Análise IEDI
De volta ao azul: o Brasil no ranking mundial da indústria
O ano de 2017 marcou o início da reação da indústria, muito embora seja possível afirmar que faltou vigor a este movimento diante da magnitude das quedas sofridas nos três anos anteriores e da aceleração que o setor registrou no mundo como um todo. A produção industrial brasileira fechou o ano passado com alta de 2,5% frente ao ano anterior. Se considerarmos os dados com ajuste sazonal, o resultado geral foi de +2,9% em igual comparação.
Deste modo, a indústria brasileira cresceu, mas permaneceu abaixo do desempenho da indústria mundial. Segundo estimativas do CPB Netherlands Bureau for Economic Policy Analysis, no acumulado de janeiro a dezembro de 2017 o setor avançou 3,5% no mundo, puxado principalmente pela Ásia emergente (+5,6%) e, dentre as economias avançadas, pelo Japão (+4,5%). Em oposição, coube à indústria da América Latina o pior desempenho (-0,8%) – a única região a apresentar retração em 2017.
A partir dos dados coletados pela OCDE, Eurostat e pelo National Bureau of Statistics of China, o IEDI elaborou um ranking internacional de crescimento da indústria geral com 48 países. Para que o tamanho da amostra fosse o maior possível, optou-se por trabalhar apenas com as séries com ajuste sazonal, ainda que as comparações utilizadas sejam frente ao mesmo período do ano anterior. Usualmente, o IBGE calcula as comparações interanuais a partir das séries sem ajuste.
O dinamismo industrial do Brasil, em 2017, foi suficiente para retirar o país das piores colocações no ranking internacional do setor. O Brasil ocupava em 2016 a 47ª colocação, referente a um desempenho de -6,7% no ano como um todo, ficando atrás apenas da Islândia. A recuperação em 2017 fez com que o país galgasse posições e atingisse a 30º colocação, isto é, um avanço de nada menos do que 17 posições.
Cabe observar que em função da celeridade na divulgação dos dados da indústria pelos institutos de pesquisa estatística de cada país, o cômputo do resultado acumulado em 2017 para alguns casos considera o período janeiro-novembro, enquanto que para a maioria dos países, como o Brasil, o período de referência é janeiro-dezembro. Com o ano praticamente completo, pouca influência esse aspecto exerce sobre o ranking.
Assim, não pertencemos mais ao grupo de países com indústria em retração, mas ainda continuamos longe das primeiras colocações do ranking. O desempenho de 2017 não foi capaz de superar a taxa de crescimento mediana da amostra considerada pelo IEDI (+3,6%). Ficamos, então, na metade da amostra que reúne os países menos dinâmicos. Este é mais um aspecto a sugerir uma reativação muito modesta da indústria brasileira.
Porém, funciona como atenuante o fato de que o Brasil ficou muito próximo de outras potências industriais no ranking de 2017, com um resultado industrial superior ao delas. Os EUA, por exemplo, ficaram na 34ª colocação com uma alta de 2,0% na produção industrial. A Coreia do Sul, um país de grande expressão industrial no mundo, ocupou, por sua vez, a 38º colocação devido a uma expansão de 1,2% em sua indústria.
Outros países importantes também ficaram abaixo do resultado do Brasil, como França (31º) e Reino Unido (33º), além de Rússia (39º), Chile (41º) e México (43º), entre outros. Em contrapartida, vale observar que em nenhum desses casos mencionados anteriormente o declínio industrial em 2016 foi tão forte quanto o brasileiro (-6,7%), nem vinha se prolongando por tanto tempo.
Acima do Brasil, a seu turno, encontram-se muitos países europeus, cujas economias aceleraram seu crescimento em 2017, e as potências da Ásia. Com um resultado muito próximo do brasileiro, ficaram Espanha (29º) e Itália (28º). A indústria da Índia ao crescer 3,6% em 2017 colocou o país na 25º colocação. Melhores posicionados no ranking ficaram Alemanha (22º), Portugal (17º) e Japão (15º).
Além da China, que obteve o 8º melhor desempenho industrial em 2017 (+6,6%), os dez melhores colocados do ranking se referem a economias do leste europeu, como Romênia (+9,2%), Letônia (+8,5%) e Eslovênia (+8,0%) nas três primeiras posições. Estes países, assim como outros da região, se beneficiaram muito do maior dinamismo da União Europeia, já que muitos deles funcionam como “fábricas” de suas grandes potências, como a Alemanha. Além disso, esses países também vêm registrando um ritmo acelerado de crescimento econômico, alavancado por investimentos de capital fixo, financiados com recursos da União Europeia e estimulados pela adoção de políticas macroeconômicas expansionistas.