Análise IEDI
Melhora em meio a uma grave crise
O crescimento que a produção industrial conseguiu obter no último mês do ano passado (+2,3%) frente a novembro, na série com ajuste sazonal, foi acompanhado por resultados positivos em 10 das 14 localidades pesquisadas pelo IBGE, segundo os dados divulgados hoje.
Mas entre as altas não estiveram algumas das mais importantes regiões industriais do país, o que tira substância do resultado geral. A indústria de São Paulo, por exemplo, caiu 1,5% na série com ajuste, anulando o crescimento de novembro e mantendo o desempenho bastante volátil que marcou a indústria paulista na segunda metade de 2016. O Rio de Janeiro também teve queda (-0,9% frente a novembro), resultando na quinta retração mensal do segundo semestre de 2016 na série com ajuste.
No ano como um todo de 2016 e considerando a produção industrial brasileira agregada, houve redução de 6,6%, um pouco abaixo do revés de 2015 (-8,3%) e um pouco mais do que o dobro do declínio correspondente a 2014 (-3%). Pois bem, a maioria das localidades do país pesquisadas pelo IBGE seguiram em 2016 esta mesma trajetória de moderação de perdas da indústria brasileira. Foram 9 das 15 localidades pesquisadas, dentre as quais:
• São Paulo: -6,2%, -11,0% e -5,5%, respectivamente, em 2014, 2015 e 2016;
• Rio de Janeiro: -2,2, -7,2 e -4,1;
• Minas Gerais: -2,5, -7,4 e -6,2;
• Rio Grande do Sul: -4,3%, -11,5% e -3,8%;
• Amazonas: -3,8%, -17,2% e -10,8%;
• Nordeste: +0,2%, -3,0% e -3,1%, respectivamente.
A relação dos estados que passaram por um arrefecimento das perdas no ano passado inclui os estados mais industrializados, sendo que em alguns deles o desempenho de 2016 foi o menos negativo desde que a crise industrial se abriu em 2014, como nos casos de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Já para localidades como Amazonas, Rio de Janeiro e Santa Catarina, entre outros, a desaceleração das quedas no ano passado foi menos expressiva, mantendo patamares de retração superiores aos de 2014.
Por outro lado, em outras 4 localidades o ano de 2016 foi ainda pior do que 2015. Em um caso, o do Nordeste, a situação foi tão ruim quanto e no caso do Pará, cuja indústria não apresentou queda nos últimos três anos, o ritmo da produção se acelerou.
O que os resultados acumulados no ano não mostram é que para quase todas as localidades 2016 terminou bem melhor do que começou, sugerindo condições mais favoráveis para 2017. Do primeiro para o quarto trimestre de 2016, os resultados negativos de Paraná (-8,7%) e Rio de Janeiro (-10,2%), por exemplo, se converteram em crescimento de 3,3% e 3,1%, respectivamente.
São Paulo e Amazonas, por sua vez, ainda tiveram um resultado negativo no último trimestre do ano passado, -2,6% e -1,0%, respectivamente, mas em um nível muito inferior ao do primeiro trimestre (-13,8% e -21,3%). Como cabe notar, em novembro e dezembro a indústria amazonense voltou a crescer (+4,0% e +3,0%, frente ao mesmo período do ano anterior) e a paulista ficou praticamente estável (+0,7% e -0,6%, respectivamente).
De todo modo, é preciso reconhecer que a despeito de menos intensas as quedas do ano passado são reincidentes, acumulando nos últimos três anos retrações em patamares bastante elevados para algumas localidades. Enquanto no Brasil a produção caiu 17% entre 2014 e 2016, a perda no Amazonas chegou a 29%. Nem mesmo a mais avançada indústria do país foi poupada, já que em São Paulo a perda no período chegou a mais de um quinto de sua produção (-21%).
