Carta IEDI
O Seleto Grupo dos que Exportaram mais em 2014
Sumário
Em 2014, depois de quatorze anos, a balança comercial do País voltou a apresentar déficit, de US$ 4 bilhões. A última vez que ficara negativa fora em 2000. Em muito concorreu para tanto o resultado deficitário dos bens tipicamente produzidos pela indústria de transformação, de US$ 63,5 bilhões. Este vem se deteriorando desde 2006 fazendo com que tais produtos deixassem de ser superavitários já em 2008. Até 2013, os demais bens, mormente agropecuários e minerais, tinham mais do que contrabalançado, propiciando superávits.
O IEDI vem ao longo do tempo acompanhando o comércio exterior dos produtos da indústria de transformação pela classificação de intensidade tecnológica nos moldes da OCDE, isto é, abrindo esse intercâmbio em quatro faixas: de alta intensidade, de média-alta, média-baixa e baixa. Cada uma delas são subdivididas em segmentos ou ramos, somando dezenove ao todo, cinco por cada faixa, exceto a de baixa intensidade, que conta com quatro agrupamentos.
Um modo de visualizar os fluxos comerciais por tal critério reside em concatenar tais faixas e ramos em termos quer do saldo, quer do comportamento das exportações, se cresceram ou não em 2014. Assim, pode-se verificar quatro situações, cada uma consistindo em um quadrante ou caixa de um gráfico de dispersão:
- Na primeira situação, a melhor delas, estão os segmentos superavitários no ano, cujas exportações em dólares correntes cresceram frente ao ano anterior. Nenhuma das quatro faixas se encaixaram nesse quadrante em 2014. Dez anos antes, em 2004, as de média-baixa e de baixa intensidade estavam nele. Dos dezenove ramos, só três: um de alta intensidade, a indústria aeronáutica; um de média-baixa, os produtos metálicos; e um de baixa intensidade, produtos madeireiros, de papel e celulose e impressão gráfica. Em 2004, oito ramos combinavam superávit com expansão exportadora;
- A segunda abarca aqueles que, embora deficitários, exportaram mais do que no ano anterior. Também nenhuma das quatro faixas apresentaram tal combinação de dados em 2014. Dez anos antes, a faixa de média-alta se encontrava nessa situação. E apenas dois agrupamentos deficitários ampliaram suas vendas externas: um de média-baixa, produtos de minerais não metálicos; outro pertencente à faixa de baixa intensidade, produtos têxteis, de vestuário, calçados e artigos de couro.
- Em 2014, a terceira situação – a pior delas – concentrou três das quatro faixas de intensidade: a de alta (déficit de US$ 30,1 bilhões), média-alta (saldo negativo de US$ 59,5 bilhões) e de média-baixa (déficit de US$ 11,3 bihões). Logo combinaram saldo negativo com retrocesso nas exportações Delas só a primeira estava na mesma caixa em 2004. Dos dezenove ramos, doze registraram déficit com vendas externas em queda: quatro da faixa de alta intensidade – produtos farmacêuticos e os três ramos do complexo eletrônico; todos os cinco de média-alta, i.e., materiais de transporte terrestres, as indústrias de máquinas e equipamentos e produtos químicos; dois de média-baixa, a saber, produtos de borracha e plásticos e derivados de petróleo e afins; e um de baixa intensidade, os produtos diversos.
- O quarto quadrante encampa os superavitários cujas exportações declinaram no ano. Eis a faixa de baixa intensidade, com seu expressivo saldo, de US$ 38,1 bilhões. Tal magnitude só foi possível por conta dos alimentos industrializados, bebidas e fumo, com superávit de US$ 34,2 bilhões, conjunto de bens que ocupava a primeira caixa em 2004. A construção naval, pertencente à faixa de média-baixa intensidade também se encontra nessa situação.
Tem-se, portanto um seleto grupo de bens da indústria de transformação cujas exportações cresceram em 2014. Dentro está um segmento intensivo em tecnologia, a indústria aeronáutica, cujo êxito está associado a esforços de formação de recursos humanos qualificados e especializados. Estão também três ramos caracterizados pelo processo produtivo intensivo em recursos naturais, sendo dois considerados pela OCDE como de média-baixa intensidade tecnológica e outro de baixa. Por fim, há um agrupamento de baixa intensidade, que utiliza intensivamente mão-de-obra: bens têxteis, de vestuário e de couro. Este enfrentou sérias dificuldades com a apreciação do real no séc. XXI, mas, ao que tais dados indicam, vem conseguindo reagir no período recente de depreciação da moeda doméstica.
