Análise IEDI
Reação de São Paulo e do Nordeste
Os dados regionais da produção industrial divulgados hoje pelo IBGE mostram que a alta de julho de 2017 foi relativamente disseminada entre as localidades pesquisadas. Frente a junho e já descontados os efeitos sazonais, metade delas registrou crescimento. O placar é ainda melhor se considerarmos o desempenho interanual, isto é, em comparação com julho de 2016: a alta atingiu 11 das 15 localidades.
Além da disseminação de resultados positivos do ponto de vista regional, que é, sem dúvida, mais um aspecto bastante favorável do quadro da indústria neste começo de segundo semestre, há também outros fatores que reforçam a percepção de que a reação industrial vai aos poucos se consolidando.
O principal fator a ser destacado é que São Paulo, o maior e mais moderno parque industrial do país, parece ter entrado em uma trajetória mais firme de crescimento, depois de uma etapa de acentuada oscilação entre resultados positivos e negativos no primeiro quadrimestre de 2017. Ao que tudo indica, a indústria paulista, que vinha jogando contra o desempenho industrial do país como um todo, começa a jogar a favor.
Já há quatro meses a indústria de São Paulo registra taxas positivas na série com ajuste sazonal, como mostram os dados abaixo.
• São Paulo: +1,2% em abril; +2,6% em maio; +1,1% em junho e +1,7% em julho;
• Brasil: +1,2%; +1,2%; +0,2% e +0,8%, respectivamente.
Na comparação interanual, por sua vez, a trajetória da indústria paulista também passou a mostrar bons sinais. Após um declínio acentuado em abril (-8,9% ante abr/16), altas foram obtidas sucessivamente: +4,2% em mai/17; +3,1% em jun/17 e +4,0% agora em julho. Cabe ainda ressaltar que nestes dois últimos meses, o crescimento de São Paulo superou a média do Brasil, algo que não ocorria até então.
Outro fator positivo que merece ser mencionado é o desempenho do Nordeste, que até pouco tempo atrás não dava sinais de reação. O resultado de +3,6% de julho deste ano frente a julho de 2016 foi a melhor marca desde jun/15 nesta comparação e sugere uma mudança relevante de trajetória.
A indústria da região, que caia sistematicamente pelo menos desde jun/16, pode estar entrando em uma trajetória em que altas e quedas se intercalam: +2,0% em maio, -4,8% em junho e +3,6% em julho, sempre em relação a igual período do ano anterior. Poderia ser melhor, mas claramente se trata de um avanço.
Nota-se também que o Nordeste não está sozinho nesta mudança de trajetória. Santa Catarina também entrou em uma etapa de oscilação acentuada. A questão desfavorável aqui é que a indústria catarinense vinha de uma sucessão de resultados positivos entre dez/16 e mar/17, na comparação interanual.
Para as demais localidades pesquisadas pelo IBGE o quadro é de atenção, já que na maioria delas há sinais de desaceleração, quando consideradas as variações frente a igual período do ano anterior. Este é o caso, por exemplo, das indústrias de Minas Gerais (+2,6%, +2,8% e +1,1% entre maio e julho), Paraná (+9,1%, +1,3% e +2,8%, respectivamente) e Rio Grande do Sul (+7,3%, +1,1% e +0,7%).
Em alguns casos, o mês de julho significou o retorno ao vermelho, como no Amazonas: +0,2% em maio, +0,2% em junho e -0,9% em julho, em relação aos mesmos meses de 2016. No Rio de Janeiro a situação é ainda pior, por apresentar forte desaceleração depois da alta de 7,1% em mar/17. Em junho sua produção industrial caiu -0,3% e agora em julho, -5,0%, devido, sobretudo, a coque e derivados de petróleo, metalurgia e veículos.
Na passagem de junho para julho, a partir de dados dessazonalizados, a produção industrial brasileira apresentou variação de +0,8%. Dentre os 14 locais pesquisados, sete registraram expansão, sendo a mais intensa no estado da Bahia (7,2%), seguido pela Região Nordeste (3,2%), Pará (2,3%), Paraná (2,3%) e São Paulo (1,7%). Em sentido contrário, os locais que apresentaram variações negativas destacam-se: Espírito Santo (-8,3%), Rio de Janeiro (-5,9%), Amazonas (-3,1%), Rio Grande do Sul (-1,5%), Minas Gerais (-1,0%), Ceará (-0,7%) e Pernambuco (-0,2%).
