Análise IEDI
Um passo para trás, um passo para frente
As vendas do comércio varejista voltaram a crescer em novembro. A reação veio com considerável força para os padrões de 2017, mas isso deve ter refletido uma boa dose de adiamento das compras dos meses anteriores à espera das promoções que ocorrem no mês de novembro.
Em seu conceito restrito, o varejo registou alta de 0,7% frente ao mês anterior, isto é, apenas o suficiente para compensar o declínio de suas vendas reais em outubro. Na verdade, não há nada de novo nisso, já que na série com ajuste sazonal, desde agosto, aquilo que o setor cresce em um mês só consegue anular a queda do mês anterior. Por essa razão, o nível de vendas em nov/17 encontra-se no mesmo patamar de jul/17.
O quadro é um pouco mais favorável para o varejo ampliado, que inclui veículos, autopeças e material de construção. Suas vendas reais em novembro avançaram 2,5%, já descontados os efeitos sazonais, sobrepujando o declínio de outubro (-1,7% ante set/17) e restaurando o sinal positivo que vinha marcando seu desempenho desde o mês de junho.
Contribuíram para que o comércio retornasse ao crescimento em novembro justamente aqueles segmentos que costumam chamar mais atenção neste período de promoções. Foi o caso de móveis e eletrodomésticos (+6,1% ante out/17) e de outros artigos de uso pessoal e doméstico, que inclui lojas de departamento, (+8,0%), respondendo pelos melhores resultados na série com ajuste sazonal.
Outros segmentos também se saíram bem, como o de hipermercados, alimentos, bebidas e fumo, que voltou a um patamar de crescimento próximo ao de setembro, como mostram as variações na margem abaixo, e material de construção. Com isso, no primeiro caso já são oito meses consecutivos de resultados favoráveis, a despeito da estabilidade de outubro. No segundo caso, a sequência de altas a partir de maio só foi momentaneamente interrompida em outubro.
• Varejo Restrito: +0,4% em set/17; -0,7% em out/17 e +0,7% em nov/17;
• Hipermercados, alimentos, bebidas e fumo: +1,1%; 0% e +0,8%;
• Móveis e eletrodomésticos: -0,7%; -4,2% e +6,1%;
• Outros artigos de uso pessoal e doméstico: +2,6%; -3,4% e +8,0%;
• Varejo Ampliado: +0,9%; -1,7% e +2,5%;
• Veículos, motos e autopeças: -0,4%; -1,7% e +1,5%;
• Material de Construção: +0,7%; -0,8% e +2,3%, respectivamente.
O varejo vai, assim, saindo lentamente da crise. No acumulado de janeiro a novembro de 2017, que prenuncia o resultado anual, a expansão das vendas reais chegou a 1,9% (3,7% no conceito ampliado), mas isso não reflete inteiramente o nível de dinamismo presente. É preciso levar em conta que no último trimestre sobre o qual há informação, isto é, set-out-nov/17 a alta já é de 4,9% ante igual período do ano anterior (+8,5% no conceito ampliado).
Em 2017, contudo, a reativação das vendas do varejo ainda não configura inteiramente um processo de recuperação, mas decorre principalmente de avanços tópicos, ou seja, de melhoras concentradas em alguns meses, como em janeiro, em que pesaram mudanças metodológicas na pesquisa do IBGE, e no final do primeiro semestre – no mês de junho.
Ainda há um longo caminho pela frente para que o comércio volte ao nível de vendas anterior à crise, mas determinados segmentos, ao menos, vêm conseguindo compensar as quedas sofridas em 2016. Isso claramente não basta, mas já dá algum fôlego ao setor.
Três segmentos do varejo devem ter encerrado 2017 nesta situação: eletrodomésticos (-5,0% em 2016 e +10,4% em jan-nov/2017), artigos farmacêuticos, perfumaria e cosméticos (-2,1% e +2,0%, respectivamente) e material de construção (-10,7% e +9,2%). Em todos estes casos, o desempenho mais recente, captado pela variação interanual da média móvel finda em nov/17, aponta para um final de ano ainda melhor: +15%, +7,1% e +16,2%, respectivamente.
