Carta IEDI
PIB e Indústria de Transformação: Um Olhar pela Classificação por Intensidade Tecnológica
Segundo as Contas Nacionais Trimestrais (CNT) do IBGE (série dessazonalizada), o PIB do País recuou 0,6% no segundo trimestre do ano frente ao primeiro. Foi a segunda queda seguida nessa base de comparação. No contraponto com igual período de 2013, a economia retrocedeu 0,9%. Tais números concorreram para um aumento de apenas 0,5% no semestre inicial de 2014, bem como uma taxa de 1,4% na comparação entre os últimos quatro trimestres e igual acumulado anterior. Por essa última base comparativa, ao término de janeiro-março a variação foi de 2,5%.
Ainda pelas CNT, o desempenho no trimestre (dados dessazonalizados) só não foi negativo para a agropecuária, variação de 0,2%, enquanto indústria e serviços recuaram. Dentro da indústria, só a extração mineral se expandiu. Confrontando com abril-junho de 2013, os serviços cresceram, com a agropecuária estagnada e a indústria respondendo pela retração do PIB. Na indústria, o resultado só não foi pior devido às performances dos serviços industriais de utilidade pública (SIUP) e em especial da extração mineral.
Assim, no primeiro semestre a indústria se retraiu segurando a economia, enquanto os demais grandes setores cresceram. O mesmo vale para a comparação entre quatro trimestres. Quer no acumulado do ano, quer em quatro trimestres, a indústria extrativa e os SIUP se expandiram, mas a indústria de transformação e a construção retrocederam.
Saindo das CNT e atendo-se à Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF), pode-se esmiuçar o comportamento da indústria de transformação na metade inicial de 2014, dispondo seus vários ramos em quatro faixas de intensidade tecnológica: alta intensidade, média-alta, média-baixa e baixa intensidade tecnológica.
- No acumulado dos seis meses iniciais do ano, apenas a faixa de alta intensidade registrou expansão, contrastando com a diminuição da produção física das demais faixas, com destaque para o forte recuo do conjunto de atividades de média-alta intensidade.
- O semestre do segmento de alta intensidade se beneficiou das demandas típicas de ano de Copa do Mundo, amplificadas por ser disputada no Brasil, crescendo 6,1%. Desse modo, o primeiro trimestre puxou as vendas de aparelhos de TV, alavancando o complexo eletrônico. Daí também o forte revés nos números de junho, mês da Copa, e do segundo trimestre na comparação com igual período de 2013: quedas de 14,7% (junho) e de 1,9% (abril-junho). Em doze meses, a variação também continuou positiva, 3,8%.
- A faixa de média-alta intensidade, em contrapartida, sofreu o maior recuo na primeira metade do ano, de 9,7%, espelhando tanto o pífio desempenho dos bens de capital quanto – e principalmente – da indústria automotiva. Como seria de esperar, o mês de encerramento do semestre concorreu bastante para tanto, com retração de 22,5%.
- Já a faixa de média-baixa, teve performance semelhante, retração em todas as bases comparativas, porém com grandezas bem menores. Apresentou retrações em junho (-2,8%) e no segundo trimestre (-3,7%), o que concorreu para a queda de 2,2% no semestre e de 0,2% em doze meses. A produção industrial desse agrupamento é bastante ditada pela produção de bens metálicos, incluindo a siderurgia, e a de produtos de petróleo reinado, álcool e afins.
- O segmento de baixa intensidade, embora tenha sido o único cuja produção não caiu na comparação entre meses de junho (0,2%), sofreu queda de 1,0% no semestre. Tal retração só não foi maior devido ao incremento logrado pelas indústrias alimentícias, de bebidas e fumo – a produção industrial de alimentos isoladamente é a que tem o maior peso dentro da indústria de transformação.
Terminado o primeiro semestre e iniciando o segundo, pela mais recente PIM-PF, a produção física da indústria de transformação cresceu 0,8% em julho vis-à-vis junho (série dessazonalizada). Melhor, após cinco meses de retração, a expansão ocorreu de modo generalizado em termos de ramos industriais. Apesar dessa ligeira recuperação, frente a julho de 2013, a queda foi pronunciada, de 4,7%, concorrendo para a retração de 3,6% no acumulado até julho e de 1,6% em doze meses.
A performance industrial de julho mostra um sinal relevante de mudança embora sem ser convincente. Mesmo que adquira consistência com melhora nas expectativas dos agentes, o segundo semestre teria de ter um dinamismo muito contundente para compensar o resultado negativo da primeira metade de 2014.
