Análise IEDI
Uma vez mais no vermelho
Assim como a indústria, o setor de serviços não começou bem o ano. Seu faturamento real caiu tanto em relação a dezembro do ano passado (-1,9%), já descontados os efeitos sazonais, como frente a janeiro de 2017 (-1,3%). Ao que parece, então, dentre os grandes setores da economia, a alta do varejo é que foi a exceção.
Deste modo, os serviços ficaram um pouco mais longe de vislumbrar o início de sua recuperação. Na série com ajuste sazonal, o desempenho de janeiro de 2018 (-1,9%) só não foi pior do que o de maio de 2017 (-2,7%), revertendo, ao menos parcialmente, o resultado positivo obtido em novembro e dezembro (+1,0% e +1,5%, respectivamente). Contou muito para isso, devido a seu peso no setor, o recuo de 3,0% nos serviços de transportes, cuja atividade refletiu a perda de dinamismo industrial em janeiro.
Em comparação com o mesmo mês de 2017, a queda de janeiro último significou a ruptura de uma trajetória de amenização das perdas que já tinha progredido o suficiente para que uma variação positiva (+0,6%) despontasse em dezembro do ano passado. Assim, a recuperação que se ensaiava para 2018, por ora, não veio. Vale notar, entretanto, que a variação de -1,3% obtida em janeiro de 2018 ainda está entre os recuos mais brandos do setor.
Os sinais de deterioração neste início de ano foram, ademais, generalizados entre os diferentes tipos de serviços. Na margem, 4 dos 5 segmentos pesquisados pelo IBGE ficaram no vermelho, enquanto na comparação interanual foram 3 dos 5 nesta situação. A queda também se espalhou geograficamente: dos 27 estados, 18 caíram frente a dezembro de 2017 e 22 frente a janeiro de 2017.
Com isso, o faturamento real do setor como um todo, que no último trimestre do ano passado mostrava uma virtual estabilização, recuando apenas 0,2% frente a igual período do anterior, voltou a piorar, como mostram as variações interanuais abaixo. Porém, dá alguma esperança o fato de que o patamar de queda em janeiro de 2018 continua apontando para um quadro menos ruim do que aquele de 2017 como um todo.
• Total serviços: -2,8% em 2017; -0,2% no 4º trim/17 e -1,3% em jan/18;
• Serviços prestados às famílias: -1,1%; -0,7% e -2,9%, respectivamente;
• Serviços de informação e comunicação: -2,0%; -0,2% e -3,3%;
• Serviços profissionais, adm. e complementares: -7,3%; -5,2% e -3,3%;
• Serviços de transporte, seus auxiliares e correios: +2,3%; +6,6% e +4,0, respectivamente.
Em alguns casos, o dado de janeiro chega a indicar uma piora não apenas frente ao quarto trimestre do ano passado, mas também em comparação com 2017 como um todo. Trata-se do segmento de serviços prestados às famílias, em função dos seus dois componentes, isto é, tanto dos serviços de alojamento e alimentação (-2,3% em jan/18) como de outros serviços prestados às famílias (-5,7%). Este também é o caso dos serviços de informação e comunicação, devido especialmente às telecomunicações, cuja queda chegou a 6,7% em jan/18.
Os serviços profissionais, administrativos e complementares, por sua vez, continuam registrando patamares expressivos de queda, em muito influenciados pela condição ainda muito difícil das empresas. Mas ao menos foi preservada a trajetória de arrefecimento de sua crise. Em janeiro de 2018, o ritmo de contração do faturamento real deste segmento dos serviços (-3,3%) era menos da metade daquele indicado pelo resultado acumulado no ano passado (-7,3%).
Apesar de ter caído frente a dezembro, são os transportes e serviços correlatos que continuam apresentando o desempenho mais favorável do setor. Na origem disso está o movimento de melhora do nível geral de atividade econômica, inclusive no comércio exterior. Em 2017, foi o único segmento a crescer, atingindo uma alta nada desprezível no último trimestre do ano. Agora em janeiro permaneceu no azul, mas não sem alguma desaceleração, provocada principalmente pelo componente armazenagem e serviços auxiliares (de +11,8% no 4º trim/17 para +4,1% em jan/18) e transporte terrestre (de 6,8% para 3,4%).
O segmento de outros serviços, que reúne um conjunto diversificado de atividades, também saiu do terreno negativo em janeiro de 2018: +2,5% contra -6,9% no 4º trim./17. No mesmo caminho, está o grupamento especial de atividades turísticas, mas neste caso o melhor que conseguiu foi ficar estável depois de uma sequência de 12 meses negativos, gerando uma retração acumulada de 6,5%.
De acordo com dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados pelo IBGE para o mês de janeiro, o volume de serviços prestados apresentou queda de -1,9% na comparação com o mês de dezembro de 2017, para dados com ajuste sazonal, após duas altas em novembro (1,0%) e em dezembro (1,5%). Frente ao mesmo mês do ano anterior houve retração de -1,3%. No acumulado de 12 meses, observou-se queda de -2,7%.
Na comparação com o mês imediatamente anterior, na série dessazonalizada, apenas o segmento de outros serviços apresentou crescimento (3,8%). Nos demais segmentos foram observadas retrações: transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (-3,0%), serviços profissionais, administrativos e complementares com (-1,4%), serviços prestados às famílias (-0,6%) e serviços de informação e comunicação (-0,2%). Já as atividades turísticas apresentaram crescimento de 0,3% na mesma base de comparação.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, dois dos cinco segmentos apresentaram aumento, sendo eles: transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (4,0%) e outros serviços (2,5%). Por outro lado, os outros setores apresentaram retração: serviços de informação e comunicação (-5,0%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-3,3%) e serviços prestados às famílias (-2,9%). As atividades turísticas não apresentaram variação.
No acumulado de doze meses somente o segmento de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio apresentou crescimento de 2,8%. Os demais setores apresentaram retração: outros serviços (-8,3%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-7,0%), serviços de informação e comunicação (-2,4%) e serviços prestados às famílias (-1,0%). O volume de serviços relacionados a atividades turísticas retraiu -5,8%.
Na análise por unidade federativa, na comparação de janeiro frente ao mesmo mês do ano anterior, houve variações positivas em cinco dos vinte e sete estados analisados: Mato Grosso (6,4%), Amazonas (4,9%), São Paulo (0,6%), Espírito Santo (0,3%) e Goiás (0,1%). Os outros estados apresentaram retração, sendo os maiores nos estados de Piauí (-18,8), Rio Grande do Norte (-12,6%), Roraima (-9,6%) e Pará (-8,8%).
Ainda na análise por unidade federativa, no acumulado de doze meses frente aos doze meses anteriores, foi observado crescimento em dois estados: Mato Grosso (17,5%) e Paraná (4,9%). Para as demais unidades federativas houve retração, com as maiores em: Amapá (-12,8%), Distrito Federal (-10,7%) e Tocantins (-10,2%).