Análise IEDI
Uma retração que se renova
Para o setor de serviços, a primeira metade de 2017 não contou com sinais claros de reação, mas ao menos havia algum resultado positivo na série com ajuste sazonal. Desde a entrada do segundo semestre, contudo, só se verificam quedas de faturamento real. Em outubro, foi de -0,8% ante setembro, já livre de efeitos sazonais.
Na comparação interanual, o resultado também foi negativo (-0,3%), como tem ocorrido seguidamente desde abril de 2015. Mas isso não significa que não haja certa moderação das quedas. Um dado ilustrativo é o ritmo de queda do primeiro trimestre de 2017 contra o trimestre móvel findo em outubro: -4,7% contra -2,0%, frente a igual período do ano anterior.
Já no acumulado dos dez meses de 2017, a receita real caiu 3,4%. Em contrapartida, o faturamento nominal caminhou em direção oposta e subiu 2,1%, o que evidencia que a inflação de serviços pode ter cedido, porém continua em níveis elevados. Assim, enquanto no varejo de bens, tal como avaliado pelo IBGE, a variação de preços cedeu para níveis muito baixos, o que ajudou na recuperação das vendas do setor, o mesmo não ocorreu para os serviços, onde os preços continuam contendo a demanda por parte das empresas e das famílias.
A situação dos serviços também é desfavorável quanto à disseminação de resultados negativos entre segmentos e localidades acompanhadas pelo IBGE. Agora em outubro, 4 dos 5 ramos de serviços, além do grupamento especial de atividades turísticas, registraram declínio na série com ajuste sazonal. Em termos regionais, 20 dos 27 estados da federação ficaram no vermelho. Neste quesito, o comércio varejista e os serviços tiveram um mês muito parecido.
O único segmento de serviços a apresentar crescimento do faturamento real na série com ajuste sazonal foi o de informação e comunicação, mas em um patamar próximo da estabilidade (+0,3% ante set17). O segmento de outros serviços, que inclui atividades imobiliárias, financeiras, de manutenção e reparação etc., também ficou virtualmente estável, porém com sinal negativo (-0,1%).
O pior desempenho coube a serviços prestados às famílias que em função de seu componente alojamento e alimentação, vem apresentando um comportamento bastante volátil nos últimos meses, como mostram abaixo as variações frente ao mês anterior com ajuste sazonal.
• Serviços total: -1,0% em ago/17; -0,3% em set/17 e -0,8% em out/17;
• Serviços prestados às famílias: -4,9%; +5,9% e -2,3%, respectivamente;
• Serviços de informação e comunicação: +0,1%; -1,8% e +0,3%;
• Serviços profissionais, adm. e complementares: +0,6%; -0,2% e -1,3%;
• Transporte, seus auxiliares e correios: +1,1%; +0,3% e -1,0%;
• Outros serviços: +1,1%; +0,2% e -0,1%, respectivamente.
Serviços profissionais, administrativos e complementares registraram declínio pela segunda vez consecutiva em outubro. Seu componente de serviços administrativos e complementares, em que se encontram muitas das atividades terceirizadas prestadas às empresas, é quem vem mostrando perdas sucessivas de faturamento (-2,4% em set/17 e -1,1% em out/17). Mas em outubro o componente de serviços técnico-profissionais também não foi poupado, recuando 2,8% na série com ajuste.
Já o segmento de serviços de transporte, seus auxiliares e de correios, que conseguiu se manter no azul na maior parte do ano, registrou declínio de 1,0% em outubro. Pelo menos esse resultado negativo não decorreu das atividades de transporte terrestre, mais estreitamente vinculada ao ritmo de crescimento econômico como um todo (+0,7%). Outro componente em alta em outubro foi o transporte aéreo, com +2,1%, já descontada a sazonalidade.
No acumulado do ano até outubro, os serviços de transporte e correios é o único segmento do setor com crescimento: +1,6% frente a igual período do ano anterior. Seu componente de transporte terrestre, contudo, conseguiu por ora apenas parar de cair, ficando estável frente a jan-out/2016.
Por fim, o grupamento especial de atividades de turismo também teve um mês de outubro ruim, com declínio de 1,5% de seu faturamento real frente ao mês anterior com ajuste sazonal. Neste caso, o ano de 2017 deve terminar substancialmente pior do que 2016: -6,6% em jan-out/17 contra -2,6% em 2016 como um todo.
De acordo com dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados pelo IBGE para o mês de outubro, o volume de serviços prestados apresentou redução de 0,8% na comparação com o mês de setembro, para dados com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior houve queda de 0,3%. No acumulado do ano a variação foi de -3,4% e para 12 meses a queda foi de 3,7%.
Na comparação com o mês imediatamente anterior, na série dessazonalizada, o volume de serviços prestados apresentou crescimento apenas para o segmento de serviços de informação e comunicação (0,3%). Por outro lado, as variações negativas foram: serviços prestados às famílias (-2,3%); serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,3%); transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (-1,0%) e outros serviços (-0,1%).
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve recuo em todos os segmentos exceto em transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (8,4%) e serviços prestados às famílias e transportes (0,5%). Os demais tiveram variações negativas das seguintes ordens: serviços profissionais, administrativos e complementares (-6,4%), outros serviços (-5,0%) e serviços de informação e comunicação (-2,1%). O segmento de atividades turísticas registrou queda de 7,3%.
No acumulado do ano, com exceção dos serviços de transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (1,6%), todos os demais setores mantiveram o desempenho negativo. A maior contração foi observada no segmento de outros serviços (-9,2%), seguido por serviços profissionais, administrativos e complementares (-7,8%), serviços de informação e comunicação (-2,5%) e serviços prestados às famílias (-1,0%). O volume de serviços relacionados a atividades turísticas caiu 6,6%.
Na variação acumulada em 12 meses, houve retrações em quase todos os ramos, nas seguintes intensidades: -7,5% em outros serviços, -7,2% em serviços profissionais, administrativos e complementares, -3,0% em serviços de informação e comunicação, -1,5% em serviços prestados às famílias. Não foi identificada variação significativa para transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio. O volume de serviços relacionados a atividades turísticas caiu 5,5%.
Na análise por unidade federativa, na comparação com igual mês do ano anterior as principais oscilações positivas foram: Mato Grosso (47,2%), Paraná (6,3%) e Amazonas (5,6%). Em sentido oposto, as maiores variações negativas foram registradas no Acre (-12,4%), Tocantins (-11,6%), Pará (-11,1%) e Ceará (-11,1%).