Carta IEDI
Indústria no Primeiro Semestre de 2015: Grande Queda em São Paulo e o Pior Resultado no Emprego
No segundo trimestre de 2015, a crise da indústria brasileira ficou mais aguda no seu principal centro. De acordo com números do IBGE, a produção industrial no estado de São Paulo, que havia recuado 5,7% nos três primeiros meses deste ano, encolheu 11,5% no acumulado abril-junho último – taxas calculadas com relação a iguais períodos de 2014. No semestre, a atividade produtiva paulista caiu 8,7%.
Por ser o maior e mais diversificado parque industrial do País, a evolução da produção industrial em São Paulo dá não somente a dimensão da grave crise pela qual a indústria nacional vem passando, mas também aponta para um final de ano que poderá ser um dos piores da história recente. A crise da indústria brasileira já é a mais longa desde pelo menos 2003, ano de início da série de dados do IBGE.
Para o segundo trimestre deste ano, as expectativas não são boas. No terceiro trimestre, a produção da indústria nacional deverá fechar no vermelho, mas com queda menor do que a observada no segundo trimestre, tendência que deverá prevalecer no último trimestre do ano.
O desempenho da produção industrial em geral está refletindo uma crise que não está circunscrita a São Paulo. Em outras localidades, a crise também é severa. Considerando o primeiro semestre de 2015, frente igual semestre do ano anterior, a queda na produção nacional ocorreu em doze dos quinze locais pesquisados pelo IBGE.
São recuos significativos da atividade produtiva em Amazonas (–14,8%), no Rio Grande do Sul (–10,9%), na Bahia (–8,6%), no Ceará (–8,0%), em Minas Gerais (–6,9%), no Paraná (–6,5%), em Santa Catarina (–6,2%), na Região Nordeste (–5,0%), no Rio de Janeiro (–4,8%), e mesmo em Pernambuco (–2,1%) e em Goiás (–2,1%). A produção no Espírito Santo (17,2%) e no Pará (6,8%) não recuou no primeiro semestre deste ano devido, em grande parte, ao desempenho positivo do setor extrativo.
No que diz respeito ao emprego industrial, a comparação com 2009 é inevitável. Naquele ano, quando a economia brasileira era arrastada pela onda da crise global, a atividade industrial doméstica encolhia e o emprego do setor recuou 4,8% no primeiro semestre. Nos seis primeiros meses deste ano a queda foi maior: 5,2%, segundo números do IBGE.
No entanto, o que parece ser hoje tão ruim quanto em 2009 é, em verdade, pior. A retração do emprego industrial em 2015 ocorre após três anos consecutivos de resultados adversos (–1,4% em 2012, –1,1% em 2013 e –3,2% em 2014).
O quadro é mais grave pois, em 2009, a crise “vinha de fora”. Hoje, a economia global anda fraca e efetivamente tem afetado a indústria brasileira. Mas, o desempenho pífio da economia em 2015, num cenário de forte ajuste das contas do governo e num ambiente de expectativas nada positivas – muito em decorrência das incertezas políticas –, é o que mais explica a crise atual da indústria nacional.
No ano passado, a produção industrial caiu 3,1% e, neste ano, a taxa em doze meses é de -5,0%. A projeção para o número de ocupados na indústria é de retrocesso de mais de 4,5% em 2015.
Ao longo deste ano, a crise do emprego industrial vem se aprofundando: –0,7% no primeiro trimestre e –2,4% no segundo, ao se comparar trimestre com trimestre imediatamente anterior com ajuste sazonal; e –4,6% e –5,8%, respectivamente, no primeiro e segundo trimestres deste ano se a comparação é feita com iguais trimestres de 2014.
E mais: ela é geral, ou seja, ocorre em todos os ramos da indústria. Em alguns segmentos, a queda do emprego é elevadíssima nos seis primeiros meses deste ano, como, por exemplo, em máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–12,5%), produtos de metal (–10,2%), meios de transporte (–9,9%) e outros produtos da indústria de transformação (–8,7%).
