Carta IEDI
Novembro de 2014: Produção Recua nos Principais Centros Industriais e Emprego tem Queda Generalizada
Sumário
A indústria brasileira não foi bem no final do ano passado. É o que mostram seus índices de produção e emprego. De fato, em novembro, a produção industrial caiu 0,7%, em decorrência da retração das atividades produtivas em sete de catorze localidades pesquisadas pelo IBGE. Quem mais puxou para baixo o índice de produção industrial foram os estados de São Paulo (com diminuição de 2,3% de sua produção), Minas (–2,6%), Amazonas (–4,0%) e Santa Catarina (–1,9%) – todas as taxas com relação ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
Os números muito negativos da indústria nacional em 2014 refletiram o fraco desempenho das economias doméstica e internacional, bem como as expectativas nada positivas do empresariado brasileiro. No acumulado janeiro-novembro, a produção industrial geral caiu 3,2%. São muito graves as constatações de que em São Paulo, principal parque industrial do País, a produção caiu 6,0% no mesmo acumulado, que no segundo maior centro industrial, o Rio de Janeiro, a produção industrial recuou 3,2% e que em Minas Gerais, terceiro maior, 2,8%.
Além desses três estados, a produção industrial diminuiu em mais seis dos quinze locais pesquisados pelo IBGE no acumulado do período janeiro-novembro do ano passado. As atividades produtivas caíram no Paraná (–6,2%), no Rio Grande do Sul (–4,8%), no Amazonas (–3,8%), no Ceará (–3,2%), na Bahia (–2,9%), e Santa Catarina (–2,0%). Por outro lado, a produção industrial caiu 2014 até novembro no Pará (8,8%), no Espírito Santo (5,0%), no Mato Grosso (2,9%), em Goiás (2,3%) e em Pernambuco (1,1%). A Região Nordeste não avançou.
Os recuos decorrem da menor produção de bens de capital, bens duráveis (sobretudo automóveis) e bens intermediários, ou seja, têm caráter generalizado. Os estados do Pará e do Espírito Santo, onde a produção avançou em 2014, foram favorecidos pela recuperação parcial da produção de minério de ferro. Vale lembrar que, em 2013, quando a produção da indústria em geral cresceu 2,1%, a produção industrial do Pará e do Espírito Santo recuou, respectivamente, 1,9% e 4,2%.
Na indústria de São Paulo, o ano de 2014 será marcado como o segundo pior resultado na série de produção física do IBGE, iniciada em 2003 – o resultado mais negativo ocorreu em 2009 (–7,4%), quando os principais efeitos da crise internacional se fizeram presentes.
Com relação ao emprego industrial, o número de ocupados na indústria brasileira caiu 0,4% em novembro com relação a outubro – considerados os ajustes sazonais – e passou a acumular queda de 3,1% nos onze primeiros meses do ano passado. Em 2014, teremos o segundo resultado mais negativo da ocupação industrial registrado na série histórica do IBGE iniciada em 2003 – o pior resultado ocorreu em 2009 (–5,0%), decorrente dos efeitos do ápice da crise internacional. A crise do emprego industrial evidenciou-se nos anos de 2012 (–1,4%) e 2013 (–1,1%), mas, no ano passado, ela se mostrou mais grave: atingiu fortemente os setores de alta tecnologia e é bastante acentuada nos principais centros industriais do País.
De fato, no período janeiro-novembro de 2014, a retração do número de ocupados na indústria nacional (–3,1%) decorreu do fechamento de postos de trabalho em treze dos catorze locais e em dezesseis dos dezoito setores investigados pelo IBGE. Entre os locais, destaca-se a queda de 4,3% do número de ocupados no principal parque industrial brasileiro, o de São Paulo – vale observar, 2014 vai se configurando como o pior resultado da indústria paulista na série histórica de emprego do IBGE. No Rio de Janeiro e em Minas, outros dois grandes centros industriais do País, o emprego industrial recuou igualmente 2,7% nos onze primeiros meses de 2014.
Em termos setoriais, ainda considerando o acumulado janeiro-novembro, o emprego industrial encolheu não somente em setores tradicionais da economia brasileira, como os de calçados e couro (–8,0%), vestuário (–3,4%) e produtos têxteis (–4,5%), mas também em setores de ponta, de alta tecnologia, como os de máquinas e equipamentos (–5,6%), meios de transporte (–5,2%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–7,0%) e refino de petróleo e produção de álcool (–7,7%).