Uma Visão Geral da Indústria de Transformação. Segundo as Contas Nacionais Trimestrais (CNT) do IBGE, pela série dessazonalizada, o PIB brasileiro recuou 0,6% no segundo trimestre do ano frente ao trimestre imediatamente anterior, configurando a segunda queda consecutiva nessa base de comparação. No contraponto com o mesmo período de 2013, a economia retrocedeu 0,9%. Tais números concorreram para um incremento de apenas 0,5% no semestre inicial de 2014, bem como uma taxa de 1,4% na comparação entre quatro trimestres e igual acumulado anterior. Lembrando que, por essa última base comparativa, em janeiro-março a variação fora de 2,5%.
Em termos setoriais, o desempenho no trimestre (dados livres de sazonalidade) só não foi negativo para a agropecuária, com variação de 0,2%, enquanto a indústria e os serviços recuaram 1,5% e 1,0%, respectivamente. Dentro da indústria, só a extração mineral se expandiu. No confronto com o mesmo abril-junho de 2013, os serviços cresceram 0,2%, com a agropecuária estagnada e a indústria explicando a retração do produto agregado. Dentro da indústria, o resultado não foi pior devido às performances dos serviços industriais de utilidade pública (SIUP) e principalmente da extração mineral. Dessa forma, no primeiro semestre o setor industrial se retraiu segurando a economia, uma vez que os demais grandes setores cresceram. O mesmo pode ser dito para a comparação entre quatro trimestres. Tanto no acumulado do ano quanto no acumulado em quatro trimestres, a indústria extrativa e os SIUP se expandiram, mas a indústria de transformação e a construção retrocederam.
Esta primeira tabela traz também os números da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) que, além de servir de base para as próprias CNT, já antecipava o comportamento da indústria, em particular da extrativa e da de transformação, para o PIB. As diferenças entre os resultados da PIM-PF e das CNT para ambas as seções do segmento industrial se deve aos ajustes para as contas nacionais, incluindo o fato de, na última, os dados serem em base móvel, enquanto na PIM-PF, em base fixa. Apesar de diferentes em magnitude, nas quatro comparações supraexpostas tanto a PIM-PF quanto as CNT salientam, de um lado, o retrocesso da indústria de transformação, e, de outro, o crescimento da extração mineral.
Aliás, a conjugação da pífia inserção externa com as expectativas negativas do setor privado tem contribuído para tais números, particularmente quando o ciclo expansivo calcado no mercado interno aquecido e no consumo de bens duráveis deixa de se sustentar. Nesse sentido, frisa-se que mesmo no momento em que parecia exitosa, a expansão não logrou conformar uma política de demanda efetiva de fato. Por não fortalecer devidamente a formação bruta de capital fixo, pode no máximo ser chamada de política de demanda, não de demanda efetiva.
O próximo gráfico explicita bem o comportamento claudicante da produção física da indústria de transformação após 2010. Em paralelo mostra a deterioração da balança comercial dos bens tipicamente oriundos da indústria de transformação. O caráter intermitente do volume produzido não só coincide com a gradativa perda de dinamismo do mercado interno, ainda que o mesmo tenha permitido as baixas taxas de desocupação que o País ainda desfruta, mas também reflete a cisão entre a produção industrial e o comércio varejista. Assim, no acumulado dos seis primeiros meses do ano, a produção física da indústria de transformação retrocedeu 3,4% no contraponto com igual período de 2013, com o déficit de seus produtos típicos atingindo patamar recorde de US$ 34,8 bilhões em janeiro-junho de 2014. As exportações em dólares correntes recuaram 7,3% nessa mesma base de comparação.
A performance da indústria de transformação no semestre foi caracterizada sobretudo pela perda de dinamismo no segundo trimestre, quando houve recuo de 6,5% frente ao mesmo período do ano anterior. A queda em junho foi ainda mais contundente, de 8,1%, mas já esperada devido à Copa do Mundo de Futebol no País, com várias indústrias entrando em férias coletivas. Daí não só a retração no semestre, como também em doze meses, de 0,8%, terminando com um período – de abril/2013 a maio-2014 – no qual as variações foram positivas por essa base de comparação.
A Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica: O Semestre. A análise na sequencia enfoca o comportamento da indústria de transformação, agrupando suas atividades em quatro faixas segundo a intensidade tecnológica conforme procede a OCDE, a saber, alta intensidade, media-alta, média-baixa e baixa intensidade. Para tanto o primeiro semestre é abordado a partir dos dados da PIM-PF.
