre 2011-2013), Produtos do fumo (93) e Têxteis (100).
Ao contrário, aumentou substancialmente o consumo aparente nas indústrias de Veículos automotores, reboques e carrocerias e Equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos, que mais do que dobraram entre 2002 e a média do índice anual 2011-2013. O consumo aparente também se ampliou expressivamente em Máquinas e Equipamentos (195), Outros equipamentos de transporte (155) e Farmoquímicos e farmacêuticos (152).
Além da produção não ter acompanhado a expansão do consumo aparente ao mesmo passo, a utilização de capacidade tem revelado também um componente ocioso que implica uma menor taxa de investimento em capital fixo na economia. Assim, de acordo com os dados da CNI, dessazonalizados, em 2007/início de 2008 a utilização da capacidade chegou ao seu patamar mais alto, em média de 82% - depois recuperado em meados de 2010. Contudo o indicador caiu consistentemente desde 2011, acompanhando a redução da produção da indústria de transformação, e atingindo em junho de 2015 um de seus momentos mais baixos, considerando o período em questão.
Observando setorialmente, na serie de percentuais médios da CNI sem ajuste sazonal, constata-se que os setores nos quais a utilização de capacidade instalada foi menor, na média mensal de janeiro de 2011 a junho de 2015, eram Produtos do fumo (62%), Produtos de madeira (63%) e a parte dos químicos composta por produtos de Limpeza, cosméticos, perfumaria e de higiene pessoal (65%). Em especial, no último mês da série, junho de 2015, a utilização da capacidade reduziu-se amplamente perante à média, como é o caso de Veículos automotores, reboques e carrocerias (56% em junho de 2015 versus a média 69% em 2011-1s2015), Produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (57% versus 67%), Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (58% vs 67%), Impressão e reprodução de gravações (58% vs 68%).
Comércio Internacional de Bens Industriais. A trajetória da produção industrial e do consumo aparente precisa ser compreendida considerando as mudanças significativas no padrão de comércio internacional de bens industriais. De 2003 a 2007 o saldo de exportações líquidas da indústria de transformação do Brasil foi positivo, tendo alcançado o maior valor em dólares FOB em 2005, de acordo com os dados da FUNCEX. Desde 2007, as importações de bens da indústria de transformação superam o valor das exportações, de forma que se acumularam déficits crescentes até junho de 2015, tendo sido recorde no ano de 2014. Por sua vez, os saldos positivos das indústrias extrativas, exíguos entre 2003 e 2007, firmaram-se positivos e expressivos desde 2008, contudo vem se retraindo nos anos mais recentes em comparação ao pico atingido em 2011.
Examinando-se, primeiramente, pelo lado das exportações da indústria de transformação, houve crescimento em todos os setores exceto Equipamentos de informática, equipamentos eletrônicos e ópticos, comparando-se os primeiros semestres de 2003 a 2015, conforme dados da FUNCEX. Destaca-se a tremenda elevação de 3,4 vezes das exportações em dólares da indústria de Coque, derivados do petróleo e biocombustíveis. A indústria de vestuário foi a segunda que mais cresceu, porque atingiu índice médio de 289 em 2011-1sem2015, seguida de perto por Metalurgia (286), Produtos alimentícios (257), Produtos do fumo (244), Químicos (224), Impressões e reproduções de gravações (221).
Por outro lado as importações de bens da indústria de transformação aumentaram mais ainda, novamente comparando-se os valores em dólares FOB dos primeiros semestres de 2003 a 2015, dados da FUNCEX. Alguns dos setores que mais ampliaram as exportações são também os que assinalaram crescimento das importações. Nesse sentido, destaca-se a expansão de 4 vezes das importações de Coque, derivados do petróleo e biocombustíveis. Metalurgia (índice médio de 256 em 2011-1sem2015) vem em segundo lugar, depois Produtos alimentícios (215), Produtos de madeira (206), Químicos (205). Por sua vez, as importações que menos expandiram foram de setores de média e alta tecnologia, como Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (113), Outros equipamentos de transporte (117), Produtos de minerais não-metálicos (118) e Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (121).
Como resultado dessa maior dinâmica importadora, de 2003 a 2015 o coeficiente de penetração das importações (percentual do consumo aparente – oferta interna – atendido por importações a preços de 2007, de acordo com dados da CNI disponíveis no IPEADATA) praticamente dobrou: de 12% no quarto trimestre de 2002 para 22% no segundo trimestre de 2015. Tomando-se somente o da indústria de transformação, a passagem foi de 10,5% para 20,4% no mesmo período – com crescimento consistente a exceção do período de crise financeira internacional.
O coeficiente de penetração das importações da indústria extrativa, que em junho de 2015 atingiu 55%, oscilou mais no período: cresceu sustentadamente de 2003 a 2008 até atingir o pico, caiu consideravelmente até o início de 2010, voltou a aumentar até a segunda metade de 2012, depois retraiu até o final de 2014 e em 2015 registrou nova tendência de alta. Já o coeficiente de exportações da indústria extrativa - isto é, o percentual da produção interna destinado às exportações, segundo a CNI, em preços de 2007 - seguiu idêntica trajetória, porém mais acentuada, encerrando o segundo trimestre de 2015 em cerca de 70%.
Por seu turno o coeficiente de exportações da indústria de transformação, que dita a performance da indústria geral, assinalou outra trajetória. Passou de 13% ao final de 2002 para 19% em 2005 – seu nível máximo (assim como o saldo da balança comercial de manufaturados brasileiros). Depois retraiu até o nível de 13% novamente no início de 2010, e desde então cresce suavemente até chegar a 16% no segundo trimestre de 2015.
