Análise IEDI
Resultado pouco convincente
A produção industrial em abril deste ano, como já noticiado, voltou ao negativo na comparação interanual, com uma queda de 4,5%, a mais intensa de 2017. Muito disso, deveu-se a dois dias úteis a menos do que abril de 2016. Em relação a março, contudo, já descontados os efeitos sazonais, obteve seu primeiro resultado positivo no ano (+0,6%). Hoje, os dados regionais divulgados pelo IBGE trazem mais detalhes deste desempenho, sobre o qual já havíamos demonstrado alguma reserva.
Além de modesta e inserida em uma trajetória claudicante, a alta de 0,6% da indústria nacional não convence por não se revelar um resultado robusto, já que dentre as 14 localidades pesquisadas pelo IBGE, apenas 5 delas lograram obter algum crescimento na série com ajuste sazonal. A maioria delas, isto é, as outras 9 localidades, ficaram estáveis ou recuaram no mês em questão.
Estados de maior envergadura na produção industrial do país ficaram, em sua grande maioria, do lado daqueles que tiveram resultados negativos. É o caso do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, além de São Paulo. A indústria paulista, ao recuar 0,1%, manteve-se, na verdade, em uma virtual estabilidade, mas isso não minimiza o fato de que nos últimos meses sua produção não tem dado nenhum sinal de reação, como mostram as variações na margem logo abaixo.
• Brasil: -0,1% em jan/17; 0% em fev/17; -1,3% em mar/17 e +0,6% em abr/17;
• São Paulo: +1,0%; -0,1%; -1,6% e -0,1%, respectivamente;
• Rio de Janeiro: +0,8%; +2,3%; +0,9% e -1,9%;
• Rio Grande do Sul: -2,5%; +2,8%; -1,1% e -0,8%;
• Minas Gerais: +0,6%; +1,0%; -2,3% e +0,5%;
• Santa Cataria: +0,2%; +2,8%; -4,0% e +1,2%;
• Nordeste: -1,9%; +1,1%; +0,2% e +0,6%, respectivamente.
No restrito grupo daqueles que cresceram em abril, estão Minas Gerais e Santa Catarina, que se recuperaram apenas parcialmente da queda mais intensa do mês de março, além da região Nordeste como um todo, graças ao desempenho positivo de Pernambuco e Ceará.
Assim como o dado positivo na série com ajuste não convence, o declínio acentuado na comparação interanual (-4,5% no total nacional), por sua vez, não deve ser considerado ao pé da letra, devido ao efeito calendário já mencionado. Nesta comparação, muitas localidades que vinham crescendo seguidamente sucumbiram em abril, como Minas Gerais (-2,6%), Paraná (-4,7%), Santa Catarina (-3,5%), Rio Grande do Sul (-4,3%) e Goiás (-6,1%). Só os dados futuros confirmarão se estas quedas são apenas pontuais, devido ao efeito calendário, ou uma mudança de rota.
No caso de São Paulo, cujo recuo frente a abr/16 (-8,1%) foi o mais intenso da comparação interanual desde mar/16, este efeito pode ter influenciado mais a magnitude da queda do que o sinal do resultado, já que a trajetória da indústria paulista tem sido hesitante, marcada por altos e baixos desde o início do ano.
Se tomarmos os dois resultados negativos de São Paulo, isto é, tanto na comparação frente a março de 2017 como em relação a abril de 2016, se renova aquilo já havíamos observado em Análises anteriores, que São Paulo vem retardando a recuperação da indústria brasileira.