Convém expor que, com as mudanças metodológicas recentes pelas quais a aludida pesquisa passou recentemente, utilizou-se a indústria de transformação sem considerar o segmento de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos. Tal atividade passou a ser descriminada na versão mais recente da CIIU e, por conseguinte, na versão 2 da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). Abaixo estão expostos resultados selecionados da produção física para os quatro segmentos por intensidade tecnológica, ressalvando-se que tais estimativas para a classificação da OCDE estão sujeitas à revisão.
No acumulado dos seis meses inicias do ano, apenas a faixa de alta intensidade registrou expansão, contrastando com a diminuição da produção física das demais faixas, com destaque para o forte recuo do conjunto de atividades de média-alta intensidade.
O segmento de alta intensidade se beneficiou das demandas típicas de ano de Copa, com o forte estímulo de ser disputada no Brasil. Dessa forma, o primeiro trimestre puxou as vendas de aparelhos de TV, alavancando o resultado do complexo eletrônico. Daí também o forte revés nos números de junho, mês do evento, e do segundo trimestre na comparação com igual período de 2013: quedas de 14,7% (junho) e de 1,9% (abril-junho). Se no semestre essa faixa cresceu 6,1, em doze meses, a variação também continuou positiva, 3,8%.
A faixa de média-alta intensidade, em contrapartida, sofreu o maior recuo na primeira metade do ano, de 9,7%, espelhando tanto o pífio desempenho dos bens de capital quanto da indústria automotiva. Como seria de esperar, o mês de encerramento do semestre concorreu bastante para tanto, com retração de 22,5%.
Já a faixa de média-baixa, teve performance semelhante, retração em todas as bases comparativas expostas na tabela, porém com grandezas bem menores. Apresentou retrações em junho (-2,8%) e no segundo trimestre (-3,7%), o que concorreu para a queda de 2,2% no semestre e de 0,2% em doze meses. A produção industrial desse agrupamento é bastante ditada pela produção de bens metálicos, incluindo a siderurgia, e a de produtos de petróleo reinado, álcool e afins.
O segmento de baixa intensidade, embora tenha sido o único cuja produção não caiu na comparação entre meses de junho (0,2%), sofreu queda de 1,0% no semestre. Tal retração só não foi maior devido ao incremento logrado pelas indústrias alimentícias, de bebidas e fumo.
Alta Intensidade Tecnológica. O incremento de 6,1% na comparação entre primeiros semestres de 2014 e de 2013 se deveu, sobretudo, ao primeiro trimestre e como decorrência da maior produção de produtos eletrônicos, mormente aparelhos de TV por conta da Copa do Mundo. O déficit comercial dos produtos tipicamente oriundos dessa atividade caiu ligeiramente ficando em US$ 16,2 bilhões. A maior parte dos ramos industriais dessa faixa se caracteriza por produzir bens complexos com muitas etapas e inseridos em cadeias globais de valor bastante extensas, a exemplo da aeronáutica e dos segmentos do complexo eletrônicos.
A indústria farmacêutica destoa em certa medida dessa caracterização. No semestre cresceu 5,1%, a despeito do retrocesso de 6,6% no comparativo entre meses de junho. Mesmo com esse último resultado, a comparação entre segundos trimestres salienta um acréscimo de 1,7% na produção. Em doze meses a produção ficou estável. Apesar do incremento da produção física no semestre, o déficit comercial dos produtos farmacêuticos permaneceu elevado, saldo negativo de US$ 3,4 bilhões, ligeiramente inferior ao observado em igual período de 2013. Ademais, a maior produção física ocorreu com as exportações em dólares correntes caindo 2,8% em relação a janeiro-junho de 2013.
Passando para os ramos que constituem o complexo eletrônico, sua expansão no primeiro semestre decorreu do incremento de 14,7% em equipamentos de rádio, TV e telecomunicações, inclusive componentes eletrônicos. Puxada pela fabricação de televisores, essa atividade é ainda voltada prioritariamente para o mercado interno, o que explica em larga medida o déficit nos produtos da indústria de alta intensidade, em especial devido às importações de componentes eletrônicos. Em que pese tanto, essa atividade experimentou forte queda em junho, de 27,7%, mês no qual parte da indústria pouco operou. Ou seja, em virtude da Copa houve esforço concentrado no primeiro trimestre. Por outro lado, a expansão no acumulado do ano da produção física ocorreu com déficit recorde para primeiro semestre, de US$ 6,4 bilhões, para os bens tipicamente fabricados pela atividade em questão, com uma superlativa queda das exportações em dólares correntes de 21,1%. Tal dinâmica tem historicamente decorrido da produção doméstica de bens finais do complexo eletrônico ser direcionada para o mercado interno, para a qual há grande demanda por componentes importados, e a indústria em questão incluir justamente esses bens intermediários eletrônicos. Tais componentes servem tanto a ela própria quanto a outros ramos produtivos, inclusive os outros dois do complexo eletrônico.
