Carta IEDI
Saindo da Recessão Técnica com Longo Caminho pela Frente: A Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica
Pelas Contas Nacionais Trimestrais (CNT) do IBGE (série dessazonalizada), o PIB do País saiu da recessão técnica, mas ficando praticamente estagnado, variação de 0,1% no terceiro trimestre do ano frente ao trimestre imediatamente anterior. No confronto com julho-setembro de 2013, o Brasil sofreu retração de 0,2%. Tais resultados contribuíram para uma taxa pífia de 0,2% no acumulado do ano até setembro de 2014, bem como uma variação de 0,7% na comparação entre quatro trimestres e igual acumulado anterior.
Em termos setoriais, o trimestre (dados livres de sazonalidade) apontou recuperação da indústria, expansão de 1,7%, com os serviços crescendo 0,5%, mas a agropecuária recuando 1,9%. Dentro da indústria, todas as quatro seções cresceram, destaque para a recuperação dos segmentos que há quatro trimestres amargavam uma recessão: indústria de construção (+1,3%) e indústria de transformação (+0,7%). No acumulado do ano, a indústria se retraiu (-3,3%) segurando a economia, dadas as expansões da agropecuária e dos serviços que cresceram 0,9% em ambos os casos.
A recuperação do investimento fixo no penúltimo trimestre do ano na comparação com abril-junho de 2014 (1,3%) seria um bom indicativo se a base de comparação não fosse tão baixa, já que o declínio aí apurado foi de 5,2%. Ademais, a continuidade do crescimento das inversões, assim como, do setor industrial, não está assegurada, mormente em um contexto de contenção dos gastos públicos e elevação da taxa de juros.
Saindo das contas nacionais e atendo-se à Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF), pode-se olhar em detalhe a indústria de transformação, dividindo-a em quatro faixas de intensidade tecnológica: alta intensidade, média-alta, média-baixa e baixa intensidade tecnológica.
- No acumulado até setembro do ano, somente a faixa de alta intensidade logrou crescimento, em contraste com a redução da produção física das demais faixas, com destaque para o forte recuo do conjunto de atividades de média-alta intensidade.
- A faixa de alta intensidade se beneficiou de demandas de ano de Copa, principalmente no primeiro trimestre do ano e na retomada de determinados itens no terceiro trimestre. A produção de aparelhos de TV concorreu para tanto devido ao efeito Copa. Daí o forte revés em meses subsequentes contribuindo para a menor produção de eletrodomésticos da linha marrom tanto no mês quanto no terceiro trimestre em relação a igual período de 2013. Já a fabricação de bens de informática e escritório e a de produtos farmacêuticos têm crescido justo no pós-Copa.
- Quanto à média-alta intensidade, o fato a considerar é que este segmento sofreu o maior recuo nos nove primeiros meses do ano, de 10,3%, por conta dos retrocessos quer nas atividades associadas à produção de bens de capital, quer da indústria automotiva. Tanto o mês quanto o trimestre de encerramento do acumulado também foram de retração, de 8,2% e de 11,6%, respectivamente. Em doze meses, o declínio foi de 7,6%.
- A faixa de média-baixa também registrou retração em todas as bases comparativas, mas com grandezas bem menores. Apresentou retrações em setembro (-0,1%) e no terceiro trimestre (-2,5%), contribuindo para as quedas de 2,3% no acumulado do ano e de 1,4% em doze meses. A produção física dessa segmentação é ditada sobremaneira pela produção de bens metálicos, incluindo a siderurgia, e a de produtos de petróleo refinado, álcool e afins.
- Por fim, o segmento de baixa intensidade teve comportamento similar ao de média-baixa, com recuos de 3,1% em setembro e de 2,9% no terceiro trimestre, concorrendo para as retrações de 1,6% no acumulado do ano e de 1,5% em doze meses. As performances em setembro e no terceiro trimestre foram em muito influenciadas pela menor produção das indústrias alimentícias, de bebidas e fumo.
Uma Visão Geral da Indústria de Transformação. Conforme as Contas Nacionais Trimestrais (CNT) do IBGE e a tabela a seguir, pela série dessazonalizada, o PIB do País saiu da chamada recessão técnica, mas ficando praticamente estagnado, variação de 0,1% no terceiro trimestre do ano frente ao trimestre imediatamente anterior. No confronto com julho-setembro de 2013, o Brasil sofreu retração de 0,2%. Esses resultados contribuíram para um incremento pífio de 0,2% no acumulado até setembro de 2014, bem como uma taxa de 0,7% na comparação entre quatro trimestres e igual acumulado anterior.
