Análise IEDI
Terceiro trimestre de 2017: em trajetória de aceleração
Em 2017, a indústria brasileira deu os primeiros passos no sentido de superar o quadro extremamente adverso dos anos anteriores. Seu dinamismo, contudo, permanece muito aquém da indústria mundial, como mostram os dados recentemente divulgados pela UNIDO (United Nations Industrial Development Organization)
Apoiado na melhora do desempenho das economias industrializadas e emergentes, o ano de 2017 tem se mostrado bastante positivo para a indústria de transformação mundial, cuja produção vem dando claros sinais de aceleração: +3,7% no primeiro trimestre, +4,2% no segundo e, agora, +4,5% no terceiro trimestre, sempre em relação ao mesmo período do ano passado.
Todas as regiões e todos os segmentos da indústria de transformação registraram ganhos no terceiro trimestre de 2017. Chama a atenção, porém, a liderança dos setores de média-alta e alta tecnologias, como produtos eletrônicos, óticos e computadores (+8,3%), máquinas e equipamentos (+8,0%), farmacêuticos (+6,1%) e veículos automotores (+5,9%).
Nas economias industrializadas, o movimento também foi de aceleração ao longo do ano: +3,1% em julho-setembro de 2017 na comparação interanual, depois de ter avançado de +2,0% para +2,9% na passagem do primeiro para o segundo trimestre.
O destaque entre as economias avançadas veio do ganho de ímpeto da produção de manufaturas na Europa (+4,0% no 3ºT17), em função do dinamismo revigorado tanto de sua demanda interna como da demanda externa, atingindo positivamente as economias grandes e as economias satélites da região. A alta em julho-setembro de 2017 chegou a 4,6% na Alemanha; 3,8% na Itália; 2,8% na Franca e 3,3% na Espanha.
Os países europeus não pertencentes à Zona do euro também apontaram crescimento, sendo que a indústria de transformação suíça teve o melhor resultado trimestral em 10 anos: +8,5% ante julho-setembro de 2016.
O crescimento mais vigoroso da indústria de transformação dos países desenvolvidos, por sua vez, também gerou um estímulo positivo para as economias emergentes e em desenvolvimento, cuja produção de manufaturas cresceu 6,2% no terceiro trimestre de 2017.
Outro fator importante para o desempenho deste grupo foi a persistência do dinamismo da indústria asiática, notadamente da China (+7,3%), mas também da indústria africana. A indústria da América Latina segue uma fraca e lenta recuperação.
No terceiro trimestre de 2017, relativamente ao mesmo periodo de 2016, já descontados eventuais efeitos sazonais, a elevação da produção do Brasil foi 2,8%, puxada por veículos automotivos, carrocerias e semi-carrocerias. Na Argentina, o resultado de 4,4% foi o melhor dos últimos 6 anos, enquanto México e Chile registraram altas de 3,5% e 1,5%. Em sentido oposto, Peru e Equador tiveram perdas no terceiro trimestre.
A indústria de transformação mundial no terceiro trimestre de 2017. De acordo com o relatório da indústria de transformação mundial da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization), o crescimento da produção de manufaturas no terceiro trimestre de 2017 se acelerou, marcando +4,5% em relacao a julho-setembro de 2016, devido à recuperação internacional do consumo e dos investimentos. No primeiro e no segundo trimestres do ano o crescimento fora de 3,7% e 4,2%, respectivamente, na mesma base de comparação.
A expansão da indústria de transformação tem sido puxada pelas economias industrializadas, que em julho-setembro de 2017 cresceu 3,1%, tendo assinalado 2,9% e 2,0% nos trimestres anteriores, relativamente a igual periodo de 2016. Tal elevação impactou positivamente as economias emergentes e em desenvolvimento, cujo aumento da produção de manufaturas foi de 6,2% no terceiro trimestere de 2017, considerando também a manutenção do seu ritmo de expansão na China (7,3%).
No terceiro trimestre de 2017, considerando que todas as regiões e todos os setores da indústria de transformação apontaram crescimento frente ao mesmo período do ano passado, chama a atenção a liderança dos setores de média-alta e alta tecnologia, bem como a aceleração da produção de manufaturas na Europa (4,0%).
