Carta IEDI
Primeiros Cinco Meses de 2015: Produção Industrial Recua em Treze de Quinze Locais e Emprego Cai nos Dezoito Segmentos Industriais Pesquisados pelo IBGE
Será que a crise atual da indústria brasileira tem a mesma dimensão da crise pela qual essa mesma indústria passou em 2009? Se olharmos para o que vem ocorrendo com o emprego industrial e com a atividade produtiva da indústria de São Paulo, o núcleo industrial do País, a resposta caminha para um certeiro “sim”.
Começando com a indústria paulista, observa-se, na comparação maio deste ano com igual mês de 2014, um recuo de 13,7% na sua produção, o que representa um nível de variação negativa que foi registrado somente na crise de 2009. Vale lembrar que, naquele ano de crise global, a atividade produtiva da indústria de São Paulo recuou 7,4%. Nos primeiros cinco meses de 2015 frente o mesmo período do ano passado, a produção industrial paulista encolheu 8,6%.
E os sinais de uma crise tão ou mais severa que a de 2009 não vem somente de São Paulo. Pode-se observar nos números do IBGE que a crise da atividade industrial do País em várias outras localidades tem, neste ano, se agravado ou se mantido em patamares negativos elevados.
Tomando-se o primeiro trimestre e o acumulado dos dois primeiros meses do segundo trimestre (abril e maio) deste ano, nota-se que a crise avançou no Nordeste (de –5,9% no primeiro trimestre passou para –6,2% no acumulado abril-maio) e se manteve a taxas negativas elevadas em Minas (–7,5% e –7,4%, na mesma ordem) e no Rio Grande do Sul (–11,7% e –11,1%) – todas as taxas calculadas com relação a igual período do ano anterior.
No Rio de Janeiro, devido quase que exclusivamente ao impacto positivo do setor extrativo (impulsionado especialmente pela maior extração de óleos brutos de petróleo), a crise arrefeceu no segundo trimestre (de –6,4% no primeiro trimestre para –1,9% no acumulado abril-maio), mas, ainda assim, no acumulado dos cinco primeiros meses deste ano, a retração da produção da indústria fluminense é mais severa que a registrada em 2014: –4,6% e –3,5%, respectivamente.
Vale notar que, em São Paulo, a crise se intensificou expressivamente na passagem do primeiro trimestre para o acumulado abril–maio (–5,7% e –12,4%, nessa ordem). Os recuos da atividade produtiva ocorreram nos mais diferentes ramos da indústria paulista – algo que também pode ser observado em outras localidades. No acumulado janeiro-maio, a produção industrial caiu fortemente, entre outros, nos segmentos de veículos automotores, reboques e carrocerias (–16,1%), alimentos (–10,9%), máquinas e equipamentos (–12,8%), outros produtos químicos (–7,4%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (–14,2%), metalurgia (–12,1%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (–11,2%).
Os números do emprego industrial revelam mais ainda a gravidade da recessão brasileira na indústria. No mercado de trabalho da indústria, a crise já se arrasta por alguns anos e foi se intensificando, com taxas de redução do efetivo de –1,4% em 2012, –1,1% em 2013 e –3,2% em 2014. Seu caráter geral, ou seja, sua presença nos mais diferentes segmentos industriais, é algo que se evidenciou neste ano. Tudo indica que esse processo no mercado de trabalho industrial não acabou e que, portanto, ainda sofrerá novos reveses durante este ano.
Em maio frente a abril, segundo o IBGE, o número de ocupados caiu 1,0% (considerados os ajustes sazonais), uma taxa negativa que está no patamar das observadas no início da crise global ocorrida em fins de 2008 e início de 2009.
Na comparação mês com igual mês do ano anterior, o emprego industrial recuou 5,8% em maio último. Foi a quadragésima quarta queda consecutiva nesse tipo de comparação. Ela resultou do encolhimento do número do pessoal ocupado em todos os ramos industriais, com exceção do ramo de produtos químicos, cuja taxa de ocupação apresentou ligeiro crescimento, de 0,2%.
