Análise IEDI
O dinamismo da indústria mundial no início de 2018
O ano de 2018 começou bem para a indústria de transformação mundial conforme os dados da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization), apesar de uma leve desaceleração em relação a 2017. No primeiro trimestre de 2018, o crescimento da produção chegou a 4,2% frente a igual trimestre do ano anterior, isto é, um pouco abaixo das altas de 4,6% e 4,7% nos dois últimos trimestres de 2017, respectivamente.
Os setores de média-alta e alta tecnologia cresceram acima de 5,0% em janeiro-marco de 2018, já estimuladas pela a expansão da indústria 4.0, que associa robotização, automatização e inteligência artificial. Mundialmente, o maior avanço da produção se deu na indústria de máquinas e equipamentos (+7,9%), seguida por equipamentos óticos, elétricos e computadores (+7,2%) e farmacêuticos (+7,1%). Nos três setores, a elevação assinalada nos países emergentes e em desenvolvimento superou a dos países em desenvolvimento, tendo sido ainda mais forte na China no caso de farmacêuticos.
Nas economias industrializadas, o crescimento total da indústria de transformação foi de 2,9%, com destaque para o desempenho de +4,1% na Europa. Houve, contudo, alguma perda de dinamismo, pois os resultados do 4º trim/17 tinham sido +3,5% e +5,0% para o conjunto de economias industrializadas e para Europa, respectivamente. A UNIDO atribui essa desaceleração ao maior protecionismo dos EUA e da Europa, cujos efeitos negativos podem ser compensados, no decorrer do ano, pelos estímulos fiscais nos EUA e na Alemanha, principalmente.
Dentre os emergentes, por sua vez, a produção de manufaturas na China continua perdendo ritmo: de +7,5% no 1º trim/17 para +6,8% no 4º trim/17, chegando ao 1º trim/18 a +6,3%, sempre na comparação interanual. Nos demais países em desenvolvimento e emergentes, cujo aumento de produção ficou em +4,8% em janeiro-março de 2018, também houve desaceleração.
No caso da América Latina, a indústria de transformação manteve a trajetória de recuperação das perdas anteriores, com elevação da produção de 2,7% em janeiro-marco de 2018. O Brasil, em especial, registrou um crescimento mais robusto, de 4,4%, isto é, acima da média regional e de outras economias importantes, como Argentina, Chile e Uruguai, que cresceram cerca de 3%. Já o México teve um desempenho mais fraco: apenas +1,3%, em muito devido às incertezas relativas à renegociação do NAFTA, de acordo com a UNIDO.
Com a melhora do quadro industrial do Brasil, o país vem galgando posições no ranking internacional de desempenho do setor. Depois de ter encerrado 2017 em 30º lugar em uma lista de 48 países, cujos resultados da indústria geral são acompanhados pelo IEDI, a indústria brasileira subiu para o 29º lugar no primeiro trimestre de 2018 e para 26º no acumulado de janeiro a abril, devido à expansão mais forte da produção neste último mês.
O desempenho do primeiro trimestre de 2018. Segundo o relatório da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization) sobre a indústria de transformação mundial no primeiro trimestre de 2018, o ano começou em ritmo um pouco mais lento do que vinha apresentando: +4,2% em janeiro-marco de 2018, tendo sido +4,6% e +4,7% frente a igual trimestre do ano anterior em julho-setembro e outubro-novembro de 2017, respectivamente.
Nas economias industrializadas, o crescimento em janeiro-marco de 2018 relativo a janeiro-marco de 2017 foi de 2,9%, com destaque para o resultado de +4,1% na Europa. Entretanto, as altas do trimestre anterior tinham sido maiores: +3,5% e +5,0% para o conjunto das economias industrializadas e para a Europa, respectivamente. A UNIDO atribui essa desaceleração ao maior protecionismo dos EUA e da Europa, o que deve ser compensado, ao menos parcialmente nos próximos meses, pelos estímulos fiscais nos EUA e na Alemanha, sobretudo.
