Carta IEDI
Terceiro Trimestre de 2014: Produção e Emprego Industriais em Queda
O terceiro trimestre deste ano foi ruim para a indústria regional brasileira, tanto do ponto de vista da produção como do emprego. De fato, ao longo deste ano, a produção industrial veio perdendo ritmo ou piorou em muitos estados do País. Em São Paulo, ela recuou 3,5% no primeiro trimestre, 6,3% no segundo e 7,1% no terceiro – taxas relativas ao mesmo trimestre do ano anterior. No acumulado janeiro-setembro, a produção da indústria paulista decresceu 5,8% frente igual período de 2013. No Rio de Janeiro, segundo maior parque industrial do País, o desempenho da produção industrial também foi negativo nos três primeiros trimestres deste ano: –1,8%, –5,5%, –3,4%, nessa ordem. Tal desempenho levou a indústria fluminense a acumular queda de 3,6% de janeiro a setembro.
A produção da indústria de Minas Gerais, após crescer 3,7% no primeiro trimestre, recuou 5,0% no segundo e 3,5% no terceiro, acumulando queda de 1,8% no período janeiro-setembro. Nos estados do Sul, a evolução da produção não foi diferente: 3,7%, –5,0% e –3,5% no Paraná (respectivamente, no primeiro, segundo e terceiro trimestres deste ano); 1,6%, –4,5%, –2,7% em Santa Catarina (mesma ordem); e 3,4%, –9,9% e –5,8% no Rio Grande do Sul. Na indústria do Nordeste, o avanço de 3,0% da produção no primeiro trimestre foi seguindo de uma queda de 2,9% no segundo e de 2,0% no terceiro.
Vale assinalar que o desempenho da produção em São Paulo em 2014 vai se configurando – com exceção de 2009 – como o pior da série histórica do IBGE, iniciada em 2003. A retração da produção paulista registrada nos primeiros nove meses deste ano (–5,8%) resultou, sobretudo, dos números negativos dos segmentos industriais de veículos automotores, reboques e carrocerias (–16,9%), de máquinas e equipamentos (–9,1%), de outros produtos químicos (–6,7%), de metalurgia (–11,5%), de produtos de metal (–8,9%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–7,0%), de produtos de borracha e de material plástico (–5,0%) e de produtos alimentícios (–1,7%). Pode-se observar nos dados do IBGE que em São Paulo, e mesmo em outras regiões do País, o recuo da produção ocorreu em diferentes segmentos da indústria, ou seja, é um movimento com características mais gerais, e que a tendência negativa da atividade produtiva não tem dado sinais de mudança.
Como reflexo desse desempenho ruim da produção, a evolução do emprego industrial também vem piorando ao longo deste ano. Na comparação trimestre com trimestre imediatamente anterior com ajuste sazonal, as taxas de variação foram: –0,3%, –1,0% e –1,8%, respectivamente, no primeiro, segundo e terceiro trimestres. Ao se comparar o trimestre com o mesmo trimestre de 2013, as taxas são mais negativas: –2,0%, –2,8% e –3,7%, na mesma ordem.
Nos nove primeiros meses de 2014, o emprego industrial acumula queda de 2,8% e provavelmente fechará o ano com uma retração próxima dessa taxa. Será, portanto, um resultado muito pior do que os registrados em 2012 (–1,4%) e 2013 (–1,1%). As perspectivas de curo prazo não são favoráveis, já que o número de horas pagas na indústria também vem caindo ao longo do ano e sua taxa de variação ficou mais negativa (–1,9%) no terceiro trimestre com relação ao segundo, considerando os ajustes sazonais.
Essa crise do emprego industrial é geral. No período janeiro-setembro, observam-se resultados negativos em treze dos catorze locais e em quinze dos dezoito setores investigados pelo IBGE. No principal parque industrial do País, São Paulo, o número de ocupados recua a uma taxa elevadíssima, de –4,0%. Nos outros dois maiores parques, o emprego também caiu de modo significativo no acumulado desse período: –2,2% em Minas e –2,3% no Rio de Janeiro.
Em termos setoriais, ainda no período janeiro-setembro, as influências negativas mais importantes vieram de produtos de metal (–7,0%), máquinas e equipamentos (–5,3%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–6,9%), calçados e couro (–8,0%), meios de transporte (–4,6%), produtos têxteis (–4,7%), vestuário (–3,0%), outros produtos da indústria de transformação (–3,8%) e refino de petróleo e produção de álcool (–8,0%).
