Carta IEDI
A Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica: Expansão Pouca, Dezembro Desalentador e Um Alerta
Como divulgado pelo IBGE, a produção física da indústria de transformação cresceu 1,5% em 2013. Desempenho desalentador, para o qual o mês de dezembro concorreu: na comparação com o mesmo mês de 2012, houve retração de 2,0%. Frente ao mês imediatamente anterior, pela série dessazonalizada, recuou ainda mais: 3,3%. Já pela média móvel trimestral (também pelos dados livres de sazonalidade), as retrações foram menores: de 1,1% na passagem de novembro para dezembro e de 0,7% na do terceiro para o quarto trimestre. Aliás, as comparações trimestre a trimestre apontam performance pífia, o que também transpareceu no índice de atividade econômica do País estimado pelo Banco Central com dois períodos seguidos de recuo.
O intercâmbio comercial dos produtos tipicamente oriundos da indústria de transformação experimentou déficit sem igual em 2013, de US$ 59,7 bilhões. A magnitude do mesmo contribuiu sobremaneira para que a balança comercial como um todo experimentasse superávit de apenas US$ 2,6 bilhões, o menor de desde 2000, último ano no qual o saldo ficara deficitário, mesmo com as exportações de bens da indústria de transformação tendo crescido 1,3%.
Pela classificação por intensidade tecnológica da indústria de transformação, os segmentos de alta intensidade tecnológica e o de baixa intensidade tecnológica se retraíram, enquanto os demais contrabalançaram tal resultado. Mais amiúde:
- A faixa de alta intensidade sofreu retração de 0,5% no ano. Dezembro contribuiu bastante para que tanto, com queda da produção de 3,3% frente a igual mês de 2012. O recuo foi ainda maior frente a novembro, de 4,5% pela série livre de efeitos sazonais. Pela média móvel trimestral dos dados livres de sazonalidade, na comparação com novembro o recuo foi menor, de 0,4%, enquanto o contraponto entre o trimestre encerrado em dezembro e o trimestre anterior (terminado em setembro), houve acréscimo de 1,8%. Em paralelo à retração em 2013, o déficit dos bens tipicamente produzidos nessa faixa atingiu US$ 32,0 bilhões. Os destaques positivos ficaram por conta da indústria aeronáutica e a de equipamentos de áudio, vídeo e telecomunicações, com o ramo farmacêutico sofrendo forte retração
- A faixa de média-alta cresceu bem em 2013, 5,0%. Isto mesmo com os recuos em dezembro. Houve queda nas comparações tanto em relação a igual mês de 2012, (-2,4%), quanto frente ao mês imediatamente anterior pelos dados dessazonalizados, (-3,2%). Também na média móvel trimestral da série livre de influências sazonais, a produção caiu seja na passagem de novembro para dezembro, queda de 1,2%, seja na passagem do trimestre encerrado em setembro e aquele terminado em dezembro, recuo de 1,3%. Acresça-se, o segmento que mais cresceu foi o que experimentou o maior déficit dentre os quatro em 2013; saldo negativo de US$ 61,4 bilhões.
- A boa performance da faixa de média-alta em 2013 se deveu à indústria automobilística, que cresceu 7,2%. Bons desempenhos também tiveram os dois segmentos fabricantes de máquinas e equipamentos. A própria indústria química se expandiu. Destoando, a fabricação de material ferroviário e de outros equipamentos de transporte declinaram no ano passado. Mas mesmo as atividades que cresceram não registraram bons desempenhos no segundo semestre na análise trimestre a trimestre com dados dessazonalizados.
- A de média-baixa intensidade, por sua vez, registrou acréscimo em sua produção física de 2,2%. A performance foi prejudicada pelo último mês do ano, quando a produção retrocedeu 0,6% frente a dezembro de 2012 e 5,8% perante novembro pela série livre de efeitos sazonais. Pela média móvel trimestral dos dados dessazonalizados, as retrações também foram acentuadas: taxa de -3,2% no contraponto com novembro e de -2,0% em outubro-dezembro versus julho-setembro. Os bens típicos desse segmento observaram déficit de US$ 7,1 bilhões e tanto os fluxos comerciais como a produção física continuam assaz ditados pelo ritmo da produção de derivados de petróleo refinado, álcool e afins e da produção de bens metálicos, mormente da siderurgia.
