Análise IEDI
O fio condutor das commodities
A balança comercial do Brasil apresentou um saldo bastante robusto no primeiro trimestre de 2017, muito em função da demanda chinesa (+57,7%) e da alta dos preços das commodities nos mercados internacionais. Entre janeiro e março de 2017, o resultado acumulado da balança chegou a US$ 14,4 bilhões, sendo que a metade disso resultou apenas do saldo do mês de março (US$ 7,2 bilhões). Isso representa um avanço de nada menos que 72% em relação ao mesmo trimestre de 2016.
Os dados divulgados hoje pelo Mdic também mostram que as importações por dia útil voltaram a crescer neste primeiro trimestre do ano, algo que não ocorria desde o quarto trimestre de 2013. A alta foi de 8,8% frente a igual período do ano anterior. As exportações, por sua vez, também cresceram, depois de um resultado positivo muito próximo de zero no último trimestre de 2016 (+0,2% frente a igual período de 2015). Agora neste começo de 2017, as exportações por dia útil cresceram 21,1%.
Um destacado fator na origem desse desempenho recente de nossas vendas externas, que também vinham caindo desde o final de 2013, está, como dito anteriormente, a elevação dos preços de commodities. Por esse motivo, não surpreende que as exportações por dia útil de produtos básicos tenham apresentado a evolução mais marcante do trimestre, com uma alta de 35,8% frente a igual período de 2016, com destaque para petróleo bruto (+171,7%) e minério de ferro (+147,6%).
Mas é possível que a dinâmica dos mercados de commodities também esteja funcionando como fio condutor para a ampliação das exportações de bens semimanufaturados e manufaturados, ainda que em menor intensidade. No caso dos primeiros, nossas vendas externas por dia útil cresceram 11,3% frente ao primeiro trimestre de 2016, enquanto no caso de manufaturados a alta foi de 8,5% na mesma comparação.
No grupo de manufaturados, este fio condutor das commodities pode ter influenciado alguns dos desempenhos mais notáveis nestes primeiros três meses de 2017, como óleos combustíveis (+265,5%), açúcar refinado (+40,5%) e laminados planos (22,8%). Cabe notar também que a cadeia automobilística vem já há alguns meses se destacando pelo sucesso em ampliar suas exportações como uma estratégia para compensar, mesmo que parcialmente, o fraco mercado doméstico: veículos de carga (+62,7%), automóveis de passageiros (+36,9%), pneumáticos (+6,6%), e autopeças (+1,2%).
De acordo com dados divulgados pelo MDIC, a balança comercial brasileira em março apresentou superávit de US$ 7,145 bilhões com alta de 61,2% frente a um saldo de US$ 4,431 milhões no mesmo mês de 2016. As exportações alcançaram US$ 20,085 bilhões, o que representa aumento de 20,1% frente ao mesmo mês do ano passado. As importações, por sua vez, somaram US$ 12,940 bilhões, 7,1% maior que o mês de março anterior.
No mês, a média diária (medida por dia útil) das exportações foi de US$ 873,3 milhões, 20,1% superior a março de 2016, quando era de US$ 726,9 milhões. A média diária das importações apresentou alta de 7,1%, registrando US$ 562,6 milhões, frente a US$ 525,5 milhões do mesmo mês do ano passado. A média diária do saldo comercial no mês foi de US$ 310,6 milhões, 54,2% maior que o do último mês de março, cujo saldo foi de US$ 201,4 milhões.
Exportações por fator agregado. As exportações em fevereiro atingiram US$ 20,085 bilhões. Deste valor, US$ 10,014 bilhões (29,7% de variação ponderada por dias úteis sobre março anterior) corresponderam a exportação de produtos básicos, US$ 2,373 bilhões (7,4%) a produtos semimanufaturados e US$ 7,240 bilhões (36,0%) a produtos manufaturados.
Em relação ao mês de março de 2016, a média diária das exportações teve expansão de 20,1%. As principais variações vieram de operações especiais (34,9%) seguida por produtos básicos (29,7%), manufaturados (12,3%), Industrializados (11,0%) e semimanufaturados (7,4%).
Destaques exportações. No grupo dos produtos básicos, na comparação com março de 2016, os seguintes itens se destacaram: minério de ferro (186,7%), petróleo em bruto (145,9%), carne suína (33,4%), soja em grão (15,6%), carne de frango (7,0%), minério de cobre (5,7%) e café em grão (2,6%).
Para os manufaturados, os destaques são os seguintes: hidrocarbonetos (170,9%), óleos combustíveis (161,7%), tubos flexíveis de ferro/aço (94,6%), veículos de carga (67,1%), açúcar refinado (51,5%), automóveis de passageiros (47,0%), bombas e compressores (31,3%), tratores (28,9%), laminados planos (27,1%), centrifugadores (12,1%), polímeros plásticos (4,4%), pneumáticos (3,1%), óxidos/hidróxidos de alumínio (1,8%) e autopeças (0,3%).
Para os semimanufaturados, quando comparado com março do ano passado, tem-se as seguintes variações: borracha sintética (111,9%), semimanufaturados de ferro/aço (109,3%), ferro fundido (46,9%), madeira serrada (4,9%), celulose (3,4%) e açúcar em bruto (0,5%).
Importações por categoria de uso. As importações totais em março somaram US$ 12,940 bilhões, dos quais US$ 1,420 bilhão (-10,5%) referentes ao grupo de bens de capital, US$ 8,092 bilhões (10,6%) a bens intermediários, US$ 2,077 bilhão a bens de consumo (1,0%) e US$ 1,342 bilhão (14,4%) a combustíveis e lubrificantes.
Na comparação com o mês de março de 2016, a média diária de importação cresceu 7,1%. A variação negativa foi em bens de capital (-10,5%). As variações positivas ficaram por conta de combustíveis e lubrificantes (14,4%), bens intermediários (10,6%) e bens de consumo (1,0%).
Destaques importações. Para bens de capital, as quedas mais significativas são as dos seguintes itens: máquinas p/cisalhar metais, elevadores p/transporte de mercadoria, máquinas p/esmagar minérios, máquinas elétricas p/função própria, aviões, veículos automóveis, helicópteros, fornos industriais, máquinas p/fabricação de recipientes de vidro, aparelhos de treinamento e voo em terra.
No segmento de bens intermediários cresceram as vendas de: nafta p/petroquímica, sulfetos de minério de cobre, diidrogeno-ortofosfato de amônio, ureia, microprocessadores, partes de aparelhos de telefonia e de radiodifusão, caixas de marcha, células solares, memórias digitais montadas, enxofre a granel, trilhos de aço, sulfato de amonoio.
No segmento bens de consumo, as principais altas foram observadas em importações de: produtos imunológicos, basiliximarb/bevacizumab/daclizumab, automóveis de passageiros, frações de sangue, arroz polido, salmão do atlântico, medicamento, imunoglobulina, azeite de oliva, aparelho celular, mantos de uso feminino, interferon, bacalhau, sobretudo de uso masculino.
No segmento combustíveis e lubrificantes, o crescimento ocorreu devido ao aumento dos preços de carvão, gasolina exceto p/aviação, óleo diesel, coques de hulha, óleos lubrificantes, gás GLP, butanos liquefeitos