Análise IEDI
Sem melhora
O desempenho do setor de serviços em 2017, a contar pelos dados apurados pelo IBGE, não aponta nenhuma reação positiva. Depois de um trimestre particularmente ruim no final de 2016 (-6,0%), o faturamento real do setor retornou ao patamar de queda que vigorou ao longo da maior parte do ano passado ao cair 4,6% em janeiro-março de 2017.
Ademais, assim como ocorreu com o comércio varejista, o mês de março também trouxe resultados que não corroboram o anseio por uma recuperação do setor. Frente a fevereiro, com ajuste, o recuo foi de -2,3% e frente a março de 2016, de -5,0%. Compondo este quadro desfavorável, nenhum dos seus segmentos conseguiu sair do terreno negativo nestes três primeiros meses do ano.
Mais do que isso, no primeiro trimestre de 2017 houve segmentos que apresentaram uma deterioração importante diante de seus resultados do último trimestre de 2016. Os dados abaixo da comparação interanual resumem a evolução do faturamento real dos diferentes segmentos de serviços acompanhados pelo IBGE.
• Serviços total: -4,4% no 3º trim/16; -6,0% no 4º trim/16 e -4,6% no 1º trim/17;
• Serviços prestados às famílias: -4,0%; -4,5% e -4,2%, respectivamente;
• Serviços de informação e comunicação: -1,2%; -4,7% e -0,4%;
• Serviços profissionais, administrativos e complementares: -4,2%; -4,7% e -9,4%;
• Transportes, serviços auxiliares e correio: -8,9%; -9,5% e -3,2%;
• Outros serviços: -2,0%; -1,4% e -9,5%, respectivamente.
Entre os que tiveram piora substancial, estão os serviços profissionais, administrativos e complementares, que são prestados às empresas. Este pode ser um sintoma de que a crise das empresas continua grave, restringindo suas condições de demandar serviços. Vale notar que seu componente de maior qualificação, isto é, os serviços técnico-profissionais, vem suportando retrações de mais de dois dígitos desde maio de 2016 em uma trajetória que não dá sinais de melhora (-16,6% em jan-mar/17).
Outro segmento a aprofundar suas quedas foi o de outros serviços, que reúne um conjunto amplo de atividades, tais como imobiliárias, financeiras, de serviços agrícolas etc. Atividades de turismo, por sua vez, também pioraram neste começo de ano, passando de -2,1% no último trimestre de 2016 para -7,2% agora em 2017, muito disso podendo ter sido resultado de alguma substituição do turismo interno pelo turismo externo favorecida pela evolução do câmbio.
Dois dos mais importantes segmentos, devido a seu peso no setor de serviços, seguiram em queda, mas pelo menos puderam reduzir suas perdas no primeiro trimestre de 2017. É o caso de serviços de informação e comunicação, que se aproximam da estabilidade ao ter caído apenas 0,4% no período, e transportes, serviços auxiliares e correio, o que não deixa de ser um aspecto favorável dada a aderência desse segmento ao nível geral de atividade.
Por fim, os serviços prestados às famílias encontram-se em uma situação em que “andam de lado”. Isso porque o ritmo de queda neste primeiro trimestre de 2017 é praticamente o mesmo que o do final de 2016. Neste caso, a desaceleração da inflação pode estar contribuindo para ao menos evitar perdas maiores para esse tipo de serviço.
De acordo com dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados pelo IBGE para o mês de março, o volume (ou faturamento real) de serviços prestados decresceu 2,3% na comparação com o mês de fevereiro, para dados com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior, apresentou oscilação negativa de 5,0%. Em 12 meses a variação também foi de -5,0% e no acumulado do ano de -4,6%.
Na comparação com o mês imediatamente anterior, na série dessazonalizada, o volume de serviços prestados diminuiu em todos os segmentos. A maior queda coube a serviços prestados às famílias (-2,1%), seguida por outros serviços (-1,2%), transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (-1,1%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-0,8%) e serviços de informação e comunicação (-0,4%). O agregado especial das atividades turísticas apresentou crescimento de 0,9%.
Também houve retração em todos os setores na comparação com o mesmo mês do ano anterior. O recuo mais intenso foi verificado em outros serviços (-14,6%), acompanhado por serviços profissionais, administrativos e complementares (-10,2%), transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (-2,1%), serviços prestados às famílias (-1,9%) e serviços de informação e comunicação (-1,4%). O segmento de atividades turísticas registrou queda de 4,6%.
No acumulado do ano, todos os setores mantiveram desempenho negativo. A maior oscilação negativa foi observada no segmento de outros serviços (-9,5%), seguido por serviços profissionais, administrativos e complementares (-9,4%), serviços prestados às famílias (-4,2%), transporte, serviços auxiliares dos transportes e correios (-3,2%) e serviços de informação e comunicação (-0,4%). O volume de serviços relacionados a atividades turísticas diminuiu 7,2%.
Na variação em 12 meses, a seu turno, a retração também foi generalizada. As variações foram: -7,2% em transportes, serviços de transportes e correio; -6,1% em serviços profissionais, administrativos e complementares; -4,6% em serviços prestados às famílias; -4,1% em outros serviços; e -2,2% em serviços de informação e comunicação. Na mesma base de comparação, os serviços de atividades turísticas recuaram 4,3%.
Na análise por unidade federativa, os maiores decréscimos em março frente ao mesmo mês do ano anterior ocorreram nos estados de Roraima (-18,7%), Amapá (-16,5%), Distrito Federal (-13,2%), Sergipe (-12,4%), Amazonas (-11,0%), Rondônia (-10,8%), Mato Grosso do Sul (-10,8%) e Rio de Janeiro (-10,4%). Expansões foram observadas no Rio Grande do Norte (6,5%), Mato Grosso (5,3%), Paraná (4,9%) e Alagoas (2,3%).