Análise IEDI
Emprego industrial quase sem declínio
A taxa de desocupação do país voltou a apresentar mais um pequeno recuo no trimestre móvel findo em maio de 2017, passando de 13,6% no mês anterior para 13,3%. Ainda é cedo demais para dizer que a redução da desocupação por dois trimestres móveis consecutivos se trata de uma tendência, mas evidentemente é algo a ser considerado.
Como já apontamos anteriormente em outras Análises IEDI, o principal fator a condicionar esse comportamento recente da desocupação tem sido o emprego industrial. A indústria ainda não chega a recontratar, mas claramente está parando de demitir. Na comparação interanual, a redução de 955 mil ocupados no setor no trimestre findo em dez/16 retrocedeu para apenas 91 mil agora no trimestre findo em maio de 2017.
Com isso, a indústria, que um dia já foi o motor da escalada da desocupação no país, deixou de cumprir este desagradável papel, contribuindo para a desaceleração da queda do número total de ocupados no país, conforme mostram as variações interanuais em milhares de pessoas logo abaixo. Dentre todos os setores com ocupação em declínio, a indústria foi o que teve o menor patamar de queda agora em maio.
• Ocupação total: -1,98 milhão de pessoas em out-dez/16 contra -1,16 milhão em mar-mai/17;
• Ocupados na Indústria: -955 mil contra -91 mil, respectivamente;
• Ocupados na Agropecuária: -417 mil contra -684 mil;
• Ocupados no Comércio: -75 mil contra -119 mil;
• Ocupados em Alojamento e Alimentação: +247 mil contra +567 mil, respectivamente.
Contudo, cabe destacar que há setores que continuam demitindo em massa, como a agropecuária (-684 mil ante mar-abr-mai/16) e principalmente a construção, que foi quem mais desempregou no trimestre findo em maio (-793 mil). Também cortaram vagas os setores de comércio e reparação de veículos (-119 mil) e da administração pública, defesa e serviços sociais (-223 mil).
Parte dos indivíduos que perderam sua ocupação nesses setores puderam ser absorvidos em outros, cujo nível de ocupação não só continua em elevação mas tem apresentado alguma aceleração em relação ao final do ano passado. Este foi o caso de alojamento e alimentação e de outros serviços, dois segmentos em que é importante o trabalho informal. Setores de transportes e de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias e administrativas também se mantiveram no positivo.
Outro aspecto dos dados divulgados hoje pelo IBGE que merece atenção é o relativo à evolução do rendimento real de todos os trabalhos habitualmente recebidos, cujo crescimento parece estar se consolidando graças ao recuo da inflação. A alta de 1,4% no trimestre findo em dez/16 avançou para 2,3% no trimestre findo em mai/17 frente a igual período do ano anterior.
Com isso, a massa de rendimentos reais que vinha com quedas expressivas, chegando a quase -5% em meados de 2016, voltou ao terreno positivo, muito embora sua evolução interanual continue modesta, em torno de 1%, restringida pelo comportamento da desocupação. Tendo continuidade, este processo tende a beneficiar as vendas do comércio e o setor serviços.
De acordo com dados da PNAD Contínua divulgados hoje pelo IBGE, a taxa de desocupação registrada no trimestre compreendido entre março e maio foi de 13,3%. Tal taxa é 2,1 p.p. maior que a observada no mesmo trimestre do ano passado, de 11,2%. Em relação ao trimestre móvel anterior sem sobreposição (dezembro de 2016 a fevereiro de 2017), cuja taxa fora de 13,2%, o indicador permaneceu estável.
O rendimento real médio de todos os trabalhos habitualmente recebidos foi de R$2.109,00, representando aumento de 2,3% frente ao mesmo trimestre do ano anterior (R$2.062,00). A massa de rendimentos reais de todos os trabalhos habitualmente recebidos, por sua vez, alcançou R$184,4 bilhões no trimestre encerrado em maio, mantendo-se praticamente estável frente ao mesmo trimestre do ano anterior (R$182,7 bilhões).
No trimestre de referência a população ocupada foi de 89,7 milhões de pessoas, queda de 1,3% na comparação com o mesmo trimestre de 2016. Na mesma base de comparação, o número de pessoas dentro da força de trabalho teve aumento de 1,1%, atingindo 103,5 milhões, enquanto o número de desocupados se elevou 20,4%, chegando a 13,8 milhões de pessoas.
Ainda frente ao mesmo trimestre do ano anterior, o número de pessoas ocupadas apresentou crescimento nas categorias empregador (9,3%), trabalho privado sem carteira (4,1%) e trabalho familiar auxiliar (1,3%). As demais categorias tiveram retração: trabalho privado com carteira (-3,4%), trabalhador por conta própria (-2,6%), trabalho doméstico (-2,3%) e setor público (-0,2%).
Na mesma base de comparação, os grupamentos de atividades que apresentaram maior expansão da ocupação foram: alojamento e alimentação (12,5%), outros serviços (6,2%), informação, comunicação e atividades financeiras (1,0%) e transporte, armazenagem e correios (0,3%). Nos demais grupamentos houve diminuição na ocupação das seguintes ordens: construção (-10,6%), agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-7,3%), serviços domésticos (-3,2%), administração pública, defesa, seguridade, educação, saúde e serviços sociais (-1,4%), indústria (-0,8%) e comercio, reparação de veículos automotores e motocicletas (-0,7%).