- Já a faixa de baixa intensidade, teve produção física 1,7% menor em 2013. Na comparação entre meses de dezembro, percebeu queda de 2,3%. Na passagem de novembro a dezembro, a produção ficou praticamente estável: taxa de -0,1%. O mesmo foi observado pela média móvel trimestral da série sem influências sazonais, seja no contraponto entre novembro e dezembro, seja entre trimestre e trimestre imediatamente anterior. Apesar das taxas negativas, foi a única faixa cujos bens tipicamente produzidos por suas indústrias logrou superávit, de US$ 40,8 bilhões. O que se deve aos gêneros das indústrias de alimentos, bebidas e fumo.
Assim a indústria de transformação encerrou 2013 crescendo, mas aquém do esperado, com dezembro ajudando a arrefecer os números do ano. A intermitência foi a tônica de seu comportamento. Ademais as variações nas passagens do segundo para o terceiro trimestre e deste para o quarto (pela média móvel trimestral da série dessazonalizada) realçam o desempenho pífio da produção física da indústria de transformação.
Um alerta reside na pesquisa do IBGE ser realizada com estrutura de ponderação feita há mais de uma década. Os problemas por conta de tanto podem ser vistos pelos dados da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) que traz a produção do Polo Industrial de Manaus. Pelo IBGE, a indústria de material de escritório e informática cresceu somente 0,5% em 2013. Mas a fabricação de computadores é acompanhada pelo IBGE em São Paulo enquanto em 2013 a produção desses bens em Manaus cresceu bem: 24,0% para desktops e 52,0% para notebooks, sendo que o IBGE não acompanha a produção desse item na capital amazonense, nem acompanha a produção de notebooks em nível de Brasil Há o caso dos condicionadores de ar do tipo Split, também não acompanhado pelo IBGE, cuja produção cresceu 88,7% em Manaus e vêm ocupando cada vez mais o espaço do condicionador de ar de janela. Isto mostra a premência de se atualizar a estrutura de ponderação da pesquisa até em face de sua extrema utilidade.
Uma Visão Geral da Indústria de Transformação. Conforme divulgado pelo IBGE, produção física da indústria de transformação cresceu 1,5% em 2013. Tal taxa até foi a maior na comparação em doze meses em 2013, mas ao longo do ano, na comparação entre acumulado de 2013 e igual período do ano anterior, a variação chegou a ultrapassar 2,0%. Isso chegou até a dar a impressão de que o ano iria se encerrar com um incremento maior.
Mas o desempenho em dezembro da indústria de transformação concorreu bastante para o resultado observado. Na comparação com o mesmo mês de 2013, a produção física sofreu retração de 2,0%. Frente ao mês imediatamente anterior, pela série dessazonalizada, recuou de modo mais expressivo: 3,3%. Já pela média móvel trimestral (também pelos dados livres de sazonalidade), as retrações foram menores: de 1,1% na passagem de novembro para dezembro e de 0,7% na do terceiro para o quarto trimestre.
O intercâmbio comercial dos produtos tipicamente oriundos da indústria de transformação experimentou déficit sem igual em 2013, de US$ 59,7 bilhões. A magnitude do mesmo contribuiu sobremaneira para que a balança comercial como um todo experimentasse superávit de apenas US$ 2,6 bilhões, o menor de desde 2000, último ano no qual o saldo ficara deficitário. Embora as vendas externas de bens da indústria de transformação tenham crescido 1,3% no ano passado, as importações aumentaram 5,6%.
Um Panorama da Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica. A produção física da indústria de transformação pode ser decomposta em segmentos por intensidade tecnológica. O procedimento adotado segue a classificação da OCDE, que reparte a indústria de transformação em faixas: de alta, média-alta, média-baixa e baixa intensidade tecnológica.