Mas ela também é grave em segmentos tradicionais da economia brasileira: vestuário (–5,4%), calçados e couro (–7,5%), metalurgia básica (–6,5%), papel e gráfica (–3,3%), refino de petróleo e produção de álcool (–6,3%), indústrias extrativas (-4,6%) e produtos têxteis (–2,9%).
No segundo semestre, poderá haver algum abrandamento da escalada da crise do emprego, já que os ajustes mais duros, ao que parece, foram feitos no primeiro semestre. O número de horas pagas, que recuara 0,3%, 1,2% e 1,3%, nessa ordem, em março, abril e maio, caiu menos em junho (–0,6%); um possível sinal de que o sangramento no mercado de trabalho da indústria nacional pode estar começando a ser estancado.
Produção Industrial Regional. De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal – Regional do IBGE, na passagem de maio para junho (com ajuste sazonal) a produção industrial recuou em sete dos catorze locais pesquisados. As variações negativas mais intensas foram registradas Rio Grande do Sul (–2,3%), Região Nordeste (–1,1%), Amazonas (–1,1%) e Santa Catarina (–1,0%). São Paulo (–0,8%), Minas Gerais (–0,5%) e Rio de Janeiro (–0,2%) completaram o conjunto de locais com índices negativos em junho de 2015, enquanto Goiás (0,0%) repetiu o patamar registrado no mês anterior. Por outro lado, Pará (2,9%), Ceará (2,6%) e Bahia (2,2%) assinalaram os avanços mais elevados. Pernambuco (1,4%), Espírito Santo (1,1%) e Paraná (0,8%) também mostraram taxas positivas nesse mês.
Na base de comparação mês contra mesmo mês do ano anterior, 7 dos 15 locais mostraram redução na produção em junho de 2015, ainda que este mês tenha contado com 1 dia útil a mais do que junho de 2014. Os recuos mais intensos foram registrados por São Paulo (–9,2%) e Rio Grande do Sul (–8,4%), seguidos por Minas Gerais (–4,4%), Rio de Janeiro (–4,3%) e Goiás (–4,3%), que também apontaram quedas mais acentuadas do que a média nacional (–3,2%), e por Pernambuco (–1,1%) e Ceará (–0,5%). Santa Catarina apresentou com variação nula (0,0%), enquanto Espírito Santo (13,3%), Pará (6,7%), Mato Grosso (6,0%), Paraná (6,0%), Bahia (4,1%), Região Nordeste (1,3%) e Amazonas (0,9%) apresentaram taxas positivas.
A produção industrial acumulada no primeiro semestre de 2015 apresentou queda em 12 das 15 localidades. Abaixo da média nacional (–6,3%), encontram–se Amazonas (–14,8%), Rio Grande do Sul (–10,9%), São Paulo (–8,7%), Bahia (–8,6%), Ceará (–8,0%), Minas Gerais (–6,9%) e Paraná (–6,5%). Santa Catarina (–6,2%), Região Nordeste (–5,0%), Rio de Janeiro (–4,8%), Pernambuco (–2,1%) e Goiás (–2,1%) completaram o conjunto de locais com resultados negativos, enquanto Mato Grosso (0,0%) mostrou variação nula. Por outro lado, Espírito Santo (17,2%) e Pará (6,8%) assinalaram as taxas positivas no índice acumulado no ano.
Espírito Santo. Em junho, frente a maio, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial do estado apresentou alta de 1,1%. No confronto com junho de 2014, constatou–se crescimento de 13,3%, taxa influenciada principalmente pelos setores: indústrias extrativas (17,0%), metalurgia (24,6%), minerais não–metálicos (2,9%) e produtos alimentícios (2,6%). No acumulado no ano de 2015 a produção industrial aumentou 17,2%, sob influência das indústrias extrativas (25,4%) e metalurgia (33,5%).
