Análise IEDI
Os dois motores das exportações
O saldo da balança comercial em abril de 2017 foi positivo e atingiu US$ 7 bilhões, acumulando nos primeiros quatro meses do ano um superávit de US$ 21,4 bilhões, recorde para o período. Este resultado representa um avanço importante frente ao mesmo acumulado de 2016 (US$ 13,2 bilhões), de mais de 60%. Mas não é apenas isso que separa 2017 de 2016.
A principal diferença entre os resultados do comércio exterior do país nestes dois últimos anos é que em 2017 o superávit vem sendo gerado por um importante crescimento de nossas vendas externas, enquanto em 2016 era o forte declínio das importações, na esteira da recessão doméstica, que explicou a melhora do saldo da balança comercial.
Em 2017, exportações e importações voltaram a crescer. No acumulado até abril, as exportações subiram 21,8% na comparação interanual, chegando a US$ 68,1 bilhões. Esse desempenho foi, contudo, muito superior à evolução das importações, que na mesma comparação cresceram 9,5%, totalizando US$ 46,7 bilhões no acumulado até abril.
São dois os motores a impulsionar as exportações brasileiras em 2017. O primeiro deles é a elevação dos preços internacionais de muitas das commodities que o país produz. Isso alavanca tanto as vendas externas de produtos básicos, como de alguns produtos semi e manufaturados que se encontram no início das cadeias produtivas, tornando seus preços mais aderentes ao ciclo de commodities.
Sob atuação deste motor encontram-se, por exemplo, as exportações de semimanufaturados de ferro/aço (+85,0% frente a jan-abr/2016), óleo de soja em bruto (+59,8%), ferro fundido (+44,0%), laminados planos (+21,5%) e açúcar em bruto (+30,1%), assim como, entre os manufaturados, de óleos combustíveis (+220,2%) e açúcar refinado (+59,9%), além dos produtos básicos como um todo (+32,0% frente a jan-abr/2016).
O segundo motor a dinamizar as exportações brasileiras é a cadeia automobilística. Os diferentes segmentos que compõem o setor têm se esforçado para ampliar a utilização da capacidade instalada, que se encontra em níveis historicamente baixos, por meio de vendas externas. Dentre os principais avanços nas exportações da automobilística estão: veículos de carga (+75,8% frente a jan-abr/2016), automóveis de passageiros (+48,6%), pneumáticos (+9,1%), autopeças (+6,8%) e motores p/veículos e partes (+0,9%).
Do lado das importações, logo após a alta de 22,5% em combustíveis e lubrificantes em relação ao acumulado nos primeiros quatro meses do ano passado, estão os bens intermediários, que, depois de uma retração de 14,6% em 2016 como um todo, apresentaram aumento das importações de 16,1% até o mês de abril de 2017. Isso pode ser um bom indício para o ritmo da produção industrial nos próximos meses.
O aspecto ruim que trazem os dados de importação é expressiva e continuada retração das compras externas de bens de capital. Entre janeiro e abril de 2017, a queda chegou a 19% frente a igual período do ano anterior, o que não demonstra uma mudança em relação ao quadro de 2016 (-21,2% no ano como um todo), já que o nível de queda é praticamente o mesmo. Este é mais um sintoma de que há muito o que melhorar na situação econômica do país para que os investimentos sejam retomados.
De acordo com os dados divulgados pelo MDIC, em abril de 2017 a balança comercial brasileira apresentou superávit de US$ 6,969 bilhões, uma elevação de 43,3% frente ao mesmo mês do ano anterior (US$ 4,862 bilhões). Este é um resultado bastante positivo e que corrobora o bom desempenho do saldo comercial nos últimos 18 meses.
As exportações alcançaram US$ 17,686 bilhões, o que representa um incremento de 15,0% em relação a abril do ano passado. Já as importações atingiram US$ 10,717 bilhões, correspondendo a um aumento de 1,9% na mesma base de comparação.
No mês, a média diária das exportações (medida por dia útil) foi de US$ 982,6 milhões. Isto representa um crescimento de 27,8% (US$ 768,9 milhões de abril de 2016). Nesta série, as importações tiveram alta de 13,3%, com uma média de US$ 595,4 milhões (US$ 530,2 milhões no mesmo mês do ano passado).
