Análise IEDI
Novo fôlego da indústria mundial
Segundo relatório da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization), no primeiro trimestre de 2017, a indústria de transformação mundial melhorou em relação ao ano passado, com crescimento médio de 3,7% frente ao mesmo período de 2016 e de 1,1% em comparação com trimestre anterior, com ajuste sazonal.
Setorialmente, observa-se a aceleração, na média mundial, das indústrias de alta e média intensidade tecnológica puxada pelo setor de veículos automotores. Outra característica do levantamento da UNIDO: os resultados positivos foram bastante disseminados: 21 de 23 setores da indústria de transformação mundial apresentaram alta na produção frente a igual período de 2016, com destaque para os setores de eletrônicos, óticos e computadores (8,5%), máquinas e equipamentos (6,1%), veículos automotivos (5,6%).
Dentre os países, destacaram-se as recuperações da indústria de transformação da China, Estados Unidos, Japão, Alemanha e Coreia do Sul. Em especial, a produção de manufaturas chinesas aumentou 7,6% em janeiro-março de 2017 na comparação interanual – a maior variação desde o quarto trimestre de 2014. De acordo com a UNIDO, isso se deveu ao crescimento dos investimentos de empresas privadas e à demanda externa favorável.
O conjunto de países em desenvolvimento e emergentes registraram elevação de 6,0% da produção industrial no primeiro trimestre de 2017 em relação a janeiro-março de 2016, sendo que em todas as regiões houve crescimento, até mesmo na América Latina. A produção de manufaturas nesse caso, que vinha enfrentando severos choques externos e internos de demanda, apontou resultado positivo, com destaque para a alta do México (+3,4%) e o arrefecimento da recessão industrial no Brasil (-0,4%).
A Indústria de Transformação Mundial no Primeiro Trimestre de 2017. A UNIDO (United Nations Industrial Development Organization) lançou, no mês de junho, o relatório sobre o desempenho da indústria de transformação mundial no primeiro trimestre de 2017. Em resumo, o setor apresentou expansão tanto em relação ao mesmo período do ano passado, de 3,7%, como em relação ao trimestre imediatamente anterior, com ajuste sazonal, neste caso de 1,1%.
Em janeiro-março de 2017, destacaram-se as recuperações da indústria de transformação das maiores economias nacionais: China, Estados Unidos, Japão, Alemanha e Coreia do Sul. A produção de manufaturas dos países em desenvolvimento e emergentes registrou crescimento de 6,0% em relação a janeiro-março de 2016, e as economias desenvolvidas, de 1,9%. Na comparação com o último trimestre de 2016, a indústria de transformação dos países desenvolvidos cresceu 0,5% e a dos países em desenvolvimento e emergentes 1,9%.
Resultados das Economias Industrializadas Desenvolvidas. A indústria de transformação das economias desenvolvidas melhorou seu desempenho em relação aos trimestres anteriores, mas ainda manteve um lento ritmo de recuperação. O crescimento de 1,9% em janeiro-marco de 2017 ante o mesmo período do ano anterior se explica pela elevação da produção de manufaturas de 1,1% na América do Norte, de 1,4% na Europa e de 4,2% no Leste Asiático.
Na Europa, no primeiro trimestre de 2017, os países não pertencentes à Zona do Euro apresentaram melhor resultado do que aqueles que pertencem a ela, embora a maioria deles tenha apontado variação positiva. Na comparação interanual, a indústria de transformação da Alemanha expandiu 0,9%, enquanto na Itália a alta foi de 1,0% e na França, de 0,6%. O melhor desempenho coube à Eslováquia (+7,6%). Por outro lado, as manufaturas produzidas no Reino Unido registraram aumento de 2,7%, graças à depreciação da libra, República Tcheca 5,4%, Hungria 6,5%, Suécia 3,5%, Dinamarca 3,5% e Noruega 2,0%. Vale notar, por outro lado, a queda da produção manufatureira na Rússia no primeiro trimestre de 2017, ainda relativamente à 2016.
Nos EUA e no Canadá, por sua vez, o crescimento da indústria de transformação no primeiro trimestre de 2017 vis-à-vis igual período de 2016 foi de 0,9% e 2,7%, respectivamente. Já a significativa expansão das economias desenvolvidas do Leste Asiático esteve ancorada nas suas três principais indústrias: automotiva, equipamentos eletrônicos, computadores e óticos, e maquinas e equipamentos. Coreia do Sul cresceu 3,9%, Malásia 6,8% e Singapura 8,5%.
Resultados dos Países em Desenvolvimento e Emergentes. No primeiro trimestre de 2017 comparativamente a janeiro-março de 2016, os países em desenvolvimento e industriais emergentes apontaram expansão da produção da indústria de transformação de 6%, registrando resultados positivos em todas as regiões, até mesmo na América Latina. A produção latino-americana de manufaturas, que enfrentou choques de demanda externos e internos, apresentou seu primeiro resultado positivo na comparação interanual, contando com a expansão de 3,4% no México, a despeito das quedas na Colômbia (-2,6%), Chile (-1,2%), Brasil (-0,4%) e Argentina (-3,1%).
A produção de manufaturas chinesas, a seu turno, avançou 7,6% em janeiro-março de 2017 versus igual período do ano anterior, a maior variação desde o quarto trimestre de 2014. De acordo com a UNIDO, isso se deveu ao crescimento dos investimentos de empresas privadas e à demanda externa favorável, na direção do upgrade da estrutura produtiva industrial.
Nas economias em desenvolvimento e emergentes da região do Pacífico e Ásia, o avanço de 7,0% no primeiro trimestre de 2017 relativamente ao mesmo trimestre de 2016 foi puxado também por Vietnã (+7,5%), Indonésia (+4,3%), Índia (+1,5%). Na África, o crescimento de 5,7% foi liderado por Egito e Senegal, com expansão da ordem de dois dígitos. De outro modo, África do Sul, a economia mais industrializada da região, teve queda de 1,7% na produção de manufaturas na mesma comparação.
Análise Setorial. Em janeiro-março de 2017 frente igual período de 2016 houve queda somente em 2 dos 23 setores da indústria de transformação mundial acompanhados pela UNIDO. As maiores taxas de crescimento se deram nos setores de eletrônicos, óticos e computadores (+8,5%), máquinas e equipamentos (+6,1%), veículos automotivos (+5,6%). Por sua vez, as quedas foram em publicação e impressão (-0,3%) e outros manufaturados (-0,6%). Como destaca o relatório da UNIDO, a notável recuperação das industrias de alta e média tecnologia mundialmente está relacionada à redinamização da indústria automotiva.
Nos países desenvolvidos, contudo, 7 setores apresentaram variação negativa: produtos do tabaco (-9,5%), vestuário e confecção (-2,2%), outros manufaturados (-2,1%), publicação e impressão (-2,0%), produtos de couro e calçados (-2,0%), têxteis (-1,2%) e outros equipamentos de transporte (-1,0%). De outro modo, as expansões mais significativas se deram em eletrônicos, óticos e computadores (+5,4%), máquinas e equipamentos (+4,4%), veículos automotivos (+3,1%) e outros minerais não metálicos (+2,4%).
Já nas economias emergentes e em desenvolvimento, somente petróleo refinado e coque apontaram recuo no primeiro trimestre de 2017 (-0,2%). Dentre os resultados positivos, destacaram-se equipamentos eletrônicos, óticos e computadores (+13,4%), veículos automotivos (+10,5%), máquinas e equipamentos (+9,5%), equipamentos elétricos (+7,7%) e produtos farmacêuticos básicos (+7,7%).