O emprego caiu nos setores de bens duráveis e de bens de capital, como, por exemplo, em meios de transporte (–11,0%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–12,9%) e máquinas e equipamentos (–7,2%), bem como em segmentos mais tradicionais da economia brasileira (–7,5% em vestuário, –2,9% em produtos têxteis e –7,6% em calçados e couro), ou ainda, naqueles ramos ligados a commodities: metalurgia básica (–6,6%), papel e gráfica (–3,3%), refino de petróleo e produção de álcool (–7,0%), indústrias extrativas (–5,2%), minerais não–metálicos (–2,4%) – todas as taxas de maio último contra maio de 2014.
No acumulado dos cinco primeiros meses deste ano, o emprego industrial encolheu 5,0%. Nesse período, o pessoal ocupado caiu em todos os ramos da indústria brasileira pesquisados pelo IBGE. São taxas negativas expressivas, com destaque para meios de transporte (–9,5%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–12,2%) e produtos de metal (–9,9%).
Produção Industrial Regional. De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal – Regional do IBGE, na passagem de abril para maio (com ajuste sazonal) a produção industrial avançou em nove dos catorze locais pesquisados. As variações positivas mais intensas foram registradas nos estados do Ceará (3,6%), Amazonas (2,6%), Pernambuco (1,4%) e Minas Gerais (1,3%). Os demais resultados positivos foram observados em Santa Catarina (0,7%), Espírito Santo (0,6%), São Paulo (0,5%), Paraná (0,3%) e Rio de Janeiro (0,2%). Por outro lado, a Região Nordeste (–2,2%), Rio Grande do Sul (–1,6%), Pará (–1,5%), Bahia (–1,0%) e Goiás (–0,6%) registraram queda na produção industrial.
Na comparação mês contra mesmo mês do ano anterior, 13 dos 15 locais mostraram redução na produção em maio. Os recuos mais intensos podem ser observados nos estados do Ceará (–13,9%), São Paulo (–13,7%), Amazonas (–13,7%) e Rio Grande do Sul (–13,3%), Paraná (–10,1%) e Santa Catarina (–9,9%). Minas Gerais (–7,2%), Pernambuco (–6,2%), Bahia (–5,5%), Região Nordeste (–5,4%), Mato Grosso (–4,9%), Goiás (–3,4%) e Rio de Janeiro (–2,0%) registraram recuos abaixo da média nacional (–8,8%). Por outro lado, Espírito Santo (14,1%) e Pará (2,6%) assinalaram os avanços em maio de 2015.
A produção industrial acumulada nos cinco primeiros meses de 2015 reduziu em 13 das 15 localidades. Nessa comparação, os estados que apresentaram desempenho pior do que a média nacional (–6,9%) foram: Amazonas (–17,3%), Rio Grande do Sul (–11,5%), Bahia (–10,9%), Ceará (–9,4%), Paraná (–8,8%), São Paulo (–8,6%), Minais Gerais (–7,4%) e Santa Catarina (–7,4%). Também apresentaram queda na produção industrial os estados: Região Nordeste (–6,0%), Rio de Janeiro (–4,6%), Goiás (–1,3%), Pernambuco (–1,3%) e Mato Grosso (–0,7%). As variações positivas foram verificadas apenas no Espírito Santo (18,0%) e Pará (6,8%).
Minas Gerais. Em maio, frente a abril, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial do estado apresentou alta de 1,3%. No confronto com maio de 2014, constatou–se redução de 7,2%, taxa influenciada principalmente pelos setores: veículos automotores, reboques e carrocerias (–29,4%), máquinas e equipamentos (–40,8%), produtos alimentícios (–6,4%), produtos de metal (–20,2%), produtos de minerais não–metálicos (–15,6%), produtos têxteis (–33,0%), bebidas (–14,8%), outros produtos químicos (–11,4%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (–3,2%). No acumulado no ano de 2015 a produção industrial decresceu 7,4%, sob influência dos setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (–29,7%), máquinas e equipamentos (–36,0%), de produtos de minerais não–metálicos (–13,7%), de produtos de metal (–11,0%), de produtos têxteis (–18,2%) e de bebidas (–9,8%).
São Paulo. Em maio, a indústria paulista apresentou avanço de 0,5% na comparação com abril (dados livres de efeitos sazonais). Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o estado registrou queda de 13,7%, com recuo de todos os setores analisados pela pesquisa. Os destaques ficaram para: produtos alimentícios (–16,9%), veículos automotores, reboques e carrocerias (–18,6%), máquinas e equipamentos (–20,8%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (–35,6%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (–8,3%).