Dentre as quatro faixas, no contraponto entre 2013 e 2012, as duas extremas, a de alta e a de baixa intensidade tecnológica, foram aquelas cuja produção declinou, contrastando com a expansão das demais.
Começando pelo segmento de alta intensidade, este se retraiu em 0,5% no ano. O derradeiro mês contribuiu bastante para que o resultado fosse negativo. Confrontando meses de dezembro, a queda da produção física foi de 3,3%. O recuo foi ainda maior no contraponto com novembro, de 4,5% pela série dessazonalizada. Tomando-se a média móvel trimestral dos dados livres de sazonalidade, na comparação com novembro o recuo foi menor, de 0,4%, enquanto o contraponto entre o trimestre encerrado em dezembro e o trimestre anterior (terminado em setembro), houve acréscimo de 1,8%, o que se explica pelos resultados desfavoráveis no terceiro trimestre. Em paralelo à retração em 2013, o déficit dos bens tipicamente produzidos nessa faixa atingiu US$ 32,0 bilhões.
A faixa de média-alta foi aquela cuja produção física mais aumentou em 2013, 5,0%. Isto mesmo com os recuos em dezembro. Houve queda nas comparações tanto em relação a igual mês de 2012, -2,4%, quanto frente ao mês imediatamente anterior pelos dados dessazonalizados, -3,2%. Também na média móvel trimestral da série livre de influências sazonais, a produção caiu seja na passagem de novembro para dezembro, queda de 1,2%, seja na passagem do trimestre encerrado em setembro e aquele terminado em dezembro, recuo de 1,3%. Ironicamente o segmento que mais cresceu foi o que experimentou o maior déficit dentre os quatro em 2013; saldo negativo de US$ 61,4 bilhões.
A de média-baixa intensidade, por sua vez, registrou acréscimo em sua produção física de 2,2%. A performance também foi prejudicada pelo último mês do ano, quando a produção retrocedeu seja frente a dezembro de 2012, -0,6%, seja perante novembro pela série livre de efeitos sazonais, -5,8%. Pela média móvel trimestral dos dados dessazonalizados, as retrações também foram acentuadas: taxa de -3,2% no contraponto com novembro e de -2,0% no contraponto entre trimestres, outubro-dezembro versus julho-setembro. Os produtos típicos desse segmento observaram déficit de US$ 7,1 bilhões.
Já a faixa de baixa intensidade, teve produção física 1,7% menor em 2013. Na comparação entre meses de dezembro, percebeu queda de 2,3%. Contrapondo com dezembro com novembro, a produção ficou praticamente estável, com taxa de -0,1%. Pela média móvel trimestral da série sem influências sazonais, ficou praticamente estável, tanto no contraponto entre novembro e dezembro, quanto no confronto entre trimestre e trimestre imediatamente anterior. Apesar das variações negativas, foi a única faixa cujos bens tipicamente produzidos por indústrias da mesma logrou superávit, de US$ 40,8 bilhões.
Assim a indústria de transformação encerrou 2013 crescendo, mas aquém do esperado, com dezembro ajudando a arrefecer os números do ano. A intermitência do setor industrial foi a tônica. Ademais as variações nas passagens do segundo para o terceiro trimestre e deste para o quarto (pela média móvel trimestral da série dessazonalizada) realçam o desempenho pífio da produção física da indústria de transformação.