Em termos setoriais, o desempenho no trimestre (dados livres de sazonalidade) apontou recuperação da indústria, com expansão de 1,7%, com os serviços crescendo 0,5%, mas com a agropecuária recuando 1,9%. Dentro da indústria, todas as quatro seções cresceram. No contraponto com o mesmo trimestre de 2013, os serviços e a agropecuária cresceram 0,5% e 0,2%, respectivamente, enquanto a indústria retrocedeu 1,5%, devido às retrações da indústria de transformação e da construção civil. Desse modo, no acumulado do ano, a indústria se retraiu, segurando a economia, dadas as expansões da agropecuária e dos serviços. O mesmo vale para a comparação entre quatro trimestres. Seja no acumulado do ano seja no acumulado em quatro trimestres, a indústria extrativa e os serviços industriais de utilidade pública (SIUP) cresceram, mas a indústria de transformação e a construção retrocederam, levando a indústria como um todo a diminuir.
A tabela traz também números da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) do IBGE para setembro, destacando-se a retração de 3,9% da indústria de transformação no acumulado dos nove meses iniciais frente a igual período de 2013. O resultado difere daquele das CNT pelo fato da PIM-PF elaborar os dados em base fixa, enquanto as CNT requerem que os números sejam obtidos em base móvel. A queda mencionada concorreu para o recuo de 2,9% da indústria geral, mesmo com a indústria extrativa crescendo 5,4%.
Cumpre notar que na comparação entre meses de setembro, a indústria de transformação declinou 8,1%, com o agravante de, na série dessazonalizada, ter sofrido variação de -0,1%. No comparativo pelo acumulado em doze meses, o País registrou queda de 2,9%. Desde abril que, por essa base de comparação, a taxa tem diminuído, passando a ser negativa em junho.
O fato é que a produção física da indústria de transformação tem claudicado depois de 2010. Tal processo tem sido acompanhado pela deterioração da balança comercial dos bens tipicamente oriundos da indústria de transformação. A intermitência da produção física não só coincide com a gradativa perda de dinamismo do mercado doméstico, mesmo com este possibilitando as baixas taxas de desocupação que o Brasil tem logrado, como também expressa a cunha entre a produção industrial e o desempenho do comércio varejista. Assim, o retrocesso no acumulado de 3,9%, foi acompanhado de déficit comercial de seus produtos típicos chegando a US$ 49,2 bilhões em janeiro-setembro de 2014, o segundo maior da história para esse período e com as exportações em dólares correntes caindo.
A Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica. A análise a seguir contempla a indústria de transformação, agrupando suas atividades em quatro segmentos segundo a intensidade tecnológica conforme procedimento adotado pela OCDE, a saber, alta intensidade, media-alta, média-baixa e baixa intensidade. Para tanto o primeiro semestre é abordado a partir dos dados da PIM-PF.
Cumpre ressaltar que, com as mudanças metodológicas pelas quais a PIM-PF passou, utilizou-se a indústria de transformação sem considerar a atividade de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos. Tal ramo passou a ser descriminado na versão mais recente da Classificação Industrial Internacional Uniforme (CIIU) e, por conseguinte, na versão 2 da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). Abaixo estão expostos resultados selecionados para as quatro faixas de intensidade tecnológica, ressalvando-se que tais estimativas para a classificação da OCDE continuam sujeitas a ajustes.
No acumulado até setembro do ano, somente a faixa de alta intensidade logrou crescimento, em contraste com a redução da produção física das demais faixas, com destaque para o forte recuo do conjunto de atividades de média-alta intensidade.
A faixa de alta intensidade se beneficiou de demandas de ano de Copa, principalmente no primeiro trimestre do ano. A fabricação de aparelhos de TV concorreu para o resultado do complexo eletrônico no acumulado até setembro devido a isso. Daí também o forte revés em meses subsequentes: o IBGE assinalou queda na produção desse item, contribuindo para o declínio na produção de eletrodomésticos da linha marrom tanto no mês quanto no terceiro trimestre em relação a igual período de 2013. Já a fabricação de bens de informática e escritório tem crescido justo no pós-Copa. A produção de farmacêuticos também se destacou em setembro e no terceiro trimestre.