Dentre os emergentes, contudo, a produção de manufaturas na China continua perdendo ritmo, chegando a 6,3% no primeiro trimestre de 2018 frente a igual período do ano anterior. Do início ao fim de 2017, os resultados trimestrais assinalados pela indústria chinesa tinham sido de +7,5%, +7,3%, +7,0% e +6,8, na ordem. Já a indústria de transformação dos demais países em desenvolvimento e emergentes expandiu 4,8% em janeiro-marco de 2018, também perdendo ritmo em relação aos trimestres anteriores.
Resultados por grupos de países. Embora as taxas de crescimento da indústria de transformação nos países desenvolvidos de todas as regiões tenham recuado em janeiro-marco de 2018, permaneceram em patamares significativos.
No primeiro trimestre de 2018, vis-à-vis o mesmo período de 2017, a produção de manufaturas aumentou 4,6% na Itália, 4,2% na Alemanha, e em todas as demais economias da Zona do Euro, exceto Malta. Fora da Zona do Euro, o crescimento da produção da indústria de transformação foi mais tímido na Rússia (+0,8%), Reino Unido (+2,6%) e Dinamarca (+2,0%) e mais intenso na Suécia (+7,0%) e República Tcheca (+6,2%).
Na Europa, de acordo com a UNIDO, o crescimento econômico deve continuar, contando com mais investimentos, melhores condições de financiamento, ampliação da lucratividade e da demanda esperada.
Nos EUA e Canadá, a produção da indústria de transformação se elevou 2,5% e 3,8%, respectivamente, no primeiro trimestre de 2018 frente a igual período de 2017. Já no Japão, o resultado foi de +2,6%, puxado por máquinas e equipamentos. Com isso, a indústria japonesa manteve um bom ritmo de expansão para os padrões do país. Singapura e Malásia também assinalaram elevação, de 9,8% e 5,2%, respectivamente. Em contraste, na Coreia do Sul, houve queda de 3,1% em janeiro-março comparativamente a igual trimestre do ano passado, principalmente por causa dos resultados negativos em automóveis e máquinas e equipamentos.
Na China, apesar da tendência de desaceleração as taxas de crescimento permaneceram expressivas. Em janeiro-marco de 2018, a expansão foi puxada por computadores e eletrônicos (+12,1%), automóveis (+10%) e farmacêuticos (+10%). Assim, o país vem rapidamente se tornando um produtor de manufaturas de média-alta e alta tecnologia.
Nos países em desenvolvimento da Ásia e Pacífico (+5,5%), destaca-se o crescimento da produção de manufaturas da Índia (+7%), Mongólia (+11,9%), Indonésia (+5,5%) e Vietnã (+5,5%). Já as economias do Leste Europeu tiveram crescimento de 7,7%.
Por fim, a indústria de transformação da América Latina continuou se recuperando das perdas anteriores, com elevação da produção de 2,7% em janeiro-marco de 2018, comparativamente a janeiro-marco de 2017. O Brasil apontou crescimento de 4,4%, enquanto Argentina, Chile e Uruguai cresceram cerca de 3%. Já o México registrou aumento de apenas de 1,3% na produção, que a UNIDO relaciona às incertezas relativas à renegociação do NAFTA.
Análise setorial. A maior parte dos ramos da indústria de transformação desacelerou o ritmo de crescimento no início de 2018 relativamente aos trimestres precedentes, na comparação interanual. Ainda assim, as taxas de expansão permanecem altas, especialmente nas indústrias de média-alta e alta tecnologia, acima de 5,0%, puxada pelo crescimento de 9% na China, 5,3% na Europa, 5,1% no Japão e 3,4% nos EUA. Em especial, Índia e Brasil assinalaram crescimento de 10,8% e 8,1% nessas indústrias no primeiro trimestre de 2018 frente ao primeiro trimestre de 2017.