Frente ao mesmo mês do ano anterior, houve elevação de 2,5% da indústria nacional, com 11 dos 15 locais pesquisados registrando oscilações no mesmo sentido. O principal aumento foi verificado no estado da Bahia (7,7%) seguido por Santa Catarina (4,6%), São Paulo (4,0%), Região Nordeste (3,6%), Pará (3,2%) e Paraná (2,8%). As regiões que apresentaram quedas mais relevantes foram Pernambuco (-5,8%), Rio de Janeiro (-5,0%) e Espírito Santo (-4,4%).
O período janeiro-julho de 2017, em comparação a igual período do ano anterior, apresentou crescimento de 0,8% em termos nacionais, com expansão na produção de 11 das 15 regiões pesquisadas. O principal avanço ocorreu no Paraná (3,9%), seguido por Santa Catarina (3,5%) e Espírito Santo (3,1%). Rio de Janeiro (2,4%), Minas Gerais (2,0%), Rio Grande do Sul (1,5%), Goiás (1,4%), Amazonas (1,3%), Ceará (0,9%), São Paulo (0,6%) e Pará (0,4%). Em sentido oposto, as regiões que tiveram retrações em igual base de comparação foram: Bahia (-5,2%), Região Nordeste (-1,2%), Mato Grosso (-0,9%) e Pernambuco (-0,4%).
Já no acumulado em 12 meses houve recuo de 1,1% na indústria brasileira, com dez das 15 regiões pesquisadas variando em mesma direção. Vale destacar que o resultado mantém a redução do nível de queda vigente desde junho do ano anterior, quando a variação fora de -9,7%. Os resultados negativos de maior intensidade foram observados em: Bahia (-6,4%), Mato Grosso (-5,6%), Espírito Santo (-4,5%), Região Nordeste (-1,5%), e São Paulo (–0,6%). Os Estados do Pará (3,7%), Santa Catarina (2,0%), Rio Grande do Sul (0,6%) tiveram crescimento.
São Paulo. Na comparação com o mês de junho, a produção da indústria paulista apresentou elevação de 1,7%, a partir de dados dessazonalizados. Frente a julho de 2016, houve importante aumento de 4,0%, terceira taxa positiva consecutiva para essa comparação. O resultado se deve ao incremento na produção de oito das 18 atividades pesquisadas. O setor com resultado positivo mais expressivo foi o de produtos alimentícios (11,5%), puxado principalmente pela maior produção de açúcar VHP e cristal, sucos concentrados de laranja, sorvetes e bombons e chocolates em barras. Outras atividades com oscilações positivas importantes foram: veículos automotores, reboques e carrocerias (19,8%), cujas principais influências couberam ao aumento de automóveis, caminhão-trator para reboques e semirreboques, caminhões e chassis com motor para ônibus ou para caminhões; e máquinas e equipamentos (7,5%), devido ao aumento de pelo aumento na produção de carregadoras-transportadoras, elevadores para o transporte de pessoas, válvulas, torneiras e registros e “bulldozers e angledozers”. Por outro lado, os impactos negativos mais relevantes vieram dos setores de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-4,1%), pressionado, sobretudo, pela menor produção de óleo diesel; produtos de metal (-11,2%), pressionado pela menor de construções pré-fabricadas de metal, caldeiras geradoras de vapor, estruturas de ferro e aço em chapas ou em outras formas etc; e de outros equipamentos de transportes (-22,5%) dado a redução na produção de aviões.
Rio Grande do Sul. Frente a junho, a produção industrial gaúcha recuou 1,5% (para dados dessazonalizados), após queda de 1,1% no mês anterior. Na comparação com julho de 2016, houve expansão de 0,7%, com nove das 14 atividades pesquisadas apresentando elevação da produção, sendo as principais: produtos de fumo (32,5%), coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (15,0%) e outros produtos químicos (3,6%). Os setores com os maiores recuos foram setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (-8,5%) e de celulose, papel e produtos de papel (-24,4%).