Carta IEDI
Produção Industrial em Julho de 2015: A Aceleração da Crise e o Tombo em Bens de Capital
É de conhecimento geral que a crise industrial brasileira é extremamente severa e estende-se por um longo período. Ela reflete o colapso da demanda na economia brasileira no último ano, dado pelo encolhimento dos investimentos públicos e privados, pelo recuo dos negócios da Petrobras, pelas expectativas empresariais negativas, pelo ajuste fiscal do governo, pela escalada de preços de produtos essenciais, pelo aumento das taxas de juros do Banco Central, pelo aperto do crédito e pelo crescimento do desemprego e consequente retração dos rendimentos da população. Não é pouca coisa.
Ou seja, muitos fatores sobrepostos explicam a aceleração da recessão da atividade industrial ao longo dos dois primeiros trimestres deste ano e início do terceiro. Segundo números do IBGE, a produção industrial, que caíra 5,8% e 6,5%, respectivamente, no primeiro e no segundo trimestres, iniciou o terceiro trimestre com queda mais acentuada: -8,9% em julho (todas as variações calculadas com relação a igual período do ano anterior). Isso é indicativo de aceleração da crise industrial.
Em julho de 2015 a indústria brasileira retraiu 1,5% em relação a junho, segundo os dados do IBGE com ajustes sazonais. Em relação a julho do ano anterior, a queda já referida de 8,9% foi a décima sétima variação negativa. No acumulado dos primeiros sete meses de 2015, a retração chega a 6,6% em relação ao ano anterior e a 5,3% nos últimos 12 meses.
A utilização da capacidade na indústria de transformação em julho de 2015, segundo o indicador com ajuste sazonal da CNI recuou para 78,6%, nível mais baixo alcançado desde fevereiro de 2009. Já o indicador da FGV de utilização da capacidade com ajuste sazonal ficou estável em 78,2% em julho, também em patamar muito baixo relativamente ao restante da série.
Os dados mostram, portanto, que a crise industrial continua grave. Ela deriva de problemas estruturais e conjunturais. Mas o aprofundamento recente está associado, em especial, à redução da demanda na economia, que leva ao encolhimento dos investimentos, retraindo também a renda, produção e emprego.
Nesse sentido, os dois setores que mais sentem os efeitos da política econômica contracionista são aqueles que mais refletem as expectativas de empresários e consumidores e as condições do crédito, ou seja, de bens de capital e bens de consumo duráveis. No acumulado do ano, estes caem, respectivamente, -20,9% e -14,2%, ritmo superior ao também negativo enxugamento da produção de bens de consumo semi e não-duráveis (-7,0%) e bens intermediários (-3,4%).
Na comparação entre julho de 2015 e julho de 2014, todas as categorias de uso assinalaram redução da produção, sendo bens de capital (-27,8%) e bens de consumo duráveis (-13,7%) os setores que mais sofrem a crise, vindo em seguida bens de consumo semi e não-duráveis (-9,2%) e bens intermediários (-5,6%).
A redução de 13,7% em bens de consumo duráveis em julho de 2015 em relação ao mesmo mês de 2014 foi a décima sétima consecutiva, puxada especialmente pela queda na produção de eletrodomésticos da “linha branca” (-26,8%), da “linha marrom” (-26,2%) e de automóveis (-3,6%), tendo havido reduções de jornadas de trabalho e férias coletivas diversas unidades produtivas. Também foram expressivas as quedas de motocicletas (-25,3%), de móveis (-19,2%) e de outros eletrodomésticos (-22,2%).
No caso de bens de capital (- 27,8%), ainda na comparação de julho de 2015 e de 2014, as principais pressões advieram da redução de 31,8% de bens de capital para equipamentos de transporte (especialmente por conta de caminhões, caminhão-trator, reboques e semirreboques, veículos para transporte de mercadorias, ônibus e vagões para transporte de mercadorias), bens de capital de uso misto (-34,1%), para construção (-56,9%), agrícola (-26,4%) e para energia elétrica (-17,0%). O único grupamento que cresceu foi o de bens de capital para fins industriais (0,6%).