Bens Típicos da Indústria de Transformação e a Balança Comercial. Em 2014, depois de quatorze anos, a balança comercial do País voltou a apresentar déficit, de US$ 4 bilhões. A última vez que ficara negativa fora em 2000. Em muito concorreu para tanto o resultado deficitário dos bens tipicamente produzidos pela indústria de transformação, de US$ 63,5 bilhões, patamar recorde. Este vem se deteriorando desde 2006 fazendo com que tais produtos deixassem de ser superavitários já em 2008.
A balança dos bens da indústria de transformação se deteriorou mesmo com retração nas importações, declínio de 4,4%. Entretanto as exportações retrocederam com mais força: queda de 8,6%, ficando em US$ 133,5 bilhões (ante US$ 146,1 bilhões em 2013). Em 2012, o Brasil exportou US$ 146,0 bilhões, ano de exportação recorde em dólares correntes.
Até 2013, os demais bens, mormente agropecuários e minerais, tinham mais do que contrabalançado, propiciando superávits. Contudo o saldo de US$ 59,5 bilhões não foi o suficiente. Ademais, foi o quarto período seguido de redução nesse saldo, refletindo o contexto internacional menos favorável, com queda nos preços de commodities relevantes na pauta de exportação brasileira
A Balança por Intensidade Tecnológica. Tomando a classificação adotada pela OCDE para a indústria de transformação segundo a intensidade tecnológica, pode-se obter detalhes dos fluxos comerciais. São quatro faixas da indústria de transformação: de alta intensidade, de média-alta, média-baixa e de baixa intensidade tecnológica. A tabulação abaixo discrimina os segmentos.
Os dois gráficos a seguir trazem uma síntese de dados para 2004 e 2014 tomando a citada classificação. Cada gráfico conforma quatro quadrantes ou caixas. Em sentido horário, o primeiro abrange as faixas ou grupamentos de bens destas que registraram superávit no ano e aumento das exportações em relação ao ano anterior medidas em dólares correntes. O segundo quadrante abarca as faixas ou segmentações destas deficitários, mas cujas vendas externas cresceram no período. Na terceira caixa encontram-se aqueles segmentos com balança comercial deficitária e declínio em suas exportações – a pior situação. Por fim o quarto quadrante agrupa as faixas por intensidade tecnológica ou ramos superavitários, porém com exportação (em dólar corrente) menor do que no ano anterior.
Atendo-se a 2014 e tomando 2004 para efeito de comparação, chama a atenção o quão pouco são ocupadas a primeira e a segunda caixa do ano passado. Aliás todas as quatro faixas de intensidade tecnológica estão nos quadrantes 3 e 4. E apenas a de baixa intensidade se situou na quarta caixa, i.e., só houve uma faixa superavitária e todas as quatro viram suas vendas para o mercado externo retroceder. No quadrante 1, que espelharia a melhor situação, estão apenas três segmentos: um de alta intensidade; um de média-baixa e outro de baixa. Na segunda caixa estão mais dois ramos, sendo um de média-baixa e outro de baixa intensidade. Em suma, só cinco grupamentos de dezenove ao todo exportaram mais em 2014 do que no ano anterior.
Esmiuçando um pouco mais, o intercâmbio de bens fabricados por atividades tidas pela OCDE como de alta intensidade tecnológica percebeu déficit de US$ 30,8 bilhões em 2014, com agravante do recuo de 0,7% nas exportações. Foi o segundo pior saldo na série para tal grupo de produtos, ficando abaixo só do resultado negativo do ano anterior. Ou seja, a retração das importações foi maior que a das vendas externas As exportações dos bens ficaram em US$ 9,6 bilhões e as importações em US$ 40,4 bilhões, montante só suplantado pelo de 2013. Positivamente se sobressaíram os produtos da indústria aeronáutica, ficando na caixa 1: superávit com acréscimo nas exportações. Performance que contrasta com a dos demais segmentos.
O segmento de média-alta intensidade apresentou o maior déficit dentre as quatro faixas. Tal resultado também se fez acompanhar de menos exportação: queda de 13,5%, exportando US$ 34,4 bilhões. Mesmo com as importações retrocedendo percentualmente menos, a balança teve déficit de menor magnitude do que em 2013. Nesta faixa, que comporta os materiais de transporte terrestre, parte expressiva dos bens de capital, além de produtos químicos, todos os ramos ficaram na terceira caixa. Ou seja, todos experimentaram déficit em 2014 e exportaram menos do que no ano anterior.