Um alerta antes de se esmiuçar cada faixa de intensidade tecnológica consiste no fato do levantamento do IBGE ser feito com base fixa e cuja estrutura de ponderação foi feita há mais de uma década. Pode-se ilustrar tanto tomando-se dados da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) que acompanha a produção física no polo Industrial de Manaus (PIM). Ilustrando, a indústria de material de escritório e informática cresceu somente 0,5% em 2013. Todavia a fabricação de computadores é acompanhada somente em São Paulo e, no ano em questão, houve incremento na produção desses bens em Manaus (de 24,0% para desktops e de 52,0% para notebooks), sendo que o IBGE não acompanha a quantidade produzida na capital amazonense e nem acompanha a produção de notebooks em nível de Brasil. Outro exemplo reside nos tablets, item assaz recente, também vinculado à informática. Há ainda o caso dos condicionadores de ar do tipo split que passaram a ocupar fatia de mercado significativa antes dominada pelo condicionador de ar do tipo janela e cuja produção em Manaus cresceu 88,7%. Pode-se falar ainda na produção de telejos (videogames) que compõe a fabricação de bens diversos e que registrou incremento no Amazonas. Esses pontos servem para enfatizar a premência de se atualizar a estrutura de ponderação da pesquisa industrial até em reconhecimento a sua extrema utilidade para o acompanhamento da economia brasileira. Ademais, devido à disponibilidade de dados, só se utilizou um exemplo isolado, do polo de Manaus, mas situações similares devem estar em curso.
Alta Intensidade Tecnológica. De 2004 até 2012, as atividades de alta intensidade tecnológica se caracterizaram pela expansão (ou queda) da produção física acompanhado de aumento (ou recuo) na balança comercial. Este comportamento não se manteve em 2013: A produção declinou 0,5% enquanto a balança comercial dos bens típicos das atividades em questão piorou, saindo do resultado negativo de US$ 29,3 bilhões para o déficit de US$ 32,0 bilhões. A deterioração do saldo decorreu tanto do declínio de 3,2% nas exportações, quando do aumento de 5,9% das importações.
Exceto pela indústria farmacêutica, os segmentos de alta intensidade tecnológica produzem sobretudo bens montados, complexos, como aviões, instrumentos e equipamentos médico-hospitalares, relógios, computadores, material de escritório, bens de áudio & vídeo (aparelhos de som, de televisão, DVD-players etc.), telequipamentos, telefones celulares, equipamentos receptores e transmissores de radiodifusão, dentre outros. Estes tipos de produtos são mais susceptíveis à decomposição internacional dos processos produtivos e ao modo de inserção nas cadeias globais de valor
A indústria aeronáutica brasileira cresceu 10,1% em 2013. Em dezembro, a produção física também aumentou: 9,8%. Ademais, no ano passado, foi a única das atividades de alta intensidade a lograr superávit ainda que de pouca expressão: US$ 621 milhões.
A produção das atividades do complexo eletrônico é preponderantemente voltada ao mercado interno e no passado recente tem sentido a concorrência dos importados. No acumulado o complexo como um todo cresceu 2,3%. Em dezembro, cresceu 10,1% em relação ao mesmo mês de 2012, o que se deveu em parte à baixa base de comparação. Frente a novembro pelos dados dessazonalizados, sofreu queda de 4,2%.
A fabricação de equipamentos de áudio & vídeo, telecomunicações e componentes eletrônicos – a classe do complexo eletrônico mais representativa na composição produtiva do País – cresceu 4,3% em 2013. Diferentemente da maioria das atividades, dezembro foi favorável a sua produção. Contra o mesmo mês de 2012, logrou expansão de 43,1%. No confronto com novembro pela série livre de efeitos sazonais, o incremento também foi de dois dígitos: 10,6%. Mesmo com tais taxas, o intercâmbio externo dos bens tipicamente produzidos por essa indústria registrou em 2013 seu maior déficit, de US$ 12,4 bilhões. Como agravante, as exportações caíram pela quinta vez consecutiva. A fabricação de aparelhos e instrumentos de precisão, médico-hospitalares e óticos também cresceu em 2013, mas com fôlego menor: 1,2%. E dezembro concorreu para segurá-la: sua produção caiu seja frente a igual mês de 2012, taxa de -14,0%, seja na passagem de novembro a dezembro (série dessazonalizada), variação de -2,5. No ano, a balança dos bens típicos dessa indústria presenciou déficit de US$ 6,8 bilhões. O a produção física de informática e material para escritório registrou os mesmos sinais: incremento no ano, de 0,5%, queda tanto na comparação entre meses de dezembro, de 0,7%, quanto no contraponto entre dezembro e novembro, de 14,2%.
