Carta IEDI
Primeiro Quadrimestre de 2015: Produção Industrial Recua em Doze de Quinze Locais e Emprego Cai nos Dezoito Segmentos Industriais Pesquisados pelo IBGE
No início do segundo trimestre deste ano, ficou evidente que a crise da indústria brasileira é geral não somente do ponto de vista de seus ramos produtivos, ela também pode ser observada em diferentes locais do País. Quando atinge tal grau de generalização é porque a crise já se alastrou para todo o tecido industrial, abrangendo bens de capital e bens duráveis de consumo, como também as indústrias de bens intermediários e a indústria produtora de bens de amplo consumo pela população. Por isso, ela abarca as regiões mais intensamente industrializadas, como São Paulo, como também as indústrias das regiões mais especializadas do país.
Em abril último com relação a março (considerados os ajustes sazonais), a produção industrial recuou em treze dos quatorze locais pesquisados pelo IBGE. E são quedas fortes da atividade industrial, como, por exemplo, as registradas no Ceará (–7,9%), na Bahia (–5,1%), no Amazonas (–5,1%), em Pernambuco (–4,6%), na Região Nordeste (–3,7%) e em São Paulo (–3,6%).
No primeiro quadrimestre deste ano, o quadro é mais drástico. Em doze dos quinze locais pesquisados, a produção industrial caiu e a taxas negativas muito expressivas. Para citar alguns exemplos, no Amazonas, sobretudo em decorrência da retração do segmento de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (–38,3%), a produção recuou 18,2% no acumulado dos quatro primeiros meses deste ano frente igual período de 2014. Na Bahia, a queda foi de 12,3% – em grande medida, devido ao encolhimento da produção dos segmentos de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (–35,1%) e metalurgia (–24,3%).
Ainda considerando o quadrimestre, os recuos da produção também são elevados no Paraná (–8,5%), Ceará (–8,2%), Rio Grande do Sul (–8,1%), em Minais Gerais (–7,7%), na Região Nordeste (–7,1%), em São Paulo (–7,1%), Santa Catarina (–6,7%) e no Rio de Janeiro (–5,5%).
O agravante dessa crise, e que piora muito as projeções da evolução industrial nos próximos meses, é o que vem ocorrendo nos principais centros industriais do País. Como observado acima, em Minas e no Rio de Janeiro, a produção recuou fortemente neste início de ano (–7,7% e –5,5%, respectivamente). São resultados piores do que os registrados em 2014, quais sejam: –2,9% e –2,8%, nessa mesma ordem.
Em São Paulo, onde a indústria é mais estruturada e diversificada, a atividade produtiva industrial, que havia amargado a maior queda (–6,2%) entre os diferentes locais do País em 2014, aparece neste primeiro quadrimestre com recuo mais acentuado (de –7,1%, como também supracitado). A crise da indústria paulista é intensa e se estende no tempo: ao se comparar os números de um mês com os do mesmo mês do ano anterior, a produção em São Paulo cai a quatorze meses consecutivos – encerrados em abril.
Por sua vez, no mercado de trabalho da indústria brasileira, a crise mudou de patamar. Em 2014, já se observou uma piora considerável do emprego industrial, cuja taxa de variação foi de –3,2% (após as quedas de 1,4% e 1,1%, respectivamente, em 2012 e 2013). No primeiro quadrimestre deste ano, a situação ficou mais crítica: retração de 4,8% do número de pessoal ocupado na indústria. O emprego industrial caminha, neste ano, para uma queda de 5,0%. A crise mais severa de sua história.
Severa porque, como mostram os números do IBGE, essa crise do emprego industrial é generalizada e ocorre há um bom tempo. Em abril deste ano com relação a igual mês de 2014, o emprego industrial recuou 5,4%, o que significou o quadragésimo terceiro resultado negativo consecutivo na série que compara mês com o mesmo mês do ano imediatamente anterior.
Esse resultado de abril refletiu o encolhimento do contingente de trabalhadores em todos os dezoito ramos industriais pesquisados pelo IBGE, com destaque para: meios de transporte (–10,5%), produtos de metal (–10,8%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–12,4%), alimentos e bebidas (–2,7%), máquinas e equipamentos (–6,8%), outros produtos da indústria de transformação (–8,7%), calçados e couro (–7,9%), vestuário (–5,4%), metalurgia básica (–6,5%), refino de petróleo e produção de álcool (–7,2%), indústrias extrativas (–5,3%), minerais não–metálicos (–2,5%), papel e gráfica (–2,6%) e produtos têxteis (–2,5%) – todas as taxas de abril último com relação a igual mês do ano passado.
