Análise IEDI
A posição do Brasil no ranking mundial de serviços
A Carta IEDI de hoje apresenta os resultados do último relatório da OMC (Organização Mundial do Comércio) sobre o comércio mundial de serviços, destacando a posição do Brasil no ranking internacional de maiores exportadores e importadores de serviços em 2016.
Segundo a OMC, os serviços responderam por um quarto do total do comércio mundial no ano passado, chegando a US$ 4,73 trilhões. Assim como no caso dos bens, o desempenho das trocas internacionais de serviços tem mostrado baixo dinamismo nos últimos anos, em conjunção com a lenta recuperação da demanda mundial.
Em 2016, o valor das exportações de serviços ficou praticamente estável, registrando variação de apenas +0,1% frente ao ano anterior. Este é um resultado que deixou muito a desejar em comparação com o crescimento médio de 8% ao ano verificado entre 2005 e 2010. Ainda assim, o ano de 2016 conseguiu ser melhor do que 2015, quando houve queda de 5,5%.
Na origem da virtual estabilidade das exportações no ano passado estão os serviços de transporte, que sofreram retração de 4,7%, enquanto serviços relacionados a bens cresceram 3%, viagens 2% e outros serviços comerciais 1%.
Nesta última categoria, de outros serviços comerciais, que responderam por 53% das exportações mundiais de serviços, a OMC contabiliza os serviços de negócios, tais como serviços de pesquisa e desenvolvimento, de consultoria profissional e de administração e serviços técnicos, cuja participação no comércio internacional tem sido crescente. Este é um aspecto que ilustra a célere diversificação e expansão das atividades relacionadas à chamada “servitização” das cadeias globais de valor, sendo que ainda nem se considera precisamente os serviços digitais, como pondera o relatório da OMC.
Quanto ao ranking internacional de serviços, o topo da lista em 2016 coube aos Estados Unidos, com 15% das exportações e 10% das importações mundiais. O ranking das exportações segue com Reino Unido em 2º, Alemanha em 3º, França em 4º e China em 5º lugar. Já no das importações, encontravam-se os mesmos países, mas em ordem distinta: China em 2º, Alemanha em 3º, França em 4º e Reino Unido em 5º lugar.
O Brasil, por sua vez, está longe das primeiras posições. Enquanto exportador de serviços, apareceu na 32ª colocação em 2016 e enquanto importador, na 21ª colocação. Suas participações nos fluxos comerciais mundiais foram de apenas 0,68% do total dos serviços exportados e de 1,31% do total importado.
De 2006 a 2016 as exportações de serviços comerciais do Brasil passaram de US$ 17 bilhões para US$ 32,6 bilhões, enquanto as importações se elevaram de US$ 26 bilhões para US$ 61,5 bilhões. De 2007 a 2012 a variação anual das exportações e importações de serviços brasileiros superou a expansão mundial, permitindo que o país progressivamente ganhasse participação. A partir de 2013 – e principalmente em 2015 e 2016 – o Brasil foi ficando para trás, perdendo peso no comércio internacional de serviços.
A composição das exportações brasileiras em 2016 registrou elevada participação de outros serviços comerciais (64,8%), seguidos por viagens (18,5%), transportes (15,5%) e serviços relacionados a bens (1,1%). Em outros serviços, 5,5% eram referentes a serviços de telecomunicações, informação e comunicação (TIC), 2,4% a seguros e pensões, 2,3% a serviços financeiros e 50,4% a outros serviços de negócios.
A composição das importações brasileiras, a seu turno, foi bastante parecida com a das exportações, mas com peso ligeiramente menor em outros serviços comerciais (61,8%), transportes (14,3%) e serviços relacionados a bens (0,3%), e maior em viagens (23,6%). Dentre as importações de outros serviços comerciais destacaram-se uso de propriedade intelectual (8,4%), TIC (5,3%), seguros e pensões (2,2%) e outros serviços de negócios (43%).
Vale notar que em 2016 o Brasil foi o 11º importador mundial de outros serviços comerciais. Neste grupo, particularmente, em outros serviços de negócios o Brasil marcou a 8ª posição como importador. Em serviços de “propriedade intelectual” e em “telecomunicações, informação e computação”, por sua vez, o Brasil apareceu na 10ª colocação; sendo que especificamente em serviços de computação, ocupou a 5ª posição.
Em síntese, o lugar do Brasil no comércio de serviços mundial caracteriza-se principalmente como absorvedor de serviços de alto preço, intensivos em conhecimento e/ou tecnologia. Além disso, é importador líquido de serviços de transporte e de viagens.