Produção Industrial Regional. De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal – Regional do IBGE, na passagem de agosto para setembro a produção industrial recuou em seis dos catorze locais pesquisados. As variações negativas mais intensas foram registradas nos estados do Rio de Janeiro (–5,6%) e Pernambuco (–2,2%), seguidos por São Paulo (–0,7%), Paraná (–0,5%), Ceará (–0,4%) e Região Nordeste (–0,2%). Por outro lado, Rio Grande do Sul (3,5%), Santa Catarina (2,9%), Minas Gerais (1,8%) e Goiás (1,2%) tiveram as maiores altas no mês, enquanto no Pará (0,8%), Amazonas (0,5%), Bahia (0,3%) e Espírito Santo (0,1%) apresentaram avanços menos significativos.
Na base de comparação mês contra mesmo mês do ano anterior, o recuo de 2,1% da indústria nacional foi impulsionado pela queda de sete dos quinze locais pesquisados. Os recuos mais intensos ocorreram no Rio de Janeiro (–7,8%), Paraná (–6,9%), São Paulo (–6,9%), Bahia (–5,3%) e Amazonas (–4,1%). Minas Gerais (–1,0%) e Mato Grosso (–0,5%) também apresentaram taxas de variação negativa. Por outro lado, Espírito Santo (17,3%) assinalou o maior avanço, impulsionado, em grande parte, pelo setor extrativo, seguido por Goiás (6,5%), Pará (5,7%), Pernambuco (5,1%), Santa Catarina (2,3%), Rio Grande do Sul (1,3%), Ceará (1,2%) e Região Nordeste (1,1%).
A produção industrial acumulada nos nove primeiros meses de 2014 recuou em dez dos quinze locais pesquisados, com destaque para os estados: Paraná (–5,8%), São Paulo (–5,8%), Bahia (–5,4%), Rio Grande do Sul (–4,5%) e Rio de Janeiro (–3,6%). Por outro lado, Pará (9,6%), Espírito Santo (3,3%), Pernambuco (2,5%), Mato Grosso (1,6%) e Goiás (1,3%) acumularam taxas positivas no ano.
A produção industrial acumulada nos últimos doze meses manteve a trajetória descendente iniciada em março do presente ano, com oito dos quinze locais pesquisados apresentando taxas negativas. A perda de dinamismo frente ao resultado de agosto/14 foi mais acentuada nos estados no Paraná (de –2,4% para –3,5%), São Paulo (–3,6% para –4,7%), Bahia (de –3,3% para –4,3%), Rio Grande do Sul (de –0,9% para –1,8%), Rio de Janeiro (de –2,3% para –3,2%), Ceará (de 2,2% para 1,3%) e Amazonas (de 2,0% para 1,2%). Em sentido oposto, o Espírito Santo mostrou o maior avanço (de 0,3% para 1,9%).
Espírito Santo. Em setembro, frente a agosto, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial capixaba apresentou avanço de 0,1%. No confronto com setembro de 2013, constatou–se variação positiva de 17,3%, taxa influenciada principalmente pelo setor extrativo (32,7%) e setor metalúrgico (17,4%). Em sentido contrário, o setor de produtos alimentícios (–8,5%) assinalou a influência negativa mais significativa. No acumulado dos primeiros nove meses do ano, a indústria deste estado assinalou alta de 3,3%, devido a contribuição das indústrias extrativas (8,9%), assim como setor de produtos de minerais não–metálicos (1,9%). As influências negativas, por sua vez, foram os setores de produtos alimentícios (–8,2%) e de metalurgia (–4,8%).
São Paulo. Na comparação de setembro e agosto de 2014, na série com ajuste sazonal, a indústria paulista apresentou recuo de 0,7%. No confronto com setembro de 2013, constatou–se queda de 6,9%, com recuo de 12 das 18 atividades investigadas. As maiores pressões negativas ocorreram nos setores: produtos alimentícios (–17,2%), veículos automotores, reboques e carrocerias (–13,7%), máquinas e equipamentos (–14,5%), outros produtos químicos (–12,2%), produtos de metal (–8,1%) e metalurgia (–10,7%). Em sentido oposto, os setores de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (12,3%) e de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (16,6%) apontaram os principais impactos positivos. No ano, a produção industrial de São Paulo apresentou retração de 5,8%, pressionada pelos setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (–16,9%), máquinas e equipamentos (–9,1%), de outros produtos químicos (–6,7%), de metalurgia (–11,5%), de produtos de metal (–8,9%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–7,0%), de produtos de borracha e de material plástico (–5,0%) e de produtos alimentícios (–1,7%).
Pará. Em setembro, a indústria paraense apresentou avanço de 0,8% na comparação com agosto com dados livres de efeitos sazonais. Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o estado registrou alta de 5,7%, taxa impulsionada pelos setores extrativo (6,9%) e de produtos de madeira (16,3%). No índice acumulado de 2014 até setembro, a indústria do estado apontou expansão de 9,6%, com aumento de quatro dos sete setores investigados, com destaque para indústria extrativa (12,4%), produtos alimentícios (3,0%) e de produtos de madeira (5,5%).
