Análise IEDI
Melhores desempenhos vindos do Sul e Sudeste
Em 2017, a indústria deu os primeiros passos para sua recuperação, assumindo uma trajetória que, pelo menos por ora, carece de certa dose de consistência, seja pela ausência de uma boa sequência de resultados positivos em muitos de seus ramos, seja pelo fato de que um crescimento mais forte contempla a produção de apenas alguns poucos bens.
Os dados divulgados hoje pelo IBGE mostram que o quadro também é bastante assimétrico entre as diferentes indústrias regionais, ainda que altas na produção venham sendo verificadas na maioria das localidades. Em novembro, o crescimento com ajuste sazonal da produção, que foi de 0,2% no total Brasil, atingiu 8 das 14 localidades acompanhadas pelo IBGE.
Um exemplo de quão díspares podem ser as situações é o fato de que em alguns estados mal podemos falar em crise. Enquanto muitos amargavam perdas históricas, a indústria do Pará continuou crescendo entre 2014 e 2016, chegando a um resultado de nada menos que +10,5% no acumulado jan-nov/2017. Para o Mato Grosso, o pior ano foi 2016 devido a uma virtual estabilidade (apenas -0,1% ante 2015), revertida em expansão de 4,5% em 2017 até o mês de novembro.
Para aqueles que não escaparam de pesadas perdas nos últimos anos, 2017 também trouxe trajetórias distintas no que diz respeito tanto à sequência de meses de crescimento como à sua magnitude. Os melhores casos sob estes dois parâmetros cabem principalmente a estados do Sul e do Sudeste do país.
Mês após mês, Paraná e Santa Catarina ficaram no azul na maior parte do ano. Foram, respectivamente, 7 e 8 meses positivos entre janeiro e novembro de 2017, na série com ajuste sazonal. Além disso, na maioria das vezes que cresceram, cresceram a um ritmo satisfatório, isto é, acima de 0,5% frente ao mês anterior. Com isso, devem terminar o ano pelo menos compensando as perdas que tiveram em 2016, como sugerem as variações interanuais abaixo.
• Brasil: -6,4% em jan-dez/16; +2,3% em jan-nov/17 e +4,3% em set-nov/17;
• São Paulo: -5,2%; +3,0% e +6,5%, respectivamente;
• Rio de Janeiro: -4,1%; +3,9% e +9,2%;
• Paraná: -4,4%; +4,8% e +5,4%;
• Santa Catarina: -3,3%; +4,5% e +6,4%;
• Amazonas: -11,0%; +3,2% e +6,4%;
• Nordeste: -2,9%; -0,5% e +0,4%, respectivamente.
A indústria de Goiás também seguiu o mesmo comportamento: apresentou uma boa sequência de crescimento, com 9 dos 11 meses de 2017 de alta na série com ajuste sazonal, sendo quase todos eles com relativa força. No acumulado do ano até novembro, 2017 já faz frente à queda de 2016 (+4,6% contra -4,7%, respectivamente).
São, contudo, os sinais de maior dinamismo em São Paulo, que possui uma indústria mais completa, que abrem a possibilidade de levar a uma recuperação industrial mais sólida para o país como um todo, já que suas relações intersetoriais favorecem o espraiamento do crescimento a outras localidades.
Ao longo dos últimos onze meses, a indústria paulista registrou declínio apenas três vezes na série com ajuste sazonal, embora o segundo semestre tenha tido desempenho mais volátil. Além de majoritários, os meses positivos geralmente atingiram um ritmo razoável de crescimento (a única exceção foi fev/17, com +0,2%). Em 2017, a produção já acumula alta de 3,0% até novembro, ainda não sendo capaz de compensar a perda de 2016 (-5,2%), mas caminhando para isso.
Junto com São Paulo está o Rio de Janeiro, cujo placar na série com ajuste foi de 7 meses de alta, sempre em um ritmo confortável, e de 4 meses de queda. Ademais, indústria carioca tem boas chances de ter compensado o declínio de 2016 (-4,1%) em 2017 (+3,9% até nov.).
Em contraste com todos esses casos, há quem não esteja se saindo muito bem. Minas Gerais e Rio Grande do Sul, depois de esboçar alguma reação na primeira metade do ano, parecem ter descarrilhado no segundo semestre: em ambos os casos praticamente só houve variações negativas na série com ajuste sazonal, exceto no mês de novembro (+2,4% e +1,4%). Devido a isso, 2017 deve ajudar pouco na redução das perdas da crise.
Nordeste e Amazonas, por sua vez, mostram certa hesitação, especialmente na segunda metade do ano, com resultados ora positivos ora negativos na série com ajuste sazonal. Para a indústria nordestina, 2017 continua significando declínio: -0,5% no acumulado até novembro; enquanto que para o Amazonas ficará longe de aplacar o retrocesso de 2016: -11,0% contra +3,2% em jan-nov/17.
