Análise IEDI
Perspectivas de melhora para 2018
Em dezembro de 2017, a indústria obteve um resultado excepcional de +2,8% frente a novembro, a maior alta desde junho de 2013 na série com ajuste sazonal. Os dados divulgados hoje pelo IBGE, mostram, contudo, que o aumento da produção chegou a este patamar devido a poucos estados, o que não desautoriza o índice global obtido pelo setor, mas aconselha que seja tomado com certa precaução.
Embora cerca de metade das localidades pesquisadas pelo IBGE, isto é, 8 das 15 localidades, tenham acompanhado a indústria geral e registrado variação positiva na passagem de novembro para dezembro, foram raros os casos de crescimento mais intenso, como Rio Grande do Sul (+6,8%) e Amazonas (+6,2%).
São Paulo, por seu peso no parque industrial do país, também contribuiu muito para o resultado agregado ao atingir sua melhor marca do ano na série com ajuste sazonal (+3,0%). O estado também se destacou na comparação interanual ao avançar 10,1%, ao lado de outras localidades com indústrias de menor porte e menos diversificadas, como Amazonas (+10,9%), Rio de Janeiro (+7,2%) e Mato Grosso (+5,8%).
Deste modo, São Paulo e outras dez localidades acompanhadas pelo IBGE apresentaram no trimestre final do ano um desempenho superior ao do acumulado de 2017, como mostram as variações interanuais abaixo. O comportamento dessas localidades foi capaz de condicionar o quadro geral da indústria, cuja alta no 4º trimestre (+4,9%) atingiu um ritmo de expansão duas vezes maior do que no acumulado janeiro-dezembro de 2017 (+2,5%).
• Brasil: +2,5% no acumulado de 2017 e +4,9% no 4º trim. de 2017;
• Amazonas: +3,7% e +7,5%, respectivamente
• São Paulo: +3,4% e +8,1%
• Rio de Janeiro: +4,2% e +7,8%
• Santa Catarina: +4,5% e +7,2%
• Minas Gerais: +1,5% e +1,5%
• Nordeste: -0,5% e 0%
• Rio Grande do Sul: +0,1% e -1,0%
Ainda mais importante é que a maioria dos casos com sinais de aceleração no final do ano pertence ao grupo de localidades com os melhores resultados de 2017. Isto é, praticamente todas as industrias regionais que cresceram mais do que os 2,5% da média nacional apresentaram um avanço ainda maior no último trimestre, indicando que está havendo um processo de retomada industrial. Este é um quadro que traz boas perspectivas para o dinamismo do setor no início de 2018.
Neste grupo estão alguns dos mais importantes parques industriais brasileiros, como São Paulo e Rio de Janeiro, mas também Amazonas, Santa Catarina, Mato Grosso e Goiás. A única exceção foi o estado do Paraná, cujo crescimento de 2,4% no 4º trim/2017 ficou abaixo do acumulado no ano (+4,4%).
Para aquelas localidades que conseguiram apenas ter um aumento modesto de produção em 2017, como foram os casos de Rio Grande do Sul (+0,1%), Espírito Santo (+1,7%) e Minas Gerais (+1,5%), a tendência sugerida pelo último trimestre do ano foi de retorno ao negativo para os dois primeiros casos (-1,0% e -2,2%, respectivamente) e de estabilidade do ritmo no caso mineiro (+1,5%).
A única região a continuar registrando perdas em 2017 foi o Nordeste, com -0,5% no acumulado do ano. Vale observar que a região como um todo não só entrou em crise mais tarde do que outras localidades, como suas quedas foram mais brandas. De todo modo, no ano passado quase não deu sinais de reação. Depois de novos declínios no primeiro semestre de 2017, registrou crescimento de 1,6% no 3º trimestre do ano, mas que não se sustentou. No 4º trimestre, houve apenas estabilidade.
O quadro resumo de 2017 não foi, assim, nada mal: das 15 localidades acompanhadas pelo IBGE, 12 fecharam o ano no positivo, sendo 8 delas em um ritmo superior à média nacional, e 11 com um viés favorável no último trimestre do ano.