Mundialmente, o maior crescimento em janeiro-março de 2018 se deu na indústria de máquinas e equipamentos (+7,9%), seguido por equipamentos óticos, elétricos e computadores (+7,2%) e farmacêuticos (+7,1%). Nos três setores, a elevação assinalada nos países emergentes e em desenvolvimento superou a dos países em desenvolvimento, tendo sido ainda mais forte na China no caso de farmacêuticos.
O único setor que não cresceu no primeiro trimestre de 2018 foi o de produtos de tabaco (-0,1%). Por sua vez, apontaram fraca expansão produtos do papel (+0,7%), outros manufaturados (+0,9%), publicação e impressão (+1,0%), petróleo refinado e coque (+1,1%) e outros equipamentos de transporte (+1,3%).
Brasil no ranking mundial da indústria. A partir dos dados coletados pela OCDE, Eurostat e pelo National Bureau of Statistics of China, o IEDI elaborou um ranking internacional de crescimento da indústria geral com 48 países. Este exercício, complementa as informações da Unido, dando destaque ao ritmo de crescimento da indústria brasileira vis-à-vis outros países de relevância industrial no mundo. Cabe observar que, diferentemente da Unido que trata dos dados do setor manufatureiro apenas, neste ranking foi considerada a indústria como um todo, inclusive seus ramos extrativos.
Para que o tamanho da amostra fosse o maior possível, optou-se por trabalhar apenas com as séries com ajuste sazonal, como faz a Unido, ainda que as comparações utilizadas sejam frente ao mesmo período do ano anterior. Usualmente, o IBGE calcula as comparações interanuais a partir das séries sem ajuste.
Assim, constata-se que o dinamismo industrial do Brasil, no primeiro trimestre de 2018, foi suficiente para fazer o país avançar apenas uma posição frente ao lugar que ocupava no final de 2017. A alta de 3,2% da indústria geral no 1º trim/18 colocou o país na 29º colocação do ranking de 48 países, enquanto havia ocupado o 30º lugar em 2017, decorrente da expansão de 2,8% no acumulado de janeiro-dezembro, sempre frente ao mesmo período do ano anterior com ajuste sazonal. Vale lembrar que em 2016 o Brasil ocupava a 47ª colocação, referente a um desempenho de -6,7% no ano como um todo. Ou seja, não pertencemos mais ao grupo de países com indústria em retração e temos apresentado uma evolução positiva no ranking que é digna de nota, muito embora ainda estejamos longe das primeiras colocações.
Como abril foi o melhor mês de 2018 para a indústria geral no Brasil, com alta de 0,8% frente a março e de 4,5% frente a abril de 2017, já descontados os efeitos sazonais, a posição brasileira progrediu ainda mais quando tomado o primeiro quadrimestre do ano como um todo, chegando à 26º posição, referente a um resultado acumulado de +3,5% na comparação interanual.
Ficaram atrás do Brasil países importantes, tais como os EUA na 27ª posição (+3,3% ante jan-abr/17), Japão na 32ª posição (+2,5%), França em 34º (+2,2%), África do Sul em 36º (+1,5%) e Coreia do Sul em 46º lugar (-1,5%), entre outros. Em contraste, tiveram uma performance superior à brasileira as indústrias da Turquia (+8,8%), que ficou em 3º lugar, do Chile (+8,1%) em 7º lugar, China (+6,9%) em 8º e Índia (+5,9%) em 14º lugar, só para citar alguns exemplos.
As taxas mais intensas do crescimento da produção da indústria geral no primeiro quadrimestre de 2018 ficaram a cargo de Montenegro (+38,4%) e Islândia (+14,8%) em primeiro e segundo lugar, respectivamente. Já as últimas colocações compreenderam Irlanda (-1,7%) em 47º e Malta (-4,6%) em 48º.