Quanto ao segmento de média-alta intensidade, este, em contrapartida, sofreu o maior recuo nos nove primeiros meses do ano, de 10,3%, por conta dos retrocessos quer nas atividades associadas à produção de bens de capital, quer da indústria automotiva. Tanto o mês quanto o trimestre de encerramento do acumulado também foram de retração, de 8,2% e de 11,6%, respectivamente. Em doze meses, o declínio foi de 7,6%.
A faixa de média-baixa também registrou retração em todas as bases comparativas expostas na tabela, mas com grandezas bem menores. Apresentou retrações em setembro (-0,1%) e no terceiro trimestre (-2,5%), contribuindo para as quedas de 2,3% no acumulado e de 1,4% em doze meses. A produção física dessa segmentação é ditada sobremaneira pela produção de bens metálicos, incluindo a siderurgia, e a de produtos de petróleo refinado, álcool e afins.
O segmento de baixa intensidade teve comportamento similar ao de média-baixa, com recuos de 3,1% em setembro e de 2,9% em julho-setembro, concorrendo para as retrações de 1,6% no acumulado do ano e de 1,5% em doze meses. As performances em setembro e no terceiro trimestre foram em muito influenciadas pela menor produção das indústrias alimentícias, de bebidas e fumo.
Alta Intensidade Tecnológica. O incremento de 4,5% na comparação entre acumulados até o nono mês de 2014 e de 2013 se deveu, de um lado, ao primeiro trimestre favorável à produção de bens eletrônicos, mormente aparelhos de TV por conta da Copa do Mundo e, de outro, ao dinamismo tanto de bens de informática e de escritório, quanto de produtos farmacêuticos em julho-setembro. A balança comercial dos produtos tipicamente originários desse segmento teve seu segundo maior déficit na história para janeiro-setembro, déficit de US$ 23,9 bilhões. A maioria das atividades dessa faixa se caracteriza por produzir bens complexos com várias etapas e inseridos em cadeias globais de valor bastante extensas, a exemplo da aeronáutica e dos segmentos do complexo eletrônicos.
A indústria farmacêutica difere da maioria por não produzir bens montados. Porém tem sido uma das atividades que vem conferindo dinamismo a faixa de intensidade mesmo no pós-Copa. No acumulado cresceu 5,9%, com o mês de setembro e o terceiro trimestre puxando tal desempenho, com taxas de 8,6% e 6,4%, respectivamente. Em doze meses a produção cresceu 2,6%. Em que pese o incremento da produção física no acumulado até setembro, nesse período o déficit comercial dos produtos farmacêuticos continuou elevado, saldo negativo de US$ 5,0 bilhões, abaixo apenaste do observado em janeiro-setembro de 2013. Ademais, o aumento da produção física ocorreu com as exportações em dólares correntes caindo 2,8% em relação a igual acumulado de 2013.
Quanto aos ramos do complexo eletrônico, sua expansão de 3,6% no acumulado até o nono mês teve diferentes protagonistas em momentos distintos. Tomando-se a fabricação de equipamentos de rádio, TV e comunicação, inclusive componentes eletrônicos, seu incremento de 4,5% em janeiro-setembro e de 7,4% em doze meses foi devido aos meses iniciais do ano por conta da Copa. Daí o baixo dinamismo posterior se revela, com declínio de 7,4% em setembro e de 10,7% no trimestre. Com foco no mercado doméstico, as exportações dos bens típicos dessa atividade têm recuado desde meados dos anos 2000: na comparação entre janeiro-setembro e igual período de 2013, a retração foi de 23,7%. Ao incluir componentes eletrônicos usados em bens finais não só dessa mas de uma miríade de atividades, a balança comercial vem se deteriorando atingindo seu ápice em janeiro-setembro de 2014: US$ 9,4 bilhões. Aliás, se aumenta a produção interna dessa indústria e do restando do complexo eletrônico, voltados para o mercado interno, a balança tende a piorar pela necessidade de importar bens intermediários eletrônicos.