Resultados por grupos de países. A indústria de transformação das economias industrializadas tem crescido consecutivamente nos últimos trimestres, em todas as regiões: com relação ao mesmo período do ano anterior, a produção cresceu, com ajuste sazonal, 4,0% na Europa; 1,4% na América do Norte e 4,5% no Leste Asiático.
Especialmente na Europa, a aceleração vem sendo puxada por um novo dinamismo da demanda interna e externa, com crescimento do consumo, do investimento e das exportações – tanto das economias grandes como economias satélites da região. Assim, a elevação da produção de manufaturados em julho-setembro de 2017 relativamente ao mesmo periodo de 2016 foi de 4,6% na Alemanha; 3,8% na Itália; 2,8% na França; 3,3% na Espanha; 8,0% na Eslovênia; 8,0% na Lituânia; 5,8% na Áustria; 4,7% na Bélgica; 5,2% em Portugal e 3,8 na Eslováquia.
Também os países fora da Zona do euro apontaram crescimento. Reino Unido teve expansão de 2,5%; Suécia de 5,8%; República Tcheca de 5,0%; Hungria de 5,0%. A indústria de transformação suíça, por sua vez, teve o melhor resultado neste indicador em 10 anos: +8,5%.
A produção de manufaturas dos Estados Unidos desacelerou um pouco no terceiro trimestre de 2017, relativamente a igual período de 2016, ao obter crescimento de 1,2%, enquanto a canadense assinalou elevação de 3,2%. A indústria de transformação japonesa, por sua vez, cresceu 4,7% nesta mesma comparação. A alta atingiu 7,0% na Malásia, 3,3% em Taiwan e 1,4% na Coreia do Sul.
O crescimento da indústria de transformação das economias emergentes e em desenvolvimento tem refletido os resultados expressivos das economias asiáticas e africanas, enquanto as latino-americanas parecem seguir em sua fraca e lenta recuperação. No terceiro trimestre de 2017, relativamente ao mesmo período de 2016 e com ajuste sazonal, a elevação da produção do Brasil foi de 2,8% (puxada por veículos automotivos, carrocerias e semi-carrocerias), a da Argentina chegou a 4,4% (melhor trimestre dos últimos 6 anos). México cresceu 3,5% e Chile 1,5%, enquanto Peru e Equador registraram variações negativas.
Na Ásia, por sua vez, o crescimento industrial chinês no terceiro trimestre de 2017, relativamente a julho-setembro de 2016, atingiu 7,3% - mantendo o ritmo dos outros trimestres do ano, puxado pelos setores da indústria avançada. Assim, na região como um todo, a produção manufatureira aumentou fortemente, apontando alta de 12,8% no Vietnã, 5,5% na Indonésia e 4,2% na Tailândia.
No Leste Europeu, a indústria de transformação da Rússia tem lentamente se recuperado da crise, com crescimento de 1,0% em julho-setembro de 2017 frente ao mesmo período do ano passado. Já a produção de manufaturas nos países da “fábrica europeia” continua em forte expansão: 8,2% na Polônia; 4,7% na Bielorrússia; 5,8% na Bulgária; 8,5% na Sérvia e resultados acima de 9,0% em Romênia, Letônia e Bósnia e Herzegovina. Além disso, Turquia ultrapassou a taxa de crescimento de 10%.
Análise setorial. Pelo segundo trimestre consecutivo, todos os setores da indústria de transformação cresceram em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, sendo que aqueles que lideram esse movimento continuam sendo os de média-alta e alta tecnologia, como produtos eletrônicos, óticos e computadores (8,3%), máquinas e equipamentos (8,0%), farmacêuticos (6,1%) e veículos automotores (5,9%). Nas economias em desenvolvimento e emergentes relativamente às desenvolvidas o crescimento destes setores é ainda mais expressivo, sendo que todos os setores registraram elevação nesta comparação.
Por sua vez, os setores com menor crescimento no terceiro trimestre de 2017 na comparação interanual, foram outros manufaturados (1,0%), publicação e impressão (1,1%), outros equipamentos de transporte (1,1%), petróleo refinado e coque (1,6%) e metais básicos (1,6%). Nos países desenvolvidos, alguns setores chegaram a assinalar taxas negativas de variação da produção, como produtos do tabaco (-3,5%), vestuário (-2,3%), publicação e impressão (-1,0%), outros equipamentos de transporte (-0,3%), e outros manufaturados (-0,3%).