Exportações por fator agregado. A exportação de produtos básicos foi de US$ 9,002 bilhões no mês – variação de 15% em relação a abril de 2016. Os produtos semimanufaturados somaram US$ 2,108 bilhões e os manufaturados US$ 6,146 bilhões, variações de 14,8% e 13,1%, respectivamente.
Levando em conta as médias diárias das exportações, as variações frente a abril de 2016 foram de: 32,1% para produtos básicos, 29,7% para operações especiais, 12,0% para manufaturados e 14,8% para semimanufaturados.
Destaques exportações. Na comparação com abril de 2016 considerando o grupo dos produtos básicos, os seguintes setores se destacaram: minério de ferro (87,6%), petróleo em bruto (58,6%), minério de cobre (50,9%), carne suína (34,4%), soja em grão (24,2%), farelo de soja (15,5%), café em grão (12,6%), algodão em bruto (5,3%) e carne de frango (1,5%).
Para os manufaturados, as principais expansões foram observadas nos seguintes segmentos: hidrocarbonetos (161,6%), açúcar refinado (139,1%), veículos de carga (123,3%), óleos combustíveis (106,5%), automóveis de passageiros (87,8%), aviões (63,7%), tratores (53,6%), máquinas para terraplanagem (46,8%), óxidos/hidróxidos de alumínio (27,6%) e autopeças (26,2%).
Chama atenção o desempenho de setores com elevada agregação de valor, como veículos de carga, automóveis de passageiros e aviões.
Para os semimanufaturados, na mesma base de comparação, tem-se as seguintes variações: óleo de soja em bruto (173,9%), semimanufaturados de ferro/aço (55,5%), ferro fundido (46,1%), açúcar em bruto (44,7%), madeira serrada (32,3%), ouro em forma semimanufaturada (30,4%), celulose (16,3%), ferro-ligas (15,5%) e couros e peles (2,2%).
Importações por categoria de uso. As importações totais em abril somaram US$ 10,717 bilhões, dos quais US$ 1,116 bilhão foram referentes ao grupo de bens de capital, US$ 6,815 bilhões a bens intermediários, US$ 1,544 bilhão a bens de consumo e US$ 1,242 bilhão a combustíveis e lubrificantes. Os segmentos acima tiveram variações de -15,3%, 4,8%, -4,3% e 15,6% frente ao mesmo período do ano anterior, respectivamente.
Considerando a média diária de importação, houve avanço de 13,3% com a seguinte distribuição entre os segmentos: combustíveis e lubrificantes (28,5%), bens intermediários (16,5%) e bens de consumo (6,3%). Vale destacar a variação negativa no grupo de bens de capital (-5,9%).
Destaques importações. No segmento combustíveis e lubrificantes, o crescimento ocorreu devido ao aumento dos preços de óleo diesel, carvão, gasolina (exceto p/aviação), coque de hulha, querosenes, energia elétrica.
No segmento de bens intermediários cresceram as vendas de aquisições de partes de aparelhos de radiodifusão, naftas, microprocessadores montados, partes de aparelhos de telefonia, catodos de cobre, cacau em bruto, memórias digitais, álcool etílico, óleos de palmiste, soda cáustica, copolímeros de etileno, álcool metílico e fios de fibras artificiais.
No segmento bens de consumo, as principais altas foram observadas em importações de automóveis de passageiros, produtos imunológicos, medicamentos, frações do sangue, filés de peixe congelados, bebidas não alcoólicas, sobretudos de uso masculino, imunoglobulina, mantos de uso feminino, veículos equipados p/propulsão e complementos alimentares.
Para bens de capital, as quedas mais significativas são as dos seguintes itens: laminador a quente/a frio, máquinas e aparelhos mecânicos, máquinas para esmagar substratos minerais, veículos automóveis com motor diesel, aviões, litorinas, prensas, máquinas para elevação de carga, elevadores para transporte de mercadorias e máquinas para preparação de carnes.