A evolução do emprego industrial só dará sinais de melhoras quando a atividade produtiva da indústria se recuperar de modo mais consistente, algo que não se espera para este início de ano.
Produção Industrial Regional. Em novembro, na série com ajuste sazonal, a redução de ritmo observada na produção industrial nacional foi acompanhada por sete dos quatorze locais pesquisados pelo IBGE no Brasil. Os recuos mais acentuados ocorreram no Amazonas (–4,0%), Minas Gerais (–2,6%), São Paulo (–2,3%) e Santa Catarina (–1,9%). Por outro lado, Pernambuco (5,3%), Rio de Janeiro (2,5%) e Espírito Santo (1,7%) mostraram os maiores avanços, enquanto Nordeste (1,0%), Paraná (0,9%), Pará (0,8%) e Bahia (0,6%) tiveram expansões mais moderadas.
Em relação a novembro de 2013, o setor industrial recuou 5,8%, com onze dos quinze locais pesquisados acompanhando esse movimento de queda. Os recuos mais intensos foram no Amazonas (–16,9%), São Paulo (–9,9%), Minas Gerais (–8,5%) e Paraná (–8,0%). Ceará (–6,8%) e Rio Grande do Sul (–6,5%) também apontaram quedas mais acentuadas que a média nacional (–5,8%), enquanto Rio de Janeiro (–3,6%), Santa Catarina (–3,4%), Pernambuco (–2,2%), Região Nordeste (–0,9%) e Bahia (–0,5%) completaram o conjunto de locais com taxas negativas em novembro de 2014.
Por outro lado, Espírito Santo (11,7%) assinalou o avanço mais intenso nesse mês, impulsionado, em grande parte, pelo comportamento positivo vindo do setor extrativo (minérios de ferro pelotizados e óleos brutos de petróleo). Os demais resultados positivos foram observados em Goiás (7,4%), Pará (7,0%) e Mato Grosso (6,3%).
No acumulado no ano, houve reduções em dez dos quinze locais pesquisados, e quatro recuaram com intensidade maior do que a da média da indústria (–3,2%): Paraná (–6,2%), São Paulo (–6,0%), Rio Grande do Sul (–4,8%) e Amazonas (–3,8%). Completaram o conjunto de locais com resultados negativos: Rio de Janeiro (–3,2%), Ceará (–3,2%), Bahia (–2,9%), Minas Gerais (–2,8%) e Santa Catarina (–2,0%).
Nesses locais, o menor dinamismo foi particularmente influenciado por fatores relacionados à redução na fabricação de bens de capital (em especial aqueles voltados para equipamentos de transportes – caminhão–trator para reboques e semirreboques, caminhões e veículos para transporte de mercadorias), bens intermediários (autopeças, produtos têxteis, produtos siderúrgicos, produtos de metal, petroquímicos básicos, resinas termoplásticas e defensivos agrícolas) e bens de consumo duráveis (automóveis, eletrodomésticos da “linha branca”, motocicletas e móveis).
Por outro lado, Pará (8,8%) e Espírito Santo (5,0%) assinalaram as expansões mais elevadas, impulsionados em grande parte pelo comportamento positivo vindo do setor extrativo. Adicionalmente, Mato Grosso (2,9%), Goiás (2,3%) e Pernambuco (1,1%) também apontaram taxas positivas no índice acumulado do ano, enquanto a Região Nordeste (0,0%) repetiu o patamar do mesmo período do ano anterior.
Amazonas. No confronto com novembro de 2013, constatou–se queda de 16,9%, pressionada, em grande parte, pela redução na produção dos setores de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (–25,4%), bebidas (–21,8%) e outros equipamentos de transporte (–21,3%). No acumulado no ano de 2014, a produção industrial apresentou queda de 3,8%, sob influência do setor de impressão e reprodução de gravações (–11,3%) e de outros equipamentos de transporte (–9,9%).
São Paulo. Em novembro, a indústria paulista apresentou contração de 9,9% na comparação com novembro de 2013; essa taxa foi condicionada pelos setores de: produtos alimentícios (–22,5%), máquinas e equipamentos (–13,3%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (–8,1%), metalurgia (–10,3%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–9,9%), entre outros. A principal contribuição positiva nessa comparação veio de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (11,4%). No acumulado no ano de 2014 a produção industrial recuou 6,0%, com destaque para os setores de: veículos automotores, reboques e carrocerias (–16,9%), máquinas e equipamentos (–9,9%), metalurgia (–11,1%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–7,3%) e produtos de metal (–7,8%), entre outros. As principais contribuições positivas estiveram a cargo de outros equipamentos de transporte (12,4%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (4,2%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (4,8%).