Passando para a fabricação de bens de informática e escritório, consiste na atividade dentro do complexo eletrônico que vem conseguindo manter o dinamismo. Logrou expansão de 8,1% no acumulado do ano, com contribuição do mês de setembro, 11,2%, e do terceiro trimestre, 12,4%. A balança dos bens de informática e de escritório teve déficit de US$ 5,0 bilhões, com o agravante do recuo de 27,5% de suas exportações.
Já a produção de equipamentos médico-hospitalares, instrumentos de precisão e material ótico e fotográfico experimentou forte retração em todas as bases de comparação: retração de 19,9% no acumulado do ano, destacando-se os fortes retrocessos em setembro, queda de 35,7%, e no terceiro trimestre, de 37,6%. O déficit em produtos típicos da atividade chegou a US$ 4,8 bilhões.
Média-alta Intensidade Tecnológica. A produção física do segmento de média-alta foi a que mais retrocedeu, 10,3%, na comparação entre janeiro-setembro de 2014 e de 2013. Aliás, nenhuma atividade dessa faixa cresceu nessa base comparativa, nem em doze meses ou no contraponto entre meses de setembro ou entre terceiros trimestres. Em setembro a queda da faixa foi de 8,2%, no terceiro trimestre, o recuo foi maior, de 11,6%. O déficit dos produtos típicos desse segmento chegou a US$ 45,0 bilhões, o segundo pior para o acumulado até o nono mês, só aquém do observado em 2013. Registre-se que as exportações em dólares correntes declinaram 11,4% no acumulado do ano.
A produção da indústria química caiu 3,0% no acumulado até setembro, queda puxada pelo próprio desempenho em setembro, taxa de -3,8, com queda de 3,7% em julho-setembro. Isoladamente, o saldo comercial dos produtos químicos (exclusive farmacêuticos) apresentou o maior déficit dentre todos os grupos de bens das quatro faixas de intensidade tecnológica, de US$ 20 bilhões, com as exportações em dólares correntes retrocedendo 2,2%.
Contudo o retrocesso da produção física dessa faixa coube mais à fabricação de veículos automotores, com variação de -18,1% no acumulado do ano. Tal retração foi puxada pelo desempenho no terceiro trimestre, diminuição de 20,8% - em setembro, o recuo foi de 14,3%. O déficit comercial em automóveis atingiu cifra recorde de US$ 7,5 bilhões, grandeza esta explicada pelo fato do País ter exportado 26,4% menos no acumulado até setembro.
Já as atividades mais associadas à produção de bens de capital – fabricação de máquinas e equipamentos elétricos; e fabricação máquinas de equipamentos mecânicos e não especificados em outras atividades, estas também viram sua produção declinar em janeiro-setembro, recuo de 7,8% e 4,9%, respectivamente. No contraponto entre meses de setembro, as reduções foram de 5,3% e de 2,4%. A balança comercial de máquinas e equipamentos elétricos registrou déficit de US$ 5,3 bilhões no acumulado até setembro, ligeiramente menor que o déficit de igual período de 2013. Suas exportações em dólares correntes cresceram 0,6% nessa base comparativa. Quanto às máquinas mecânicas ou não especificadas, seu saldo ficou negativo em US$ 11,1 bilhões, abaixo do registrado em igual período de 2013, mas com queda de 0,8% nas vendas externas.
Média-baixa Intensidade Tecnológica. Passando para o segmento de média-baixa intensidade, sua produção caiu 2,3% no acumulado do ano, com o terceiro trimestre concorrendo para tanto: recuo de 2,5%. Nessa faixa, as exportações em dólares correntes até cresceram em janeiro-setembro, 1,0%. Apesar de tanto, o déficit continua expressivo, de US$ 8,5 bilhões, ligeiramente abaixo do déficit recorde observado em janeiro-setembro de 2013. A produção de bens metálicos, que encampa a siderurgia, e a de derivados do refino de petróleo, álcool e afins são as atividades que ditam os comportamentos quer da produção física quer dos fluxos comerciais dos produtos.