Um aspecto importante que não se pode perder de vista é que há muito a se recuperar pela frente. Mesmo os estados com os melhores desempenhos em 2017 pouco fizeram frente às perdas acumuladas durante a crise. A indústria paulista, por exemplo, encolheu 21% de 2014 a 2016, o que faz da alta de 3,4% em 2017 algo muito insuficiente. No total nacional, ocorre a mesma desproporção de resultados: -17% no triênio de crise contra apenas +2,5% em 2017.
Na passagem de novembro para dezembro, a partir de dados dessazonalizados, a produção industrial brasileira apresentou crescimento de 2,8%. Dentre os 14 locais pesquisados, oito registraram crescimento, sendo o mais intenso registrado no estado do Rio Grande do Sul (6,8%), seguido por Amazonas (6,2%), Ceará (4,9%), São Paulo (3,0%), Santa Catarina (1,6%), Paraná (1,6%), Rio de Janeiro (1,0%) e Minas Gerais (0,2%). Por outro lado, as demais localidades apresentaram variações negativas: Goiás (-2,7%), Pará (-1,8%), Pernambuco (-1,8%), Espírito Santo (-1,7%), Bahia (-1,5%) e região Nordeste (-0,2%).
Frente ao mesmo mês do ano anterior, houve elevação de 4,3% da indústria nacional, com 8 dos 15 locais pesquisados registrando oscilação positiva, com destaque para os estados do Amazonas (10,9%) e de São Paulo (10,1%), seguidos por Rio de Janeiro (7,2%), Pará (6,1%), Mato Grosso (5,8%), Goiás (4,0%), Santa Catarina (3,9%) e Rio Grande do Sul (0,3%). Em sentido oposto, Espírito Santo (-5,1%) registrou a maior queda, acompanhado por Pernambuco (-2,5%), região Nordeste (-2,3%), Bahia (-1,8%), Minas Gerais (-1,5%), Paraná (-0,5%) e Ceará (-0,1%).
O período de janeiro a dezembro de 2017, em comparação a igual período do ano anterior, apresentou crescimento de 2,5% em termos nacionais, com expansão na produção de 12 das 15 regiões pesquisadas. O principal avanço ocorreu no estado do Pará (10,1%), seguido por Santa Catarina (4,5%), Paraná (4,4%), Rio de Janeiro (4,2%), Mato Grosso (3,9%), Amazonas (3,7%), Goiás (3,7%), São Paulo (3,4%), Ceará (2,2%), Espírito Santo (1,7%), Minas Gerais (1,5%) e Rio Grande do Sul (0,1%). Por outro lado, as regiões que tiveram retrações em igual base de comparação foram: Bahia (-1,7%), Região Nordeste (-0,5%) e Pernambuco (-0,9%).
São Paulo. Na comparação do mês de dezembro de 2017 frente a novembro, a produção da indústria paulista apresentou expansão de 3,0%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a dezembro de 2016, a produção industrial registrou crescimento de 10,1%, oitava taxa positiva consecutiva e a mais intensa desde abril de 2013. O resultado se deve ao incremento na produção de 16 das 18 atividades pesquisadas. Os setores com os resultados mais expressivos foram: metalurgia (39,2%), veículos automotores, reboques e carrocerias (25,7%), máquinas e equipamentos (11,0%), outros produtos químicos (9,4%), produtos alimentícios (8,8%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (5,7%). Por outro lado, os impactos negativos vieram dos setores de outros equipamentos de transporte (-13,8%) e de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-11,8%).
Rio Grande do Sul. Em dezembro de 2017 frente a novembro, a produção industrial gaúcha aumentou 6,8%, com dados livres de efeitos sazonais, a segunda taxa positiva consecutiva e mais intensa desde julho de 2015. Na comparação com dezembro de 2016, houve crescimento de 0,3%, interrompendo o ciclo de retrações dos últimos quatro meses, para a mesma base de comparação. Tal condição é resultado do crescimento de sete das 14 atividades pesquisadas com destaque para a produção de metalurgia (75,4%), em razão do aumento da fabricação de barras de aços ao carbono, vergalhões de aços ao carbono e fio-máquina de aços ao carbono e de veículos automotores, reboques e carrocerias (34,0%), impulsionada pela maior fabricação de automóveis. Em sentido oposto, as principais influências negativas vieram de máquinas e equipamentos (-13,1%), de outros produtos químicos (-5,7%) e de produtos alimentícios (-4,7%).