Quanto à produção física de produtos farmacêuticos, esta declinou 9,7% em 2013. Nesta base de comparação, o déficit de produtos farmacêuticos atingiu US$ 6,6 bilhões, patamar recorde. Em dezembro, diante do mesmo mês do ano anterior, a produção diminuiu 22,7%. Pela série livre de sazonalidade, a atividade retrocedeu 11,7%. (comparação entre mês e mês imediatamente anterior). Considerando a média móvel trimestral dos dados dessazonalizados, a queda na comparação com novembro foi menor, de 0,7%, enquanto no contraponto com o trimestre imediatamente anterior (trimestre encerrado em dezembro versus o terminado em setembro), a produção até logrou expansão, de 1,5%. Porém esse último resultado positivo se deveu sobretudo ao forte recuo do terceiro trimestre.
Média-alta Intensidade Tecnológica. O agrupamento das atividades de média-alta intensidade tecnológica produziu 5,0% mais em 2013 do que em 2012. Isso apesar do recuo nas exportações e do déficit recorde na balança de produtos tipicamente fabricados por estas indústrias pela mesma base de comparação: as vendas externas ficaram em US$ 39,9 bilhões, aquém do observado no acumulado equivalente de 2008, 2011 e de 2012, concorrendo para o déficit chegar a US$ 61,4 bilhões. De volta à produção física, dezembro agiu em sentido contrário à expansão: queda de 2,4% frente a igual mês de 2012 e recuo de 3,2% vis-à-vis novembro pela série dessazonalizada.
O segmento de média-alta intensidade pode ser abordado em três grupos de atividades. No primeiro está a indústria química (exclusive a farmacêutica), que responde por ampla gama de produtos intermediários. O segundo é composto pela indústria de material de transporte terrestre. Por fim, o último abrange duas atividades que fabricam parte significativa dos bens de capital.
Em 2013, a indústria química (exclusive farmacêutica) produziu 2,9% a mais do que em 2012. Apesar desse acréscimo, o comércio internacional dos produtos químicos experimentou déficit de US$ 27,1 bilhões, o maior de toda a série. E para tal saldo deficitário, concorreu o recuo nas exportações, o segundo seguido na comparação entre acumulados até setembro. Retornando aos números da produção física, entre meses de dezembro, a indústria química cresceu 7,5%. Em contrapartida, pelos dados livres de efeitos sazonais, a produção declinou 1,1% na passagem de novembro a dezembro.
Passando para as indústrias de material de transporte de média-alta intensidade, a produção física do ramo automobilístico cresceu 7,2% no ano passado. Nessa base de comparação, as exportações até cresceram vis-à-vis 2012, mas não melhoraram o saldo, que registrou déficit recorde, de US$ 8,3 bilhões. Ressalte-se que dezembro arrefeceu o desempenho do ano: a produção física declinou 16,3% frente ao mesmo mês de 2012 e 17,5% frente a novembro (dados dessazonalizados). Pela média móvel trimestral da série dessazonalizada, houve retração tanto frente a novembro (-7,9%) quanto frente ao trimestre encerrado em setembro (-6,5%). No caso de material ferroviário e outros de transporte (motocicletas etc.), 2013 apresentou queda na produção, de 0,8%, mesmo apresentando expansão imponente no mês derradeiro de 2013: 14,5%.