São Paulo. Em junho, a indústria paulista apresentou recuou de 0,8% na comparação com maio (dados livres de efeitos sazonais). Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o estado registrou queda de 9,2%, sob influência de: veículos automotores, reboques e carrocerias (–16,7%), máquinas e equipamentos (–19,8%), produtos alimentícios (–8,6%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (–31,4%), produtos de borracha e de material plástico (–6,8%), outros produtos químicos (–7,6%), metalurgia (–18,4%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (–6,2%). No acumulado no ano de 2015 a produção industrial recuou 8,7%, com destaque negativo para os setores de: veículos automotores, reboques e carrocerias (–16,2%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (–10,0%), produtos alimentícios (–10,5%), máquinas e equipamentos (–14,1%), outros produtos químicos (–7,5%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (–16,8%), metalurgia (–12,8%).
Emprego Industrial. Em junho, segundo números do IBGE, o emprego na indústria apresentou recuo de 1,0% frente a maio, na série livre de efeitos sazonais, a sexta queda consecutiva. Na comparação com o mesmo mês de 2014, houve uma queda de 6,3%. Em relação ao segundo trimestre de 2014, no segundo trimestre deste ano, o emprego na indústria recuou 5,8%. Já no acumulado do primeiro semestre do ano, em comparação a igual período de 2014, o emprego industrial caiu 5,2% e, no acumulado dos últimos doze meses encerrados em junho, a variação foi de –4,6%.
No confronto junho deste ano e junho do ano passado, o total do pessoal ocupado assalariado recuou em todos os dezoito setores pesquisados, com destaque para: meios de transporte (–11,4%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–13,9%), produtos de metal (–11,8%), máquinas e equipamentos (–8,9%), alimentos e bebidas (–3,0%), vestuário (–6,7%), outros produtos da indústria de transformação (–9,3%), calçados e couro (–7,8%), borracha e plástico (–4,9%), metalurgia básica (–7,3%), papel e gráfica (–4,0%), minerais não–metálicos (–3,1%), produtos têxteis (–3,8%) e indústrias extrativas (–5,3%).
No acumulado dos seis primeiros meses de 2015, as contribuições negativas mais relevantes vieram de meios de transporte (–9,9%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–12,5%), produtos de metal (–10,2%), alimentos e bebidas (–2,2%), máquinas e equipamentos (–6,4%), outros produtos da indústria de transformação (–8,7%), vestuário (–5,4%), calçados e couro (–7,5%), metalurgia básica (–6,5%), papel e gráfica (–3,3%), refino de petróleo e produção de álcool (–6,3%), indústrias extrativas (–4,6%) e produtos têxteis (–2,9%).
Número de Horas Pagas. O número de horas pagas aos trabalhadores na indústria apresentou queda de 0,6% na passagem de maio para junho, na série dessazonalizada, após recuo de 1,3% em maio. Frente a junho de 2014, houve queda de 6,3% das horas pagas na indústria. Na comparação acumulada do ano até junho, houve decréscimo de 5,8%, devido aos resultados negativos de meios de transporte (–11,1%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–14,5%), produtos de metal (–11,6%), máquinas e equipamentos (–8,4%), outros produtos da indústria de transformação (–10,1%), alimentos e bebidas (–2,0%), borracha e plástico (–6,9%), vestuário (–6,0%), calçados e couro (–8,8%), metalurgia básica (–9,0%), papel e gráfica (–5,0%), refino de petróleo e produção de álcool (–9,0%) e minerais não–metálicos (–3,3%). No acumulado dos últimos 12 meses encerrados em junho frente ao período imediatamente anterior a queda foi de 5,3%.
Folha de Pagamento Real. Em junho, frente a maio, este índice apresentou avanço de 1,3%, após dois meses de queda (–1,0 em abril e –3,8% em maio). Frente a junho de 2014, o resultado ficou negativo em 7,1%. No acumulado do primeiro semestre de 2015, o recuo foi de 6,1%, impulsionado pelos setores de meios de transporte (–11,8%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–11,4%), produtos de metal (–10,6%), máquinas e equipamentos (–5,1%), alimentos e bebidas (–3,2%), metalurgia básica (–9,2%), indústrias extrativas (–6,6%), outros produtos da indústria de transformação (–7,4%), borracha e plástico (–4,5%), calçados e couro (–9,5%), refino de petróleo e produção de álcool (–6,2%) e papel e gráfica (–1,9%). Por sua vez, no acumulado dos últimos doze meses até junho, houve variação negativa de 4,7%.