Por sinal, a fabricação de bens de informática e escritório, bem como a de equipamentos médico-hospitalares, instrumentos de precisão e material ótico e fotográfico, houve retração no semestre de 1,5% e 9,2%, respectivamente. No caso dos bens de informática, o recuo em junho foi de 21,4%, enquanto a produção de equipamentos hospitalares e bens de precisão retrocedeu 41,6%. Logo o desempenho semestral de ambos foi afetado negativamente pelo segundo trimestre. No semestre, o déficit dos bens de informática e escritório cresceu frente ao ano anterior, chegando a US$ 3,4 bilhões, com recuo de 27,6% no montante exportado. No caso dos equipamentos médico-hospitalares e instrumentos óticos e de precisão, o déficit de US$ 3,2 bilhões foi discretamente menor do que no ano anterior, com o incremento de 2,7% das vendas externas desses produtos concorrendo para tanto.
Média-alta Intensidade Tecnológica. A faixa de média-alta foi a que teve a maior retração na produção, de 9,7%, processo puxado pela indústria automobilística, com queda de 16,9%. Por sinal, nessa base comparativa não houve quem crescesse dentro desse segmento. O próprio mês de junho contribuiu sobremaneira para tanto, com variação de -8,0%. Cumpre registrar que o déficit dos produtos típicos dessa faixa atingiram US$ 28,8 bilhões, menor que o observado nos primeiros seis meses de 2013 quando o déficit foi recorde. Porém há um agravante: na comparação entre primeiros semestres pela segunda vez seguida houve queda nas exportações em dólares correntes, uma retração de 9,6% em janeiro-junho de 2014, com diminuição de 4,6% no semestre inicial de 2013.
A indústria química registrou redução de 2,8% no semestre, com a contribuição junina: diminuição de 5,2% na comparação entre meses de junho. Isoladamente, o saldo comercial dos produtos químicos (exclusive farmacêuticos) apresentou o maior déficit dentre todos os grupos de bens das quatro faixas de intensidade tecnológica, de US$ 12,0 bilhões, com as exportações em dólares correntes retrocedendo 6,6%.
Apesar de tanto, coube ao desempenho da indústria automobilística parte expressiva do encolhimento da produção do segmento de média-alta intensidade. A queda da atividade em questão, de 16,9% no semestre, foi puxada pelo desempenho no segundo trimestre, diminuição de 25,9% frente ao mesmo período de 2013, destacando-se a forte retração em junho, de 36,3%. O déficit comercial em automóveis atingiu cifra recorde de US$ 5,0 bilhões, grandeza esta explicada pelo fato do País ter exportado 22,1% menos no acumulado até junho.
Quanto às atividades mais associadas à produção de bens de capital – fabricação de máquinas e equipamentos elétricos; e fabricação máquinas de equipamentos mecânicos e não especificados em outras atividades, estas também viram sua produção declinar no primeiro semestre, caindo 7,8% e 4,5%, respectivamente. No contraponto entre meses de junho, as reduções foram de dois dígitos: taxas de 18,4% e 14,2%. A balança comercial de máquinas e equipamentos elétricos registrou déficit de US$ 3,5 bilhões no primeiro semestre, ligeiramente menor que o déficit de janeiro-junho de 2013. Suas exportações em dólares correntes cresceram 2,0% nessa base comparativa. Algo similar ocorreu com o déficit de máquinas mecânicas ou não especificadas: saldo negativo de US$ 7,5 bilhões, abaixo do registrado em igual período de 2013, observando acréscimo de 2,5% nas vendas externas.
Média-baixa Intensidade Tecnológica. Quanto à faixa de média-baixa intensidade, sua produção declinou 2,2% no acumulado do ano, decorrência principalmente da performance no segundo trimestre – queda de 3,7%. A menor produção foi acompanhada de ampliação no déficit dos produtos típicos dessa faixa, chegando ao déficit recorde para o primeiro semestre de US$ 7,6 bilhões. A produção de bens metálicos, que inclui a siderurgia, e a produção de derivados do refino de petróleo, álcool e afins são as atividades que ditam seja o ritmo da produção física seja o comportamento dos fluxos comerciais dos produtos.