Quanto às mercadorias tipicamente oriundas da indústria de média-baixa intensidade tecnológica, estas presenciaram déficit pela quinta vez seguida, de US$ 11,3 bilhões, déficit recorde. As exportações diminuíram 13,3%. As importações retrocederam 1,6%. Esses números refletem o comportamento nos fluxos comerciais dos dois principais tipos de bens desta faixa: derivados do petróleo, combustíveis e afins; e produtos metálicos, com destaque para commodities industriais. O primeiro destes dois ramos se situou na caixa 3: déficit e menor exportação, enquanto o segundo, no quadrante 1, com superávit e aumento das vendas para fora do País. Porém tal saldo positivo, de US$ 6,8 bilhões ficou bem aquém do déficit daquele, de US$ 15,9 bilhões.
Passando ao grupo dos bens típicos das atividades de baixa intensidade tecnológica, como de costume, logrou o único superávit dentre as quatro faixas, de US$ 38,1 bilhões. As exportações declinaram 3,8% em relação ao ano anterior, ficando em US$ 57,4 bilhões. As importações cresceram 2,3%. Daí o superávit menor em 2014. Tal grupamento abrange grosso modo dois tipos de mercadorias: aquelas cujos processos produtivos utiliza intensivamente recursos naturais abundantes no Brasil; e bens cuja produção são intensivas em recursos humanos. As vendas externas de alimentos, bebidas e fumo – principal item da balança indústria do País – recuaram, enquanto as de produtos madeireiros, de papel e celulose e produtos gráficos cresceram. Registre-se a maior exportação de têxteis, artigos de vestuário e calçados, produtos que enfrentaram dificuldades durante o período de apreciação do real.
Bens de Alta Intensidade Tecnológica. O conjunto de bens produzidos pelas atividades intensivas em tecnologia presenciou déficit expressivo, o segundo maior da história, de US$ 30,1 bilhões, magnitude só superada pelo déficit de 2013. Dos cinco ramos que constituem essa faixa, apenas um logrou superávit. As vendas para o exterior declinaram 0,7%, reduzindo ainda mais esse fluxo, de pouca expressão, ficando em US$ 9,6 bilhões. As importações atingiram US$ 40,4 bilhões, queda de 3,0% frente ao ano anterior.
Os equipamentos aeronáuticos e aeroespaciais conformaram o único grupo dessa faixa a constar do quadrante 1, com superávit de US$ 1,0 bilhão e exportações crescendo 4,5%, alcançando US$ 5,8 bilhões. As importações, a seu turno, declinaram 3,0%, ficando em US$ 4,8 bilhões.
Os três ramos de bens típicos do complexo eletrônico, como tem sido a tônica, concorreram sobremaneira para o déficit dos produtos da indústria de alta intensidade tecnológica. Os três ficaram no terceiro quadrante, i.e., além de deficitários, suas exportações retrocederam. Nos três casos, também as importações perderam ímpeto em 2014. As vendas externas de equipamentos de áudio, vídeo e telecomunicações (inclusive componentes eletrônicos) declinaram 20,2%, enquanto as aquisições do exterior tiveram variação de -1,4%, com o déficit, de US$ 12,4 bilhões, quase se equiparando ao patamar recorde de 2013. Já os materiais de escritório e informática tiveram recuo de 27,8% nas exportações, com diminuição de 4,3% nas importações, provocando déficit de US$ 6,5 bilhões. Mesmo sendo o ano de 2014 de Copa do Mundo de Futebol, a grandeza dessas variações chama a atenção. Ademais, desde 2009, as exportações de áudio, vídeo e telecomunicações têm caído. Quanto ao terceiro segmento do complexo eletrônico, de equipamentos e instrumentos médico-hospitalares, ótico e de precisão, suas exportações declinaram 0,1% e suas importações retrocederam 6,0%. Isso não impediu um déficit de monta, de US$ 6,3 bilhões, o segundo maior da série.
Os produtos farmacêuticos experimentaram saldo negativo de US$ 6,5 bilhões, um pouco menor do que o déficit observado no ano anterior. Mas tal retração não decorreu de incremento nas vendas para fora do País: estas ficaram em US$ 1,9 bilhão, diminuição de 1,9% frente a 2013. As importações declinaram 1,6%.