Alguns devem apenas chegar perto de um resultado que anule a retração de 2016, como tecidos, vestuário e calçados (-10,9% em 2016 e +7,7% em jan-nov/17), e outros estão despontando, com um trimestre findo em novembro muito mais favorável do que sugere o desempenho no acumulado de 2017, a exemplo de veículos, motos e autopeças (+2,4% em jan-nov/17 e +11,2% em set-nov/17); supermercados, alimentos, bebidas e fumo (+1,0% e +4,1%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (+2,6% e +7,2%, respectivamente).
Segundo dados divulgados pelo IBGE, o volume de vendas do comércio varejista em novembro de 2017, com dados já ajustados sazonalmente, cresceu 0,7%. No confronto com o mesmo mês de 2016, o volume de vendas apresentou crescimento de 5,9%. No acumulado nos onze primeiros meses do ano, frente ao mesmo período de 2016, verificou-se alta de 1,9% do volume de vendas. Já a variação acumulada nos últimos 12 meses foi de 1,1%.
O volume de vendas do comércio varejista ampliado, que inclui vendas de veículos, motos, partes e peças e de materiais de construção, registrou expansão de 2,5% em relação a outubro, a partir de dados livres de influências sazonais. Na comparação com novembro de 2016, houve elevação de 8,7%. No que se refere os resultados do acumulado do ano e nos últimos 12 meses, as variações foram de 3,7% e 2,6%, respectivamente.
Setores. Na série ajustada sazonalmente, cinco atividades tiveram variações positivas frente a outubro de 2017: outros artigos de uso pessoal e doméstico (8,0%), móveis e eletrodomésticos (6,1%), livros, jornais e papelaria (1,4%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (1,2%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,8%). Por outro lado, os setores que registraram recuo nas vendas foram: combustíveis e lubrificantes (-1,8%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-5,8%) O setor de tecidos, vestuários e calçados (0,0%), por sua vez, assinalou estabilidade. No comércio varejista ampliado, o volume das vendas em novembro avançou 2,5% na mesma base de comparação, com as vendas de veículos, motos, partes e peças crescendo 1,5% e de material de construção, 2,3%.
Na comparação mensal (mês/mesmo mês do ano anterior), cinco atividades do comércio varejista apresentaram acréscimo nas vendas: hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (5,2%), móveis e eletrodomésticos (15,6%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (8,1%), tecidos, vestuário e calçados (9,1%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (8,0%). Por outro lado, combustíveis e lubrificantes (-2,5%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-6,8%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-2,3%) influenciaram negativamente o resultado. No varejo ampliado, as atividades de material de construção (14,9%) e veículos, motos e partes e peças (9,2%) registraram variação positiva nas vendas.
No acumulado entre janeiro e novembro de 2017, em comparação ao mesmo período de 2016, 5 das 8 atividades apresentaram resultados positivos: móveis e eletrodomésticos (9,7%), tecidos, vestuário e calçados (7,7%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (2,6%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (2,0%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,0%). No varejo ampliado, material de construção (9,2%) e veículos, motos e partes e peças (2,4%) também registraram variação positiva nas vendas.
Regiões. A partir dos dados de volume de vendas dessazonalizados, na comparação de novembro frente a outubro de 2017, verificou-se que das 27 regiões contempladas pela pesquisa, 24 registraram variação positiva, com as maiores taxas de variação sendo observadas em Minas Gerais (6,8%). Por outro lado, entre os estados com variações negativas frente a outubro, destaca-se Tocantins (-1,8%).
Frente a novembro de 2016, os resultados das vendas no comércio varejista foram positivos em 23 das 27 Unidades da Federação, com destaque para: Santa Catarina (15,7%), Rio Grande do Sul (14,8%) e Mato Grosso (14,2%). Em relação a participação na composição da taxa do varejo, destacaram-se: São Paulo (4,7%) e Minas Gerais (12,6%). No comércio varejista ampliado, 25 das 27 Unidades da Federação apresentaram variações positivas na comparação com o mesmo período de 2016, com destaque, em termos de volume de vendas, para Rio Grande do Sul (20,9%), Santa Catarina (19,4%) e Amazonas (19,1%). Quanto à participação na taxa do varejo ampliado, destacaram-se São Paulo (6,4%), Rio Grande do Sul (20,9%) e Santa Catarina (19,4%).