Emprego Industrial. Em setembro, o emprego industrial recuou 0,7% frente ao mês imediatamente anterior (com ajuste sazonal), sexta taxa negativa consecutiva. Ainda na série com ajuste sazonal, na comparação trimestre contra trimestre imediatamente anterior, o emprego na indústria apontou retração de 1,8% no período julho–setembro de 2014, sétima taxa negativa consecutiva neste tipo de confronto, um ritmo de queda mais intenso do que o observado no primeiro (–0,3%) e segundo (–1,0%) trimestres de 2014. Frente a setembro de 2013, o emprego industrial caiu 3,9% em setembro de 2014. Já no acumulado dos nove primeiros meses do ano, a queda foi de 2,8% e, no índice acumulado nos últimos doze meses encerrados em setembro, a variação foi de –2,6%.
Na comparação mensal (mês/mesmo mês do ano anterior), o contingente de trabalhadores recuou em 13 dos 14 locais pesquisados. O principal impacto negativo ocorreu em São Paulo (–4,7%), pressionado pela redução no pessoal ocupado em 16 das 18 atividades. Outros resultados negativos foram assinalados por Paraná (–5,2%), Minas Gerais (–3,9%), Rio Grande do Sul (–4,7%), região Norte e Centro–Oeste (–3,2%) e região Nordeste (–2,2%).
No índice acumulado nos nove meses de 2014, o emprego industrial recuou 2,8%, com taxas negativas em 13 dos 14 locais. São Paulo (–4,0%) apontou o principal impacto negativo, seguido por Rio Grande do Sul (–4,2%), Paraná (–4,2%), Minas Gerais (–2,2%), região Nordeste (–1,4%) e Rio de Janeiro (–2,3%). Pernambuco, com avanço de 0,9%, exerceu a única pressão positiva.
Setorialmente, o emprego industrial de setembro de 2014 em comparação com setembro de 2013 recuou em 14 dos 18 ramos pesquisados, com pressões negativas vindas de meios de transporte (–7,8%), máquinas e equipamentos (–6,9%), produtos de metal (–8,4%), calçados e couro (–8,7%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–7,2%), outros produtos da indústria de transformação (–6,5%), vestuário (–4,2%), alimentos e bebidas (–1,0%) e metalurgia básica (–5,8%). Os principais impactos positivos vieram de minerais não–metálicos (1,1%) e de produtos químicos (1,0%).
No ano, as contribuições negativas mais relevantes vieram de produtos de metal (–7,0%), máquinas e equipamentos (–5,3%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–6,9%), calçados e couro (–8,0%), meios de transporte (–4,6%), produtos têxteis (–4,7%), vestuário (–3,0%), outros produtos da indústria de transformação (–3,8%) e refino de petróleo e produção de álcool (–8,0%). Os impactos positivos foram registrados por produtos químicos (1,6%), minerais não–metálicos (1,0%) e alimentos e bebidas (0,2%).
Folha de Pagamento Real. Em setembro, o valor da folha de pagamento real dos trabalhadores da indústria ajustado sazonalmente recuou 1,3%. Nessa comparação, verificou–se a influência negativa da indústria de transformação (–1,5%), já que o setor extrativo mostrou avanço de 3,2%. Na comparação com igual mês do ano anterior, o valor da folha de pagamento real recuou 3,5% em setembro de 2014, quarta taxa negativa consecutiva neste tipo de confronto e a mais intensa desde novembro de 2013. Com isso, a variação no fechamento do terceiro trimestre foi de –2,9% e no índice acumulado dos nove meses do ano, de –0,1%. No acumulado de doze meses até setembro, a variação também foi negativa, de 0,5%, marcando o primeiro resultado negativo desde junho de 2010 e mantendo a trajetória cadente iniciada em janeiro de 2014.
Número de Horas Pagas. O número de horas pagas aos trabalhadores da indústria recuou 0,2% em setembro frente a agosto (quinta taxa negativa consecutiva), na série com ajuste sazonal. Na comparação com setembro de 2013, o número de horas pagas recuou 4,2%, com perfil disseminado de queda, já que 13 dos 14 locais e 15 dos 18 ramos pesquisados apontaram taxas negativas. Em bases trimestrais, o número de horas pagas recuou 4,3% no período julho–setembro de 2014, intensificando o ritmo de queda frente aos resultados do primeiro e do segundo trimestres de 2014. No índice acumulado nos nove primeiros meses do ano houve recuo de 3,4% e, no acumulado dos últimos doze meses encerrados em setembro, a queda foi de 3,1%.