Em termos de gêneros, continuando o contraste entre julho deste ano e o mesmo mês do ano anterior, lideram as perdas o setor de veículos automotores, reboques e carrocerias (-19,1%), seguidos por produtos alimentícios (-7,2%,), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-34,8%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-6,2%), máquinas e equipamentos (-15,1%), produtos de metal (-13,0%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-15,7%), metalurgia (-7,9%), outros produtos químicos (-6,4%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-14,3%), bebidas (-10,5%), produtos de borracha e de material plástico (-9,0%) e produtos têxteis (-18,6%). Das três atividades que elevaram a produção, destacam-se as indústrias extrativas (2,9%).
Por fim, no acumulado entre janeiro e julho de 2014, a redução da indústria geral de 6,6% em relação ao mesmo período do ano passado se fez presente em 23 dos 26 ramos, 67 dos 79 subsetores e 71,1% dos 805 produtos investigados. A diminuição mais forte ocorreu em veículos automotores, reboques e carrocerias (-20,2%). No grupo de atividades que cresceram, destacam-se as indústrias extrativas (8,4%) puxada por minérios de ferro pelotizados e em bruto e óleos brutos de petróleo.
Resultados da Indústria. Conforme os dados do IBGE em julho de 2015 a produção industrial assinalou variação negativa de -1,5% frente ao mês imediatamente anterior. Frente a igual mês do ano anterior, o setor industrial mostrou queda na produção (–8,9%), décima sétima taxa negativa consecutiva nesse tipo de comparação. No acumulado dos últimos sete meses de 2015 a indústria amarga uma queda de 6,6% na produção versus igual período de 2014. E nos últimos 12 meses, a taxa recuou 5,3%, mantendo a trajetória descendente.
Comparando julho de 2015 com o mês anterior, descontadas as influências sazonais, 14 dos 24 ramos investigados registraram queda na produção. Os principais impactos negativos vieram de produtos alimentícios (-6,2%), bebidas (-6,2%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,7%). De outro modo, os desempenhos positivos mais significativos foram máquinas e equipamentos (6,5%) - após cinco meses consecutivos de retrações; veículos automotores, reboques e carrocerias (1,4%) – interrompendo as perdas consecutivas entre outubro de 2014 e junho de 2015; e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (3,2%) – também interrompendo taxas negativas desde janeiro de 2015.
Em julho de 2015, três das quatro categorias de uso, na série com ajuste sazonal, obtiveram resultados negativos na variação da produção industrial na comparação com o mês imediatamente anterior: bens de consumo semi e não-duráveis (-3,4%) – o que encerrou o avanço acumulado de nos meses de maio e junho últimos; bens intermediários (-2,1%) e bens de capital (-1,9%) – sendo que ambos caem a seis meses consecutivos. Bens de consumo duráveis cresceram 9,6%, repondo parte da retração de 25,2% entre outubro do ano passado e junho de 2015.
Comparando-se julho de 2015 e julho de 2014, todas as categorias de uso assinalaram redução da produção: bens de capital (-27,8%), bens de consumo duráveis (-13,7%), bens de consumo semi e não-duráveis (-9,2%) e bens intermediários (-5,6%). No contraste entre julho deste ano e o mesmo mês do ano anterior registrou queda de 8,9%, generalizada nos 23 dos 26 ramos estudados. Lideram as perdas o setor de veículos automotores, reboques e carrocerias (-19,1%), produtos alimentícios (-7,2%,), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-34,8%). Das três atividades que elevaram a produção, destacam-se as indústrias extrativas (2,9%).
Por fim, no acumulado do ano, todas as categorias apresentam diminuição na produção, em relação ao mesmo período do ano anterior: bens de capital (-20,9%), bens de consumo duráveis (-14,2%), bens de consumo semi e não-duráveis (-7,0%) e bens intermediários (-3,4%). Em relação aos gêneros, a redução se fez valer em 23 dos 26 ramos, 67 dos 79 subsetores e 71,1% dos 805 produtos investigados. A diminuição mais forte é a de veículos automotores, reboques e carrocerias (-20,2%). São expressivas também as quedas de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-29,0%), de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-6,0%), de máquinas e equipamentos (-11,4%), de produtos alimentícios (-3,8%), de metalurgia (-7,6%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-15,5%), de produtos de metal (-9,2%), de bebidas (-7,6%), de produtos de borracha e de material plástico (-6,5%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-10,5%) e de produtos de minerais não-metálicos (-5,4%).