Começando pela produção de bens de petróleo refinado, álcool e outros combustíveis, esta conseguiu arrefecer o declínio das demais atividades dessa faixa de intensidade, sendo a única com variação positiva no acumulado do ano, 2,8%, inclusive com incremento de 7,0% em setembro e de 4,7% no terceiro trimestre. Tal expansão não impediu o expressivo o déficit, de US$ 11,6 bilhões, dos produtos típicos da atividade, mas que ficou aquém do déficit recorde experimentado no mesmo período de 2013. Essa discreta melhora foi acompanhada de ligeiro aumento nas exportações, de 0,3%.
Quanto à indústria de produtos metálicos, a ironia ocorre em sentido inverso: sua produção física recuou 8,2%, com o terceiro trimestre concorrendo para o declínio, queda de 10,2% (com recuo de 8,5% em setembro), enquanto o superávit comercial dos produtos metálicos, de US$ 4,5 bilhões arrefeceu o déficit de produtos derivados do refino do petróleo, álcool e afins. Todavia esse superávit já foi maior – o ápice para o acumulado até setembro fora em 2008, quando atingiu US$ 9,0 bilhões. Em que pese a retração da produção física nesse período, as exportações em dólares correntes cresceram 7,6%.
Quanto aos demais ramos da faixa de média-baixa intensidade, a produção de outros produtos minerais não-metálicos declinou 2,1% no acumulado até o nono mês. Suas exportações em dólares correntes até cresceram, 4,8%. Tal aumento não impediu o quarto déficit seguido dos bens dessa atividade, embora tenha reduzido. A fabricação de borracha e produtos plásticos registrou recuo de 4,0% em janeiro-setembro, resultado puxado pela queda de 6,8% no terceiro trimestre. As vendas externas em dólares correntes de borracha e produtos plásticos avançaram 4,2% no acumulado do ano, com a balança apresentando déficit de US$ 2,7 bilhões.
Baixa Intensidade Tecnológica. Quanto ao segmento de baixa intensidade tecnológica, sua produção física caiu 1,6% em janeiro-setembro. O próprio mês de setembro, com queda de 3,1%, concorreu para tanto, assim como o terceiro trimestre, recuo de 2,9%. O superávit das mercadorias tipicamente produzidas por atividades dessa faixa, de US$ 28,1 bilhões, apesar de expressivo e único dentre as faixas de intensidade tecnológica ficou abaixo do experimentado em igual período de 2013, por conta do declínio das exportações.
O principal agrupamento de atividades dessa faixa, as indústrias de alimentos, bebidas e de fumo produziu em janeiro-setembro quase o mesmo que em igual acumulado de 2013: incremento de 0,1%. O resultado do terceiro trimestre, queda de 3,4% puxada pela retração de 5,8% em setembro, concorreu para tanto. Seus produtos foram os principais responsáveis pelo superávit comercial da faixa de baixa intensidade tecnológica, ao obter saldo positivo de US$ 25,4 bilhões. Mas tal resultado deixou a desejar ante o desempenho de igual acumulado do ano anterior, o que se credita à retração de 6,3% nas exportações.
Outro grupo de produtos a lograr superávit no primeiro em janeiro-setembro, aqueles oriundos das indústrias madeireira, de papel e celulose, gráficas e afins, conseguiu saldo maior do que no ano anterior, US$ 5,3 bilhões, patamar recorde. Para tanto, colaborou o acréscimo de 3,5% nas exportações em dólares correntes. Esse número contrasta com a queda de 2,6% na produção física do período. Nesse caso, o mês de setembro atuou em sentido contrário, pois houve expansão de 2,6%.
Os demais segmentos são caracterizados por serem mais intensivos em recursos humanos do que em recursos naturais. Ambos em janeiro-setembro registraram déficit e redução na produção física. As atividades de fabricação de manufaturados não especificados noutras indústrias e de produtos reciclados registraram saldo comercial negativo de US$ 830 milhões, o maior déficit que tal agrupamento já presenciou para janeiro-setembro. Contribuiu para tanto o recuo de 3,0% das exportações. Do mesmo modo que as vendas externas caíram, a produção física retrocedeu: variação negativa de 5,7%. O conjunto das indústrias têxtil, de vestuário, calçados e artigos de couro sofreu queda na produção física de 3,8%. Pari passu, o déficit de seus produtos típicos ficou em US$ 1,7 bilhão, abaixo daqueles observados em igual acumulado de 2012 e de 2013. Nesse caso, a redução no déficit contou com o incremento de 9,6% das exportações em dólares correntes.