Passando para as indústrias de máquinas e equipamentos, o Brasil produziu mais tanto máquinas e equipamentos elétricos, taxa de 2,4%, quanto demais máquinas (mecânicas e não especificadas noutras atividades), 6,1%. Observe-se que as exportações de bens tipicamente produzidos por ambas as atividades declinaram na mesma base de comparação, tendo por consequência déficits recordes nas respectivas balanças. Todavia as performances foram distintas no contraponto entre meses de dezembro. Enquanto fabricação de máquinas elétricas declinou 11,6%, a das demais máquinas aumentou 6,4%. Já na comparação mês contra mês imediatamente anterior (série dessazonalizada), a produção recuou 6,2% em ambos, sendo também em ambos o segundo mês seguido de queda. Ademais, para não superdimensionar a expansão de 2013, pela média móvel trimestral da série dessazonalizada, os dois segmentos se retraíram em relação ao período imediatamente anterior, quer mês a mês, quer trimestre a trimestre. No caso da indústria de máquinas elétricas, tais recuos vêm ocorrendo desde meados de 2013.
Média-baixa Intensidade Tecnológica. O segmento de média-baixa intensidade tecnológica logrou expansão de 2,2% em 2013. As exportações dos bens típicos dessa faixa se recuperaram atingindo novo recorde em dólares correntes. Isso não impediu mais um ano de déficit, de US$ 7,1 bilhões, menor do que o registrado em 2012, mas o quarto seguido. O incremento da produção física no ano passado até poderia ter sido maior caso dezembro não tivesse registrado queda de 0,6% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Na passagem de novembro a dezembro, pela série livre de efeitos sazonais, a retração foi ainda maior, de 5,8%.
A faixa de média-baixa intensidade se comporta, seja em termos de produção física, seja de comércio exterior, influenciada sobremaneira pela produção de bens metálicos (siderurgia básica e fabricação de produtos de metal) e pelas plantas de derivados de petróleo refinado, álcool e afins.
Em 2013 a produção de bens de petróleo refinado, de outros combustíveis e afins foi a indústria da presente faixa que mais cresceu; 7,3%. Apesar dessa evolução, a grandeza do déficit desses produtos alcançou sua segunda maior magnitude: déficit de US$ 15,4 bilhões. A queda nas exportações concorreu para tanto, ficando aquém do que se vendeu para o exterior em 2012 e em 2008. Voltando à produção física, esta cresceu 3,4% na comparação entre meses de dezembro. Já no contraponto entre dezembro e o mês anterior (dados dessazonalizados), foi registrada queda de 4,3%. Pela média móvel trimestral da série livre de efeitos sazonais, o desempenho foi melhor, com incremento de 1,2% na passagem de novembro a dezembro e de 1,3% na do terceiro trimestre para o quarto trimestre.
A produção de bens metálicos, em contrapartida, caiu 1,1% no ano passado. Assim, a produção se comportou tal qual a balança comercial dos bens tipicamente produzidos por essas indústrias: retração no superávit, ficando em US$ 5,0 bilhões. O declínio seja da produção, seja do superávit pode ser associado ao recuo das exportações. Na comparação entre meses de dezembro, a produção de bens metálicos diminuiu 0,6%, enquanto na passagem de novembro a dezembro (dados livres de sazonalidade), a queda foi mais acentuada, de 5,8%. Resultados negativos também ocorreram pela média móvel trimestral dos dados dessazonalizados: retração de 1,1% no mês e de 0,2% no trimestre.
A produção de bens de minerais não-metálicos teve discreta alta de 0,9% em 2013. As comparações com dados apenas para dezembro, entretanto, foram negativas. Houve declínio de 1,3% ante o mesmo mês de 2012 e recuo de 2,0% no confronto com o m6es imediatamente anterior pela série dessazonalizada.
Quanto à produção de borracha e plásticos, em 2013 cresceu 1,4%, em que pese ter enfrentado fortes recuos no último mês do ano: queda de 8,9% frente a igual mês de 2012 e de 6,7% na passagem de novembro para dezembro pelos dados livres de influências sazonais. A indústria naval, por sua vez, teve retração de 5,4% no ano, com o próprio mês de dezembro contribuindo para tal declínio: queda de 13,8% nna comparação com dezembro do ano anterior.