Desempenho por Categoria de Uso. Em julho de 2015, três das quatro categorias de uso, na série com ajuste sazonal, obtiveram resultados negativos na variação da produção industrial na comparação com o mês imediatamente anterior: bens de consumo semi e não-duráveis (-3,4%) – o que encerrou o avanço acumulado de nos meses de maio e junho últimos; bens intermediários (-2,1%) e bens de capital (-1,9%) – sendo que ambos caem a seis meses consecutivos. Bens de consumo duráveis cresceram 9,6%, repondo parte da retração de 25,2% entre outubro do ano passado e junho de 2015.
Comparando-se julho de 2015 e julho de 2014, todas as categorias de uso assinalaram redução da produção: bens de capital (-27,8%), bens de consumo duráveis (-13,7%), bens de consumo semi e não-duráveis (-9,2%) e bens intermediários (-5,6%).
A diminuição de 13,7% em bens de consumo duráveis em julho de 2015 em relação ao mesmo mês de 2014 foi a décima sétima consecutiva, puxada especialmente pela queda na produção de eletrodomésticos da “linha branca” (-26,8%), da “linha marrom” (-26,2%) e de automóveis (-3,6%), tendo havido reduções de jornadas de trabalho e férias coletivas diversas unidades produtivas. Também foram expressivas as quedas de motocicletas (-25,3%), de móveis (-19,2%) e do grupamento de outros eletrodomésticos (-22,2%).
Em julho de 2015, também em comparação com o mesmo mês de 2014, bens de capital registraram a maior taxa negativa neste indicador da série histórica: - 27,8%. As principais pressões advieram da redução de 31,8% de bens de capital para equipamentos de transporte (especialmente por conta de caminhões, caminhãotrator, reboques e semirreboques, veículos para transporte de mercadorias, reboques e semirreboques, ônibus e vagões para transporte de mercadorias), bens de capital de uso misto (-34,1%), para construção (-56,9%), agrícola (-26,4%) e para energia elétrica (-17,0%). O único grupamento que cresceu foi o de bens de capital para fins industriais (0,6%).
O recuo de 5,6% na produção de bens intermediários, ainda na comparação com igual mês do ano anterior, foi influenciada essencialmente por atividades de veículos automotores, reboques e carrocerias (-16,2%), produtos de metal (-16,3%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-6,0%), metalurgia (-7,9%), produtos alimentícios (-5,9%), outros produtos químicos (-6,3%), produtos de borracha e de material plástico (-8,6%), de produtos têxteis (-20,3%) e produtos de minerais não-metálicos (-6,8%). Há 17 meses seguidos cai a fabricação dos grupamentos de insumos típicos para construção civil (-12,7%). Por sua vez, as produções que se elevaram foram de indústrias extrativas (2,9%), máquinas e equipamentos (6,4%) e celulose, papel e produtos de papel (3,8%).
Também no contraste entre julho de 2015 em relação a julho de 2014, a queda de 0,6% na categoria de bens de consumo semi e não-duráveis se deveu à reduções em todos os grupamentos: alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (-8,8%), não-duráveis (-9,7%), semiduráveis (-11,3%) e carburantes (-6,7%).
Por fim, no acumulado do ano, todas as categorias apresentam diminuição na produção, em relação ao mesmo período do ano anterior: bens de capital (-20,9%), bens de consumo duráveis (-14,2%), bens de consumo semi e não-duráveis (-7,0%) e bens intermediários (-3,4%).
Por Dentro da Indústria de Transformação: Gêneros e Subsetores. Comparando julho de 2015 com o mês anterior, descontadas as influências sazonais, 14 dos 24 ramos investigados registraram queda na produção. Os principais impactos negativos vieram de produtos alimentícios (-6,2%), bebidas (-6,2%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,7%) e indústrias extrativas (-1,5%), produtos de madeira (-7,6%), produtos de borracha e de material plástico (-2,2%), produtos diversos (-5,5%) e produtos de metal (-1,8%). De outro modo, os desempenhos positivos mais significativos foram máquinas e equipamentos (6,5%) - após cinco meses consecutivos de retrações; veículos automotores, reboques e carrocerias (1,4%) – interrompendo as perdas consecutivas entre outubro de 2014 e junho de 2015; e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (3,2%) – também interrompendo taxas negativas desde janeiro de 2015.