Bens de Média-alta Intensidade Tecnológica. As vendas externas de produtos das atividades de média-alta intensidade tecnológica recuaram 13,5% em 2014 vis-à-vis 2013, ficando em US$ 34,4 bilhões. Trata-se da terceira queda seguida. Por sua vez, as importações declinaram 7,4%. Apesar dessa retração ter sido inferior a das exportações, foi o suficiente para diminuir o déficit dos bens em tela – de US$ 61,6 bilhões para US$ 59,5 bilhões. De qualquer forma, não só essa faixa consta da terceira casa no gráfico de dispersão – déficit e exportação cadente em 2014 – como também permanece com o pior saldo dentre as quatro faixas.
Os produtos químicos (exclusive farmacêuticos) experimentaram variações negativas quer para as exportações – queda de 1,7% – quer para as importações – diminuição de 0,4%. Esses bens continuam tanto com o maior déficit comercial, de US$ 27,1 bilhões, quanto com o maior montante importado, US$ 37,1 bilhões, dentre todos os grupamentos de mercadorias tipicamente produzidos pela indústria de transformação. As exportações ficaram em US$ 10,0 bilhões.
Os equipamentos de transporte fabricados por indústrias de médio-alta intensidade tecnológica totalizaram déficit de US$ 10,9 bilhões. Os produtos automobilísticos responderam por si só por um déficit de US$ 9,5 bilhões, fechando o ano de 2014 com saldo negativo recorde. As exportações de produtos automobilísticos declinaram 28,3%, ficando em US$ 11,4 bilhões, enquanto as importações retrocederam 13,4%. Quanto ao grupo dos equipamentos ferroviários e outros de transporte (motocicletas, entre outros), suas exportações retrocederam 26,0%, com as importações aumentando 22,5%, levando a um déficit de US$ 1,3 bilhão.
Já as máquinas e equipamentos mecânicos ou não especificados noutros segmentos e as máquinas elétricas, registraram quedas acentuadas nas importações. O País importou 12,6% menos das primeiras e 8,6% menos das máquinas elétricas. As exportações de máquinas e equipamentos mecânicos ou não especificados declinaram 4,4%, resultando em montante de US$ 9,4 bilhões e, por conseguinte, em déficit de US$ 14,4 bilhões. Quanto às máquinas elétricas, suas exportações retrocederam 4,9%, resultando em saldo negativo de US$ 7,1 bilhões. Nos dois segmentos, os déficits caíram no contraponto com 2013, o que não deve ser motivo de comemoração: o baixo investimento explica em larga medida a menor magnitude dos respectivos déficits.
Bens de Média-baixa Intensidade Tecnológica. As vendas externas de bens tipicamente provenientes de ramos de média-baixa intensidade tecnológica declinaram 13,3% em 2014 frente a 2013, ficando em US$ 32,0 bilhões. As importações recuaram 1,6%. Assim, essa faixa não só figurou no terceiro quadrante do gráfico de dispersão – situação de déficit com queda nas exportações – como também observou seu pior resultado comercial na história. Vale lembrar que até 2009, tais bens registravam saldo positivo pela série iniciada em 1989.
O intercâmbio dos produtos típicos das indústrias de média-baixa intensidade tecnológica se comporta muito em função de dois agrupamentos de bens: produtos metálicos, com destaque para a siderurgia; e bens derivados de petróleo refinado, outros combustíveis e afins.
O Brasil exportou para o exterior US$ 4,2 bilhões de produtos de petróleo refinado e afins, 13,0% menos do que no ano anterior. Já as aquisições externas, retrocederam 0,7%. Com isso, o déficit cresceu de US$ 15,4 bilhões em 2013 para US$ 15,9 bilhões em 2014. Este foi o segundo pior déficit observado para os bens em pauta.
As magnitudes dos déficits em produtos de petróleo refinado e afins costumavam ser mais do que compensadas pelos superávits de produtos metálicos, mormente da siderurgia. Essa situação mudou desde 2010. O superávit dos produtos metálicos e da siderurgia ficou em US$ 6,8 bilhões no ano passado. Suas exportações subiram 7,8%, chegando a US$ 20,7 bilhões, fazendo esse ramo figurar na primeira caixa do gráfico de dispersão: superávit com ampliação das vendas para fora do País. Ainda assim foi exportado em 2014 menos do que nos anos de 2008, 2011 e de 2012, em termos de dólares correntes. As importações caíram 2,0%.