Na passagem de outubro para novembro de 2017, a partir de dados dessazonalizados, a produção industrial brasileira apresentou crescimento de 0,2%. Dentre os 14 locais pesquisados, oito registraram crescimento, sendo o mais intenso registrado no estado do Espírito Santo (5,8 %), seguido pela Bahia (3,5%), Pernambuco (2,6%), Minas Gerais (2,4%), Rio Grande do Sul (1,4%), Pará (1,1%), São Paulo (0,7%) e Região Nordeste (0,2%). As demais localidades apresentaram variações negativas: Amazonas (-3,7%), Rio de Janeiro (-2,9%), Ceará (-2,3%), Paraná (-0,9%), Goiás (-0,6%) e Paraná (-0,1%).
Frente ao mesmo mês do ano anterior, houve elevação de 4,7% da indústria nacional, com 14 dos 15 locais pesquisados registrando oscilações positivas: Goiás (17,0%), Pará (10,7%), Santa Catarina (8,0%), São Paulo (7,1%), Rio de Janeiro (5,6%), Ceará (3,5%), Paraná (3,2%), Mato Grosso (3,1%), Minas Gerais (2,5%), Pernambuco (2,1%), Espírito Santo (1,7%), Bahia (0,8%) e Amazonas (0,6%). A única região que apresentou queda foi o Rio Grande do Sul (-0,2%).
No período de janeiro a novembro de 2017, em comparação a igual período do ano anterior, houve crescimento de 2,3% em termos nacionais, com expansão na produção de 12 das 15 regiões pesquisadas. O principal avanço ocorreu no estado do Pará (10,5%), seguido por Paraná (4,8%), Goiás (4,6%), Santa Catarina (4,5%), Mato Grosso (4,5%), Rio de Janeiro (3,9%), Amazonas (3,2%), São Paulo (3,0%), Ceará (2,4%), Espírito Santo (2,3%), Minas Gerais (1,7%) e Rio Grande do Sul (0,5%). Por outro lado, as regiões que tiveram retrações em igual base de comparação foram: Bahia (-2,7%), Pernambuco (-0,5) e a Região Nordeste (-0,5%).
No acumulado em 12 meses a indústria brasileira apresentou crescimento de 2,2%, a maior alta desde setembro de 2013 (2,3%), mantendo a trajetória ascendente iniciada em junho de 2016. Em termos regionais, houve expansão de 13 das 15 regiões com os seguintes resultados positivos: Pará (10,6%), Paraná (4,9%), Santa Catarina (4,6%), Mato Grosso (3,8%), Goiás (3,7%), Rio de Janeiro (3,6%), Amazonas (3,2%), São Paulo (2,7%), Ceará (2,6%), Espírito Santo (2,3%), Minas Gerais (1,9%), Rio Grande do Sul (0,8%) e Pernambuco (0,2%). Apenas o estado da Bahia registrou queda de -3,2%.
São Paulo. Na comparação com o mês de outubro de 2017, a produção da indústria paulista apresentou expansão de 0,7%, a partir de dados dessazonalizados. Frente a novembro de 2016, houve aumento de 7,1%, sétima taxa positiva consecutiva para essa comparação. O resultado se deve ao incremento na produção de 14 das 18 atividades pesquisadas. Os setores com os resultados mais expressivos foram veículos automotores, reboques e carrocerias (17,2%), e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (15,1%), devido ao acréscimo na produção de automóveis, caminhão-trator para reboques e semirreboques e caminhões e a maior produção de óleos combustíveis, naftas para petroquímica e óleo diesel, respectivamente. Outras atividades com oscilações positivas foram: metalurgia (20,7%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (16,0%), produtos de borracha e de material plástico (9,2%), produtos químicos (8,8%), máquinas e equipamentos (7,8%). Em sentido inverso, os principais impactos negativos vieram dos setores de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-6,9%), outros equipamentos de transporte (-6,2%), celulose, papel e produtos de papel (-3,4%) e produtos de metal (-3,1%).
Rio Grande do Sul. Frente a outubro, a produção industrial gaúcha aumentou 1,4%, para dados dessazonalizados, rompendo com o ciclo de taxas negativas acumuladas nos últimos cinco meses. Frente a novembro de 2016, houve queda de -0,2%, quarta retração consecutiva para essa base de comparação, com seis das 14 atividades pesquisadas em queda de produção, sendo os setores de maior impacto: máquinas e equipamentos (-13,8%), em função da menor fabricação de tratores agrícolas, aparelhos de ar-condicionado de paredes e de janelas (inclusive os do tipo split system), motores pneumáticos máquinas para colheita e suas partes e peças, ferramentas hidráulicas de motor não-elétrico de uso manual e semeadores, plantadeiras e adubadores, seguido pelos setores de bebidas (-10,8%), celulose, papel e produtos de papel (-9,5%) e móveis (-8,0%). Em contrapartida, os setores com a maior variação positiva foram: metalurgia (14,6%), material plástico (11,1%), veículos automotores, reboques e carrocerias (8,8%), produtos de metal (5,9%) e produtos de borracha e de produtos alimentícios (2,9%).