Considerando primeiramente a produção de bens de petróleo refinado, álcool e outros combustíveis, ao mesmo tempo em que logrou arrefecer o declínio das demais atividades dessa faixa de intensidade, sendo a única a crescer no primeiro semestre, 2,1%, inclusive com incremento de 9,8% em junho. Tal evolução não impediu o expressivo o déficit, de US$ 7,7 bilhões, dos produtos típicos da atividade, mas que ficou aquém do déficit recorde experimentado no mesmo período de 2013. Essa discreta melhora no saldo decorreu do aumento das exportações, de 13,3%. Ou seja, o aumento das exportações se alinha com o incremento da produção e a diminuição do déficit, mas longe de melhorar substantivamente o saldo comercial.
Quanto à indústria de produtos metálicos, a ironia ocorre em sentido inverso: sua produção física recuou 7,0%, puxada pela performance do mês de junho, queda de 13,8%, enquanto o superávit comercial dos produtos metálicos, de US$ 2,4 bilhões arrefeceu o déficit de produtos derivados do refino do petróleo, álcool e afins. Todavia esse superávit já foi maior – o ápice para primeiro semestre fora em 2007, quando atingiu US$ 5,6 bilhões – e recuou inclusive perante janeiro-junho de 2013. A redução de 5,0% nas exportações de bens metálicos explica em boa medida o menor superávit, para o qual também ajudou o aumento das importações. A exportação menor também se alinha com o retrocesso na produção física.
Baixa Tecnológica Intensidade. Passando para o segmento de baixa intensidade tecnológica, este retraiu 1,0% na primeira metade do ano, ainda que tenha sido a única das quatro faixas a lograr variação positiva – embora diminuta – na comparação entre meses de junho, 0,2%. O superávit das mercadorias tipicamente produzidas por atividades desse segmento, de US$ 17,7 bilhões, apesar de expressivo e único dentre as faixas de intensidade tecnológica ficou abaixo do experimentado em janeiro-junho de 2013.
O principal agrupamento de atividades dessa faixa, as indústrias de alimentos, bebidas e de fumo logrou expansão de 1,9%. Na contramão da maioria das atividades industriais, esse conjunto cresceu 7,2% na comparação entre meses de junho. Seus produtos foram os principais responsáveis pelo superávit comercial da faixa de baixa intensidade tecnológica, ao obter saldo positivo de US$ 15,7 bilhões. Mas tal resultado deixou a desejar ante o desempenho de igual acumulado do ano anterior.
Outro grupo de produtos a lograr superávit no primeiro semestre do ano, aqueles oriundos das indústrias madeireira, de papel e celulose, gráficas e afins, conseguiu saldo maior do que no ano anterior, US$ 3,5 bilhões, patamar recorde. Em que pese tanto, tal resultado ocorreu com retração de 6,4% nas exportações em dólares correntes. Nesse sentido, o declínio nas exportações converge com a queda de 3,8% na produção física no mesmo período. Em junho, o recuo foi de 6,4%.
Os demais segmentos são caracterizados por serem mais intensivos em recursos humanos do que em recursos naturais. Ambos no primeiro semestre registraram déficit e redução na produção física. As atividades de fabricação de manufaturados não especificados noutras indústrias e de produtos reciclados registraram saldo comercial negativo de US$ 494 milhões, o maior déficit que tal agrupamento já presenciou num primeiro semestre. Concorre para tanto o recuo de 4,4% das exportações. Do mesmo modo que as vendas externas caíram, a produção física retrocedeu: variação negativa de 5,6%. O conjunto das indústrias têxtil, de vestuário, calçados e artigos de couro sofreu queda na produção física de 4,8%. Pari passu, o déficit de seus produtos típicos ficou em US$ 1, bilhão, abaixo daqueles observados em igual acumulado de 2012 e de 2013. Nesse caso, a redução no déficit contou com o incremento de 9,0% das exportações em dólares correntes.
Do 1º Semestre ao 1º Mês do Segundo Semestre. A produção física da indústria de transformação cresceu 0,8% em julho na comparação com o mês imediatamente anterior pela série livre de influências sazonais, com destaque para o fato de ter sido uma expansão generalizada em termos de ramos industriais. Tal aumento ocorreu após uma sequência de cinco meses de retração. Ainda que tenha havido essa ligeira recuperação, no contraponto com o mesmo mês de 2013, a queda foi pronunciada, de 4,7%, concorrendo para a retração de 3,6% no acumulado até julho e de 1,6% em doze meses.
A performance industrial de julho mostra um sinal importante de mudança ainda que sem ser convincente. Mesmo que adquira consistência com melhora nas expectativas dos agentes, o segundo semestre teria de ter um dinamismo muito contundente para compensar o resultado negativo da primeira metade de 2014.