Na passagem de março para abril, a partir de dados dessazonalizados, a produção industrial brasileira cresceu 0,6%. Dentre os 14 locais pesquisados, cinco registraram expansão: 1,2% em Santa Catarina; 0,6% em Pernambuco, no Ceará e na Região Nordeste; e 0,5% em Minas Gerais. A produção do Espírito Santo se manteve estável e nas demais regiões houve contração, sendo as principais observadas em: Amazonas (-1,9%), Rio de Janeiro (-1,9%), Paraná (-1,6%) e Goiás (-1,3%)
Frente ao mesmo mês do ano anterior, houve queda de 4,5% da indústria nacional, com doze dos 15 locais pesquisados registrando variações no mesmo sentido. As principais quedas foram verificadas em: São Paulo (-8,1%), Bahia (-8,0%), Pernambuco (-7,2%), Mato Grosso (6,2%), Goiás (-6,1%) e Ceará (-5,9%). As regiões que apresentaram elevações foram: Amazonas (7,7%), Rio de Janeiro (3,2%) e Espírito Santo (1,4%).
O período janeiro-abril de 2017, em comparação a igual período do ano anterior, apresentou diminuição de 0,7% em termos nacionais, com decréscimo na produção de seis das 15 regiões pesquisadas. A principal oscilação negativa ocorreu na Bahia (-8,2%), seguida por Ceará (-2,9%), Região Nordeste (-2,9%), São Paulo (-1,9%) e Mato Grosso (-0,9%). Em sentido oposto, as regiões com os principais acréscimos em igual base de comparação foram: Rio de Janeiro (5,2%), Espírito Santo (3,3%), Santa Catarina (3,0%), Amazonas (2,6%) e Goiás (2,5%).
No acumulado em 12 meses houve recuo de -3,6%, com 12 das 15 regiões pesquisadas variando em mesma direção. Vale destacar que o resultado mantém a redução do ritmo de queda vigente desde junho do ano anterior, quando a variação fora de -9,7%. As retrações de maior intensidade foram observadas em: Espírito Santo (-11,2%), Bahia (-8,4%), Mato Grosso (-4,0%), Amazonas (-3,0%) e Ceará (-3,0%). Os Estados do Pará (5,9%) e Rio de Janeiro (0,8%) foram os únicos com crescimento e a produção de Santa Catarina se manteve estável.
São Paulo. Na comparação com o mês de março, a produção da indústria paulista se manteve estável (-0,1%), a partir de dados dessazonalizados. Frente a abril de 2016, houve contração de -8,1%. Trata-se da maior queda nesta base de comparação entre as regiões pesquisadas e o pior desempenho do Estado desde março de 2016 (-13,4%). O resultado se deve à retração em 12 das 18 atividades pesquisadas. O setor com maior diminuição foi o de produtos alimentícios (-27,9%), puxado principalmente por produtos derivados de cana de açúcar. Outras atividades com variações negativas importantes foram: produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-24,2%), devido principalmente à produção de remédios; máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-20,6%), com destaque para transformadores, quadros, painéis, cabines e outros suportes de equipados com aparelhos elétricos de interrupção ou proteção e disjuntor; e outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-14,1%). Por outro lado, os impactos positivos mais relevantes vieram dos setores de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (+6,1%), produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (+5,4%), veículos automotores, reboques e carrocerias (+2,4%) e máquinas e equipamentos (+1,8%).
Rio de Janeiro. Frente a março, a produção industrial fluminense decresceu 1,9% (para dados dessazonalizados), após 3 meses de taxas positivas nos quais se acumulou um ganho de 4,0%. Em comparação a abril de 2016, houve aumento de 3,2%, com cinco das 14 atividades pesquisadas apresentando elevação, sendo as principais: metalurgia (+45,2%), com destaque para bobinas de aços ao carbono, lingotes, blocos, tarugos ou placas de aços ao carbono e bobinas ou chapas de aços zincadas; veículos automotores, reboques e carrocerias (+21,9%), puxado por automóveis, caminhões e carrocerias para ônibus; impressão e reprodução de gravações (+19,9%); e indústria extrativa (+12,5%), influenciada principalmente pela maior produção de óleos brutos de petróleo e gás natural. Em sentido oposto, apresentaram variações negativas os setores de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-34,2%), bebidas (-26,2%), produtos de minerais não-metálicos (-17,1%) e produtos alimentícios (-13,5%).