No acumulado dos primeiros quatro meses deste ano, o decréscimo do número de ocupados na indústria brasileira também ocorreu em todos seus ramos. As quedas que mais influenciaram a média nacional vieram das seguintes atividades industriais: meios de transporte (–9,2%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–12,0%), produtos de metal (–9,7%), máquinas e equipamentos (–5,5%), alimentos e bebidas (–1,8%), outros produtos da indústria de transformação (–8,4%), calçados e couro (–7,4%), vestuário (–4,5%), metalurgia básica (–6,3%), papel e gráfica (–3,1%), refino de petróleo e produção de álcool (–6,8%), indústrias extrativas (–4,3%) e produtos têxteis (–2,6%).
São taxas elevadíssimas que têm a ver com o fraco desempenho da economia brasileira, mas que podem também estar refletindo um movimento iniciado já há alguns anos na indústria e que hoje começa a se fazer mais presente, qual seja: uma corrida por processos produtivos em bases mais automatizadas, os quais se traduzem pela incorporação de novas máquinas, de novas tecnologias, cujo objetivo principal é restaurar ou mesmo aumentar a sua competitividade. É uma hipótese a ser verificada. Com certeza, um dos grandes desafios da indústria nacional.
Produção Industrial Regional. De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal – Regional do IBGE, entre março e abril a produção industrial, com ajuste sazonal, caiu em treze dos catorze locais pesquisados. As maiores quedas ficaram por conta dos estados do Ceará (–7,9%), Bahia (–5,1%), Amazonas (–5,1%) e Pernambuco (–4,6%). Os demais resultados negativos foram observados na Região Nordeste (–3,7%), São Paulo (–3,6%), Goiás (–2,1%), Rio Grande do Sul (–1,9%), Pará (–1,8%), Rio de Janeiro (–1,2%), Santa Catarina (–0,9%), Minas Gerais (–0,8%) e Espírito Santo (–0,5%). Por outro lado, o Paraná foi o único a registrar variação positiva, com expansão de 1,4%.
Na comparação mês contra mesmo mês do ano anterior, em 13 dos 15 locais pesquisados pelo IBGE ocorreu decréscimo da produção industrial: Amazonas (–19,9%), Ceará (–14,7%), Bahia (–12,8%), São Paulo (–11,3%), Região Nordeste (–8,4%), Pernambuco (–8,0%), Mato Grosso (–7,7%), Minas Gerais (–7,6%), Santa Catarina (–6,6%), Rio Grande do Sul (–6,0%), Goiás (–3,2%), Paraná (–2,6%) e Rio de Janeiro (–2,1%). Por outro lado, Espírito Santo (14,4%) e Pará (5,8%) foram os avanços na produção industrial de abril de 2015.
Já, no acumulado janeiro a abril de 2015, a produção industrial apresentou crescimento em apenas 3 das 15 localidades. As ampliações no desempenho regional foram registradas pelos estados do Espírito Santo (19,2%), Pará (8,0%) e Mato Grosso (0,6%). As maiores quedas ficaram a cargo do estado do Amazonas (–18,2%), Bahia (–12,3%), Paraná (–8,5%), Ceará (–8,2%), Rio Grande do Sul (–8,1%), Minais Gerais (–7,7%), Região Nordeste (–7,1%), São Paulo (–7,1%) e Santa Catarina (–6,7%). Com queda abaixo da queda nacional, ficou o Rio de Janeiro (–5,5%), Goiás (–1,1%) e Pernambuco (–0,3%).
Paraná. Em abril, frente meio, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial do estado apresentou alta de 1,4%, a única variação positiva nesta comparação. No confronto com abril de 2014, constatou–se redução de 2,6%, taxa influenciada principalmente pelos setores: veículos automotores, reboques e carrocerias (–25,0%), produtos de minerais não–metálicos (–14,0%), produtos de borracha e de material plástico (–12,7%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–8,9%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (–1,4%) e bebidas (–7,2%), enquanto o setor de produtos alimentícios (3,2%) e de produtos de madeira (15,1%) foram as influências positivas. No acumulado do ano, por sua vez, a indústria paranaense recuou 8,5%, pressionada pela queda dos setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (–34,6%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (–8,1%), de produtos de minerais não–metálicos (–17,7%) e de produtos alimentícios (–2,8%).
