Análise IEDI
Exportações e importações no positivo
O saldo da balança comercial em janeiro de 2017 foi novamente superavitário (US$ 2,7 bilhões) e sensivelmente superior àquele obtido em mesmo mês de 2016 (US$ 915 milhões). Esse resultado se deveu a um avanço mais expressivo das exportações (+32,7% frente a jan/16), que chegaram a US$ 14,9 bilhões. As importações, que somaram US$ 12,2 bilhões, também cresceram frente ao ano passado, mas em ritmo menor (+18,0%).
O que temos visto desde o final do terceiro trimestre de 2016, tanto nas exportações como nas importações, são trajetórias de crescimento que apontam claramente para o terreno positivo, o que veio a ocorrer neste mês de janeiro. Nossas vendas externas vêm sendo positivamente influenciadas pela recuperação do preço de algumas commodities nos mercados internacionais, a exemplo do açúcar, bem como da reativação das exportações da cadeia automobilística.
Já as importações, como se sabe, guardam elevada elasticidade em relação ao dinamismo doméstico e podem estar reagindo ao período de arrefecimento da recessão econômica do país. Essas trajetórias a que nos referimos podem ser melhor percebidas por meio das médias móveis trimestrais das exportações e das importações por dia útil.
No caso do total das vendas externas do país por dia útil, a variação frente a igual período do ano anterior da média móvel trimestral saiu de uma retração de 8,1% em agosto de 2016 para um crescimento de 9,8% em janeiro de 2017. É uma evolução bastante favorável, ainda que esteja sob influência da “exportação contábil” de plataformas de petróleo do mês de novembro.
As exportações de produtos manufaturados também cresceram em janeiro de 2017, segundo a média móvel trimestral por dia útil. A alta de 13,1% frente ao mesmo mês do ano anterior foi o quinto resultado positivo consecutivo depois de vários meses de queda. Além da cadeia automobilística, também contribuíram para isso, as vendas externas de açúcar refinado, suco de laranja, combustíveis e máquinas de terraplanagem.
Pelo lado das importações totais por dia útil, a variação da média móvel trimestral frente a igual período do ano anterior mostrou uma consistente redução das quedas ao longo de 2016 até que, em janeiro de 2017, voltou a crescer 1,6%.
Em boa medida isso ocorreu devido ao comportamento das importações de bens intermediários, que já apresentam dois meses seguidos de alta (+13,8% em jan/17 na mesma comparação), o que pode ser sinal de aquecimento da produção industrial neste início de ano. Em contraste, as compras externas de bens de capital continuam acusando forte declínio (-27,1% em jan/17), sugerindo fraqueza nos investimentos.
De acordo com dados divulgados hoje pelo MDIC, a balança comercial brasileira em janeiro apresentou superávit de US$ 2,724 bilhões frente a um saldo de US$ 917 milhões no mesmo mês de 2016. As exportações alcançaram US$ 14,911 bilhões, o que representa aumento de 32,7% frente ao mesmo mês do ano passado. As importações, por sua vez, somaram US$ 12,187 bilhões, 18,1% maior que o mês de janeiro do ano anterior.
No mês, a média diária (medida por dia útil) das exportações foi de US$ 677,8 milhões, 20,6% superior a janeiro de 2016. A média diária das importações apresentou variação de 7,3%, registrando US$ 554,0 milhões. Já a média diária do saldo comercial no mês alcançou US$ 123,8 milhões, 169,9% maior que o do último mês de janeiro.
Exportações por fator agregado. As exportações em janeiro atingiram US$ 14,911 bilhões. Deste valor, US$ 6,787 bilhões (14,9% de variação sobre janeiro anterior) corresponderam a exportação de produtos básicos, US$ 2,597 bilhões (-2,1%) a produtos semimanufaturados e US$ 5,123 bilhões (-26,6%) a produtos manufaturados.
Em relação ao mês de janeiro de 2016, a média diária das exportações apresentou expansão de 20,5%. Em produtos básicos o aumento foi de 29,8%, semimanufaturados, 27,4%) e manufaturados, 7,4%.
Destaques exportações. No grupo dos produtos básicos, na comparação com janeiro de 2016, os seguintes itens se destacaram: soja em grão (aumento de 124,7%), minério de ferro (124,5%), petróleo em bruto (97,7%), carne suína (60,2%), carne de frango (+23,4%), farelo de soja (+15,7%), café em grão (+7,8%) e carne bovina (5,1%).
Para os manufaturados, os destaques são os seguintes: óleos combustíveis (+271,2%), suco de laranja não congelado (251,2%), veículos de carga (114,0%), açúcar refinado (66,9%), máquinas para terraplanagem (37,0%), automóveis de passageiros (34,5%), laminados planos (31,2%), medicamentos (21,7%), pneumáticos (17,5%), bombas e compressores (11,1%), autopeças (7,6%), calçados (6,8%) e motores para veículos e partes (2,8%).
Para os semimanufaturados, quando comparado com janeiro do ano passado, destacam-se as seguintes variações: açúcar em bruto (+112,7%), semimanufaturados de ferro/aço (+74,4%), madeira serrada (32,8%), ferro-ligas (26,0%), óleo de soja em bruto (15,8%) e celulose (10,2%).
Importações por categoria de uso. As importações totais em janeiro somaram US$ 12,187 bilhões, dos quais US$ 1,274 bilhão (-34,1%) referentes ao grupo de bens de capital, US$ 8,034 bilhões (35,1%) a bens intermediários, US$ 1,797 bilhão a bens de consumo (13,1%) e US$ 1.078 bilhão (27,4%) a combustíveis e lubrificantes.
Na comparação com o mês de janeiro de 2016, a média diária de importação cresceu 7,3%. A única variação negativa ficou por conta de bens de capital (-40,1%). As variações positivas foram: combustíveis e lubrificantes (15,8%), bens intermediários (22,8%), e bens de consumo (2,8%).
Destaques importações. Para bens de capital, houve queda dos seguintes itens: barcos-faróis, fornos para ustulação, máquinas para fabricação de celulose, embarcações para transporte de mercadorias, elevadores de mercadorias, pórticos/pontes-guindastes, máquinas para esmagar minérios, pórticos móveis de pneumáticos e carros-pórticos.
No segmento de bens intermediários cresceram as vendas de alimentos e bebidas, insumos industriais, peças e acessórios para bens de capital e peças para equipamentos de transporte.
No segmento bens de consumo, as principais variações positivas foram observadas em medicamentos, aparelho celular, automóveis, arroz, salmão, produtos imunológicos, frações de sangue, preparações contraceptivas, vinhos, obras de plástico.