Avaliando os coeficientes setoriais da indústria de transformação, encontram-se realidades muito diversas. Aqueles em que os importados respondem por uma fatia maior da oferta interna de bens são Equipamentos de informáticas, eletrônicos (45% em média entre 2011 e o primeiro semestre de 2015), Outros equipamentos de transporte (43%, tendo crescido significativamente de 2007-2010 para 2011-1s2015), Farmoquímicos e farmacêuticos (35%) e Máquinas e equipamentos (34%). Apesar de ainda não configurar entre os setores com maior penetração de importados, vale destacar a abertura do consumo aparente de coque e derivados do petróleo, atingindo a média de 20% entre 2011-1s2015. Em geral, os mercados brasileiros de bens de consumo semi e não duráveis assinalaram coeficientes de penetração baixos, especialmente os de produtos do Fumo, Madeira, Alimentos, Bebidas, Móveis.
O que chama a atenção nos coeficientes de exportação, por sua vez, é a redução sofrida entre 2011 e o segundo semestre de 2015 por diversos setores, principalmente Produtos de Madeira (de 39% em média entre 2003 e 2006 para 21% entre 2011 e o 1º semestre de 2015), Produtos do Couros e calçados (de 35% para 23%), Veículos automotores, reboque e carrocerias (de 22% para 13%), Metalurgia (de 24% para 17%), Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (de 18% para 6%), Móveis (de 15% para 5%) e Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (de 17% para 11%). Por outro lado, outros equipamentos de transporte assinalou aumento expressivo do coeficiente de exportação, de 33% para 45% entre 2003-2006 e 2011-1s2015, passando a ser o segundo maior coeficiente de exportação da indústria de transformação depois de Produtos do fumo (48%).
Taxonomias: Desempenho e Internacionalização dos Setores da Indústria de Transformação do Brasil. A partir dos dados apresentados podem-se identificar alguns comportamentos semelhantes entre os setores da indústria de transformação no Brasil no que diz respeito ao desempenho e à internacionalização, sendo que ambos os aspectos estão associados.
Em primeiro lugar, considerando as taxas de crescimento da produção e do consumo aparente, distinguem-se 4 padrões – cujos nomes referem-se ao desempenho no mercado interno considerando os índices mensais médios do período 2007-2010 e 2011-1semestre de 2015:
I – Fortalezas: Setores em que a produção e o consumo aparente cresceram acima das respectivas médias da indústria de transformação: Outros equipamentos de transporte, Bebidas, Farmoquímicos e Farmacêuticos, Produtos de metal, excluindo máquinas e equipamentos, Produtos de minerais não metálicos, Químicos, Coque, derivados do petróleo e biocombustíveis, Produtos de Madeira.
II – Fraquezas: Setores em que a produção aumentou mais do que a média da indústria de transformação, porém o consumo aparente cresceu menos do que a média ou retraiu: Celulose e papel.
III – Ameaças: Setores em que tanto a produção quanto o consumo aparente decresceram ou cresceram menos do que a média da indústria de transformação: Têxteis, Fumo, Couro, produtos do couro e calçados, Metalurgia, Produtos alimentícios, Vestuário e Acessórios, Máquinas, aparelhos e materiais elétricos, Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos.
IV – Oportunidades: Setores em que o consumo aparente aumentou mais do que a média da indústria de transformação, porém a produção cresceu menos do que a média ou retraiu: Máquinas e equipamentos, Veículos automotores, reboques e carrocerias, Produtos de borracha e material plástico.
Em cada um desses grupos, certos setores de produção apresentaram maior crescimento da produção relativamente aos outros, a despeito do macro-cenário adverso da indústria entre janeiro de 2011 e junho de 2015, a saber: Outros equipamentos de transportes, Produtos Químicos, Farmoquímicos e farmacêuticos, Coque, derivados de petróleo e biocombustíveis, Vestuário e acessórios, Veículos automotores, reboques e carrocerias.
Em segundo lugar, distinguem-se também alguns padrões de internacionalização dos diferentes setores industriais, que estão direta e indiretamente associados ao desempenho da produção. Tomando-se os coeficientes trimestrais de penetração das importações (CPI) e de exportação (CE), a preços de 2007, média de 2011 a junho de 2015, apresentam-se os seguintes grupos:
I – Internacionalizados: Setores que apresentaram CPI e CE acima das respectivas médias da indústria de transformação: Outros equipamentos de transporte, Máquinas e equipamentos.
II – Fraquezas: Setores com alta penetração de importados, porém baixo coeficiente de exportação: Têxteis, Veículos automotores, reboques e carrocerias, Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos, Produtos químicos, Indústrias diversas, Farmoquímicos e farmacêuticos, Máquinas, aparelhos e materiais elétricos.
III – Nacionalizados: Setores em que tanto a penetração de importações quanto o percentual da produção exportado estão abaixo da média da indústria de transformação: Vestuário e Acessórios, Bebidas, Produtos de metal, Produtos de borracha e material plástico, Móveis, Produtos minerais não metálicos.
IV – Competitivos: Setores em que o CE supera a média da indústria de transformação, com CPI inferior à média: Produtos do fumo, Celulose e papel, Produtos da madeira, Couro, produtos do couro e calçados, Produtos alimentícios, Metalurgia.
A maior parte dos setores do grupo de “fraquezas” assinalou crescimento expressivo do coeficiente de penetração de importações de 2007/2010 para 2011/1s2015, embora Outros equipamentos de transporte, do grupo de indústrias internacionalizadas, tenha registrado a elevação mais alta do CPI. Aliás, este setor encontra-se no primeiro quadrante das duas análises, tendo sido o mais dinâmico da indústria de transformação brasileira considerando o período analisado.