Passando para os grupos de bens de menor expressão, os produtos de minerais não-metálicos tiveram novo déficit, de US$ 74 milhões, o quarto déficit seguido, sendo tais anos os únicos a registrarem déficit em toda a série iniciada em 1989. As exportações até se recuperaram, crescendo 4,0% e chegando a US$ 2,1 bilhões, patamar abaixo do já logrado em 2006 e em 2007. As importações desses bens caíram 8,9%, permitindo uma redução no déficit frente ao ano anterior.
Os produtos plásticos e de borracha, por sua vez, viram suas exportações diminuírem 3,7 % em 2014, enquanto as importações recuaram 5,7%. Tais variações concorreram para que o saldo desses itens tivesse déficit de US$ 3,4 bilhões, ligeiramente abaixo do déficit recorde observado no período equivalente de 2013.
O intercâmbio de embarcações, navios etc. registrou superávit de US$ 1,2 bilhão no ano passado. O superávit ficou aquém do logrado em 2013igual acumulado do ano anterior, mas, mesmo assim, foi o terceiro melhor resultado desde 1989. As exportações, porém, recuaram 72,7%, ficando em US$ 2,2 bilhões.
Bens de Baixa Intensidade Tecnológica. Em 2014 O Brasil exportou 3,8% menos gêneros típicos da indústria de baixa intensidade tecnológica, com isso vendeu US$ 57,4 bilhões para o exterior. Em paralelo, as importações cresceram 2,3%. Assim, ainda que bastante expressivo, o superávit do segmento diminuiu de US$ 40,8 bilhões em 2013 para US$ 38,1 bilhões.
O fato de ser a única dos quatro faixas por intensidade tecnológica com superávit fez com que fosse a também a única delas a ficar de fora do quadrante 3 – déficit com redução nas exportações – situando-se na caixa 4: superávit com declínio das vendas externas. Tal condição decorre sobretudo do saldo dos bens industriais de alimentação, bebidas e fumo, cuja balança logrou superávit de US$ 34,1 bilhões no ano passado. Todavia, a exemplo do segmento de baixa intensidade como um todo, tal superávit ficou aquém do registrado em 2013. De fato, suas vendas externas declinaram 6,5%, ficando em US$ 41,5 bilhões, enquanto as importações cresceram 4,7%.
O intercâmbio de produtos do segmento madeireiro, de papel e celulose, impressão gráfica e afins teve superávit de US$ 7,2 bilhões em 2014, o melhor resultado da série iniciada em 1989. Nesse caso, as exportações contribuíram para tanto, com incremento de 3,2%, galgando US$ 9,5 bilhões, também recorde. Quanto às importações, estas caíram 4,0%. Apesar desse desempenho, não logrou contrabalançar a redução no superávit de alimentos, bebidas e fumo, fazendo com que a magnitude do superávit de toda o segmento de baixa intensidade caísse.
Os dois outros grupos de bens típicos da indústria de baixa intensidade têm registrado déficit nos últimos anos. As exportações produtos diversos ou reciclados declinaram 2,4%, enquanto as aquisições do exterior recuaram 3,5%. Esse ramo ficou com a balança deficitária em US$ 1,1 bilhão. Os produtos das indústrias têxtil, de vestuário, couro e calçados, a seu turno, tiveram comportamento distinto, ocupando o quadrante 2 do gráfico de dispersão para 2014: suas exportações cresceram 7,2%, mais do que aumentaram as importações, taxa de 3,8%. Com isso, o País exportou US$ 5,3 bilhões desses itens, com o déficit ficando em US$ 2,2 bilhões, um pouco aquém dos déficits sofridos em 2012 e em 2013. Resta saber se essa melhor performance exportadora se manterá.
Os dois agrupamentos de bens logo acima se diferenciam bastante dos superavitários dessa mesma faixa. Os produtos têxteis, vestuário, calçados e artigos de couro, são intensivos em mão-de-obra, em que pese parcela deles ser susceptível a estratégias de diferenciação de produtos. Estes foram impactados pela taxa de câmbio apreciada do passado recente. O incremento das exportações pode ser sinalização da própria depreciação cambial a que vem se observando no País. Já os gêneros das indústrias de alimentos, bebidas, madeireiras, por sua vez, em seus processos produtivos usam intensivamente recursos naturais, nos quais o Brasil é notadamente abundante.