Baixa Intensidade Tecnológica. A produção física do segmento de baixa intensidade tecnológica sofreu queda de 1,7% em 2013, o pior desempenho dentre as quatro faixas. Por ironia, os bens tipicamente produzidos por esse conjunto de atividades foi o único dentre os quatro agrupamentos por intensidade tecnológica a registrar superávit, de US$ 40,8 bilhões. Porém, embora expressivo, esse patamar representou um recuo no saldo. De volta à produção, no comparativo entre meses de dezembro de 2013 e de 2012, a retração foi ainda maior, de 2,3%. Na série dessazonalizada, houve diminuição de 0,7% na passagem de novembro a dezembro.
O segmento de baixa intensidade é formado por atividades com diferenças relevantes entre si. As indústrias de alimentos, bebidas e fumo, especialmente a alimentícia, costuma ditar o ritmo dessa faixa por conta de seu tamanho no perfil produtivo do Brasil. Sua produção caiu 1,4% em 2013, com a comparação entre meses de setembro registrando queda ainda maior, de 1,8%. Na passagem de novembro para dezembro, pela série dessazonalizada, a variação ficou ligeiramente positiva: 0,3%. Pela média móvel trimestral dos dados livres de sazonalidade, foi registrado ligeiro recuo, de 0,1% na passagem de novembro a dezembro, e de 0,6% na passagem de julho-setembro para outubro-dezembro. Ainda assim as exportações dos bens típicos da atividade atingiram US$ 44,3 bilhões, grandeza significativa, mas aquém das obtidas em 2011 e 2012. O superávit ficou em US$ 37,3 bilhões, também abaixo daqueles dos dois anos anteriores.
Em 2013, as indústrias de produtos madeireiros, de mobiliário, papel, celulose e impressão experimentaram uma retração maior do que a de alimentos, bebidas e fumo: variação de -3,4%. O desempenho pelas comparações entre meses de dezembro concorreu para tanto, posto que a produção declinou 4,9% frente o mesmo mês de 2012. Versus novembro, retrocedeu 0,5%. Considerando a média móvel trimestral da série dessazonalizada, dezembro logrou incremento, de 0,5% na passagem de novembro a dezembro e de 0,7 na do terceiro trimestre findado em setembro e o encerrado em dezembro. Aliás, o superávit comercial dos bens em tela aumentou em 2013, alcançando o patamar recorde de US$ 6,8 bilhões, com suas exportações magnitude sem igual, de US$ 9,2 bilhões.
As indústrias de baixa intensidade tratadas até o momento são intensivas em recursos naturais. Isto as distingue das demais da mesma faixa. Tanto o conjunto das indústrias de produtos têxteis, de vestuário, couro e calçados, quanto a fabricação de bens manufaturados não constante das demais atividades (mobiliário, instrumentos musicais, brinquedos etc.), utiliza mais intensivamente a mão-de-obra. Começando pela fabricação dos demais manufaturados, esta conseguiu incremento de 7,6% em 2013. Na comparação entre meses de dezembro, sua produção cresceu substantivamente: 21,1%. Já na passagem de novembro a dezembro (dados dessazonalizados), houve recuo de 5,2%. Apesar da evolução em 2013, a produção física não impediu o déficit recorde dos bens tipicamente oriundos dessa atividade. Em termos de montante, as exportações declinaram frente a 2012.
As indústrias têxteis, de vestuário, calçados e couro ficaram estáveis em 2013, com variação de 0,1%. Nesta mesma base de comparação, a déficit dos bens produzidos por tais atividades atingiu US$ 2,2 bilhões, ficando ligeiramente abaixo do observado em 2012. As exportações ficaram um pouco maior no contraponto com o ano anterior, porém abaixo de patamares observados nos anos de 2005, 2006, 2007, 2008 e 2011. De volta à produção, confrontando meses de dezembro, houve retração de 0,2%. Na passagem de novembro para dezembro, dados livres de sazonalidade, a queda foi de 0,7%. Na média móvel trimestral da série livre de sazonalidade, as retrações foram maiores, de 1,0% na passagem de novembro a dezembro e de 1,9% na passagem do terceiro para o quarto trimestre.