No acumulado no ano de 2015 a produção industrial recuou 8,6%, com destaque negativo para os setores de: veículos automotores, reboques e carrocerias (–15,8%); coque, derivados do petróleo e biocombustíveis (–4,6%); produtos alimentícios (–10,9%), máquinas e equipamentos (–12,8%), outros produtos químicos (–7,4%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (–14,2%), metalurgia (–12,1%) e de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (–11,2%), enquanto o setor produtor de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (2,1%) assinalou o principal impacto positivo.
Emprego Industrial. Na passagem de abril para maio na série livre de efeitos sazonais, o pessoal ocupado assalariado na indústria apresentou queda de 1,0%, reflexo da desaceleração da produção industrial. Na relação mês/ mesmo mês de 2014, o emprego industrial assinalou recuo de 5,8%. No acumulado nos primeiros cinco meses de 2015 houve uma variação acumulada de –5,0%. A variação acumulada nos últimos 12 meses foi de –4,4%.
Setorialmente, 17 dos 18 setores observaram redução no pessoal ocupado no setor industrial, com destaque para as contribuições negativas vindas de meios de transporte (–11,0%), alimentos e bebidas (–3,2%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–12,9%), produtos de metal (–10,6%), máquinas e equipamentos (–7,2%), vestuário (–7,5%), outros produtos da indústria de transformação (–9,6%), calçados e couro (–7,6%), metalurgia básica (–6,6%), papel e gráfica (–3,3%), refino de petróleo e produção de álcool (–7,0%), indústrias extrativas (–5,2%), minerais não–metálicos (–2,4%) e produtos têxteis (–2,9%). Por outro lado, o único resultado positivo foi assinalado pelo setor produtor de produtos químicos (0,2%).
No acumulado no ano, frente igual período de 2014, meios de transporte (–9,5%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–12,2%), produtos de metal (–9,9%), alimentos e bebidas (–2,1%), máquinas e equipamentos (–5,8%), outros produtos da indústria de transformação (–8,6%), calçados e couro (–7,4%), vestuário (–5,1%), metalurgia básica (–6,4%), papel e gráfica (–3,1%), refino de petróleo e produção de álcool (–6,8%), indústrias extrativas (–4,4%) e produtos têxteis (–2,7%) foram as principais contribuições negativas.
Folha de Pagamento Real. A folha de pagamento real da indústria brasileira apresentou, na relação maio/abril, já livre dos efeitos sazonais, uma variação negativa de 3,7%. Frente maio de 2014, verificou–se um redução de 9,7%, impulsionada pelos setores de meios de transporte (–15,1%), indústrias extrativas (–30,6%), refino de petróleo e produção de álcool (–29,4%), alimentos e bebidas (–5,8%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–11,6), metalurgia básica (–12,0%), máquinas e equipamentos (–5,9%), produtos de metal (–10,1%), outros produtos da indústria de transformação (–8,1%), calçados e couro (–10,2%), borracha e plástico (–4,0%) e papel e gráfica (–2,6%). No ano, a folha de pagamento real dos trabalhadores da indústria assinalou decréscimo de 5,9%, e nos últimos 12 meses, de 4,2%.
Número de Horas Pagas. Na passagem de abril para maio, com dados dessazonalizados, houve queda de 1,3% no total de horas pagas na indústria. Frente a igual mês de 2014 verificou–se decréscimo de 6,6%, resultado da redução do número de horas pagas em 17 dos 18 ramos pesquisados. No acumulado do ano, o recuo de 5,6% das horas pagas na indústria deveu–se as pressões negativas em todos os setores pesquisados, com destaque para meios de transporte (–10,3%), produtos de metal (–10,5%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–11,0%), alimentos e bebidas (–2,6%), máquinas e equipamentos (–7,3%), calçados e couro (–10,0%), outros produtos da indústria de transformação (–9,3%), vestuário (–4,8%), metalurgia básica (–8,3%), papel e gráfica (–4,3%), minerais não–metálicos (–3,5%), refino de petróleo e produção de álcool (–8,5%), borracha e plástico (–2,1%) e indústrias extrativas (–4,0%). Por sua vez, a variação acumulada nos últimos 12 meses foi de –5,1%.