Na passagem de novembro para dezembro, a partir de dados dessazonalizados, a produção industrial brasileira cresceu 2,3%, com expansão em sete dos 14 locais pesquisados. As variações mais relevantes se deram no Ceará (3,2%), Paraná (2,4%), Rio Grande do Sul (1,5%) e Espírito Santo (1,5%). Negativamente, destacaram-se Pernambuco (-1,0%), Goiás (-0,8%) e São Paulo (-0,8%).
Frente ao mês de dezembro de 2015, a retração da produção industrial nacional foi de apenas 0,1%, com seis dos 15 locais pesquisados registrando variações negativas, dentre os quais: Bahia (-9,3%), Goiás (-9,0%), Mato Grosso (-2,3%), Região Nordeste (-0,8%), São Paulo (-0,6%) e Rio de Janeiro (-0,4%). Positivamente, destacaram-se os estados do Paraná (6,5%), Santa Catarina (6,3%), Pernambuco (5,6%), Ceará (3,4%), Rio Grande do Sul (3,3%), Amazonas (3,0%), Minas Gerais (2,2%) e Espírito Santo (2,1%)
14 dos 15 locais tiveram retração em seus índices acumulados no ano, puxados pelos estados do Espírito Santo (-18,8%), Amazonas (-10,8%), Pernambuco (-9,5%), Goiás (-6,7%), Minas Gerais (-6,2%), São Paulo (-5,5%), Ceará (-5,2%), Bahia (-5,2%), Paraná (-4,3%), Rio de Janeiro (-4,1%), Rio Grande do Sul (-3,8%), Santa Catarina (-3,3%), Região Nordeste (-3,1%) e Mato Grosso (-1,1%). Apenas o estado do Pará registrou variação positiva nesta comparação (9,5%).
São Paulo. Na comparação com mês de novembro, a indústria paulista recuou 1,5%, a partir de dados dessazonalizados. Frente a dezembro de 2015, a retração foi de 0,6%, devido a nove das 18 atividades pesquisadas apontando taxas negativas. Os destaques foram: coque, produtos derivados de petróleo (-14,4%), devido à queda na produção de óleo diesel, álcool etílico, naftas para petroquímica e gás liquefeito de petróleo (GLP), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-47,3%) e produtos alimentícios (-11,3%), outros equipamentos de transporte (-20,1%), devido à redução na produção de aeronaves, metalurgia (-12,8%), produtos de minerais não-metálicos (-8,2%).
Do lado positivo, os destaques foram o segmento de veículos automotores, reboques e carrocerias (23,8%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (58,7%), causado principalmente pelo aumento da produção de telefones celulares, transmissores ou receptores de telefonia celular, computadores pessoais portáteis e computadores pessoais de mesa, máquinas e equipamentos (11,8%), com o aumento da produção de carregadoras, transportadoras, tratores agrícolas, retroescavadeiras, etc., de produtos de borracha e de material plástico (13,1%) e de outros produtos químicos (5,6%).
Rio de Janeiro. Frente a novembro deste ano, a produção industrial fluminense retraiu 0,9% (segundo dados dessazonalizados). Em comparação a dezembro de 2015, a variação foi negativa em 0,4%, com nove das 14 atividades pesquisadas apresentando queda. Dentre os destaques negativos estão os segmentos de impressão e reprodução de gravações (-71,4%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-4,0%), outros produtos químicos (-15,3%), bebidas (-10,4%) outros equipamentos de transporte (-53,3%), produtos de borracha e de material plástico (-7,9%), devido à diminuição da produção de itens protetores e bandas de rodagem amovíveis para pneus, filmes de material plástico para embalagem, pneus novos usados em ônibus e caminhões e reservatórios, caixas d’água, cisternas, piscinas e artefatos semelhantes de plástico e de produtos alimentícios (-6,5%), devido à retração de sorvetes, picolés, pães e carnes e miudezas de aves congeladas.
Positivamente, destacaram-se as indústrias extrativas (4,1%), veículos automotores, reboques e carrocerias (51,7%), metalurgia (10,7%), produtos de metal (30,4%) e produtos de minerais não-metálicos (2,4%), pressionados principalmente pela produção de cimentos Portland e embalagens de vidro.