São Paulo. Em abril, a indústria paulista apresentou queda de 3,6% na comparação com maio (dados livres de efeitos sazonais). Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o estado registrou queda de 11,3%, taxa impulsionada pelos setores de: veículos automotores, reboques e carrocerias (–21,1%), produtos alimentícios (–9,5%), máquinas e equipamentos (–12,3%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (–19,5%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (–6,8%), outros produtos químicos (–8,5%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (–16,4%), metalurgia (–13,4%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–12,2%). No acumulado no ano de 2015 a produção industrial recuou 7,1%, com destaque para os setores de: veículos automotores, reboques e carrocerias (–15,5%), máquinas e equipamentos (–11,2%), produtos alimentícios (–7,9%), outros produtos químicos (–7,5%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (–12,1%) e metalurgia (–10,7%). Por outro lado, o setor de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (5,4%) assinalou o principal impacto positivo.
Emprego Industrial. Em abril, o total dos ocupados na indústria geral assinalou queda de 0,9% em relação ao mês anterior, a partir de dados livres dos efeitos sazonais. Em relação a abril de 2014, houve novamente queda dos ocupados assalariados de 5,4%. No acumulado entre janeiro e abril de 2015, o índice de pessoal ocupado na indústria acumula, por sua vez, recuo de 4,8%, enquanto nos últimos 12 meses, a ocupação na indústria total caiu 4,1%.
Em termos setoriais, em abril 2015 frente ao mesmo mês de 2014, o total do pessoal ocupado assalariado recuou em todos os 18 ramos pesquisados, com destaque para as pressões negativas vindas de meios de transporte (–10,5%), produtos de metal (–10,8%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–12,4%), alimentos e bebidas (–2,7%), máquinas e equipamentos (–6,8%), outros produtos da indústria de transformação (–8,7%), calçados e couro (–7,9%), vestuário (–5,4%), metalurgia básica (–6,5%), refino de petróleo e produção de álcool (–7,2%), indústrias extrativas (–5,3%), minerais não–metálicos (–2,5%), papel e gráfica (–2,6%) e produtos têxteis (–2,5%).
A contração também foi generalizada (nos 18 setores) na comparação do acumulado do ano, com destaque para meios de transporte (–9,2%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–12,0%), produtos de metal (–9,7%), máquinas e equipamentos (–5,5%), alimentos e bebidas (–1,8%), outros produtos da indústria de transformação (–8,4%), calçados e couro (–7,4%), vestuário (–4,5%), metalurgia básica (–6,3%), papel e gráfica (–3,1%), refino de petróleo e produção de álcool (–6,8%), indústrias extrativas (–4,3%) e produtos têxteis (–2,6%).
Número de Horas Pagas. O número de horas pagas na indústria, na passagem de março para abril registrou queda de 1,1%, livre de efeitos sazonais. No confronto com igual mês do ano anterior, o número de horas pagas recuou 6,0% em abril. Nesta última comparação, a queda foi disseminada, já que afetou os dezoito ramos pesquisados, com destaque para meios de transporte (–11,5%), alimentos e bebidas (–3,3%), produtos de metal (–11,1%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–11,2%), máquinas e equipamentos (–7,5%), calçados e couro (–11,6%), outros produtos da indústria de transformação (–8,8%), vestuário (–5,5%), metalurgia básica (–7,3%), refino de petróleo e produção de álcool (–9,9%), minerais não–metálicos (–3,8%), papel e gráfica (–3,7%) e indústrias extrativas (–4,6%). No índice acumulado no primeiro quadrimestre de 2015, o número de horas pagas na indústria recuou 5,4%.
Folha de Pagamento Real. Na passagem de março para abril de 2015, a folha de pagamento real registrou queda de 0,9% (com ajuste sazonal). O indicador mensal (mês/mesmo mês do ano anterior) assinalou decréscimo de 5,3%. A queda foi sentida em 15 dos 18 setores pesquisados, especialmente em meios de transporte (–11,1%), máquinas e equipamentos (–5,4%), produtos de metal (–9,8%), alimentos e bebidas (–3,1%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–8,3%), metalurgia básica (–8,9%), indústrias extrativas (–5,6%), calçados e couro (–12,0%), outros produtos da indústria de transformação (–5,9%), refino de petróleo e produção de álcool (–6,2%) e produtos têxteis (–4,5%). Variação positiva relevante ficou a cargo do setor de borracha e plástico, com crescimento de 1,6%. No acumulado do ano de 2015, o valor da folha de pagamento real recuou 5,0%.