Análise IEDI
Um ano de graves perdas
Em dezembro de 2016, a receita real do setor de serviços apresentou crescimento de 0,6% frente a novembro, já descontados os efeitos sazonais. Este resultado, que sucedeu uma alta também em novembro (+0,1%), ficou longe de compensar o declínio de outubro (-2,3%), produzindo um final de ano de baixo dinamismo no setor. Frente a dezembro de 2015, houve queda de 5,7%.
O resumo de 2016 para os serviços é bastante claro e aponta para uma piora considerável. Depois de recuar 3,6% em 2015, a receita real do setor encerrou 2016 em retração de 5,0%. Este desempenho dos serviços, assim como o do comércio varejista, ilustra os desdobramentos negativos da crise industrial sobre o restante da economia. Ainda que as quedas da indústria tenham perdido força no último ano, o círculo vicioso continua em operação, puxado cada vez mais pelos serviços e o varejo, dois setores bastante empregadores.
Um dos determinantes para que os serviços tivessem sua situação agravada no ano passado deveu-se a um de seus principais segmentos: os serviços de informação e comunicação, em função de frequentes inovações e por sua importância às famílias e empresas, conseguiram não cair em 2015, apresentando crescimento nulo de suas receitas. Em 2016, contudo, sucumbiram à crise, declinando 3,2% no ano.
Mas outros segmentos também enfrentaram uma deterioração adicional de seus mercados em 2016, como foi o caso dos serviços de transporte, seus auxiliares e correios (-7,6% em 2016 contra -6,1% em 2015) e serviços profissionais, administrativos e complementares (-5,5% em 2016 contra -4,3% em 2015).
O que se verificou ao longo do ano passado foi uma mudança dos motores da recessão do setor em direção aos serviços corporativos. Desde junho de 2014, eram os serviços prestados às famílias que puxavam para baixo as receitas totais, mas a continuidade da recessão em 2016 fez com que as empresas reduzissem o volume de serviços que consumiam, impactando os segmentos de serviços profissionais, administrativos e complementares, de transportes e de informação e telecomunicações.
Assim, mesmo mantendo o sinal negativo, o resultado do segmento de serviços prestados às famílias em 2016 não foi tão ruim quanto o de 2015: -4,4% contra -5,3%, respectivamente. O pior momento para esses serviços foi o último trimestre de 2015 e, desde então, tem tido uma trajetória mais favorável, ainda que com alguma oscilação.
O segmento de outros serviços também arrefeceu suas perdas, passando de -9,0% para -2,8% entre 2015 e 2016, o que pode ser explicado pelo fato de que alguns dos serviços aqui reunidos também são consumidos pelas famílias.
Se 2016 trouxe uma piora para o setor de serviços como um todo, o que esperar de 2017? Os resultados do último trimestre do ano passado não apontam para um cenário favorável. A tendência extremamente lenta de desaceleração das quedas foi revertida na passagem do terceiro para o quarto trimestre de 2016, como pode ser visto abaixo.
• Serviços total: -5,0% no primeiro trimestre, -4,7% no segundo trimestre, -4,5% no terceiro trimestre e -6,0% no quarto trimestre, em relação ao mesmo período do ano anterior;
• Serviços prestados às famílias: -3,2%, -5,8%, -4,0% e -4,5%, respectivamente;
• Serviços profissionais, administrativos e complementares: -6,8%, -6,3%, -4,2% e -4,7%;
• Serviços de informação e comunicação: -4,4%, -2,4%, -1,2% e -4,7%;
• Transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio: -5,2%, -6,7%, -8,9% e -9,5%;
• Outros serviços: -3,8%, -3,9%, -2,0% e -1,4, respectivamente.
Além disso, muitos dos segmentos do setor encontravam-se no auge de sua crise no final do ano passado. É notadamente o caso de serviços de informação e comunicação, que retomou os níveis de queda do início do ano. O mesmo ocorre com serviços de transporte, seus auxiliares e correios, e com os serviços técnicos profissionais, que compõem o segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares.
Assim, ao que tudo indica, o ajustamento das empresas, que, como sabemos, enfrentam situação patrimonial bastante complicada com o prolongamento da crise econômica, continuarão impactando diferentes segmentos do setor de serviços e restringindo as chances de uma recuperação de suas receitas no curto prazo.
De acordo com dados divulgados pelo IBGE da Pesquisa Mensal de Serviços para o mês de dezembro de 2016, o volume de serviços prestados cresceu 0,6% sobre o mês de novembro, para dados com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior, apresentou oscilação negativa de 5,7% e no acumulado do ano a variação foi de -5,0%.
Na comparação com o mês de novembro, na série com ajuste sazonal, a variação do volume de serviços prestados acusou crescimento nos seguintes segmentos: serviços prestados às famílias (2,0%) e transportes, serviços auxiliares aos transportes e correios (0,4%). As quedas foram registradas em serviços de informação e comunicação (-1,7%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,3%) e outros serviços (-1,2%). A atividade turística, na mesma comparação, teve alta de 3,1%.
Na comparação com dezembro de 2015, no mês de dezembro de 2016 o único segmento que apresentou alta foi o de outros serviços, que registou variação de 0,3%. Todos os demais tiveram desempenho negativo, puxados por transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (-7,2%), serviços de informação e comunicação (-6,5%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-4,9%), serviços prestados às famílias (-1,5%). O segmento de atividades turísticas registrou alta de 0,6%.
No acumulado do ano, todos os setores tiveram desempenho negativo sob a liderança do segmento de transporte, serviços auxiliares dos transportes e correios (-7,6%), seguido por serviços profissionais, administrativos e complementares (-5,5%), serviços prestados às famílias (-4,4%), serviços de informação e comunicação (-2,9%) e outros serviços (-2,8%). Os serviços relacionados a atividades turísticas tiveram retração de 2,6%.
Na análise por unidade federativa, no acumulado do ano as maiores variações negativas foram registradas nos estados do Amapá (-15,0%), Amazonas (-13,8%), Mato Grosso (-12,1%), Maranhão (-10,5%), Goiás (-8,9%), Pernambuco (-8,7%), Paraíba (-8,6%), Bahia (-8,6%), Santa Catarina (-8,2%), Sergipe (-8,1%), Espírito Santo (-8,0%), e Rondônia (-7,7%).