No contraste entre julho deste ano e o mesmo mês do ano anterior registrou queda de 8,9%, generalizada nos 23 dos 26 ramos estudados. Lideram as perdas o setor de veículos automotores, reboques e carrocerias (-19,1%), produtos alimentícios (-7,2%,), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-34,8%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-6,2%), máquinas e equipamentos (-15,1%), produtos de metal (-13,0%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-15,7%), metalurgia (-7,9%), outros produtos químicos (-6,4%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-14,3%), bebidas (-10,5%), produtos de borracha e de material plástico (-9,0%) e produtos têxteis (-18,6%). Das três atividades que elevaram a produção, destacam-se as indústrias extrativas (2,9%).
No acumulado entre janeiro e julho de 2014, a indústria geral reduziu 6,6% em relação ao mesmo período do ano passado. A redução se fez valer em 23 dos 26 ramos, 67 dos 79 subsetores e 71,1% dos 805 produtos investigados. A diminuição mais forte é a de veículos automotores, reboques e carrocerias (-20,2%), generalizada em 92% dos produtos investigados na atividade, principalmente: destaque para os recuos registrados por automóveis, caminhões, caminhãotrator para reboques e semirreboques, autopeças, reboques e semirreboques, veículos para transporte de mercadorias e carrocerias para caminhões e ônibus. São expressivas também as quedas de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-29,0%), de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-6,0%), de máquinas e equipamentos (-11,4%), de produtos alimentícios (-3,8%), de metalurgia (-7,6%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-15,5%), de produtos de metal (-9,2%), de bebidas (-7,6%), de produtos de borracha e de material plástico (-6,5%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-10,5%) e de produtos de minerais nãometálicos (-5,4%). Segundo o IBGE, “em termos de produtos, as influências negativas mais importantes nesses ramos foram, respectivamente, televisores, computadores pessoais portáteis (laptops, notebooks, tablets e semelhantes), telefones celulares, monitores de vídeo para computadores, computadores pessoais de mesa (PC Desktops), gravador ou reprodutor de sinais de áudio e vídeo (DVD, home theater e semelhantes), peças e acessórios para máquinas de processamento de dados, placas de circuito impresso montadas para informática e impressoras multifuncionais; gasolina automotiva, óleo diesel, óleos combustíveis e asfalto de petróleo; motoniveladores, tratores agrícolas, silos metálicos para cereais, carregadoras-transportadoras, válvulas, torneiras e registros, semeadores, plantadeiras ou adubadores, compactadores e rolos compressores autopropulsores, aparelhos de arcondicionado para veículos, máquinas para colheita, partes e peças para máquinas e aparelhos de terraplenagem, bulldozers e angledozers e máquinas para encher, fechar e embalar; açúcar cristal, carnes de bovinos frescas ou refrigeradas, sorvetes, picolés, sucos concentrados de laranja e leite em pó; vergalhões de aços ao carbono, artefatos e peças diversas de ferro fundido, tubos, canos e perfis ocos de aço, bobinas a frio de aços a carbono não revestidos, barras, perfis e vergalhões de cobre e de ligas de cobre, chapas a quente e bobinas grossas de aços ao carbono não revestidas e barras de aços ao carbono; medicamentos; estruturas de ferro e aço, esquadrias de alumínio e parafusos, ganchos, pinos ou porcas de ferro e aço; cervejas, chope, refrigerantes e preparações em xarope para elaboração de bebidas para fins industriais; peças e acessórios de plástico para indústria automobilística e pneus novos para ônibus e caminhões; calças compridas, camisetas de malha, camisas, blusas e semelhantes de uso feminino (de malha ou não), cuecas de malha, meias-calças de fibra sintética, camisas de malha de uso masculino e calças, bermudas, jardineiras, shorts e semelhantes; e cimentos “Portland” e massa de concreto preparada para construção”. Já no reduzido grupo de atividades que cresceram, destacam-se as indústrias extrativas (8,4%) puxada por minérios de ferro pelotizados e em bruto e óleos brutos de petróleo.
Tabela: Produção Física - Subsetores Industriais
Variação % em Relação ao Mesmo Mês do Ano Anterior (clique aqui)
Utilização de Capacidade. A utilização da capacidade na indústria de transformação em julho de 2015, segundo o indicador com ajuste sazonal da CNI assinalou queda para 78,6%, nível mais baixo alcançado desde fevereiro de 2009. Já o indicador da FGV de utilização da capacidade com ajuste sazonal ficou estável em 78,2% em julho, também em patamar muito baixo relativamente ao restante da série.