Emprego Industrial. Em novembro, o emprego industrial assinalou queda de 0,4% em comparação ao mês imediatamente anterior na série livre de efeitos sazonais. Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o contingente de trabalhadores no setor industrial assinalou decréscimo de 4,7%, trigésima oitava taxa negativa nesta comparação. No acumulado entre janeiro e novembro de 2014 frente a igual período de 2013, o emprego fabril registrou queda de 3,1%. No acumulado nos últimos doze meses em relação a período imediatamente anterior, o emprego obteve decréscimo de 3,0%, comparativamente a –2,8% obtido em outubro.
Regionalmente, no confronto entre novembro de 2014 e novembro de 2013, o emprego industrial recuou em todas as regiões pesquisadas pelo IBGE. O principal impacto negativo foi observado em São Paulo (–6,1%), seguido por Minas Gerais (–4,5%), Região Nordeste (–3,8%), Paraná (–4,8%), Rio Grande do Sul (–4,4%) e Região Norte e Centro–Oeste (–4,2%).
No acumulado entre janeiro e novembro em comparação aos mesmos onze meses de 2013, 13 localidades apresentaram queda no contingente de pessoal ocupado, com destaque para a São Paulo (–4,3%), seguido pelo Rio Grande do Sul (–4,3%), Paraná (–4,3%), Minas Gerais (–2,7%), Região Nordeste (–1,9%), Rio de Janeiro (–2,7%) e Região Norte e Centro–Oeste (–1,4%). Pernambuco (0,4%), por sua vez, exerceu a única pressão positiva nesta comparação.
Na comparação com mesmo mês do ano anterior, houve queda do emprego em dezesseis dos dezoito ramos pesquisados. Os segmentos que representaram as maiores contribuições negativas foram: alimentos e bebidas (–4,0%), meios de transporte (–7,7%), produtos de metal (–8,3%), máquinas e equipamentos (–6,6%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–8,2%), calçados e couro (–7,9%), vestuário (–4,8%), outros produtos da indústria de transformação (–6,5%) e metalurgia básica (–5,8%). As duas influências positivas sobre a média da indústria ocorreram nos setores de produtos químicos (1,0%) e de minerais não–metálicos (0,1%).
No acumulado do ano, dentre os dezesseis setores a apresentar queda no emprego industrial, as contribuições negativas mais significativas vieram de produtos de metal (–7,2%), máquinas e equipamentos (–5,6%), meios de transporte (–5,2%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–7,0%), calçados e couro (–8,0%), vestuário (–3,4%), outros produtos da indústria de transformação (–4,3%), produtos têxteis (–4,5%) e refino de petróleo e produção de álcool (–7,7%). Por outro lado, os setores de produtos químicos (1,5%) e minerais não–metálicos (0,8%) responderam pelos impactos positivos.
Número de Horas Pagas. O número de horas pagas obteve redução de 0,9% na passagem entre outubro e novembro na série livre dos efeitos sazonais. No confronto com o mesmo mês do ano anterior, a quantidade de horas pagas aos trabalhadores assinalou decréscimo de 5,5%. Regionalmente, os maiores impactos negativos vieram de São Paulo (–7,3%), Região Nordeste (–5,4%), Minas Gerais (–5,2%), Paraná (–5,9%), Região Norte e Centro–Oeste (–4,5%) e Rio Grande do Sul (–4,8%). Na comparação acumulada no ano passado até novembro, houve recuo no número de horas pagas de 3,7%, enquanto nos últimos doze meses encerrados em novembro de 2014, a variação foi de –3,6%.
Folha de Pagamento Real. No mês de novembro, a folha de pagamento real na indústria apresentou queda de 2,6% em relação ao mês anterior, na série livre dos efeitos sazonais. Frente a novembro de 2013 o resultado apresentou queda de 5,6%. Esse desempenho deveu–se ao decréscimo da folha de pagamento real em treze das catorze localidades e todos os setores pesquisados. No acumulado dos onze primeiros meses de 2014, a folha de pagamento real da indústria nacional decresceu 0,8% contra igual período de 2013. Nos últimos 12 meses encerrados em novembro, a variação foi de –1,0%.